Governo brasileiro entra em alerta com
risco de possível volta de Trump à Casa Branca
Integrantes do governo
brasileiro acompanham com preocupação a possibilidade de Donald Trump retornar
à Presidência dos Estados Unidos, preparando-se para um cenário que pode trazer
novas tensões entre os dois países. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, uma vitória republicana nas próximas
eleições americanas pode intensificar divergências em temas sensíveis. Na
última sexta-feira (1º), Lula expressou abertamente sua torcida por Kamala
Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, ao falar sobre o avanço de
ideologias extremistas em nível global. "Como sou amante da democracia,
acho a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para governar
bem o nosso país. Obviamente, estou torcendo para Kamala vencer as eleições",
declarou. Lula associou uma possível vitória de Trump ao que vê como uma
"nova face do nazismo e fascismo no mundo".
Para a diplomacia
brasileira, um dos pontos mais críticos com Trump seria a interrupção de
cooperação ambiental. Em seu primeiro mandato, o republicano retirou os Estados
Unidos do Acordo de Paris e favoreceu a indústria de combustíveis fósseis, que
hoje apoia financeiramente sua campanha. Em um cenário em que Trump volte ao
poder, o Brasil teme que fundos importantes, como o Fundo Amazônia, permaneçam
bloqueados pelo Congresso americano, caso este seja dominado pelos
republicanos.
Outro ponto de atenção
é a proximidade de Trump com Elon Musk, dono da plataforma X (antigo Twitter) e
um dos principais financiadores do ex-presidente americano. Recentemente, Musk
teve atritos com o ministro Alexandre de Moraes e seu apoio a Trump deve
reforçar essa aliança. A presidente do Brazil Institute, Bruna Santos, afirma
que "há articulações no Congresso dos EUA para questionar o Brasil sobre
alegadas violações de liberdade de expressão, e isso deve ganhar força com
Trump". Segundo ela, isso abriria espaço para uma "guerra de
narrativas exaustiva e pouco produtiva".
Analistas de política
internacional apontam que, na América Latina, Trump provavelmente buscará novos
aliados, como Javier Milei, presidente eleito da Argentina, e Nayib Bukele,
presidente de El Salvador, que se alinham à extrema direita. Com essa orientação,
o ex-presidente Jair Bolsonaro, embora visto como um antigo aliado de Trump,
pode perder influência na agenda regional do republicano. Ian Bremmer,
presidente da consultoria de risco Europa, ressalta que Trump é
"transacional" e prioriza quem está no poder, focando em parcerias
estratégicas com quem possa ajudar a fortalecer a posição americana na região.
Outro ponto de tensão
é a relação de Trump com Vladimir Putin, líder russo que Lula defende como
peça-chave para uma solução de paz no conflito ucraniano. Caso eleito, Trump já
declarou que reduziria o apoio militar e financeiro à Ucrânia, alinhando-se ao
desejo brasileiro por negociações de paz. No entanto, isso pode vir acompanhado
de uma política mais agressiva no Oriente Médio, onde Israel, liderado por
Binyamin Netanyahu, poderia ver-se ainda mais encorajado em ações contra Gaza e
o Líbano.
Em um cenário de
vitória de Kamala Harris, o governo brasileiro espera uma continuidade das
políticas de Biden, com diálogo mais aberto e alinhado aos valores democráticos
e ambientais. Contudo, a complexidade da eleição americana leva a diplomacia
brasileira a adotar uma postura pragmática, mantendo pontes de diálogo com
ambos os lados até que o resultado seja decidido.
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Diplomacia de Lula dá como certa judicialização das eleições nos EUA em caso de
derrota de Trump
A equipe diplomática
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “dá como certa” a judicialização
das eleições nos Estados Unidos caso o candidato republicano, Donald Trump,
sinta o risco de derrota, informa a jornalista Daniela Lima, do G1. Na
avaliação de alguns diplomatas, Trump já dá sinais de que não vai aceitar o
resultado e vai deslegitimar o pleito em caso de derrota.
Algumas projeções do
que pode acontecer nas eleições americanas já foram apresentadas à Lula. Uma
delas aponta que Trump vai repetir o discurso adotado nas eleições de 2020, que
resultou na invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021. O ex-presidente
deve apostar na judicialização e investir na retórica de que houve fraude nas
urnas. "A insinuação de roubo ou fraude eleitoral é essencial para a
estratégia política dele, para manter o eleitorado mobilizado", diz um
aliado de Lula.
O Brasil reconhecerá o
resultado da eleição rapidamente, assim que for anunciado. Em caso de vitória
de Kamala Harris, Lula fará um telefonema à democrata para tentar uma conexão
mais pessoal. Já em caso de vitória de Trump, os trâmites devem seguir dentro
da formalidade.
¨ Parlamentares brasileiros alertam congressistas do EUA para
articulação de bolsonaristas e Trump contra o Brasil
Uma delegação de
parlamentares bolsonaristas está organizando uma visita aos Estados Unidos para
os dias seguintes à eleição americana, programada para a próxima terça-feira. O
objetivo da missão é articular com a ala mais radical do Partido Republicano uma
pressão sobre as instituições brasileiras. O temor no Palácio do Planalto,
segundo informações da coluna do jornalista Jamil Chade, do UOL, é que uma possível vitória de Donald Trump transforme
a Casa Branca em um centro de operações para o fortalecimento de grupos de
extrema direita na América Latina, incluindo o Brasil.
Neste final de semana,
foi revelada a informação de que ex-conselheiros de Trump elaboraram um projeto
que discute abertamente a necessidade de direcionar recursos da ajuda ao
desenvolvimento dos EUA para financiar grupos que se opõem aos movimentos de esquerda
na região.
Em resposta a essa
ameaça, uma carta foi enviada nesta segunda-feira (4) a congressistas
americanos por deputados e senadores brasileiros, alertando sobre a iminente
visita e os riscos que ela pode representar. O documento, assinado por figuras
como os senadores Eliziane Gama e Humberto Costa, e os deputados Henrique
Vieira, Jandira Feghali, Rafael Brito e Rogério Correia, ressalta que a visita
dos parlamentares de extrema direita está prevista para novembro deste ano.
Ainda de acordo com a
reportagem, a carta, coordenada pelo Instituto Vladimir Herzog, foi enviada
especificamente aos deputados democratas dos EUA que estiveram envolvidos nas
investigações sobre os ataques ao Capitólio em 2021, como Jamie Raskin e Sydney
Kamlager-Dove, além do senador Bernie Sanders. O Instituto também organizou, em
maio, uma aliança entre deputados americanos e brasileiros que defendem a
democracia, visando a troca de informações e cooperação.
O receio é que a
operação em curso pretendida pelos bolsonaristas receba mais apoio caso Trump
vença a eleição. A viagem deve incluir parlamentares como Marcel Van Harten e
Bia Kicis, além de outros membros da base bolsonarista.
A carta de alerta
destaca que a visita tem o “claro objetivo de promover uma narrativa falsa de
que o Brasil vive sob uma 'ditadura judicial', utilizando redes de
desinformação para minar as instituições democráticas brasileiras.” Essa
retórica, que já foi amplificada por personalidades como Elon Musk, dono da
rede social X, busca deslegitimar o Supremo Tribunal Federal (STF) e justificar
os ataques violentos às instituições, como os ocorridos em 8 de janeiro de
2023.
Os parlamentares que
assinaram a carta alertam que a desinformação tem sido utilizada de maneira
estratégica para atacar o sistema eleitoral e o Judiciário no Brasil. Um
exemplo citado é a decisão de Elon Musk de fechar o escritório do X (antigo
Twitter) no Brasil, após desobedecer ordens judiciais para conter a
disseminação de informações falsas. O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos,
foragido da justiça brasileira, também é mencionado como um ativo disseminador
de desinformação através de plataformas internacionais.
A visita programada
dos parlamentares brasileiros deve ser interpretada como parte de uma ofensiva
mais ampla. “Eles buscarão apoio de figuras políticas americanas que
compartilham uma visão de oposição às instituições democráticas e ao sistema
judicial, utilizando a narrativa de 'perseguição política' para justificar seus
atos”, afirmam os signatários no documento
A carta ainda recorda
que um grupo de parlamentares republicanos nos Estados Unidos, incluindo a
deputada Maria Elvira Salazar e o senador Rick Scott, enviou recentemente uma
carta ao Secretário de Estado, Antony Blinken, solicitando a revogação de vistos
para ministros do STF, como Alexandre de Moraes. Essa comunicação retrata
falsamente a Suprema Corte como um instrumento de repressão política.
A ofensiva é reforçada
pela proposta do projeto de lei No Funding or Enforcement of Censorship Abroad
Act, que busca cortar o financiamento de iniciativas contra a desinformação e
limitar a colaboração entre agências dos EUA e do Brasil. “Esses esforços coordenados
demonstram uma tentativa clara de deslegitimar o trabalho das instituições
democráticas brasileiras e enfraquecer a colaboração internacional, essencial
para enfrentar a desinformação e proteger a democracia”, diz o documento.
Os parlamentares
também tentam “instrumentalizar” organismos internacionais, como a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos, como parte de um esforço coordenado para
internacionalizar suas demandas e exercer pressão sobre o Brasil.
“Ainda que o Brasil
reafirme seu compromisso com a normalidade democrática, suas instituições
continuam sob ataques e ameaças constantes. As ofensivas incluem campanhas de
desinformação, discursos golpistas e esforços deliberados para desacreditar o
sistema judiciário e as forças de segurança”, alertam.
Para os signatários da
carta, a pressão internacional que esses grupos tentam construir visa
desestabilizar conquistas recentes e minar a legitimidade dos avanços
institucionais, mantendo o ambiente político em um estado de tensão permanente.
“Embora não representem a maioria de nosso legislativo, esses grupos
extremistas constituem uma ameaça perigosa às instituições democráticas e à
estabilidade política”, concluem.
¨ O peso da eleição de Trump na possível prisão de Bolsonaro
Às vésperas de ser
indiciado pela Polícia Federal, Jair Bolsonaro conta com uma possível vitória
de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos para angariar apoio em sua
defesa. A expectativa entre aliados do ex-presidente brasileiro é que Trump, se
eleito, possa pressionar publicamente e até em canais diplomáticos em defesa de
Bolsonaro, apresentando-o como "perseguido político" diante das
acusações que enfrenta no Brasil. As informações foram divulgadas pelo jornal O
Globo, na coluna de Bela Megale.
Segundo fontes
próximas à família Bolsonaro, Trump teria se comprometido a ajudar o líder
brasileiro caso assuma novamente a presidência dos EUA. Em declarações a
correligionários do Partido Liberal (PL), membros do círculo íntimo de
Bolsonaro afirmaram que Trump poderia usar suas redes sociais para apoiar o
ex-capitão, além de influenciar nas relações oficiais entre os países. "A
ideia é que ele mostre ao mundo que Bolsonaro é um líder perseguido
politicamente", revelou uma fonte próxima à família.
Contudo, a expectativa
de que a vitória de Trump possa mudar o curso do processo judicial de Bolsonaro
é vista com ceticismo no Brasil. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)
afirmaram que pressões externas não influenciam as decisões da Justiça brasileira.
"É um erro imaginar que um presidente americano terá poder para interferir
no Judiciário brasileiro", avaliou um ministro, sob condição de anonimato.
O exemplo recente do
empresário Elon Musk reforça essa posição. Envolvido em disputas com o STF por
conta de políticas de conteúdo de sua rede social, o X, Musk acabou sendo
obrigado a acatar as determinações do Tribunal após a plataforma enfrentar
sanções no país. Esse episódio serviu como alerta para que apoiadores de
Bolsonaro compreendam os limites da influência de atores internacionais sobre
decisões judiciais no Brasil.
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Bolsonaro declara apoio a Trump e afirma que retorno do republicano é
"certeza de um mundo melhor"
O ex-presidente Jair
Bolsonaro (PL) declarou publicamente seu apoio a Donald Trump na disputa
presidencial dos Estados Unidos, em vídeo publicado neste domingo (3/11).
Bolsonaro, que mantém uma relação próxima com o republicano desde seus
mandatos, defendeu a necessidade de Trump retornar à Casa Branca, associando
sua figura a um período de estabilidade global e combate à censura, como reporta o Metrópoles.
No vídeo compartilhado
nas redes sociais, Bolsonaro expressou sua visão de que o governo de Trump
projetava uma "força pacificadora", em contraste com o cenário atual
de conflitos. "Hoje vemos guerras, o terrorismo regressar e a censura a nos
restringir", afirmou o ex-presidente, destacando sua confiança em um mundo
melhor sob a liderança de Trump. "O regresso de Trump é a certeza de um
mundo melhor. Sem guerras, sem terrorismo e com um regresso à liberdade na sua
forma mais pura", acrescentou Bolsonaro.
A mensagem de apoio
ocorre em meio à aproximação das eleições americanas, cuja votação se encerra
nesta terça-feira (5/11). Trump, candidato pelo Partido Republicano, enfrenta a
vice-presidente democrata Kamala Harris, que, segundo analistas, representa a
continuidade das políticas de Joe Biden, especialmente em temas como o combate
à mudança climática e a defesa de direitos sociais.
No encerramento do
vídeo, Bolsonaro voltou a criticar sua própria inelegibilidade, decidida pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o considerou inabilitado para ocupar
cargos públicos por abuso de poder político. "Sou inelegível para ocupar
cargos sem cometer um único crime", declarou, reforçando a narrativa de
perseguição política. Bolsonaro já havia sido declarado inelegível em dois
processos distintos pelo TSE, o que fortaleceu sua aliança com figuras
políticas da extrema direita internacional, como Trump e o argentino Javier
Milei.
A aliança entre
Bolsonaro e Trump representa uma visão de extrema direita compartilhada que
defende uma postura mais conservadora em temas sociais e uma crítica aberta ao
que consideram práticas de censura. Essa postura tende a reforçar o apoio entre
eleitores brasileiros de Bolsonaro e seguidores de Trump nos Estados Unidos,
numa convergência de ideologias que busca um retorno à visão de uma governança
"sem censura" e com menos regulação estatal.
Fonte: Brasil 247
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