Após ser inocentada, Dilma pode ter a devolução simbólica de seu
mandato
A ex-presidente Dilma Rousseff, afastada do cargo
em 2016 por um golpe constitucional com base na lei do impeachment, poderá ter
uma devolução simbólica de seu mandato. O PT pretende articular no Congresso
Nacional uma resolução para esse ato, segundo informou a deputada Gleisi
Hoffmann, presidente do partido, à coluna Painel, da Folha de S.Paulo.
Na segunda-feira (21), o Tribunal Regional Federal
da Primeira Região (TRF1), com sede no Distrito Federal, inocentou Dilma
Rousseff de ter cometido as chamadas “pedaladas fiscais”, motivo que levou ao
afastamento do cargo.
“Entendo que cabe um projeto de resolução nesse
sentido com base na decisão do TRF-1, que deixa claro que o impeachment foi uma
grande farsa, que a história das pedaladas foi uma armação, literalmente um
golpe. A Dilma e a história do Brasil merecem isso”, afirma Gleisi ao Painel.
A presidente do PT tem como referência a devolução
simbólica do mandato de João Goulart, deposto pelo golpe militar de 1964.
Em 2013, a partir de projeto de Pedro Simon (MDB) e
Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), o Congresso anulou a sessão de 2 de abril
de 1964, na qual o então presidente do Congresso, Auro de Moura Andrade,
declarou vaga a Presidência da República.
Na ocasião, o então presidente do Congresso,
senador Renan Calheiros (MDB-AL), fez um pedido de desculpas “pelas inverdades
patrocinadas pelo Estado brasileiro” contra um “patriota”.
Nesse sábado (26), durante entrevista em Luanda,
capital de Angola, o presidente Lula (PT) disse que é necessária uma discussão
sobre como reparar Dilma, que atualmente é presidente do banco dos Brics.
“Agora vou discutir como que a gente vai fazer, não
dá para reparar os direitos políticos se ela quiser voltar a ser presidente,
porque eu quero terminar meu mandato. Mas é preciso saber como reparar uma
coisa que foi julgada por uma coisa que não aconteceu”, disse Lula.
<><> Lula diz que fará reparação
histórica a Dilma após comprovação da farsa das pedaladas
Durante uma coletiva de imprensa na capital de
Angola, Luanda, nesta sábado (26) o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
abordou a necessidade de debater possíveis ações de reparação para a
ex-presidente Dilma Rousseff após a recente decisão que manteve o arquivamento
de uma ação relacionada às "pedaladas fiscais" e a declarou inocente.
Lula enfatizou que o objetivo agora é buscar formas
de reparar os danos sofridos por Dilma Rousseff, e brincou sobre a
impossibilidade de restituir seus direitos políticos e devolver o cargo de
presidente a Dilma, uma vez que seu
mandato já está em curso. "Agora vou discutir como que a gente vai fazer,
não dá para reparar os direitos políticos se ela quiser voltar a ser
presidente, porque eu quero terminar meu mandato. Mas é preciso saber como
reparar uma coisa que foi julgada por uma coisa que não aconteceu",
afirmou.
Lula também citou a absolvição da atual presidente
do banco dos Brics, mencionando que o Tribunal Regional Federal da 1ª Região
(TRF-1) arquivou a ação de improbidade que envolvia Dilma Rousseff. No entanto,
é importante ressaltar que o TRF-1 apenas julgou uma apelação do Ministério
Público Federal (MPF) contra o arquivamento, que foi decretado no ano anterior.
A ação foi arquivada por falta de fundamentação das acusações, sem análise do
mérito.
O presidente Lula, em pronunciamentos anteriores em
Angola, já havia comentado a decisão do TRF-1, destacando a necessidade do
Brasil pedir desculpas a Dilma Rousseff.
Na segunda-feira (21), o TRF-1, por unanimidade,
confirmou a manutenção da decisão que arquivou a ação de improbidade ligada às
"pedaladas fiscais". Além de Dilma Rousseff, a decisão também
beneficiou Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda, Aldemir Bendine, ex-presidente
do Banco do Brasil, Arno Augustin, ex-secretário do Tesouro, e Luciano
Coutinho, ex-presidente do BNDES. A apelação do MPF contra o arquivamento foi
analisada pelo colegiado do TRF, resultando em uma votação de 3 a 0 a favor da
manutenção do arquivamento.
<><> PT vai articular devolução
simbólica do mandato de Dilma
O Partido dos Trabalhadores vai empreender uma
articulação política no âmbito do Congresso Nacional em favor da devolução
simbólica do mandato da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), afastada por um
golpe em 2016, por meio de um processo de impeachment baseado em acusações
falsas. "Entendo que cabe um
projeto de resolução nesse sentido com base na decisão do TRF-1, que deixa
claro que o impeachment foi uma grande farsa, que a história das pedaladas foi
uma armação, literalmente um golpe. A Dilma e a história do Brasil merecem
isso", afirmou a presidente do Partido dos Trabalhadores Gleisi Hoffmann
ao Painel da Folha de S.Paulo.
A declaração da líder petista vem na sequência das
afirmações de Lula na capital angolana, Luanda, durante uma coletiva de
imprensa neste sábado (26). Lula disse que é necessário debater sobre ações de
reparação à ex-presidenta Dilma Rousseff após a recente decisão que manteve o
arquivamento de uma ação relacionada às "pedaladas fiscais" e a
declarou inocente.
"Aécio
mente! O estopim do golpe foi ele", diz Rogério Correia
O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) reagiu
pelo X, antigo Twitter, neste domingo (27) a uma declaração do também deputado
Aécio Neves (PSDB-MG) em que o tucano afirma que a ex-presidente Dilma Rousseff
sofreu impeachment "pelas pedaladas que deu". Na última
segunda-feira, o Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1) inocentou
Dilma de ter cometido as chamadas "pedaladas fiscais". A decisão do
colegiado comprova que o afastamento da ex-presidente não se deu devido a um
processo de impeachment, e sim de um golpe.
Foi nesta linha que Correia rebateu Aécio Neves:
"como sempre, Aécio mente! O estopim do golpe foi ele e assim será visto
na história, como quem perdeu uma eleição e se uniu às forças mais escrotas da
sociedade na ambição de virar o jogo!".
<><> "Aécio sofreu uma metamorfose
repentina e se transformou numa pessoa horrível", diz Hildegard Angel
Após ver o deputado Aécio Neves (PSDB-MG)
defendendo mais uma vez o golpe de estado dado em 2016 contra a ex-presidente
Dilma Rousseff, a jornalista Hildegard Angel lamentou que o político tenha se
transformado em uma pessoa "horrível".
Para ela, foi Aécio, que derrotado nas urnas por
Dilma em 2014, abriu as portas para o fascismo no Brasil. "Acho que o
Aécio sofreu uma metamorfose repentina - não que foi repentina, foi gradual,
mas a gente se deu conta repentinamente que ele não era mais a mesma pessoa.
Perder não estava na expectativa do Aécio. Perder foi muito duro para ele, e ele
se transformou nessa pessoa horrível, que nos jogou nesse universo de
sofrimento que foram os últimos seis anos. Ele não podia fazer isso ao Brasil,
porque ele recebeu do Brasil coisas muito boas: lindos cargos, respeito, poder
e governos, governou Minas Gerais com todo o prestígio possível", disse na
TV 247 neste domingo (27).
"Muito triste ver essa transformação do Aécio,
uma pessoa por quem eu tinha estima, e continuo a ter por sua família. Mas será
preciso ele mostrar muito arrependimento para a gente poder voltar a considerar
ter pelo Aècio a mesma consideração que a gente tinha. É muita pena",
finalizou.
Fernando
Castilho: Cara presidente Dilma Rousseff, eles não são decentes
Em março de 2014, indignado pelo que ocorreu nas
chamadas jornadas de junho de 2013, decidi escrever um livro a que dei o nome
de Dilma, a Sangria Estancada. O título é uma referência à famosa frase do
então senador Romero Jucá que afirmou durante o processo de impeachment que era
preciso estancar a sangria com o STF, com tudo. O livro é como uma agenda que
testemunha o clima, o ambiente e a atmosfera que circundaram aquilo que foi chamado
pela mídia e pelos parlamentares de então, de impeachment, mas que na minha
visão e de muitos, claramente foi um golpe de estado.
Para o prefácio convidei a deputada e presidenta do
PT, Gleisi Hoffmann que escreveu cinco lindas páginas e engrandeceu a obra.
Mais para o fim retornarei ao livro.
Dilma foi deposta por pedaladas fiscais, um crime
de responsabilidade que nunca existiu.
O Supremo Tribunal Federal (STF) não viu à época
nenhuma ilegalidade na condenação, mas há cerca de um ano e meio, o ministro
Luís Roberto Barroso escreveu um artigo reconhecendo a ausência de crime, mas,
pasmem, justificando a sentença com um argumento inusitado que não encontra
respaldo na Constituição, qual seja, o de que o Congresso a depôs por sua
incapacidade política.
À época do processo, o jurista Miguel Reale Júnior,
foi o encarregado pelo consórcio que pretendia derrubar a presidenta honesta,
de dar a forma jurídica necessária para o feito.
A sessão que votou pelo “impeachment”, convocada
pelo então presidente da Câmara, foi um show de horrores do qual participou uma
verdadeira horda de deputados comprados por Eduardo Cunha. Não faltou nem o
voto terrivelmente criminoso do então deputado Jair Bolsonaro que aproveitou
seus minutos de exposição televisiva para homenagear o facínora que torturou
Dilma durante sua prisão nos tempos da ditadura.
A grande mídia cumpriu seu papel no consórcio
golpista com dezenas de editoriais dos vários órgãos de imprensa escrita e
televisionada e centenas de artigos escritos por colunistas que perceberam a
grande oportunidade de defenestrar o PT do Palácio do Governo.
Porém, algo que não se comenta muito, talvez por
vergonha, ou talvez porque o nome Dilma Rousseff tenha se tornado uma espécie
de tabu dentro do PT, é que ela encontrou no partido quem fizesse eco às
acusações que sofreu.
Agora volto a falar sobre meu livro que ainda não
foi publicado e talvez nunca seja.
Após longas conversas com a Fundação Perseu Abramo,
braço editorial do PT, em 2021, a possibilidade de publicação ficou condicionada,
devido a custos, a uma parceria com a Geração Editorial. Eu mesmo tive que
atuar na conexão entre as duas editoras.
O livro, segundo a Geração Editorial, teria o
potencial de uma tiragem inicial de 4 mil exemplares, portanto, teria público.
O conselho editorial da Fundação Perseu Abramo deu,
enfim, sinal verde em fevereiro de 2022, o que me deixou exultante.
Porém, em maio fui comunicado que o livro não mais
seria publicado. Os motivos não ficaram claros, mas fontes do partido me
sinalizaram que, devido à campanha de Lula seria mais interessante esquecer
Dilma.
Como a Geração Editorial não poderia, segundo ela,
arcar sozinha com os custos do projeto, o livro foi pra gaveta onde se encontra
até hoje.
Cheguei a procurar deputados e gente que hoje ocupa
ministérios no governo. Em off, me confidenciaram que a ex-presidenta estava em
baixa dentro do PT e que não valeria a pena insistir com alguém que estaria
queimada no partido.
Acho que nenhuma dessas pessoas falava por Lula, já
que um dos primeiros atos do presidente ao se eleger foi o de se empenhar na
condução de Dilma à presidência do Banco do Brics, cargo de grande prestígio e
importância mundial. Estaria aí revelada a grande consideração que o presidente
ainda tem para com ela.
Apesar disso tudo, para muita gente é
particularmente conveniente que ela permaneça “escondida” do outro lado do
mundo.
No último dia 21 a 10ª Turma do TRF-1, por
unanimidade, rejeitou recurso de procuradores da União, mantendo arquivado o
processo contra Dilma, o que equivale na prática o reconhecimento oficial do
órgão de que ela é inocente do crime de responsabilidade que lhe imputaram.
O correto seria promover sua volta à presidência,
de onde nunca deveria ter saído e corrigir a injustiça cometida, mas o tempo
passou, Lula cumpre mandato escolhido pelo povo e ela mesma nem desejaria
voltar ao executivo.
Mas algo deveria ser feito.
O poder judiciário, na figura do STF, deveria
reconhecer publicamente a injustiça e fazer um pedido formal de desculpas.
O Congresso, que foi o grande responsável pelo
golpe, deveria fazer seu mea culpa.
E a grande mídia, fazer uma autocrítica e
reconhecer que o golpe em Dilma foi a gênese da eleição de Jair Bolsonaro à
presidência, aquele que foi o responsável pela morte de centenas de milhares de
pessoas e que quase deu um golpe que colocaria o país numa ditadura por vários
anos.
Isso tudo, caso as instituições tivessem homens e
mulheres com o mínimo de decência. Mas não é o caso.
Os sites da mídia alternativa repercutiram
timidamente a sentença do TRF-1, revelando, ainda, um certo mal-estar para com
Dilma Rousseff.
Infelizmente não será essa sentença que redimirá a
ex-presidenta.
Seu correto trabalho à frente do Banco do Brics
também parece não ser suficiente para a melhora de seu conceito.
Não se pretende aqui que se faça uma estátua de
Dilma, mas que tão somente se dê a ela o devido reconhecimento por ter tido em
maio de 2013, apenas um mês antes das tais jornadas de junho, 60% de aprovação
de seu governo por parte do povo brasileiro, índice que despencou
artificialmente no mês subsequente.
Os livros de história precisam registrar tudo isso,
sob pena de que as futuras gerações não conheçam a injustiça cometida e
desconheçam a hecatombe subsequente a sua deposição.
Ah, o livro continua engavetado à espera de alguma
editora que o considere importante para a nossa história recente.
Fonte: Brasil de Fato/Brasil 247
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