sábado, 26 de agosto de 2023

Cúpula do PL quer distanciamento de Jair Renan

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou a aliados que quer se distanciar o máximo possível das investigações que atingiram o filho 04 de Jair Bolsonaro, o Jair Renan. Ele foi alvo nesta quinta-feira (24) de uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal por estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

Embora seja assessor de um senador do partido, com salário de R$ 9,5 mil, o dirigente partidário avalia não valer o desgaste de sair em defesa pública do investigado. O 04 não tem mandato, nem potencial eleitoral que justifique maior envolvimento da legenda.

A posição contrasta com a adotada com outros integrantes do clã, como Flávio e Eduardo Bolsonaro, e até mesmo com Carla Zambelli, já abandonada pelo entorno da família, mas ainda abrigada por Valdemar. Em entrevista ao blog, o presidente do PL disse que defenderia o mandato da parlamentar "com todas as nossas forças"

Ao contrário de Jair Renan, os três não só possuem mandato como capital político relevante, inclusive para as eleições municipais de 2024, quando Valdemar pretende conquistar pelo menos mil prefeituras.

Em outra ocasião, o 04 já foi escanteado até pelo pai. Quando o filho foi alvo de outra operação por tráfico de influência, Bolsonaro disse não ter certeza da sua inocência. "O moleque tem 24 anos agora, acho que ninguém [aqui] conhece ele, vive com a mãe, há muito tempo está longe de mim, mas recebo ele de vez em quando aqui. Tem a vida dele, não sei se está certo ou se está errado, mas peço a Deus que o proteja", declarou à época.

Jair Renan hoje é assessor do senador de Santa Catarina Jorge Seif (PL). Logo após ser nomeado para o cargo no início do ano, mudou-se para Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

 

       CPI investiga possível envolvimento de Jair Renan no caso das joias

 

A CPMI que investiga os atos que resultaram na depredação dos edifícios-sede dos Três Poderes em 8 de janeiro apura a possível ligação entre Jair Renan Bolsonaro e a retirada de presentes do acervo presidencial.

Segundo o g1, integrantes da comissão tiveram acesso a um e-mail de 6 de julho de 2022 com orientações para que os itens fossem retirados. O nome “Renan” é citado na mensagem e, para os congressistas, pode ser uma referência ao filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O e-mail foi enviado, conforme o portal, por Cleiton Henrique Holzschuk, ex-assessor de Jair Bolsonaro. Os destinatários eram outros assessores do então presidente: Osmar Crivelatti (investigado no caso das joias) e Adriano Alves Teperino (citado em relatório por ter recebido depósitos de um ourives).

Eis o que estava na mensagem: “47. Presentes retirados pelo Renan: A Marjore da GADH informou que, quando o Renan vier buscar presentes, ele deverá selecionar e informar quais quer levar. O GADH irá informar o Ch de Gabinete PR quais presente [sic] foram selecionados que despachará com o PR. Só depois de autorizado pelo PR o Renan poderá retirar os presente [sic]”.

GADH é o Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência da República, órgão responsável pelo acervo presidencial.

Jair Renan Bolsonaro foi alvo de operação da Polícia Civil do Distrito Federal na 5ª feira (24.ago) em outro caso. A corporação busca desarticular um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro. Leia mais sobre o assunto aqui.

OPERAÇÃO

A PF deflagrou em 11 de agosto a operação Lucas 12:2. Foram alvos de buscas autorizadas pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes:

•        Mauro Cid – ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;

•        Mauro Cesar Lourena Cid – general da reserva e pai de Cid;

•        Osmar Crivelatti – braço direito de Cid;

•        Frederick Wassef – ex-advogado da família Bolsonaro.

A investigação apura o “desvio de bens de alto valor patrimonial entregues por autoridades estrangeiras a Bolsonaro, ou agentes públicos a seu serviço, e posterior ocultação com o fim de enriquecimento ilícito”. Eis a íntegra da decisão (3 MB).

Em relatório, a PF disse haver indícios de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atuou “em conluio” com Mauro Cid, e os assessores Marcelo Câmara e Osmar Crivelatti e com Frederick Wassef para cometer lavagem de dinheiro, peculato e enriquecimento ilícito.

Segundo o documento, os envolvidos atuaram para recuperar os itens de luxo do chamado “Kit Ouro Branco” “com o objetivo de escamotear, das autoridades brasileiras, a evasão e a venda ilícitas dos bens no exterior”.

Os agentes investigam se houve tentativa de vender presentes entregues a Bolsonaro por delegações estrangeiras. Segundo a PF, relógios, joias e esculturas foram negociados nos Estados Unidos –veja aqui as fotos dos itens e leia neste link a íntegra do relatório da PF. O suposto esquema seria comandado por Cid e Crivelatti.

Eis abaixo o diagrama da PF que explica o esquema:

Em nota, a defesa de Bolsonaro negou que ele tenha desviado ou se apropriado de bens públicos. Afirma que a movimentação bancária do ex-chefe do Executivo está à disposição da Justiça. No comunicado, declarou que ele “não teme absolutamente nada”, uma vez que não teria cometido nenhuma irregularidade. Eis a íntegra (110 KB).

O nome da operação faz alusão a um versículo da Bíblia: “Não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido”.

 

       De tráfico de influência a rachadinha: entenda as suspeitas contra os filhos de Bolsonaro

 

04, 03, 02 e 01. Jair Renan não está sozinho. Os nomes de Flávio, Carlos e Eduardo Bolsonaro já foram ligados a casos que vão de tráfico de influências até denúncia sobre funcionários fantasma e rachadinha. Casos esses que podem guardar semelhanças entre si, como explica Thais Bilenky, repórter da revista piauí e apresentadora do podcast "Alexandre".

"E isso me remete a uma outra característica da forma como a família Bolsonaro faz política e se notabilizou por isso, que é uma falta de cuidado", disse ela em entrevista ao podcast O Assunto desta sexta-feira (25).

"Inclusive com a imagem, com os problemas e as encrencas em que se metem muitas vezes menores perto de investigações maiores das quais também são alvos."

Nesta quinta-feira (24), Jair Renan, o filho 04 do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi alvo de mandado de busca e apreensão em operação da Polícia Civil do Distrito Federal. A operação foi deflagrada contra um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

Jair Renan já tinha se envolvido em outra investigação, dessa vez sobre tráfico de influência, em 2020, num caso "que mostra o uso da máquina pública para obter vantagens", modus operandi da família Bolsonaro, como apontado por Bilenky.

Bilenky também lembra um caso envolvendo o senador Flávio Bolsonaro, investigado pela prática de rachadinhas, processo que foi praticamente anulado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) em 2021.

"A acusação da rachadinha é muito similar, né, pelo menos nos seus métodos, ao que também já se acusou em relação ao próprio Bolsonaro e ao Carlos Bolsonaro, que é aqueles em que os servidores do gabinete repassam parte do seu salário, segundo as investigações, repassam parte do seu salário a alguém que opere esse esquema."

Há, ainda, investigações sobre o chamado "gabinete do ódio" durante o governo do ex-presidente Bolsonaro e que envolve os nomes de Carlos e Eduardo.

"O Carlos Bolsonaro sempre foi visto como o grande mentor, talvez ou grande operador do 'gabinete do ódio', que foi um um núcleo montado dentro do Palácio do Planalto com gente indicada pelo Carlos Bolsonaro e também pelo Eduardo Bolsonaro para fazer essa 'central de desinteligência', de desinformação, de fake news e de ataques virulentos."

Outro caso, envolvendo joias dadas de presente por delegações estrangeiras, jogou luz, nas palavras de Bilenky, na "relação peculiar que o Eduardo Bolsonaro tem com o Bahrein". O caso envolve aliados próximos a Bolsonaro, o pai, incluindo seu ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, hoje preso.

"Que é um dos reinos, né, uma das monarquias do Golfo pérsico, vizinha da Arábia Saudita, é quase que um apêndice, um anexo da Arábia Saudita. O Brasil, sob o governo Bolsonaro, estreitou bastante as relações com o Bahrein. O Bolsonaro pai, o presidente, foi duas vezes ao país, sendo que ele foi o primeiro presidente, o primeiro chefe de estado do Brasil a ir ao Bahrein. E ele não foi uma, ele foi duas vezes, e o Eduardo Bolsonaro, filho dele, o deputado federal, foi pelo menos quatro vezes."

 

       De corrupção a 08/01: veja o histórico das vezes em que os filhos de Bolsonaro foram alvos de investigações

 

Esta quinta-feira(24) começou com policiais na casa de Jair Renan, que foi alvo de mandado de busca e apreensão em uma operação da Polícia Civil do Distrito Federal. A operação foi deflagrada contra um grupo suspeito de estelionato, falsificação de documentos, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro.

A GloboNews fez um levantamento com o histórico das vezes em que os filhos do ex-presidente Jair Bolsonaro foram alvos de investigações. Apurações de 'rachadinha' e tráfico de influência fazem parte de histórico do clã Bolsonaro. >>>> Veja abaixo:

•        Flávio Bolsonaro

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi vinculado - pelo Supremo Tribunal Federal (STF) - por incentivo aos ataques golpistas de 8 de janeiro e já esteve em inquérito sobre os atos antidemocráticos.

Flávio também já foi alvo da operação 'Furna da Onça', que apurou rachadinhas na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O processo foi arquivado em maio de 2022, depois do Supremo Tribunal de Justiça invalidar as provas. A justiça entendeu que, por Flávio ser senador, a investigação não poderia ter corrido no Tribunal de Justiça do Rio.

•        Carlos Bolsonaro

Carlos também já respondeu inquérito sobre os atos antidemocráticos.

Vereador do Rio de Janeiro, ele ainda está envolvido em uma investigação de funcionários fantasmas e aplicação de 'rachadinha', na Câmara Municipal do Rio. O Ministério Público ainda apura se ele foi beneficiado.

•        Eduardo Bolsonaro

Assim como Flávio, Eduardo Bolsonaro também foi vinculado - pelo STF - ao incentivo e à organização dos atos extremistas do 8 de janeiro.

Eduardo Bolsonaro também foi investigado - pela Procuradoria Geral da República -- por compra de apartamentos em dinheiro vivo, nos anos de 2011 e 2016. O caso foi arquivado pela PGR em 2021.

•        Renan Bolsonaro

Jair Renan Bolsonaro foi alvo de busca e apreensão da operação desta quinta-feira (24). De acordo com a polícia, o grupo agia a partir de um laranja e de empresas fantasmas, usadas pelo alvo da operação.

Renan também foi intimado em 2021, pela Polícia Federal a prestar depoimento em inquérito que investigava tráfico de influência e lavagem de dinheiro, mas foi só em 2022 que ele compareceu à PF.

 

       Alex Solnik: Bolsonaro será acusado de liderar organização criminosa que vendeu joias, falsificou certidões de vacina e tentou golpe

 

A Polícia Federal está investigando conjuntamente os crimes de peculato, falsificação de certidões de vacina e tentativa de golpe de estado, com base no artigo 76 do Código de Processo Penal, que menciona o instituto da conexão probatória.

“A conexão probatória pressupõe a existência de vínculo objetivo entre crimes diversos, de tal modo que a prova de uma infração ou de qualquer uma de suas circunstâncias elementares, influa na prova da outra”.

Em outras palavras, a PF investiga uma organização criminosa, composta por altas autoridades da República, que atuou em diversos ilícitos, o que impede que eles sejam apurados separadamente.

Isso quer dizer que todos os crimes serão julgados pelo STF e não pela Justiça Federal e que o processo vai envolver muitas pessoas, o que irá tornar o julgamento parecido, no número de acusados e na duração, aos do mensalão e do petrolão.

Tal como ocorreu no passado, o julgamento só vai começar quando todas as investigações sobre todos os acusados de participar da quadrilha estiverem concluídas, não só as que afetam Bolsonaro.

Além da sua, serão apuradas as responsabilidades de personagens já conhecidos e outros que passaram a frequentar o noticiário, tais como o tenente coronel Mauro Cid, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro, o ex-ministro das Minas e Energia Bento Albuquerque, o general da reserva Mauro Lourena Cid, o ex-chefe da PRF, Silvinei Vasques, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, o general da reserva Paulo Sérgio Nogueira, o hacker Walter Delgatti Neto, o ex-deputado Daniel Silveira, o senador Marcos do Val, os empresários Meyer Nigri e Luciano Hang, a ainda deputada Carla Zambelli, os filhos de Bolsonaro, dentre outros.

O STF não quer uma investigação a toque de caixa. Ao contrário, só irá começar o julgamento quando todas as acusações estiverem muito bem fundamentadas, sem que se corra o risco de serem anuladas mais à frente.

E os acusados terão amplo direito ao contraditório. Também não serão julgados a toque de caixa.

Deverá ser o julgamento mais importante do STF desde a redemocratização do país.

Enquanto ele não ocorre e as investigações - que se baseiam em mensagens de celular, vídeos e documentos - avançam, é possível que medidas restritivas sejam impostas a Bolsonaro, tais como apreensão do passaporte, proibição de usar redes sociais e participar de eventos públicos.

O projeto de Valdemar Costa Neto de usá-lo como cabo eleitoral em 2024, está virando sonho de uma noite de verão.

 

Fonte: g1/Metrópoles/Poder 360/Fórum

 

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