Entenda
como a forma que você respira pode prejudicar sua saúde
Respirar
parece uma ação natural para a maioria das pessoas, mas fazer isso corretamente
pode ser uma história completamente diferente — e, talvez, seja necessário
muito treino para que a entrada e saída de ar do corpo cumpra sua função e até
atue no combate a doenças e estresse.
O
aprendizado de uma respiração correta e que seja benéfica para a saúde é a
bandeira do escritor norte-americano James Nestor, autor de “Respire – A Nova
Arte de Uma Ciência Perdida” (ed. Intrínseca), livro que ganhou nova edição
brasileira em agosto. A obra, publicada originalmente em 2020, chegou ao Brasil
em edição anterior em 2021.
Nestor
conta que sua maior motivação para mergulhar no tema foi o próprio histórico de
saúde. “Eu tinha muitos problemas respiratórios e complicações na minha
respiração que o médico dizia serem normais. Eu enfrentava bronquite todos os
anos e até pegava uma pneumonia leve. Fazia o tratamento com antibióticos, que
resolviam na hora, mas os problemas voltavam ainda piores”, diz em entrevista à
CNN.
Foi só
quando ouviu de uma amiga médica que sua respiração parecia “errada” que Nestor
decidiu pesquisar sobre o assunto. “Pratiquei diferentes técnicas e não tive
mais aqueles problemas. Mudou minha vida”, afirma.
No
livro, o escritor e jornalista de ciência descreve uma série de técnicas
ancestrais e pesquisas recentes dos cientistas que chama de “pulmonautas”,
pesquisadores dedicados à área. Mas a adoção de hábitos respiratórios que
transformam a saúde, segundo Nestor, pode começar de maneira mais simples, com
atenção a dois fatores: respirar pelo nariz e respirar menos.
“A
maioria das pessoas tende a respirar demais e muitos respiram pela boca. Essas
duas coisas fazem muito mal. Elas nos estressam”, diz Nestor.
Segundo
o autor, a respiração bucal aumenta as chances de ter problemas respiratórios
pela maior exposição ao ambiente — e aos vírus e bactérias que nele circulam.
“O nariz é crucial porque limpa, aquece e umedece o ar para facilitar a
absorção”, escreve no livro.
“Se
você vive em uma cidade repleta de poluição, poeira e alérgenos, tudo isso vai
diretamente para seu corpo através da sua boca”, diz.
O outro
problema envolve a respiração bucal e o excesso de respiração, de acordo com
Nestor. “A respiração pela boca nos permite respirar mais rapidamente, o que
manda ao nosso cérebro a mensagem de que estamos estressados. Assim, nossa
frequência cardíaca aumenta, os níveis de cortisol crescem e o açúcar no sangue
também. E, se você faz isso por muito tempo, vai mudar o formato do seu rosto e
da sua boca. Você adota um tipo de perfil que torna ainda mais difícil respirar
adequadamente”, afirma o autor.
Nestor
diz que respirar pelo nariz e lentamente é nossa maneira natural de respirar.
Quando adotamos essas ações, os diferentes sistemas do nosso corpo entrariam em
um estado de coerência, o que levaria o organismo a uma maior eficiência.
O poder
de uma respiração correta pode ser visto como uma opção de tratamento
complementar no combate a problemas respiratórios, na opinião de Nestor. Mas,
segundo ele, os médicos não estão preparados para oferecer esta alternativa aos
pacientes. “Não existe instrução sobre respiração correta nos cursos de
medicina. Ali, se aprende sobre bioquímica, doenças pulmonares, remédios e
cirurgias. Todas essas coisas são importantes. Mas não se aprende a prevenir
problemas crônicos, nem a como respirar corretamente — pelo menos nos Estados
Unidos é assim”, diz.
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Onde respiramos influencia nossa saúde
Durante
a pesquisa para construir seu livro, Nestor viajou por diferentes lugares,
incluindo São Paulo, onde conheceu Luís Sérgio Álvares DeRose, que estruturou o
método DeRose de ioga. Mas além do acesso a técnicas de respiração que cada
lugar oferece, há outros fatores que influenciam a maneira que respiramos
ligados ao local em que vivemos.
Além da
poluição, que traz riscos de desenvolvimento e agravamento de doenças
respiratórias, Nestor lista ainda elementos ligados ao ambiente que modulam
nossa respiração e a saúde por meio do ar que entra e sai de nosso corpo.
“Um
ambiente estressante pode mudar seu jeito de respirar; a altitude pode fazer
você respirar mais pela falta de densidade do ar”, diz. Mas, para ele, nenhum
desses fatores é um limitador para a respiração correta. “Por milhares de anos
os humanos têm vivido nessas condições — altitudes elevadas ou baixas,
condições de alta umidade ou de ar seco — e todos ficaram bem. Então, nossos
corpos são muito flexíveis. Apenas é necessário o treinamento correto.”
Para os
que vivem em cidades maiores, mais movimentadas e poluídas, Nestor recomenda a
respiração nasal como a medida mais importante. “A respiração nasal é nossa
primeira linha de defesa contra alérgenos, poeira e sujeira porque são os
elementos que o nariz ajuda a filtrar”, diz. além dessas medidas, o autor
reforça que uma respiração suave, devagar e rítmica, também ajuda.
E
quando precisamos enfrentar a cidade em um dia caótico? Nestor diz que toda
essa agitação pode colocar as pessoas em um loop de estresse. “é importante
regular o estresse, e a forma mais poderosa de fazer isso é consertar sua
respiração”, diz.
Se a
inquietação vier no meio de uma rua movimentada, por exemplo, Nestor tem uma
dica: “Inspire durante quatro passo e expire durante outros quatro passos. Sua
respiração deve ser como um círculo. Se estiver sentado ou parado, pode fazer a
inspiração por seis segundos e a expiração nos outros 6 segundos”, sugere.
“Simples técnicas de respiração podem transformar nossos corpos”, completa.
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Retiros de respiração
Nestor
diz que, desde que o livro foi publicado pela primeira vez nos Estados Unidos,
em 2020, tem notado que, cada vez mais, as pessoas desejam melhorar sua saúde
através da respiração. “As pessoas estão desesperadas por essas informações. Os
médicos e os treinadores não estão dando isso a elas e maioria da população tem
uma respiração disfuncional”, diz. “Temos uma epidemia de ‘maus respiradores”,
conclui.
Para
tentar suprir a demanda por mais treinamento e informação sobre respiração,
Nestor criou os retiros de respiração — eventos para formar o grupo que ele
chama de “super respiradores”. “Eles experimentam e aprendem sobre respiração
para, depois, ao voltar para suas família e cidades, poderem ensinar”, afirma.
Segundo
o escritor, cerca de 8 retiros já foram realizados. Os eventos duram
aproximadamente seis dias e misturam momentos de atividades práticas e aulas
sobre a ciência da respiração. Nestor diz que pessoas de cerca de 30 países já
participaram do encontro — incluindo participantes do Brasil e de Portugal.
• Entenda como o ar poluído pode afetar a
saúde
A
poluição do ar, agravada pelas queimadas em diversas regiões do Brasil, tem
gerado preocupação entre especialistas devido aos seus impactos na saúde da
população. Em entrevista à CNN Brasil, o patologista e professor da
Universidade de São Paulo (USP), Paulo Saldiva, alertou para os riscos
associados à exposição prolongada ao ar poluído.
Segundo
Saldiva, a deterioração da qualidade do ar pode resultar em uma série de
problemas de saúde, “desde desconfortos leves e também algumas situações de
internação e possivelmente aumento de mortalidade”.
O
especialista ressaltou ainda que a situação é particularmente crítica nas
regiões Norte e Centro-Oeste, onde as queimadas persistem.
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Grupos de risco e medidas de proteção
O
patologista destacou que crianças e idosos são os grupos mais vulneráveis nesse
cenário. “Crianças que têm que ser observadas, os pais devem verificar se
apresentam chiado no peito, sonolência, febre ou secreção amarelada”, alertou
Saldiva. Para os idosos, aumenta o risco de desenvolver pneumonia a partir de
uma gripe.
Como
medidas de proteção, o especialista recomendou evitar sair às ruas ou usar
máscaras com maior proteção, semelhantes às utilizadas durante a pandemia de
Covid-19. Saldiva também alertou para a possibilidade de aumento nos casos de
influenza nas próximas semanas, devido à interação entre a fumaça e os vírus
respiratórios.
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Impacto nos exercícios físicos
Quanto
à prática de exercícios ao ar livre, o professor aconselhou cautela. Ele
sugeriu a realização de atividades físicas em ambientes fechados, como
academias, e recomendou evitar exercícios ao ar livre, especialmente entre 10h
e 16h.
Saldiva
concluiu enfatizando a necessidade de acelerar o processo de recomposição da
cobertura vegetal e melhorar a defesa e vigilância contra incêndios,
ressaltando que a situação atual representa “uma enorme fonte de poluição que
emite componentes tóxicos”
Fonte:
CNN Brasil
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