quinta-feira, 7 de novembro de 2024

Mortes por câncer devem aumentar em 90% até 2050, diz estudo

Um estudo publicado na terça-feira (5) projeta que as mortes por câncer terão um aumento de 89,7% até 2050, em comparação com 2022. Além disso, os casos da doença também devem crescer 76,6% nas próximas décadas em relação ao mesmo período. As projeções foram publicadas no jornal JAMA Network Open.

O trabalho avaliou dados populacionais de 2022 em 185 países e territórios obtidos por meio do banco de dados do Global Cancer Observatory. No total, foram analisados 36 tipos de câncer, e o conjunto de informações foi estratificado por sexo, idade, país ou território, região e Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

O estudo descobriu que, até 2050, o número total de casos de câncer deverá aumentar para 35,3 milhões — em 2022, esse número foi de 20 milhões. Além disso, a estimativa é de que ocorram 18,5 milhões de mortes por câncer, em comparação com 9,7 milhões em 2022.

Além disso, o trabalho sugere que o número de mortes poderá quase triplicar em países com baixo IDH até 2050 (um aumento de 146,1%), em comparação com o aumento moderado em países com IDH muito alto (um aumento de 56,8%). A mesma disparidade deve ocorrer em relação à incidência da doença, com 142,1% de aumento nos países de baixo IDH, em comparação com 41,7% de crescimento nos países de alto IDH.

Os homens tiveram uma incidência maior e um número maior de mortes em 2022 do que as mulheres, com essa disparidade projetada para aumentar em até 16% em 2050, segundo o estudo.

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<><> Câncer de pulmão poderá ser a principal causa de câncer e de morte, diz estudo

Em 2050, projeta-se que o câncer de pulmão seja a principal causa de câncer, respondendo por 13,1% dos novos casos, e de mortes pela doença, respondendo por 19,2% dos óbitos.

Em seguida, o câncer colorretal, de mama, de próstata, de pele não melanoma, de fígado, de estômago, de bexiga, de tireoide e de pâncreas aparecem entre as principais causas para o aumento da incidência. Em relação à morte, depois do câncer de pulmão, aparecem o colorretal, fígado, estômago, mama, próstata, pâncreas, esôfago, colo de útero e leucemia entre as principais causas.

“Neste estudo transversal baseado em dados de 2022, as disparidades de câncer foram evidentes em todo o IDH, regiões geográficas, idade e sexo, com maior ampliação projetada até 2050. Essas descobertas sugerem que fortalecer o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde, incluindo a cobertura universal de seguro saúde, é fundamental para fornecer prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer baseados em evidências”, afirmam os autores no estudo.

•        Estresse crônico acelera progressão do câncer colorretal, sugere estudo

Uma nova pesquisa mostra que o estresse crônico pode perturbar o equilíbrio da microbiota intestinal e acelerar a progressão do câncer colorretal. O trabalho foi apresentado no congresso da United European Gastrology (UEG Week), que aconteceu neste mês em Viena, na Áustria.

Segundo o estudo, o estresse crônico aumentou o crescimento do tumor e, além disso, reduziu as bactérias intestinais benéficas, particularmente o gênero Lactobacillus, essencial para uma resposta imunológica saudável contra o câncer.

O câncer colorretal, também conhecido como câncer de intestino, abrange os tumores que se iniciam no intestino grosso, chamado cólon, e no reto. No Brasil, são estimados 45.630 casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Entre os principais fatores de risco estão idade (igual ou acima dos 50 anos), sedentarismo, sobrepeso e obesidade, alimentação pobre em frutas e outros alimentos que contenham fibras.

De acordo com Qing Li, autor principal do estudo, os pesquisadores utilizaram um coquetel de antibióticos (vancomicina, ampicilina, neomicina e metronidazol) para erradicar a microbiota intestinal, seguido de transplante de microbiota fecal. O objetivo era investigar a relação entre a microbiota intestinal e o estresse crônico na progressão do câncer colorretal.

“A progressão do câncer colorretal relacionada ao estresse pode ser atribuída a uma redução nas bactérias intestinais benéficas, pois isso enfraquece a resposta imunológica do corpo contra o câncer. O Lactobacillus, sendo sensível à vancomicina e à ampicilina, foi esgotado nos grupos de controle e estresse pelo coquetel de antibióticos. Essa depleção destaca seu papel crucial na manutenção da saúde intestinal e sua potencial associação com a progressão do CRC sob estresse crônico”, explica Li.

Para compreender como as bactérias do gênero Lactobacillus influenciam nos níveis de células T CD8+ — responsáveis por um papel importante na imunidade contra tumores no corpo — e na progressão do câncer colorretal, os pesquisadores suplementaram camundongos em estresse crônico com Lactobacillus. Eles observaram uma redução na formação de tumores.

“Por meio da análise fecal, descobrimos que o Lactobacillus plantarum (L. plantarum) regulava especificamente o metabolismo do ácido biliar e aumentava a função das células T CD8+. Isso indica como o Lactobacillus pode aumentar a imunidade antitumoral”, explica Li.

As descobertas sugerem que o potencial de terapias baseadas em Lactobacillus para o tratamento de pacientes, especialmente os afetados pelo estresse crônico, pode ser promissor.

“Combinar medicamentos antitumorais tradicionais com suplementação de L. plantarum pode ser uma estratégia terapêutica viável para pacientes com CRC relacionado ao estresse”, afirma Li.

Como próximos passos, os pesquisadores planejam coletar amostras fecais e tumorais de pacientes com câncer colorretal para analisar mudanças na microbiota intestinal entre indivíduos com e sem estresse crônico.

“Nosso objetivo é verificar se L. plantarum é significativamente reduzido em pacientes com CCR estressados e explorar sua relação com células imunes antitumorais”, relata o pesquisador.

 

•        Estudo encontra 22 pesticidas ligados ao câncer de próstata

Pesquisadores norte-americanos encontraram 22 pesticidas consistentemente associados à incidência de câncer de próstata nos Estados Unidos. Quatro deles também estavam ligados à mortalidade pelo tumor. As descobertas foram publicadas no periódico Cancer, revisado por pares da American Cancer Society, nesta segunda-feira (4).

Para chegar às conclusões, os pesquisadores avaliaram 295 pesticidas em condados dos Estados Unidos e a possível associação com câncer de próstata. Eles usaram um período de latência entre a exposição a essas substâncias e a incidência do tumor de 10 a 18 anos.

Os anos de 1997 a 2001 foram avaliados para uso de pesticidas e 2011 a 2015 para resultados de câncer de próstata. Da mesma forma, 2002 a 2006 foram analisados para uso de pesticidas e 2016 a 2020 para resultados.

Entre os 22 pesticidas que mostraram associações diretas consistentes com a incidência de câncer de próstata em ambas análises baseadas em tempo, três já tinham sido previamente associados ao tumor — incluindo 2,4-D, um dos mais utilizados nos EUA e também comum aqui no Brasil. Os outros 19 pesticidas identificados incluíam 10 herbicidas, vários fungicidas e inseticidas, e um fumigante de solo.

Quatro pesticidas ligados à incidência de câncer de próstata também foram associados à mortalidade pela doença: três herbicidas (trifluralina, cloransulam-metil e diflufenzopir) e um inseticida (tiametoxam). O primeiro herbicida e o inseticida têm seu uso também autorizado no Brasil. Deles, apenas a trifluralina já é classificada como um “possível carcinógeno humano” pela Agência de Proteção Ambiental, enquanto os outros três são considerados “não provavelmente carcinogênicos” ou têm evidências de “não carcinogenicidade”.

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“Esta pesquisa demonstra a importância de estudar exposições ambientais, como uso de pesticidas, para potencialmente explicar algumas das variações geográficas que observamos na incidência e mortes por câncer de próstata nos Estados Unidos”, diz o autor principal Simon John Christoph Soerensen, da Stanford University School of Medicine, em comunicado à imprensa.

“Ao construir sobre essas descobertas, podemos avançar nossos esforços para identificar fatores de risco para câncer de próstata e trabalhar para reduzir o número de homens afetados por esta doença.”

 

Fonte: CNN Brasil

 

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