Objetivo
real das sanções dos EUA contra a Rússia é barrar avanço do BRICS, defende
especialista
As
novas sanções dos Estados Unidos contra a Rússia têm como objetivo evitar o
avanço do BRICS e a adesão de novas potências emergentes ao grupo, defendeu à
Sputnik o diretor do Centro de Estudos de Economia, Relações Internacionais e
Geopolítica da Universidade Bolivariana da Venezuela (UBV), Ernesto Wong.
"Esta
série de medidas coercitivas ilegais, porque não estão amparadas no direito
internacional público, estão direcionadas por parte de todos os aliados e dos
próprios Estados Unidos, para tentar evitar o avanço do BRICS", disse.
Até
o ano passado, o grupo era formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do
Sul, quando ganhou novos membros a partir de 2024: Egito, Etiópia, Arábia
Saudita e Emirados Árabes. Na última semana, a presidente do Novo Banco de
Desenvolvimento (NBD) do BRICS, Dilma Rousseff, declarou que há discrepância
econômica entre BRICS e G7.
"Quando
o G7 foi criado, ele representava 62% do PIB [produto interno bruto] global. No
entanto, se você medir a paridade do poder de compra, os países do BRICS agora
representam 31,5% do PIB global, ultrapassando o G7, que têm uma fatia de
30,8%. Essa discrepância deve aumentar ainda mais, de acordo com previsões do
FMI [Fundo Monetário Internacional], que acredita que, em 2028, os países do G7
cairão para 27% do PIB global, enquanto a participação do BRICS será de
aproximadamente 37%", declarou Dilma.
O
governo de Joe Biden anunciou na última quarta-feira (12) novas sanções que
afetam mais de 300 empresas e dezenas de indivíduos na Rússia, além de países
como China, Turquia e Emirados Árabes Unidos.
Entre
as entidades sancionadas estão as companhias Arktik SPG 1 e Arktik SPG 3, que
implementam um projeto para a produção de gás natural liquefeito (GNL), além da
principal companhia de seguros russa, Sogaz, e a Gazprom Invest, que projeta e
constrói instalações para a indústria de gás.
Para
o especialista, os EUA buscam frear a "ofensiva do Sul Global, juntamente
com Rússia e China, porque atuam para eliminar o dólar e tentar obter avanços
significativos" a quatro meses da cúpula do BRICS, que vai acontecer na
cidade russa de Kazan.
"Os
EUA esperam que [Vladimir] Putin não tenha o mesmo sucesso, agora que está
ganhando o conflito na Ucrânia, e também tentam frear essa ofensiva que a
Rússia tem para tentar eliminar a compra através do dólar", comentou.
A
Rússia encabeça o debate sobre a desdolarização das relações comerciais com
Cuba, Nicarágua, Venezuela, além dos membros do BRICS, para introduzir
plataformas de pagamento alternativas. Com quase metade da população mundial, o
grupo concentra mais de 40% da produção global de petróleo e cerca de 25% das
exportações mundiais.
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'Método Zelensky' não
funciona e Sul Global não está disposto a romper com a Rússia, diz Medvedev
Em
um artigo para um jornal russo, o vice-presidente do Conselho de Segurança
Russo, Dmitry Medvedev, falou sobre as "tentativas frustradas dos
euro-atlânticos em criar um novo sistema de relações com o Sul Global".
O
Ocidente já perdeu o talento para formar uma imagem positiva do futuro porque a
sua arrogância o impede de acompanhar as mudanças e de tomar consciência do
novo papel dos países desenvolvidos no mundo, disse Medvedev.
Em
sua análise, ele enfatizou também a recusa do Sul Global em aderir a
"fórmula Zelensky" e romper laços já antigos com a Rússia e
"fechar os olhos para uma nova escalada no Oriente Médio".
As
relações entre o Ocidente e a Rússia deterioraram-se na sequência da
reintegração da Crimeia à Rússia, na sequência de um referendo realizado em
março de 2014.
Os
Estados Unidos, a União Europeia e outros países aprovaram vários pacotes de
sanções contra a Rússia que, por sua vez, respondeu com embargos às importações
agroalimentares provenientes destes Estados.
As
relações sofreram ainda mais danos após o início da operação militar especial
russa na Ucrânia, em fevereiro de 2022, cujos objetivos, segundo o presidente
russo, Vladimir Putin, são proteger a população do "genocídio do regime de
Kiev" contra a população de Donbass e "abordar a segurança nacional
sobre os riscos colocados pelo avanço da OTAN para o leste".
Em
dezembro do ano passado, o presidente russo afirmou que a operação continuará
até que a Rússia consiga a desnazificação, a desmilitarização e a neutralidade
da Ucrânia.
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EUA deixaram 'vácuo
diplomático' na América Latina, que a China está preenchendo, diz mídia
O
caso do porto chinês de Changcay no Peru é ilustrativo da falta de atenção que
o país norte-americano tem dado à região, em comparação com a Ucrânia e o
Oriente Médio, segundo o WSJ.
A
construção do enorme porto chinês de Changcay no Peru demonstra o "vácuo
diplomático" que os EUA deixaram na América Latina, escreve na
quinta-feira (13) o jornal norte-americano The Wall Street Journal (WSJ).
"Ex-funcionários
dos EUA dizem que o projeto evidencia o vácuo diplomático que os EUA deixaram
na América Latina ao concentrarem seus recursos em outros lugares, mais
recentemente na Ucrânia e no Oriente Médio", escreve a mídia.
Eric
Farnsworth, ex-diplomata sênior do Departamento de Estado que agora dirige o
escritório de Washington do think tank norte-americano Council of the Americas,
disse que o novo porto promove os interesses da China na América do Sul de uma
nova maneira e cria uma "porta de entrada para os mercados globais".
"Neste
momento já não é uma questão comercial, é estratégica", comentou ele.
Anteriormente,
Juan Genaro del Campo Rodríguez, embaixador do Peru em Moscou, Rússia, contou à
Sputnik que o novo grande porto marítimo de Changcay, atualmente em construção
no Peru, estaria operacional em novembro. Ele está sendo construído com fundos
da COSCO, da China, e da empresa peruana Volcan.
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Presidente da Turquia
confirma presença no G20 e pede apoio a Lula para integrar o BRICS
Nesta
sexta-feira (14), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma reunião
bilateral com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, à margem da Cúpula
do G7 na região da Apúlia, na Itália.
Na
ocasião, Erdogan pediu o apoio de Lula para que seu país passe a integrar o
BRICS, grupo de países originalmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul, que teve em 2023 as adesões de Egito, Etiópia, Arábia Saudita,
Emirados Árabes Unidos e Irã. Lula disse que vai apoiar a demanda turca e
afirmou que irá visitar a Turquia em breve.
O
presidente da Turquia confirmou que estará no Brasil para a Cúpula do G20 nos
dias 18 e 19 de novembro, que acontecerá no Rio de Janeiro. O Brasil assumiu a
presidência rotativa em 1º de janeiro.
A
reforma da Organização Mundial do Comércio (OMC) está entre as quatro
prioridades do Brasil à frente do G20. O apoio do G20 à reforma da OMC será
colocada na Reunião Ministerial de Comércio e Investimentos durante a reunião
da Cúpula do G20 no Rio de Janeiro.
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Manter conflito
ucraniano põe o sistema financeiro da Europa em uma 'canoa furada', diz
especialista
Em
entrevista à Sputnik Brasil, especialista diz que o conflito ucraniano
"deve se estender por um bom tempo ainda" por conta do afluxo de
dinheiro envolvido, e que o possível uso de ativos russos confiscados para
financiar Kiev ameaça minar a credibilidade do sistema financeiro europeu.
A
recusa da proposta de paz apresentada nesta sexta-feira (14) pelo presidente
russo, Vladimir Putin, pode colocar a Europa em uma "canoa furada",
com graves consequências financeiras.
É o
que aponta em entrevista à Sputnik Brasil Robinson Farinazzo, especialista
militar e oficial da reserva da Marinha do Brasil.
Mais
cedo, Putin apresentou os termos de Moscou para negociar a paz no conflito
ucraniano. Os principais são: a retirada das tropas ucranianas de territórios
liberados pela Rússia; a adoção do status de neutralidade por parte de Kiev; e
o abandono dos planos do regime ucraniano de adesão à Organização do Tratado do
Atlântico Norte (OTAN).
Os
termos propostos pela Rússia foram rejeitados pelo regime de Vladimir Zelensky,
pelo chefe da OTAN, Jens Stoltenberg, e pelo secretário de Defesa dos EUA,
Lloyd Austin.
Para
Farinazzo, dificilmente as proposições seriam acatadas pela Ucrânia. Ele afirma
que, "na verdade, [a Ucrânia] não decide nada, já que essas decisões são
tomadas em Washington e Bruxelas".
Em
contraponto, ele afirma que ao propor os termos, Putin fez uma jogada para
colocar pressão sobre a cúpula de Zelensky na Suíça, "que todo mundo já
sabe que está condenada antecipadamente ao fracasso".
Isso
porque dois dos principais países no contexto da geopolítica global, a Rússia e
a China, não vão participar.
Ele
acrescenta que o conflito ucraniano "deve se estender por um bom tempo
ainda" por conta do afluxo de dinheiro envolvido.
"O
que acontece é o seguinte: talvez a maior parte desse dinheiro, uma boa parte
dele, seja mais usada para manter a liderança ucraniana, que os Estados Unidos
sabem que é altamente corrupta, do que para financiar o andamento da guerra
propriamente dita. A Ucrânia está no limite das suas reservas humanas, mas
enquanto essa liderança estiver no poder em Kiev, eles vão continuar jogando os
soldados como carne para canhão para a artilharia da Rússia", explica o
analista.
Farinazzo
aponta que a corda do conflito ucraniano "deve continuar esticada pelo
menos até as eleições americanas" e chama a atenção para os riscos que um
eventual uso de ativos russos confiscados para financiar o conflito representam
para o sistema financeiro europeu.
"Se
eles usarem efetivamente o dinheiro russo para financiar a batalha, acho que
vão acontecer duas coisas. Primeiro, lógico, a extensão do conflito, o
prolongamento do conflito na moldura temporal. Mas, por outro lado, eu acho que
vai haver uma quebra geral da confiança no sistema financeiro europeu",
afirma.
Nesse
contexto, ele acrescenta que "países grandes do Oriente Médio, da América
Latina e da África vão começar a tirar o dinheiro [de suas reservas] da
Europa".
"Eu
penso que isso vai acabar sendo um tiro no pé da Europa e talvez seja o fato
mais importante desta semana. Se a Europa embarcar nesta canoa furada, ela vai
sofrer consequências financeiras pesadas no futuro", conclui o analista.
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'Tentativa enganosa':
objetivo da cúpula sobre Ucrânia é apresentar ultimato à Rússia, diz Moscou
O
principal objetivo da vindoura conferência sobre a Ucrânia na Suíça é
apresentar à Rússia um ultimato na forma do "plano de paz" de
Vladimir Zelensky, disse em entrevista à Sputnik o embaixador russo na ONU,
Vasily Nebenzya.
"O
evento empreendido pela Suíça é denominado pelos seus autores de 'conferência
de paz'. Essa é mais uma tentativa enganosa. O Ocidente está tentando por todos
os meios disponíveis arrastar os países do Sul Global para um 'agrupamento'
antirrusso'", disse o diplomata russo.
Segundo
ele, no âmbito do evento se realiza supostamente uma agenda
"construtiva", "na prática o objetivo principal é apresentar um
ultimato à Rússia na forma do chamado plano de paz de Vladimir Zelensky".
Nebenzya
lembrou que em suas recentes entrevistas o líder ucraniano falou abertamente
sobre isso. "Obviamente, é nisso que eles apostam", ressaltou o
embaixador russo na ONU.
A
Suíça realizará uma conferência sobre a Ucrânia nos dias 15 e 16 de junho,
perto da cidade de Lucerna, no resort de Burgenstock. Cerca de 80 países
confirmaram sua participação, mas a Rússia não estará presente.
O
presidente dos EUA Joe Biden, o líder da China Xi Jinping e o presidente
brasileiro Lula da Silva não participarão da conferência. O secretário-geral da
ONU, António Guterres também não estará presente.
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'Menos do que nada':
EUA e Ucrânia firmam acordo meramente simbólico, diz analista
Durante
a reunião do presidente dos EUA Joe Biden com o líder ucraniano Vladimir
Zelensky no G7, os EUA teriam ainda revelado planos para se apropriar dos
ativos congelados da Rússia e entregá-los à Ucrânia.
Os
EUA e a Ucrânia assinaram ontem (13), um pacto bilateral de segurança durante a
cúpula do G7 na Itália. O acordo entre as duas partes é firmado após meses de
negociações e resulta em um compromisso de dez anos para o treinamento das
forças da Ucrânia, bem como outra assistência militar contínua dos EUA.
Entretanto, o pacto pode ser facilmente desfeito por futuros presidentes, já
que a promessa é um acordo executivo e não um tratado.
Mark
Sleboda, analista de relações internacionais e segurança baseado em Moscou,
discutiu com a Sputnik o referido acordo.
"Este
[acordo] é meramente simbólico. É praticamente nada; na verdade é menos do que
nada", disse ele.
"Deve
ser incrivelmente frustrante e decepcionante para [Kiev]", acrescentou.
"Isso diz ao regime de Kiev: vocês recebem o que já estão recebendo. Vamos
fazer isso daqui a 10 anos, mas é uma decisão executiva. Não é um tratado, o
que significa que pode ser facilmente revertido por Donald Trump ou Kamala
Harris ou qualquer outra pessoa que assuma o cargo".
"Essas
promessas não significam absolutamente nada, a menos que você especifique um
valor monetário a que se referem. O dinheiro está por trás de tudo. E ele
[pacto] não tem nenhum valor específico em dinheiro no que se refere às armas,
ao comércio, ainda menos em relação à inteligência, e assim por diante",
explicou ele. "E, sem isso, este é um pedaço de papel insignificante.
Então, isso está obviamente sendo feito para dar a Zelensky algum tipo de
prêmio de consolação para levar para casa."
"[Zelensky]
não está entrando na OTAN. Os EUA não têm armas novas para lhe dar, eu acho.
Eles não podem prometer a ele mais dinheiro do que já conseguiram no Congresso,
pelo menos por enquanto", disse Sleboda.
Fonte:
Sputnik Brasil
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