terça-feira, 5 de novembro de 2024

Governo brasileiro entra em alerta com risco de possível volta de Trump à Casa Branca

Integrantes do governo brasileiro acompanham com preocupação a possibilidade de Donald Trump retornar à Presidência dos Estados Unidos, preparando-se para um cenário que pode trazer novas tensões entre os dois países. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, uma vitória republicana nas próximas eleições americanas pode intensificar divergências em temas sensíveis. Na última sexta-feira (1º), Lula expressou abertamente sua torcida por Kamala Harris, vice-presidente dos Estados Unidos, ao falar sobre o avanço de ideologias extremistas em nível global. "Como sou amante da democracia, acho a coisa mais sagrada que nós humanos conseguimos construir para governar bem o nosso país. Obviamente, estou torcendo para Kamala vencer as eleições", declarou. Lula associou uma possível vitória de Trump ao que vê como uma "nova face do nazismo e fascismo no mundo".

Para a diplomacia brasileira, um dos pontos mais críticos com Trump seria a interrupção de cooperação ambiental. Em seu primeiro mandato, o republicano retirou os Estados Unidos do Acordo de Paris e favoreceu a indústria de combustíveis fósseis, que hoje apoia financeiramente sua campanha. Em um cenário em que Trump volte ao poder, o Brasil teme que fundos importantes, como o Fundo Amazônia, permaneçam bloqueados pelo Congresso americano, caso este seja dominado pelos republicanos.

Outro ponto de atenção é a proximidade de Trump com Elon Musk, dono da plataforma X (antigo Twitter) e um dos principais financiadores do ex-presidente americano. Recentemente, Musk teve atritos com o ministro Alexandre de Moraes e seu apoio a Trump deve reforçar essa aliança. A presidente do Brazil Institute, Bruna Santos, afirma que "há articulações no Congresso dos EUA para questionar o Brasil sobre alegadas violações de liberdade de expressão, e isso deve ganhar força com Trump". Segundo ela, isso abriria espaço para uma "guerra de narrativas exaustiva e pouco produtiva".

Analistas de política internacional apontam que, na América Latina, Trump provavelmente buscará novos aliados, como Javier Milei, presidente eleito da Argentina, e Nayib Bukele, presidente de El Salvador, que se alinham à extrema direita. Com essa orientação, o ex-presidente Jair Bolsonaro, embora visto como um antigo aliado de Trump, pode perder influência na agenda regional do republicano. Ian Bremmer, presidente da consultoria de risco Europa, ressalta que Trump é "transacional" e prioriza quem está no poder, focando em parcerias estratégicas com quem possa ajudar a fortalecer a posição americana na região.

Outro ponto de tensão é a relação de Trump com Vladimir Putin, líder russo que Lula defende como peça-chave para uma solução de paz no conflito ucraniano. Caso eleito, Trump já declarou que reduziria o apoio militar e financeiro à Ucrânia, alinhando-se ao desejo brasileiro por negociações de paz. No entanto, isso pode vir acompanhado de uma política mais agressiva no Oriente Médio, onde Israel, liderado por Binyamin Netanyahu, poderia ver-se ainda mais encorajado em ações contra Gaza e o Líbano.

Em um cenário de vitória de Kamala Harris, o governo brasileiro espera uma continuidade das políticas de Biden, com diálogo mais aberto e alinhado aos valores democráticos e ambientais. Contudo, a complexidade da eleição americana leva a diplomacia brasileira a adotar uma postura pragmática, mantendo pontes de diálogo com ambos os lados até que o resultado seja decidido.

<><> Diplomacia de Lula dá como certa judicialização das eleições nos EUA em caso de derrota de Trump

A equipe diplomática do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “dá como certa” a judicialização das eleições nos Estados Unidos caso o candidato republicano, Donald Trump, sinta o risco de derrota, informa a jornalista Daniela Lima, do G1. Na avaliação de alguns diplomatas, Trump já dá sinais de que não vai aceitar o resultado e vai deslegitimar o pleito em caso de derrota.

Algumas projeções do que pode acontecer nas eleições americanas já foram apresentadas à Lula. Uma delas aponta que Trump vai repetir o discurso adotado nas eleições de 2020, que resultou na invasão do Capitólio no dia 6 de janeiro de 2021. O ex-presidente deve apostar na judicialização e investir na retórica de que houve fraude nas urnas. "A insinuação de roubo ou fraude eleitoral é essencial para a estratégia política dele, para manter o eleitorado mobilizado", diz um aliado de Lula.

O Brasil reconhecerá o resultado da eleição rapidamente, assim que for anunciado. Em caso de vitória de Kamala Harris, Lula fará um telefonema à democrata para tentar uma conexão mais pessoal. Já em caso de vitória de Trump, os trâmites devem seguir dentro da formalidade.

¨      Parlamentares brasileiros alertam congressistas do EUA para articulação de bolsonaristas e Trump contra o Brasil

Uma delegação de parlamentares bolsonaristas está organizando uma visita aos Estados Unidos para os dias seguintes à eleição americana, programada para a próxima terça-feira. O objetivo da missão é articular com a ala mais radical do Partido Republicano uma pressão sobre as instituições brasileiras. O temor no Palácio do Planalto, segundo informações da coluna do jornalista Jamil Chade, do UOL, é que uma possível vitória de Donald Trump transforme a Casa Branca em um centro de operações para o fortalecimento de grupos de extrema direita na América Latina, incluindo o Brasil.

Neste final de semana, foi revelada a informação de que ex-conselheiros de Trump elaboraram um projeto que discute abertamente a necessidade de direcionar recursos da ajuda ao desenvolvimento dos EUA para financiar grupos que se opõem aos movimentos de esquerda na região.

Em resposta a essa ameaça, uma carta foi enviada nesta segunda-feira (4) a congressistas americanos por deputados e senadores brasileiros, alertando sobre a iminente visita e os riscos que ela pode representar. O documento, assinado por figuras como os senadores Eliziane Gama e Humberto Costa, e os deputados Henrique Vieira, Jandira Feghali, Rafael Brito e Rogério Correia, ressalta que a visita dos parlamentares de extrema direita está prevista para novembro deste ano.

Ainda de acordo com a reportagem, a carta, coordenada pelo Instituto Vladimir Herzog, foi enviada especificamente aos deputados democratas dos EUA que estiveram envolvidos nas investigações sobre os ataques ao Capitólio em 2021, como Jamie Raskin e Sydney Kamlager-Dove, além do senador Bernie Sanders. O Instituto também organizou, em maio, uma aliança entre deputados americanos e brasileiros que defendem a democracia, visando a troca de informações e cooperação.

O receio é que a operação em curso pretendida pelos bolsonaristas receba mais apoio caso Trump vença a eleição. A viagem deve incluir parlamentares como Marcel Van Harten e Bia Kicis, além de outros membros da base bolsonarista.

A carta de alerta destaca que a visita tem o “claro objetivo de promover uma narrativa falsa de que o Brasil vive sob uma 'ditadura judicial', utilizando redes de desinformação para minar as instituições democráticas brasileiras.” Essa retórica, que já foi amplificada por personalidades como Elon Musk, dono da rede social X, busca deslegitimar o Supremo Tribunal Federal (STF) e justificar os ataques violentos às instituições, como os ocorridos em 8 de janeiro de 2023.

Os parlamentares que assinaram a carta alertam que a desinformação tem sido utilizada de maneira estratégica para atacar o sistema eleitoral e o Judiciário no Brasil. Um exemplo citado é a decisão de Elon Musk de fechar o escritório do X (antigo Twitter) no Brasil, após desobedecer ordens judiciais para conter a disseminação de informações falsas. O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, foragido da justiça brasileira, também é mencionado como um ativo disseminador de desinformação através de plataformas internacionais.

A visita programada dos parlamentares brasileiros deve ser interpretada como parte de uma ofensiva mais ampla. “Eles buscarão apoio de figuras políticas americanas que compartilham uma visão de oposição às instituições democráticas e ao sistema judicial, utilizando a narrativa de 'perseguição política' para justificar seus atos”, afirmam os signatários no documento

A carta ainda recorda que um grupo de parlamentares republicanos nos Estados Unidos, incluindo a deputada Maria Elvira Salazar e o senador Rick Scott, enviou recentemente uma carta ao Secretário de Estado, Antony Blinken, solicitando a revogação de vistos para ministros do STF, como Alexandre de Moraes. Essa comunicação retrata falsamente a Suprema Corte como um instrumento de repressão política.

A ofensiva é reforçada pela proposta do projeto de lei No Funding or Enforcement of Censorship Abroad Act, que busca cortar o financiamento de iniciativas contra a desinformação e limitar a colaboração entre agências dos EUA e do Brasil. “Esses esforços coordenados demonstram uma tentativa clara de deslegitimar o trabalho das instituições democráticas brasileiras e enfraquecer a colaboração internacional, essencial para enfrentar a desinformação e proteger a democracia”, diz o documento.

Os parlamentares também tentam “instrumentalizar” organismos internacionais, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, como parte de um esforço coordenado para internacionalizar suas demandas e exercer pressão sobre o Brasil.

“Ainda que o Brasil reafirme seu compromisso com a normalidade democrática, suas instituições continuam sob ataques e ameaças constantes. As ofensivas incluem campanhas de desinformação, discursos golpistas e esforços deliberados para desacreditar o sistema judiciário e as forças de segurança”, alertam.

Para os signatários da carta, a pressão internacional que esses grupos tentam construir visa desestabilizar conquistas recentes e minar a legitimidade dos avanços institucionais, mantendo o ambiente político em um estado de tensão permanente. “Embora não representem a maioria de nosso legislativo, esses grupos extremistas constituem uma ameaça perigosa às instituições democráticas e à estabilidade política”, concluem.

¨      O peso da eleição de Trump na possível prisão de Bolsonaro

Às vésperas de ser indiciado pela Polícia Federal, Jair Bolsonaro conta com uma possível vitória de Donald Trump nas eleições dos Estados Unidos para angariar apoio em sua defesa. A expectativa entre aliados do ex-presidente brasileiro é que Trump, se eleito, possa pressionar publicamente e até em canais diplomáticos em defesa de Bolsonaro, apresentando-o como "perseguido político" diante das acusações que enfrenta no Brasil. As informações foram divulgadas pelo jornal O Globo, na coluna de Bela Megale.

Segundo fontes próximas à família Bolsonaro, Trump teria se comprometido a ajudar o líder brasileiro caso assuma novamente a presidência dos EUA. Em declarações a correligionários do Partido Liberal (PL), membros do círculo íntimo de Bolsonaro afirmaram que Trump poderia usar suas redes sociais para apoiar o ex-capitão, além de influenciar nas relações oficiais entre os países. "A ideia é que ele mostre ao mundo que Bolsonaro é um líder perseguido politicamente", revelou uma fonte próxima à família.

Contudo, a expectativa de que a vitória de Trump possa mudar o curso do processo judicial de Bolsonaro é vista com ceticismo no Brasil. Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) afirmaram que pressões externas não influenciam as decisões da Justiça brasileira. "É um erro imaginar que um presidente americano terá poder para interferir no Judiciário brasileiro", avaliou um ministro, sob condição de anonimato.

O exemplo recente do empresário Elon Musk reforça essa posição. Envolvido em disputas com o STF por conta de políticas de conteúdo de sua rede social, o X, Musk acabou sendo obrigado a acatar as determinações do Tribunal após a plataforma enfrentar sanções no país. Esse episódio serviu como alerta para que apoiadores de Bolsonaro compreendam os limites da influência de atores internacionais sobre decisões judiciais no Brasil.

<><> Bolsonaro declara apoio a Trump e afirma que retorno do republicano é "certeza de um mundo melhor"

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou publicamente seu apoio a Donald Trump na disputa presidencial dos Estados Unidos, em vídeo publicado neste domingo (3/11). Bolsonaro, que mantém uma relação próxima com o republicano desde seus mandatos, defendeu a necessidade de Trump retornar à Casa Branca, associando sua figura a um período de estabilidade global e combate à censura, como reporta o Metrópoles.

No vídeo compartilhado nas redes sociais, Bolsonaro expressou sua visão de que o governo de Trump projetava uma "força pacificadora", em contraste com o cenário atual de conflitos. "Hoje vemos guerras, o terrorismo regressar e a censura a nos restringir", afirmou o ex-presidente, destacando sua confiança em um mundo melhor sob a liderança de Trump. "O regresso de Trump é a certeza de um mundo melhor. Sem guerras, sem terrorismo e com um regresso à liberdade na sua forma mais pura", acrescentou Bolsonaro.

A mensagem de apoio ocorre em meio à aproximação das eleições americanas, cuja votação se encerra nesta terça-feira (5/11). Trump, candidato pelo Partido Republicano, enfrenta a vice-presidente democrata Kamala Harris, que, segundo analistas, representa a continuidade das políticas de Joe Biden, especialmente em temas como o combate à mudança climática e a defesa de direitos sociais.

No encerramento do vídeo, Bolsonaro voltou a criticar sua própria inelegibilidade, decidida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que o considerou inabilitado para ocupar cargos públicos por abuso de poder político. "Sou inelegível para ocupar cargos sem cometer um único crime", declarou, reforçando a narrativa de perseguição política. Bolsonaro já havia sido declarado inelegível em dois processos distintos pelo TSE, o que fortaleceu sua aliança com figuras políticas da extrema direita internacional, como Trump e o argentino Javier Milei.

A aliança entre Bolsonaro e Trump representa uma visão de extrema direita compartilhada que defende uma postura mais conservadora em temas sociais e uma crítica aberta ao que consideram práticas de censura. Essa postura tende a reforçar o apoio entre eleitores brasileiros de Bolsonaro e seguidores de Trump nos Estados Unidos, numa convergência de ideologias que busca um retorno à visão de uma governança "sem censura" e com menos regulação estatal.

 

Fonte: Brasil 247

 

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