Como viver em cidades poluídas vai afetar
sua velhice
Quanto maior o tempo
vivido em cidades poluídas, maior o risco de desenvolver problemas físicos na
velhice, diz um estudo publicado no The Lancet.
A exposição prolongada
a poluentes do ar — especialmente o dióxido de nitrogênio (NO2) e o ozônio
(O3), além de partículas finas da atmosfera (PM2.5 e PM10-2.5) — aumenta o
risco de doenças específicas, como asma, pneumonia, câncer de pulmão e
bronquite, mas também tem impactos de longo prazo.
Isso porque, de acordo
com a pesquisa, que acompanhou mais de 15.000 idosos nos Estados Unidos por
cerca de 8 anos, esses poluentes do ar provocam "estresse oxidativo"
e "inflamação celular".
Enquanto a inflamação
celular acelera o envelhecimento de tecidos e órgãos, estando ligada a doenças
como artrite, diabetes tipo 2 e câncer, o estresse oxidativo influencia a
capacidade neurológica e aumenta o risco de doenças degenerativas, como Parkinson
e Alzheimer.
Pelo menos 48% dos
participantes do estudo desenvolveram limitações para realizar atividades da
vida diária (ADLs), como se vestir, tomar banho ou caminhar, durante o período
de análise.
A maior parte das
pesquisas já realizadas sobre poluentes atmosféricos foi feita em regiões com
alta incidência de poluição urbana, como a China e alguns países de renda
média; já o estudo com a população idosa norte-americana considerou regiões
onde a concentração dos poluentes é menor — isso permitiria acessar melhor os
efeitos dos poluentes mesmo em situações de menor exposição.
O estudo mostrou uma
associação direta entre níveis elevados de partículas finas PM10-2.5 na
atmosfera e o desenvolvimento de deficiências físicas.
As partículas finas
são substâncias em suspensão na atmosfera pequenas o suficiente para penetrar
nos pulmões e chegar à corrente sanguínea. De acordo com a OMS, as PM2.5, com
menor diâmetro, são as mais nocivas à saúde.
Essas partículas são
encontradas em áreas metropolitanas em que há liberação de gases poluentes
(liberadas principalmente por atividades urbanas, como a construção civil, o
trânsito de veículos pesados e processos industriais) e em zonas agrícolas com
incidência de incêndios e queimadas, como a Amazônia brasileira. O contato com
as PM2.5 aumenta o risco de doenças respiratórias e cardiovasculares.
De acordo com um
estudo do think tank Carbon Brief, o Brasil é o quarto maior emissor de
poluentes no mundo. Os primeiros são os Estados Unidos, seguidos pela China. No
entanto, enquanto EUA e China poluem sobretudo a partir da queima de
combustíveis fósseis, o Brasil polui com o uso de substâncias tóxicas no manejo
dos solos, que podem então passar aos alimentos. É uma exposição generalizada:
pelo ar, pela comida e pela água.
• Poluição do ar é mais nociva que o
tabagismo e a desnutrição infantil, diz estudo
A poluição do ar pode
ser mais perigosa do que o tabagismo para algumas pessoas. As partículas finas
de poluição atingem principalmente o sul da Ásia, de acordo com uma pesquisa do
Instituto de Política Energética da Universidade de Chicago, divulgada nesta
terça-feira (29).
A grande vilã é a
poluição causada pelos veículo e pelas indústrias, bem como pelos incêndios
florestais, que emitem substâncias que poluem a atmosfera a partir de
partículas finas, segundo o relatório sobre o Índice de Qualidade do Ar (AQI),
sendo a maior ameaça externa à saúde pública.
Com base nos dados
coletados em 2021, a estimativa é de que o ser humano ganharia de 2 a 3 anos de
vida caso a poluição fosse reduzida, conforme o que a Organização Mundial da
Saúde (OMS) estabelece como “aceitável”.
Essas partículas finas
são responsáveis por doenças pulmonares, cardíacas, derrames e até mesmo
câncer. O tabagismo, por exemplo, reduz a expectativa de vida em 2,2 anos, em
média, e a desnutrição infantil e materna tem a média de redução em 1,6 ano.
O continente asiático
e africano são os que mais correm risco, de acordo com o estudo, justamente por
conta da baixa iniciativa em diminuir a quantidade de poluentes emitidos, seja
por conta da infraestrutura ou por conta dos fundos mínimos direcionados ao
combate da poluição atmosférica.
"Há uma profunda
desconexão entre onde a poluição do ar é pior e onde, coletiva e globalmente,
estamos mobilizando recursos para resolver o problema", disse Christa
Hasenkopf, diretora de programas de qualidade do ar do EPIC.
Os países que mais são
afetados pela poluição atmosférica estão todos localizados no sul da Ásia,
sendo eles Bangladesh, índia, Nepal e Paquistão, respectivamente, por conta da
quantidade de partículas finas identificadas através de satélite.
Os níveis médios de
poluição em Bangladesh chegam a 2,5 mícrons (PM2,5), equivalente a 74
microgramas por metro cúbico. Caso fossem reduzidos a 5 microgramas por metro
cúbico, quantidade estabelecida pela OMS, os moradores da região ganhariam
cerca de 5 a 6 anos de expectativa de vida.
A capital da Índia,
Deli, é considerada a megalópole mais poluída do mundo e seus índices fazem jus
ao "título" – são cerca de 126,5 microgramas de partículas finas por
metro cúbico na cidade.
As mudanças climáticas
em todo o mundo também afetam os resultados, pois os incêndios florestais e as
queimadas aumentam a poluição atmosférica, principalmente na América do Norte,
América Latina e no Sudeste Asiático.
Fonte: Fórum
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