FMI tem dificuldades
em conceder novos empréstimos aos países necessitados, diz representante russo
O
Fundo Monetário Internacional (FMI) tem dificuldades consideráveis para
conceder novos empréstimos, já que muitos países de baixa e média renda estão
aumentando a dívida pública, disse o diretor-executivo da Rússia no FMI,
Aleksei Mozhin, à Sputnik.
Segundo
Mozhin, o FMI tem fundos suficientes para apoiar os países que precisam, mas
muitos deles se encontram em uma grave crise de endividamento.
"Acontece
que os empréstimos do fundo aumentam ainda mais a dívida pública desses
países", explica ele.
Portanto,
é necessário "reduzir a dívida pública, reestruturá-la, amortizá-la
parcialmente", o que é complicado pela existência de diferentes categorias
de credores, inclusive organizações internacionais, países individuais que
concederam empréstimos bilaterais entre Estados e credores comerciais que
simplesmente compram títulos do governo.
"Nem
sequer sabemos os nomes desses credores comerciais porque eles forçam as
autoridades do país a assinar o que chamamos de acordos de confidencialidade ao
conceder empréstimos. Em sua maioria, são instituições financeiras não
bancárias dos EUA, como fundos de gestão de ativos", acrescentou.
Além
disso, muitos países em todo o mundo, inclusive os do Ocidente, se encontram em
uma situação crítica devido aos altos níveis de dívida pública, disse Mozhin.
"Depois
da COVID-19, depois da grande recessão na economia, os déficits orçamentários
cresceram na mesma proporção, o que teve de ser financiado pelo aumento da
dívida. Muitos países se viram em uma situação crítica em termos de dívida
pública, inclusive os países ocidentais", afirmou.
Mozhin
indicou que anos de políticas fiscais e monetárias irresponsáveis, o
bombeamento de dinheiro para a economia para reanimá-la, foram a raiz da
situação atual da dívida pública e da inflação.
O
diretor cita como exemplo o Japão e Itália que evitavam a inadimplência por
muito tempo e cujas economias não crescem há 30 anos e 20 anos respectivamente.
"Em
primeiro lugar, tudo isso é consequência do enorme nível de dívida dos países.
E hoje a Europa está quase toda endividada: o Reino Unido, França, Espanha,
Portugal, sem falar na Grécia e na Itália", explica.
Ele
enfatizou que "uma economia doente é curada pela dor" e não há outra
maneira, mas, em sua opinião, o Ocidente não poderá lidar com os desafios
atuais porque é "dominado pelo populismo".
"A
Europa se transformará gradualmente em um país de renda média. É uma tragédia,
mas não vejo a capacidade dessas autoridades de permitir políticas
dolorosas."
Ao
mesmo tempo, no momento, a China é o maior credor bilateral dos países em
desenvolvimento e o Ocidente está fazendo todos os esforços para forçar a China
a baixar suas reivindicações o máximo possível, de acordo com o diretor-executivo
russo.
"O
Ocidente está empenhado em garantir que os países em desenvolvimento com altos
níveis de dívida pública não paguem à China, mas a outros credores, inclusive
aos detentores privados de seus títulos soberanos", disse Mozhin.
Mozhin
sublinhou que a estrutura da dívida no mundo se transformou muito com o
declínio da participação dos "membros ocidentais do Clube de Credores de
Paris", de que o Brasil faz parte, e a ascensão da China, que se tornou
"o principal credor de todos os países em desenvolvimento".
Mas
o especialista indica que a China "não é inimigo desses países
pobres", já que os bancos chineses financiam "projetos concretos –
construir um novo aeroporto ou um porto marítimo".
Falando
da desdolarização da economia global, o diretor disse que os próprios Estados
Unidos criaram uma situação em que o mundo começou a buscar alternativas ao
dólar norte-americano.
Em
particular, outras moedas nacionais estão sendo cada vez mais usadas em todo o
mundo, principalmente o yuan chinês.
"Vemos
que os iranianos, brasileiros e sauditas já estão passando a negociar no yuan
não apenas com a China, mas também com outros países", ressaltou.
Ele
acrescentou que o dólar é uma moeda nacional emitida "para o interesse
nacional e para as obrigações econômicas e financeiras de um país".
Portanto, é errado que ele tenha sido tão amplamente usado e aplicado em todo o
mundo.
Segundo
Mozhin, o fato de o Ocidente usar o dólar como uma arma faz com que a
fragmentação da economia global seja inevitável e o papel do FMI tenha de mudar
em meio a essa fragmentação.
Ø
Britânicos
pedem referendo para suspender apoio à Ucrânia e acabar com crise no Reino
Unido
Mais
de 11 mil pessoas assinaram uma petição, disponibilizada no site oficial do
Parlamento britânico, pedindo um referendo para cessar o fornecimento de armas
ao regime de Kiev.
A
petição tem o objetivo de, pelo menos, fazer com que o governo britânico mude
sua política, inclusive em relação às sanções econômicas contra a Rússia, que
estão elevando os preços no país, principalmente devido ao aumento dos preços
da energia.
Além
disso, a petição visa o fim do fornecimento de armas, e que o país assuma sua
neutralidade pacífica com relação ao conflito.
Os
britânicos, que assinaram a petição, acusam as autoridades do país de intervir
em um lado do conflito da Ucrânia, ignorando a opinião dos cidadãos que sofrem
com as consequências econômicas.
"Isso
inclui o aumento do preço da energia, o custo de vida, as taxas de juro, a
inflação, o desemprego, os altos impostos e taxas, além de provocar greves,
danos comerciais e redução dos serviços governamentais", detalha a
petição.
Caso
a petição atinja o número de 100 mil assinaturas, a iniciativa vai poder ser
debatida no Parlamento, contudo, no momento, soma pouco mais de 11.400
assinaturas.
·
França
pretende aumentar ainda mais ajuda à Ucrânia, diz chanceler
A
França pretende seguir ajudando a Ucrânia e espera aumentar essa assistência,
disse a ministra da Europa e das Relações Exteriores da França, Catherine
Colonna, ao chegar a uma reunião de ministros das Relações Exteriores da União
Europeia (UE) no Luxemburgo.
"Continuaremos
com essa assistência e a aumentaremos, deixo isso claro. A UE já tomou medidas
para aumentar sua capacidade de produção [...]. A Rússia não deve ter dúvidas
de que apoiaremos a Ucrânia para ajudá-la a se defender pelo tempo que for
necessário", disse a ministra.
Colonna
afirmou que a França seguirá "monitorando de perto" as atividades do
Grupo Wagner, lembrando que os eventos do último final de semana foram uma
questão de política interna russa.
"Diante
desses eventos, é necessário continuar mostrando nosso apoio à Ucrânia, que é o
objetivo da reunião de hoje", acrescentou.
Na
noite de 24 de junho, combatentes do grupo militar Wagner tomaram a sede do
Comando do Distrito Militar Sul em Rostov-no-Don.
Isso
aconteceu no contexto das declarações feitas por Yevgeny Prigozhin, chefe do
Wagner, sobre supostos ataques com mísseis aos acampamentos do grupo pelas
Forças Armadas russas, ataques que foram negados pelo Ministério da Defesa e
pelo Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em russo).
O
presidente russo Vladimir Putin classificou essas ações como uma aventura
criminosa, tendo sido aberto um processo criminal contra Prigozhin por
organização de insurgência armada.
Posteriormente,
o serviço de imprensa do presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, informou
que o presidente belarusso conversou com Prigozhin e este aceitou sua proposta
de interromper o movimento em território russo e outras medidas de redução da
escalada.
O
porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, disse na noite de sábado que
Prigozhin partiria para Belarus e que o processo criminal seria arquivado. O
Kremlin disse que a partida de Prigozhin para Belarus tinha a garantia e a
palavra do presidente russo.
Ø
Alemanha
se opõe ao uso de ativos russos congelados para reconstrução da Ucrânia, diz
mídia
A
Alemanha se opôs aos planos da União Europeia (UE) de usar os ativos congelados
do Banco Central da Rússia para a reconstrução da Ucrânia e pediu para
considerar outras opções devido a preocupações de que a decisão possa resultar
em desafios legais e financeiros, informou agência de notícias britânica nesta
segunda-feira (26), citando fontes.
De
acordo com o Financial Times (FT), alguns membros do governo alemão acreditam
que o plano não conseguiria obter apoio suficiente para sua realização, uma vez
que as ameaças legais eram "muito altas".
Berlim
tem feito "tudo o que pode legalmente" para identificar e congelar os
bens de cidadãos e entidades russas sancionadas, mas a intenção de Bruxelas de
usar os fundos para reconstruir a economia e infraestrutura ucraniana levantou
"questões financeiras e legais complexas", informou o jornal.
Segundo
o FT, a UE está tentando levantar até € 3 bilhões (R$ 16,6 bilhões) por ano com
os ativos do Banco Central russo e Kiev também estaria desenvolvendo uma
maneira alternativa para o bloco usar os ativos apreendidos como garantia, por
meio da qual poderia tomar empréstimos para investir com retorno e depois alocar
o dinheiro para a Ucrânia.
"O
desafio é tentar descobrir o que é legalmente sólido e defensável. É mais
complexo do que se pensava no início", disse um diplomata da UE
familiarizado com o assunto ao jornal.
Espera-se
que os ministros das Relações Exteriores dos países da UE discutam o assunto em
uma reunião em Luxemburgo nesta segunda-feira, acrescentou a matéria.
Na
semana passada, o porta-voz da Comissão Europeia, Christian Wigand, anunciou
que os representantes, comissários e legisladores da UE começariam a discutir
em julho um quadro jurídico que permitiria o confisco de bens de cidadãos e
entidades russas acusados de violar as sanções da UE. Os bancos da UE detêm €
24,1 bilhões (cerca de R$ 125,6 bilhões) em ativos pertencentes a indivíduos e
entidades privadas, acrescentou Wigand.
Os
Estados-membros do bloco europeu também relataram ter mais de € 200 bilhões
(cerca de R$ 1,04 trilhão) em ativos do Banco Central russo congelados em seus
bancos.
Ø
Arábia
Saudita deve reduzir suprimentos petrolíferos para os EUA, diz mídia
norte-americana
Segundo
um colunista da Bloomberg, há sinais de que a Arábia Saudita focará seu próximo
corte de produção petrolífera nos EUA, e que tal provavelmente começará em
poucos meses.
A
Arábia Saudita pode estar procurando reduzir os embarques de petróleo bruto
para os Estados Unidos a partir de julho, a fim de restringir seu mercado,
escreve na segunda-feira (25) um colunista da agência norte-americana
Bloomberg.
Javier
Blas cita os preparativos do país árabe em cortar em julho sua produção de
petróleo bruto um milhão de barris por dia, sendo que embarques de petróleo
bruto para o Ocidente poderão ser muito mais afetados do que as exportações
para seu principal mercado, a Ásia. O corte poderia ser estendido para além de
julho, disse o príncipe Abdulaziz bin Salman, ministro da Energia da Arábia
Saudita.
Na
opinião do autor do artigo, nesse cenário, os cortes no sentido dos EUA
começariam em agosto e setembro. Segundo ele, o passo é facilitado pela
transparência de dados do mercado petrolífero norte-americano.
No
início de junho, os produtores da OPEP+ decidiram manter os cortes atuais até o
final de 2024, mas a Arábia Saudita, o principal produtor da OPEP, disse que
reduziria voluntariamente sua produção em um milhão de barris por dia em julho,
para cerca de nove milhões de barris diários.
O
nível de produção em julho seria o mais baixo da Arábia Saudita desde 2011,
excluindo os cortes iniciais após a disseminação da pandemia da COVID-19 em
2020 e a redução da produção após o ataque às instalações da Saudi Aramco em
setembro de 2019 por militantes houthis.
·
Conselho
de Segurança da ONU vai discutir situação em torno do Nord Stream, diz missão
russa
O
Conselho de Segurança da ONU (CSNU) vai realizar outra reunião para tratar da
situação com a investigação sobre a sabotagem no gasoduto Nord Stream amanhã
(27), disse o primeiro vice-representante permanente da Rússia nas Nações
Unidas, Dmitry Polyansky, nesta segunda-feira (26).
"Hoje,
pedimos mais uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir a
situação sobre o enfraquecimento [das investigações] do Nord Stream. Chamaremos
a atenção de nossos colegas para o fato de que estão trazendo quase todos, só
faltam turistas, para o local da explosão, e as autoridades dinamarquesas, alemãs
ou suecas ainda não forneceram informações ao Conselho de Segurança da ONU
sobre o andamento da investigação", disse Polyansky.
"Garantias
vazias de que as investigações estão em andamento não nos convém. A discussão
será realizada em formato fechado em 27 de junho, não excluímos a comunicação
com os jornalistas sobre isso", acrescentou.
Em
setembro de 2022, uma série de explosões causou sérios danos aos dutos
subaquáticos Nord Stream 1 e 2 (Corrente do Norte 1 e 2) no fundo do mar
Báltico, tornando inoperáveis os dutos que foram projetados para transportar
gás natural russo diretamente para a Alemanha.
A
destruição dos gasodutos ocorreu poucos meses depois que o presidente dos EUA,
Joe Biden, prometeu em fevereiro de 2022 que, se a Rússia enviasse suas tropas
para a Ucrânia, os EUA "poriam fim" ao Nord Stream.
Em
fevereiro de 2023, o jornalista investigativo norte-americano Seymour Hersh
alegou que esse ato de sabotagem foi realizado pelos Estados Unidos a mando de
Biden com a ajuda da Noruega. Segundo ele e suas fontes, mergulhadores
norte-americanos plantaram cargas explosivas nos gasodutos no verão (Hemisfério
Norte) de 2022 sob a cobertura de exercícios navais da Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN) no mar Báltico, com as cargas sendo detonadas
remotamente semanas depois para evitar suspeitas.
Ø
'Senhor
da guerra': como Washington tenta intimidar China na região da Ásia-Pacífico
Em
entrevista à Sputnik, especialistas afirmaram que os EUA frequentemente usam
mensagens contraditórias para intimidar seus concorrentes e aqueles que não
seguem suas doutrinas.
Além
disso, os especialistas destacaram que o Ocidente, especialmente os EUA, usam a
guerra e a intimidação como principais ferramentas da diplomacia.
James
Bradley, historiador e autor do "A Miragem da China: História Oculta do
Desastre Americano na Ásia", afirmou à Sputnik que independentemente do
que os Estados Unidos dizem nesse momento, sua preocupação estratégica a longo
prazo no Leste Asiático sempre foi controlar e conter a China.
"A
Marinha dos EUA inspecionou as ilhas próximas à China desde a década de 1850,
em 1898 os EUA se apoderaram das Filipinas, Guam e Havaí para construir uma
comporta para que as riquezas da China fluíssem até os EUA. Desde 1945, os EUA
tentam conter a China. O Departamento de Estado pode falar o que quiser, mas o
antigo Departamento de Guerra, atualmente chamado de Departamento de Defesa, é
que dá as ordens", enfatizou.
Bradley
destacou que desde 2016 os EUA estão em guerra com a China, antes mesmo da
mudança estratégica oficial americana para a "competição entre as grandes
potências", iniciada em 2018.
"Guerra
econômica, guerra cibernética e guerra propagandista. O negócio da China é o
comércio, e o negócio dos EUA é a guerra", observou.
Por
sua vez, o especialista para assuntos da China, Jeff J. Brown, afirmou à
Sputnik que a desconexão entre a retórica diplomática e a atividade militar é
algo típico dos países ocidentais.
"No
Ocidente, em geral, a política é individual e prepotente, então não é surpresa
alguma que a mão esquerda não se importe com o que a mão direita faz. Na China,
o governo pratica o centralismo democrático: argumentar e debater de antemão,
para depois falar publicamente e agir com uma voz unificada", ressaltou.
Brown
também observa que é muito provável que os EUA continuem pressionando a
Indonésia para que não compre equipamentos militares avançados da China ou da
Rússia, utilizando novamente sua "diplomacia reacionária negativa",
já que os norte-americanos sabem que seu declínio é inevitável, e que a
ascensão do mundo em desenvolvimento limita suas capacidades.
O
especialista também adicionou que enquanto os EUA seguem utilizando sua
diplomacia negativa e reacionária do imperialismo ocidental, a China se uniu
magistralmente ao leste e sudeste asiático, firmando um acordo de livre
comércio da Acordo Econômico Abrangente Regional, superando a incipiente Acordo
de Associação Transpacífico anti-China dos EUA, demonstrando que uma cooperação
mutuamente respeitosa vale mais do que o imperialismo americano.
Fonte:
Sputnik Brasil
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