quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Trump: o republicano favorito da América corre o risco de pegar centenas de anos de prisão

Ex-presidente e aspirante à presidência em 2024, Donald Trump enfrenta um total de 78 acusações criminais depois que o governo iniciou uma terceira acusação criminal contra ele no início desta semana, potencialmente enfrentando uma sentença máxima de 55 anos de prisão por isso — e centenas de anos em prisão para as outras duas acusações.

Trump disse que é inocente de todas as acusações, que individual e cumulativamente representam pesadas sentenças máximas de prisão, mas não está claro se alguma das possíveis sentenças poderia ser cumprida simultaneamente.

A mais recente acusação do Departamento de Justiça dos EUA refere-se às supostas tentativas de Trump de anular os resultados das eleições presidenciais de 2020 para garantir um segundo mandato, que culminou na agitação no Capitólio dos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2021.

O Departamento de Justiça acusa Trump em cada um dos quatro crimes: conspiração para ameaçar ou oprimir alguém exercendo um direito constitucional, que acarreta pena máxima de dez anos de prisão; conspiração para fraudar os EUA (pena máxima de cinco anos de prisão); obstruir de forma corrupta um processo oficial (pena máxima de 20 anos de prisão); e conspirar para obstruir um processo oficial (pena máxima de 20 anos de prisão).

Trump foi indiciado pela primeira vez pelo promotor distrital de Manhattan em março em relação ao suborno pago por meio de seu advogado pessoal à atriz pornô Stormy Daniels em 2016. Ele enfrenta 34 acusações de falsificação de registros comerciais em primeiro grau. Cada contagem acarreta uma pena máxima de quatro anos de prisão.

Trump foi indiciado pela segunda vez em junho — sua primeira acusação federal — relacionado à sua suposta retenção de documentos confidenciais do governo em sua residência em Mar-a-Lago, na Flórida. Trump enfrenta um total de 40 indiciamentos com várias acusações. Cada uma das 32 acusações de retenção de informações de defesa nacional acarreta uma pena máxima de dez anos de prisão.

Os indiciamentos também incluem uma acusação de conspiração para obstruir a Justiça; retenção de registros de um processo oficial; ocultar registros de um processo oficial; esconder documentos de investigadores federais; alterar, destruir ou esconder algo procurado pelo governo; e alterar, destruir ou esconder de forma corrupta algo procurado pelo governo, cada um dos quais acarreta uma pena máxima de 20 anos de prisão.

Além disso, Trump também enfrenta uma acusação de conspiração por ocultar e mentir para o governo dos EUA, cada uma das quais acarretando uma sentença máxima de cinco anos de prisão.

 

Ø  Por que as últimas acusações são as mais sérias feitas a Donald Trump

 

O ataque de 6 de janeiro ao Capitólio (sede do Congresso dos Estados Unidos) foi "alimentado por mentiras", disse o promotor veterano Jack Smith em sua breve coletiva de imprensa. As mentiras de Donald Trump.

Ao longo das 45 páginas detalhadas desta acusação, o tema da desonestidade é repetido várias vezes.

Ele fala sobre "mentiras prolíficas sobre fraude eleitoral" e diz que "essas alegações eram falsas e o réu sabia que eram falsas".

Este será claramente um tema-chave quando este julgamento chegar ao tribunal. Se isso leva a uma condenação não está claro — alguns especialistas jurídicos não acreditam nessa possibilidade.

Mas essas acusações são, na minha opinião, as mais graves e potencialmente as mais importantes que Donald Trump já enfrentou. Até porque dizem respeito a coisas que aconteceram enquanto ele ainda era presidente.

O processo em Nova York, que foi aberto em março, versa sobre alegações que ele cometeu fraude comercial para ocultar um dinheiro que teria pago a uma estrela pornô, Stormy Daniels, antes de ser presidente.

O processo federal relacionado aos documentos confidenciais que Trump manteve em sua residência em Mar-a-Lago, no Estado da Flórida, detalha eventos que aconteceram depois que ele deixou o cargo.

Mas essas últimas acusações — de que ele conspirou para tentar anular os resultados das eleições de 2020 — giram em torno de coisas que aconteceram quando Trump ainda ocupava a Casa Branca. Ele é acusado de ter mentido repetidamente para o povo americano enquanto era seu presidente.

Há também um impacto no mundo real apresentado nesta acusação que não vimos nos outros casos.

Todos viram a violência que engolfou o Capitólio dos Estados Unidos em janeiro de 2021 e, embora Smith tenha parado de acusar Trump de incitar aquela multidão, o promotor foi claro em sua declaração aos repórteres na qual observa essa conexão.

Alguns comentaristas americanos apontaram outra razão pela qual eles acham que essas acusações são as mais sérias. Eles veem na suposta conduta de Trump uma ameaça aos ideais que sustentam os alicerces do país.

Desde a fundação do país, nenhum ex-presidente "foi acusado de conspirar para manter o poder em um elaborado esquema de engano e intimidação que levaria à violência nos corredores do Congresso", escreveu Peter Baker no jornal americano The New York Times.

"Por mais sério que o suborno e os documentos confidenciais possam ser, esta terceira acusação em quatro meses chega ao cerne da questão; a questão que definirá o futuro da democracia americana”, acrescentou.

Smith também fez uma observação semelhante durante a acusação, de que Trump criou "uma intensa atmosfera nacional de desconfiança e raiva e erodiu a fé do público na administração da eleição".

·         Mas será que isso importa para os eleitores?

Em todos os Estados Unidos, encontrei um número incontável de correligionários de Trump que parecem acreditar sinceramente que ele realmente obteve mais votos do que o atual presidente Joe Biden e foi destituído do cargo.

Esse é um dos princípios de fé que solidificam sua base de apoio.

Como essas pessoas vão reagir quando ouvirem evidências detalhadas de que Trump sabia que não havia nenhuma evidência de fraude eleitoral?

Que ele ouviu repetidas vezes, por seu círculo íntimo de confiança, que havia perdido a eleição? A fé deles pode suportar o peso das evidências que a promotoria apresentará ao tribunal?

O promotor Smith diz que está pressionando por um julgamento rápido. Portanto, pode muito bem estar ocorrendo bem no meio da próxima eleição presidencial. E Trump ainda é o claro favorito para se tornar o candidato presidencial do Partido Republicano.

Assim, os eleitores — e não apenas a base de Trump, mas republicanos moderados, independentes e eleitores indecisos cruciais — ouvirão detalhes sobre a "desonestidade, fraude e engano" durante o processo eleitoral.

É um clichê descrever fatos envolvendo Trump como "sem precedentes".

Mas que outras palavras há para descrever a perspectiva de um candidato à Presidência dos EUA fazer uma campanha ao mesmo tempo em que é processado por tentar subverter os resultados da última eleição?

 

Ø  Terceiro e mais importante indiciamento de Donald Trump: quais as acusações contra o ex-presidente dos EUA?

 

O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi indiciado ontem pela terceira vez. Esse é considerado, até agora, o processo mais importante contra o republicano. Isso porque se tratam de acusações referentes às tentativas de reverter os resultados das urnas em 2020.

Um grande júri, em Washington, considerou na terça (01/08) que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos possui evidências suficientes para abrir um caso contra o ex-presidente. O Departamento acusa Trump de 4 crimes federais diferentes:

- Conspiração para fraudar os Estados Unidos

- Conspiração para obstruir um procedimento oficial

- Obstrução ou tentativa de obstrução de procedimento oficial

- Conspiração contra direitos

A investigação se debruçou sobre o ataque ao Capitólio no 6 de janeiro de 2021 e nas ações do ex-presidente que incentivaram o ataque. Segundo a acusação, Trump “estava determinado a permanecer no poder”, mesmo após a derrota nas urnas de 2020.

O indiciamento afirma ainda que Trump sabia que as acusações de fraude eleitoral eram mentira, mas mesmo assim as difundiu “para criar uma atmosfera intensa de falta de confiança e raiva e, assim, erodir a confiança pública na condução das eleições”, diz o documento de 45 páginas.

Além de Donald Trump, seis outros co-conspiradores são citados no documento sem que tenham os nomes revelados. Isso acontece porque eles não foram indiciados, pelo menos até agora. Dentre eles, segundo os indícios apresentados, está o ex-advogado de Trump, Rudy Giuliani.

A acusação afirma que o ataque ao Capitólio no 6 de janeiro de 2021 foi arquitetado por Trump para impedir a oficialização do resultado das eleições de 2020. O documento diz ainda que o ex-presidente mentiu para apoiadores para fazê-los acreditar que Mike Pence, então vice-presidente e responsável pela oficialização, poderia alterar o resultado das eleições.

Com base na 14ª emenda da constituição, Donald Trump pode ser impedido de tomar posse - se eleito no ano que vem - caso seja condenado por incitar uma insurreição contra os Estados Unidos.

Os 5 pontos centrais da acusação

1- Trump teria pressionado legisladores e oficiais para mudarem votos após a vitória de Biden;

2- Trump teria recrutado delegados falsos nos estados pêndulo, aqueles onde a disputa é mais acirrada, com o intuito de tumultuar a certificação das eleições;

3- O então presidente teria tentado usar o poder do Departamento de Justiça para dar gás às suas teorias da conspiração sobre fraude eleitoral generalizada;

4- Trump teria pressionado o então vice-presidente Mike Pence para retardara certificação do resultado da eleição;

5- O ex-presidente teria se aproveitado do caos gerado pela invasão do Capitólio para redobrar os esforços para reverter o resultado das urnas.

Donald Trump deve se entregar à justiça de Washington na quinta-feira (03). Ainda não se sabe se o ex-presidente terá que comparecer presencialmente à corte ou se poderá fazê-lo de forma virtual.

·         Uma semana difícil para Donald Trump

A semana começou com uma série de derrotas para o ex-presidente Donald Trump. No caso dos documentos secretos, pelo qual foi indiciado em junho, o administrador de Mar-A-Lago, Carlos de Oliveira, foi acusado de tentar apagar imagens das câmeras de segurança para obstruir uma investigação federal. O funcionário depôs na segunda-feira em um tribunal de Miami.

Em outra derrota, um juiz na Geórgia negou o pedido de Trump para desqualificar a procuradora Fani Willis, responsável pelas investigações sobre suas tentativas de interferência eleitoral no estado. Esse pode vir a ser, ainda em agosto, o 4º indiciamento de Trump.

A investigação começou com a divulgação de uma ligação em que o então presidente pressiona o Secretário de Estado da Geórgia, também republicano, a encontrar votos a seu favor. O objetivo seria reverter o resultado na Geórgia, que por menos de 12 mil votos deu seus 16 delegados para Joe Biden.

Além disso, Trump teve seu processo contra a CNN negado por um juiz federal na Flórida. Ele pedia indenização de US$ 475 milhões (R$ 2,3 bi) ao canal por danos, alegando que a emissora o difamou ao usar o termo "grande mentira" para se referir às suas teorias conspiratórias de fraude eleitoral. O juiz considerou que a emissora estava protegida pelo direito de liberdade de expressão. 

Trump continua afirmando, sem provas, que a eleição de 2020 foi fraudada.

 

Fonte: Sputnik Brasil/BBC News Brasil/Brasil de Fato

 

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