segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Miocardite: o que é, sintomas e cuidados da doença cardíaca

Uma dor no peito, repentinamente, já é motivo de preocupação. Naturalmente, logo imagina-se que é algo relacionado ao coração. Entre tantas enfermidades que podem ser identificadas, existem aquelas que, por algum motivo específico, são pouco conhecidas pela população em geral. Entre elas, a miocardite viral aguda, que surge a partir de diversas causas e pode provocar graves problemas à saúde.

A miocardite é uma inflamação do músculo cardíaco (conhecido como miocárdio) que pode ocorrer por diversas razões, incluindo infecções por vírus, bactérias, fungos e parasitas. De acordo com Rafael Côrtes, médico cardiologista e coordenador da UTI Cardiológica do Hospital Santa Lúcia Norte, fatores não infecciosos, como reações de hipersensibilidade a medicamentos, exposição a toxinas e doenças autoimunes, também podem desencadear a condição

"Quando a inflamação do miocárdio é causada por vírus, chamamos de miocardite viral. Esse tipo de miocardite pode ser leve e assintomática, mas também pode comprometer a função de bombeamento do coração, levando a uma série de sintomas e complicações. Vírus como o da gripe, o coxsackievirus, o adenovírus e o Sars-CoV-2 (causador da covid-19) são exemplos que podem desencadear essa condição", explica.

Os sintomas de miocardite, segundo o especialista, podem variar bastante e, em alguns casos, assemelhar-se a um quadro de angina ou infarto. Em outros, pode ser assintomática. Quando a função cardíaca está comprometida, podem surgir sintomas como cansaço, fadiga, falta de ar, palpitações, inchaço nas pernas e, em casos graves, desmaios.

•        Definição

Ocorre devido a uma infecção viral que atinge o coração, causando desde sintomas leves e autolimitados até insuficiência cardíaca grave e arritmias potencialmente fatais. Quando os vírus invadem o coração, eles desencadeiam uma resposta imune que, por sua vez, inflama o miocárdio e pode danificar as células musculares cardíacas. A miocardite pode evoluir rapidamente (aguda) ou ter um curso mais prolongado (crônica), afirma o infectologista Leandro Machado

•        Causas

É desencadeada por infecções, sendo os vírus a causa mais comum. Entre os principais agentes virais associados estão: coxsackievirus B; adenovírus; parvovírus B19; vírus da Influenza; e o Sars-CoV-2, vírus da Covid-19, que demonstrou estar associado a casos de miocardite, tanto durante a infecção quanto após a recuperação.

•        Outros fatores

Infecções bacterianas (como difteria), infecções parasitárias (por exemplo, doença de Chagas causada pelo Trypanosoma cruzi), reações a certos medicamentos e substâncias tóxicas, e doenças autoimunes que atacam o tecido cardíaco.

•        Sinais

Os sintomas da miocardite variam amplamente, dependendo da gravidade e da extensão da inflamação, como dor torácica: similar à dor de um ataque cardíaco; palpitações e arritmias; fadiga extrema; dispneia; febre e sintomas gripais; edema; e síncope, que são desmaios causados por arritmias ou comprometimento da função cardíaca.

•        Complicações

Em casos mais graves, conforme explica o infectologista Leandro Machado, pode ocorrer insuficiência cardíaca aguda ou até choque cardiogênico, com risco de morte súbita.

•        Medicamentos

De acordo com o Leandro Machado, em alguns casos graves ou de origem autoimune, pode-se considerar o uso de antivirais ou imunossupressores, mas a indicação desses medicamentos depende da avaliação individual de cada ocorrência, pois nem sempre são eficazes em todas as apresentações da doença.

<><> Palavra do especialista – Dr. Rafael Côrtes é médico cardiologia e coordenador da UTI Cardiológica do Hospital Santa Lúcia Norte

•        Quais pessoas estão mais suscetíveis a ter miocardite?

Embora a miocardite possa afetar qualquer pessoa, ela é mais comum em homens jovens. Grupos específicos, como crianças, idosos e imunocomprometidos, têm um risco maior de desenvolver formas graves. Além disso, o uso de certos medicamentos, a exposição a toxinas e condições autoimunes podem aumentar o risco de inflamação cardíaca.

•        Como fazer o diagnóstico correto?

O diagnóstico de miocardite se baseia na história clínica e no exame físico, além de exames complementares que ajudam a avaliar a extensão e o prognóstico da doença. Entre eles, estão exames laboratoriais, eletrocardiograma, ecocardiograma e ressonância magnética cardíaca. A biópsia endomiocárdica é considerada o padrão-ouro, mas é indicada apenas em casos específicos, como na miocardite fulminante, devido aos riscos envolvidos.

•        Qual a melhor forma de tratamento?

O tratamento da miocardite é focado no controle dos sintomas e na prevenção de arritmias. O repouso é essencial, pois reduz o estresse sobre o coração e diminui o risco de arritmias. Em casos de comprometimento da função cardíaca, são indicados medicamentos para estabilizar ou melhorar essa função. Em casos específicos, como na miocardite de células gigantes, podem ser recomendados imunossupressores. Em casos graves, pode ser necessário monitoramento em UTI e suporte circulatório com dispositivos de assistência ventricular.

 

•        Pesquisa da UFG mostra que mensagens de celular que estimulem bons sentimentos podem ajudar a controlar a pressão arterial

Misturando medicina e espiritualidade, uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás mostrou que mensagens recebidas no celular que estimulem bons sentimentos podem ajudar a controlar a pressão arterial. A pesquisa voluntária foi feita com 100 pacientes da unidade de tratamento de hipertensão da universidade.

“Estimulamos por meio de mensagens por WhatsApp os temas da gratidão, perdão, otimismo e propósito de vida. Fizemos avaliações de diversos parâmetros de saúde vascular”, explicou a cardiologista Maria Emília Figueiredo Teixeira, principal pesquisadora do estudo.

A pesquisa durou 84 dias e dividiu os voluntários em dois grupos: o que recebeu os estímulos e o que não recebeu. No final, os dois grupos tiveram os resultados comparados e o grupo que recebeu as mensagens obteve queda na pressão arterial semelhante a que um medicamento que regula a pressão pode trazer, além de melhora na saúde vascular. Já a pressão do grupo que não recebeu as mensagens continuou a mesma.

"Fizemos a média da pressão do grupo controle e do grupo intervenção. No grupo intervenção houve uma queda de pressão de 13 para 12 por 8. Parece pouco, mas é o que muitos medicamentos conseguem fazer isoladamente e é mais do que a prática de exercícios ou a redução do sal da dieta consegue fazer", detalhou a cardiologista.

Maria Emília Figueiredo explicou que, durante o estudo, todos os voluntários continuaram com os hábitos que tinham e a medicação que tomavam antes da pesquisa, de modo que esses não foram fatores que alteraram ou interferiram nos resultados obtidos.

<><> Mensagens que estimulam bons sentimentos

Ao dividir os voluntários em dois grupos, os que receberam os estímulos recebiam mensagens diárias que estimulavam os sentimentos de perdão, gratidão, otimismo e propósito de vida. Para isso, eram enviados os seguintes tipos de mensagens:

•        Vídeo;

•        Citação para reflexão;

•        Alguma 'tarefa' com alguma pergunta a ser respondida ou algo relacionado a um áudio recebido;

•        Aviso de 'dia de folga';

Ao g1, a pesquisadora Maria Emília Figueiredo detalhou as atividades:

“''Escreva uma mensagem para álguem que você precise perdoar', sem precisar enviar. 'Escreva pra alguém que precisa perdoar você'. Seguimos com videos, reflexão, dia de folga. No outro dia, 'envie a mensagem que você escreveu na semana passada. Se não conseguir enviar, diga o porquê'. Da mesma forma com a gratidão. Escreva três propósitos de vida para curto e longo prazo”, exemplificou a pesquisadora.

Uma das participantes foi a voluntária e vendedora, Ana Paula de Santana. À TV Anhanguera, ela contou que a pressão dela sobe de acordo com o emocional. Com as mensagens e atividades recebidas na pesquisa, ela disse ter obtido redução na pressão arterial.

"Já chegou a 17, mas a última vez que eu aferi estava 13 por alguma coisa. Melhorou bastante", comemorou Ana Paula.

A técnica de enfermagem Mariane Dias, que contou que fez as tarefas solicitadas na pesquisa e que se sentiu mais leve depois do estudo.

"A gente tinha que procurar essa pessoa, conversar com ela, perdoar e ser perdoado. Eu gostei. A gente fica mais leve", completou Mariane.

•        Pesquisa

A pesquisadora Maria Emília Figueiredo explicou que o estudo foi idealizado em 2020, durante a pandemia. Ao todo, 18 pesquisadores participaram deste trabalho: ela, oito orientadores dela e nove alunos. Entre os orientadores, estavam os pesquisadores Weimar Kunz Sebba Barroso, presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), e Álvaro Avezum, diretor científico do departamento de espiritualidade em medicina cardiovascular, da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

À TV Anhanguera, Weimar explicou que a hipertensão é uma das principais causas de morte no mundo. "Hoje tem cerca de 1,2 bilhão de indivíduos hipertensos no mundo e é a principal causa de Acidente Vascular Cerebral (AVC), de infarto do miocárdio, doença renal crônica e insuficiência cardíaca", explicou Weimar.

Com isso, o estudo, para Álvaro, pode ser considerado um avanço no tratamento da hipertensão.

"Do mesmo jeito que temos alimentação saudável, atividade física frequente e não fumar, passaremos a avaliar nosso enfrentamento no dia a dia. O esforço em uma jornada ao longo da vida para substituirmos sentimentos negativos ou não edificantes por positivos, baseado em evidências científicas e não pensando em filosofia e religião", disse o médico à TV Anhanguera.

Os resultados do estudo foram apresentados neste domingo (6) em um dos maiores congressos de cardiologia do mundo: o congresso americano de cardiologia, nos Estados Unidos.

 

Fonte: Correio Braziliense/g1

 

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