O ouro de tolo de Rui e Wagner na disputa pelo STJ e a ponte eólica
O Judiciário baiano está desapontado, para dizer o
mínimo, com Rui Costa e Jaques Wagner. O ministro e o senador petista
prometeram votos para os desembargadores Maurício Kertzman e Roberto Frank na
composição da lista quadrupla de indicados para o Superior Tribunal de Justiça
(STJ). Mas nenhum dos dois obtiveram votos suficientes e estão fora do
processo. Kertzman teve apenas 7 votos e Frank nenhum, mostrando a baixíssima
influência da dupla petista no Judiciário em Brasília. Em 17 anos do PT no
estado, nenhum baiano foi indicado para o STJ ou STF com a ajuda de Rui e
Wagner. “Eles deram tapinhas nas costas, mas no final não fizeram nenhuma força
pelos dois. Foi ouro de tolo”, comentou um experiente desembargador.
Rui x Wagner
A rixa entre Rui e Wagner, que tem se
intensificado, acabou atrapalhando a corrida pelo STJ. Se a dupla petista
tivesse unida em torno de um só nome e empenhada de verdade, teria mais chances
de eleger o escolhido. Mas, na prática, o clima entre os dois continua péssimo,
e quem sofreu dessa vez foram aqueles que acreditaram nas promessas de ambos.
• Ponte
eólica
Os governos do PT na Bahia parecem ter esgotado as
desculpas sobre a demora de 14 anos para construção da ponte
Salvador-Itaparica. Em entrevista recente, o governador Jerônimo Rodrigues
resolveu inovar e disse que a culpa para tal atraso era da maré e dos ventos.
De pronto, a classe política reagiu à pérola. Uma das sugestões, banhada de
ironia, veio do líder da oposição na Assembleia, o deputado Alan Sanches (União
Brasil): “Se tem tanto vento assim, não seria melhor então mudar o projeto para
a construção de um parque eólico?”
• O
terraplanista da violência
O ministro Rui Costa atacou novamente com suas
pérolas. Os alvos na última semana foram os levantamentos nacionais sobre
violência. Em discurso negacionista e, como dito pela imprensa nacional,
terraplanista, muito parecido com o bolsonarismo que ele critica, Rui disse que
não reconhecia estas pesquisas e que era preciso uma “padronização dos dados”
no país. Uma tentativa de maquiar os elevados índices de violência na Bahia que
têm ganhado repercussão nacional neste ano, em especial após a morte da líder
quilombola Mãe Bernadete. O ministro parece querer jogar no colo de institutos
sérios, como o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a culpa pela violência no
estado, se esquecendo que a fonte dos dados são os próprios governos estaduais.
Rui, como bem disse um editorial de O Globo, não há contabilidade criativa
capaz de esconder homicídios.
• Motivo
de Piada
Zé Trindade era um personagem do comediante Milton
Bittencourt, famoso por suas piadas e pelos bordões “Mulheres Cheguei” e “Meu
Negócio é Mulher”. Salvador tem também o seu Zé Trindade, o ex-vereador e atual
presidente da Conder. O Trindade local não chega a ser um comediante, mas já
virou motivo de piada dentro do PT baiano. Favorito de Rui Costa para a eleição
da capital, o Zé Trindade baiano acabou sendo vetado pelo senador Jaques
Wagner, que diz para quem quiser ouvir que não vai aceitar uma imposição de
Rui. Nomes do PT como o deputado Robinson Almeida e a secretária estadual de
Assistência Social, Fabya Reis, começam a ganhar força.
• Chá
de cadeira
Os irmãos Vieira Lima voltaram para Brasília essa
semana. Geddel e Lucio visitaram o ministro das Cidades, Jader Barbalho Filho,
e entregaram um presente de casamento a um membro da família do ministro do
MDB. Só que não contavam com um longo chá de cadeira para o começo da
audiência. Irritado, Lucio subiu o tom na antessala do ministro e protagonizou
um grande chilique. Depois do barraco, os irmãos foram finalmente atendidos.
• Operação
tartaruga
O piti dado pelo deputado estadual Eures Ribeiro
(PSD), que saiu do plenário da ALBA gritando “não voto mais p... nenhuma do
governo”, representa os sentimentos da bancada do partido na Casa. Sob reserva,
deputados do PSD confessaram que a relação com o governo de Jerônimo Rodrigues
vai de mal a pior devido a cargos da gestão estadual no interior do estado, que
seguem travados. A insatisfação é tanta que alguns parlamentares foram a
Brasília nesta semana para tentar uma “intervenção federal”. Quem também anda P
da vida é a deputada Ivana Bastos, a mais votada no ano passado. Fontes no
Legislativo contam que ela também já avisou que não vai dificultar a vida do
governo, mas não vai se esforçar para facilitar. No partido, o sentimento é de
“operação tartaruga”.
• Disputa
antecipada
E a corrida pela presidência da ALBA para a
sucessão de Adolfo Menezes (PSD) tem se intensificado, um ano e meio antes da
eleição, em 2025. O próprio Adolfo tem abertamente se movimentado para
conquistar um terceiro mandato, mas para isso precisa de uma mudança na
legislação. Contudo, seus eventuais adversários também já estão se articulando
e, inclusive, buscam apoio nacional para sua empreitada. Um deles é o deputado
Rosemberg Pinto (PT), que, segundo dizem parlamentares que acompanham o
movimento, espera apoio do ministro Rui Costa à sua empreitada, como forma de
agradecimento pela escolha da esposa do petista, Aline Peixoto, como
conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). Como disse um
interlocutor nessa semana, as forças ocultas estão agindo nos bastidores.
• Roteiro
arrasador
O governador Jerônimo Rodrigues montou um roteiro
arrasador para pagar a fatia dos precatórios que cabe aos professores da rede
estadual. Primeiro tratou de reduzir de 80% para 60% o valor que vai cair na
conta da categoria, depois cortou da fatura os juros e correção a que os
trabalhadores tinham direito. Para completar, embalou tudo num projeto de lei
que foi enviado à Assembleia Legislativa em regime de urgência. Não contava ele
que a bancada de oposição, apesar do tamanho reduzido, provocaria tamanho
barulho contra a proposta. Tanto sim, que, para se livrar da matéria, a bancada
governista teve que convocar uma sessão extraordinária na calada da noite para
passar o rolo compressor sobre o direito dos professores.
• Duas
medidas
Os petistas que fizeram críticas à tomada de
empréstimo pela prefeitura de Salvador para realização de obras e investimentos
na cidade foram os mesmos que discretamente disseram amém ao desejo do
governador Jerônimo Rodrigues de pegar R$ 400 milhões emprestados da Caixa
Econômica Federal. Sem apresentar detalhes nem cronograma das obras que
pretende executar, o governo empurrou o texto em regime de urgência na
Assembleia para ter um cheque em branco nas mãos.
Na
Assembleia Nacional de Angola, Lula homenageia Mãe Bernadete
Ao discursar na Assembleia Nacional de Angola, em
Luanda, nesta sexta-feira (25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma
homenagem à líder quilombola Maria Bernadete Pacífico, de 72 anos. Mãe
Bernadete, como era conhecida, foi assassinada a tiros no último dia 17 no
Quilombo Pitanga dos Palmares, no município de Simões Filho (BA).
“Aproveito esta sessão solene, na Assembleia
Nacional de Angola, para prestar minha homenagem à grande Bernadete Pacífico,
líder quilombola que atuou corajosamente pela defesa de sua comunidade na
Bahia. Bernadete foi vítima da intolerância dos que querem calar os mais
vulneráveis”, disse Lula.
Em sua fala, o presidente classificou o combate à
escravidão como um dos marcos mais importantes na luta pela liberdade e pelos
direitos humanos no Brasil. "Essa chaga em nossa história vitimou milhões
de africanos e deixou ao país um nefasto legado de desigualdade social e de
preconceito. Combater esse legado é objetivo primordial do meu governo”.
• Relação
bilateral
Homenageado na Assembleia Nacional de Angola, Lula
citou potencialidades na relação bilateral entre os dois países.
“Muito já foi dito sobre o que une Brasil e Angola.
Na música, na dança, na capoeira, na gastronomia e no futebol. Podemos ir além
desse extraordinário vínculo cultural. Buscamos o verdadeiro desenvolvimento,
que exige combate à pobreza e promoção da inclusão social, educação de
qualidade e atenção à saúde de nossas populações. O permanente fortalecimento
da democracia e dos direitos humanos, dentro de nossos países e na governança
global”, disse.
Mais cedo, Lula se reuniu com o presidente de
Angola, João Manuel Lourenço. Os dois países assinaram sete atos de cooperação
em diversas áreas, entre eles para o desenvolvimento agrícola do país africano.
“Queremos inaugurar uma nova agenda de cooperação
com Angola. No passado, contribuí com o financiamento de projetos de rodovias,
saneamento, abastecimento de água e geração e distribuição de energia elétrica.
O Brasil tem condições de voltar a ser um grande parceiro de Angola. Um
desenvolvimento fundado no fortalecimento da agricultura e da indústria, no
progresso científico e tecnológico, em transição energética e na proteção do
meio ambiente e da biodiversidade”, disse Lula.
“O fluxo comercial entre Brasil e Angola voltou a
crescer após sete anos de estagnação. Só no primeiro semestre de 2023, foi
quase 65% maior em relação ao mesmo período de 2022. Podemos diversificar nosso
comércio, ainda muito concentrado em petróleo e bens primários, e a Câmara de
Comércio Brasil-Angola, criada em junho, vai contribuir para isso”, acrescentou
o presidente.
Angola é o único país do continente, além da África
do Sul, com o qual o Brasil tem uma parceria estratégica. O acordo foi assinado
em 2010, durante o segundo mandato de Lula.
• Agenda
Após o compromisso no Parlamento, Lula participa do
encerramento de um seminário com empresários dos dois países. O evento prevê a
presença de uma delegação de cerca de 60 representantes de empresas brasileiras
dos ramos de alimentos, produtos farmacêuticos, aviação e máquinas agrícolas,
entre outros.
O presidente chegou ao continente africano na
última segunda-feira (21). A primeira parada foi na África do Sul para a 15ª
Cúpula de chefes de Estado do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia,
China e África do Sul. Hoje e amanhã (26), ele cumpre agenda em Angola e, no
domingo (27), estará em São Tomé e Príncipe para participar da conferência de
chefes de Estado da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
Fonte: Coluna Pombo Correio/Agencia Brasil
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