terça-feira, 27 de junho de 2023

FMI tem dificuldades em conceder novos empréstimos aos países necessitados, diz representante russo

O Fundo Monetário Internacional (FMI) tem dificuldades consideráveis para conceder novos empréstimos, já que muitos países de baixa e média renda estão aumentando a dívida pública, disse o diretor-executivo da Rússia no FMI, Aleksei Mozhin, à Sputnik.

Segundo Mozhin, o FMI tem fundos suficientes para apoiar os países que precisam, mas muitos deles se encontram em uma grave crise de endividamento.

"Acontece que os empréstimos do fundo aumentam ainda mais a dívida pública desses países", explica ele.

Portanto, é necessário "reduzir a dívida pública, reestruturá-la, amortizá-la parcialmente", o que é complicado pela existência de diferentes categorias de credores, inclusive organizações internacionais, países individuais que concederam empréstimos bilaterais entre Estados e credores comerciais que simplesmente compram títulos do governo.

"Nem sequer sabemos os nomes desses credores comerciais porque eles forçam as autoridades do país a assinar o que chamamos de acordos de confidencialidade ao conceder empréstimos. Em sua maioria, são instituições financeiras não bancárias dos EUA, como fundos de gestão de ativos", acrescentou.

Além disso, muitos países em todo o mundo, inclusive os do Ocidente, se encontram em uma situação crítica devido aos altos níveis de dívida pública, disse Mozhin.

"Depois da COVID-19, depois da grande recessão na economia, os déficits orçamentários cresceram na mesma proporção, o que teve de ser financiado pelo aumento da dívida. Muitos países se viram em uma situação crítica em termos de dívida pública, inclusive os países ocidentais", afirmou.

Mozhin indicou que anos de políticas fiscais e monetárias irresponsáveis, o bombeamento de dinheiro para a economia para reanimá-la, foram a raiz da situação atual da dívida pública e da inflação.

O diretor cita como exemplo o Japão e Itália que evitavam a inadimplência por muito tempo e cujas economias não crescem há 30 anos e 20 anos respectivamente.

"Em primeiro lugar, tudo isso é consequência do enorme nível de dívida dos países. E hoje a Europa está quase toda endividada: o Reino Unido, França, Espanha, Portugal, sem falar na Grécia e na Itália", explica.

Ele enfatizou que "uma economia doente é curada pela dor" e não há outra maneira, mas, em sua opinião, o Ocidente não poderá lidar com os desafios atuais porque é "dominado pelo populismo".

"A Europa se transformará gradualmente em um país de renda média. É uma tragédia, mas não vejo a capacidade dessas autoridades de permitir políticas dolorosas."

Ao mesmo tempo, no momento, a China é o maior credor bilateral dos países em desenvolvimento e o Ocidente está fazendo todos os esforços para forçar a China a baixar suas reivindicações o máximo possível, de acordo com o diretor-executivo russo.

"O Ocidente está empenhado em garantir que os países em desenvolvimento com altos níveis de dívida pública não paguem à China, mas a outros credores, inclusive aos detentores privados de seus títulos soberanos", disse Mozhin.

Mozhin sublinhou que a estrutura da dívida no mundo se transformou muito com o declínio da participação dos "membros ocidentais do Clube de Credores de Paris", de que o Brasil faz parte, e a ascensão da China, que se tornou "o principal credor de todos os países em desenvolvimento".

Mas o especialista indica que a China "não é inimigo desses países pobres", já que os bancos chineses financiam "projetos concretos – construir um novo aeroporto ou um porto marítimo".

Falando da desdolarização da economia global, o diretor disse que os próprios Estados Unidos criaram uma situação em que o mundo começou a buscar alternativas ao dólar norte-americano.

Em particular, outras moedas nacionais estão sendo cada vez mais usadas em todo o mundo, principalmente o yuan chinês.

"Vemos que os iranianos, brasileiros e sauditas já estão passando a negociar no yuan não apenas com a China, mas também com outros países", ressaltou.

Ele acrescentou que o dólar é uma moeda nacional emitida "para o interesse nacional e para as obrigações econômicas e financeiras de um país". Portanto, é errado que ele tenha sido tão amplamente usado e aplicado em todo o mundo.

Segundo Mozhin, o fato de o Ocidente usar o dólar como uma arma faz com que a fragmentação da economia global seja inevitável e o papel do FMI tenha de mudar em meio a essa fragmentação.

 

Ø  Britânicos pedem referendo para suspender apoio à Ucrânia e acabar com crise no Reino Unido

 

Mais de 11 mil pessoas assinaram uma petição, disponibilizada no site oficial do Parlamento britânico, pedindo um referendo para cessar o fornecimento de armas ao regime de Kiev.

A petição tem o objetivo de, pelo menos, fazer com que o governo britânico mude sua política, inclusive em relação às sanções econômicas contra a Rússia, que estão elevando os preços no país, principalmente devido ao aumento dos preços da energia.

Além disso, a petição visa o fim do fornecimento de armas, e que o país assuma sua neutralidade pacífica com relação ao conflito.

Os britânicos, que assinaram a petição, acusam as autoridades do país de intervir em um lado do conflito da Ucrânia, ignorando a opinião dos cidadãos que sofrem com as consequências econômicas.

"Isso inclui o aumento do preço da energia, o custo de vida, as taxas de juro, a inflação, o desemprego, os altos impostos e taxas, além de provocar greves, danos comerciais e redução dos serviços governamentais", detalha a petição.

Caso a petição atinja o número de 100 mil assinaturas, a iniciativa vai poder ser debatida no Parlamento, contudo, no momento, soma pouco mais de 11.400 assinaturas.

·         França pretende aumentar ainda mais ajuda à Ucrânia, diz chanceler

A França pretende seguir ajudando a Ucrânia e espera aumentar essa assistência, disse a ministra da Europa e das Relações Exteriores da França, Catherine Colonna, ao chegar a uma reunião de ministros das Relações Exteriores da União Europeia (UE) no Luxemburgo.

"Continuaremos com essa assistência e a aumentaremos, deixo isso claro. A UE já tomou medidas para aumentar sua capacidade de produção [...]. A Rússia não deve ter dúvidas de que apoiaremos a Ucrânia para ajudá-la a se defender pelo tempo que for necessário", disse a ministra.

Colonna afirmou que a França seguirá "monitorando de perto" as atividades do Grupo Wagner, lembrando que os eventos do último final de semana foram uma questão de política interna russa.

"Diante desses eventos, é necessário continuar mostrando nosso apoio à Ucrânia, que é o objetivo da reunião de hoje", acrescentou.

Na noite de 24 de junho, combatentes do grupo militar Wagner tomaram a sede do Comando do Distrito Militar Sul em Rostov-no-Don.

Isso aconteceu no contexto das declarações feitas por Yevgeny Prigozhin, chefe do Wagner, sobre supostos ataques com mísseis aos acampamentos do grupo pelas Forças Armadas russas, ataques que foram negados pelo Ministério da Defesa e pelo Serviço Federal de Segurança (FSB, na sigla em russo).

O presidente russo Vladimir Putin classificou essas ações como uma aventura criminosa, tendo sido aberto um processo criminal contra Prigozhin por organização de insurgência armada.

Posteriormente, o serviço de imprensa do presidente de Belarus, Aleksandr Lukashenko, informou que o presidente belarusso conversou com Prigozhin e este aceitou sua proposta de interromper o movimento em território russo e outras medidas de redução da escalada.

O porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov, disse na noite de sábado que Prigozhin partiria para Belarus e que o processo criminal seria arquivado. O Kremlin disse que a partida de Prigozhin para Belarus tinha a garantia e a palavra do presidente russo.

 

Ø  Alemanha se opõe ao uso de ativos russos congelados para reconstrução da Ucrânia, diz mídia

 

A Alemanha se opôs aos planos da União Europeia (UE) de usar os ativos congelados do Banco Central da Rússia para a reconstrução da Ucrânia e pediu para considerar outras opções devido a preocupações de que a decisão possa resultar em desafios legais e financeiros, informou agência de notícias britânica nesta segunda-feira (26), citando fontes.

De acordo com o Financial Times (FT), alguns membros do governo alemão acreditam que o plano não conseguiria obter apoio suficiente para sua realização, uma vez que as ameaças legais eram "muito altas".

Berlim tem feito "tudo o que pode legalmente" para identificar e congelar os bens de cidadãos e entidades russas sancionadas, mas a intenção de Bruxelas de usar os fundos para reconstruir a economia e infraestrutura ucraniana levantou "questões financeiras e legais complexas", informou o jornal.

Segundo o FT, a UE está tentando levantar até € 3 bilhões (R$ 16,6 bilhões) por ano com os ativos do Banco Central russo e Kiev também estaria desenvolvendo uma maneira alternativa para o bloco usar os ativos apreendidos como garantia, por meio da qual poderia tomar empréstimos para investir com retorno e depois alocar o dinheiro para a Ucrânia.

"O desafio é tentar descobrir o que é legalmente sólido e defensável. É mais complexo do que se pensava no início", disse um diplomata da UE familiarizado com o assunto ao jornal.

Espera-se que os ministros das Relações Exteriores dos países da UE discutam o assunto em uma reunião em Luxemburgo nesta segunda-feira, acrescentou a matéria.

Na semana passada, o porta-voz da Comissão Europeia, Christian Wigand, anunciou que os representantes, comissários e legisladores da UE começariam a discutir em julho um quadro jurídico que permitiria o confisco de bens de cidadãos e entidades russas acusados de violar as sanções da UE. Os bancos da UE detêm € 24,1 bilhões (cerca de R$ 125,6 bilhões) em ativos pertencentes a indivíduos e entidades privadas, acrescentou Wigand.

Os Estados-membros do bloco europeu também relataram ter mais de € 200 bilhões (cerca de R$ 1,04 trilhão) em ativos do Banco Central russo congelados em seus bancos.

 

Ø  Arábia Saudita deve reduzir suprimentos petrolíferos para os EUA, diz mídia norte-americana

 

Segundo um colunista da Bloomberg, há sinais de que a Arábia Saudita focará seu próximo corte de produção petrolífera nos EUA, e que tal provavelmente começará em poucos meses.

A Arábia Saudita pode estar procurando reduzir os embarques de petróleo bruto para os Estados Unidos a partir de julho, a fim de restringir seu mercado, escreve na segunda-feira (25) um colunista da agência norte-americana Bloomberg.

Javier Blas cita os preparativos do país árabe em cortar em julho sua produção de petróleo bruto um milhão de barris por dia, sendo que embarques de petróleo bruto para o Ocidente poderão ser muito mais afetados do que as exportações para seu principal mercado, a Ásia. O corte poderia ser estendido para além de julho, disse o príncipe Abdulaziz bin Salman, ministro da Energia da Arábia Saudita.

Na opinião do autor do artigo, nesse cenário, os cortes no sentido dos EUA começariam em agosto e setembro. Segundo ele, o passo é facilitado pela transparência de dados do mercado petrolífero norte-americano.

No início de junho, os produtores da OPEP+ decidiram manter os cortes atuais até o final de 2024, mas a Arábia Saudita, o principal produtor da OPEP, disse que reduziria voluntariamente sua produção em um milhão de barris por dia em julho, para cerca de nove milhões de barris diários.

O nível de produção em julho seria o mais baixo da Arábia Saudita desde 2011, excluindo os cortes iniciais após a disseminação da pandemia da COVID-19 em 2020 e a redução da produção após o ataque às instalações da Saudi Aramco em setembro de 2019 por militantes houthis.

·         Conselho de Segurança da ONU vai discutir situação em torno do Nord Stream, diz missão russa

O Conselho de Segurança da ONU (CSNU) vai realizar outra reunião para tratar da situação com a investigação sobre a sabotagem no gasoduto Nord Stream amanhã (27), disse o primeiro vice-representante permanente da Rússia nas Nações Unidas, Dmitry Polyansky, nesta segunda-feira (26).

"Hoje, pedimos mais uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir a situação sobre o enfraquecimento [das investigações] do Nord Stream. Chamaremos a atenção de nossos colegas para o fato de que estão trazendo quase todos, só faltam turistas, para o local da explosão, e as autoridades dinamarquesas, alemãs ou suecas ainda não forneceram informações ao Conselho de Segurança da ONU sobre o andamento da investigação", disse Polyansky.

"Garantias vazias de que as investigações estão em andamento não nos convém. A discussão será realizada em formato fechado em 27 de junho, não excluímos a comunicação com os jornalistas sobre isso", acrescentou.

Em setembro de 2022, uma série de explosões causou sérios danos aos dutos subaquáticos Nord Stream 1 e 2 (Corrente do Norte 1 e 2) no fundo do mar Báltico, tornando inoperáveis os dutos que foram projetados para transportar gás natural russo diretamente para a Alemanha.

A destruição dos gasodutos ocorreu poucos meses depois que o presidente dos EUA, Joe Biden, prometeu em fevereiro de 2022 que, se a Rússia enviasse suas tropas para a Ucrânia, os EUA "poriam fim" ao Nord Stream.

Em fevereiro de 2023, o jornalista investigativo norte-americano Seymour Hersh alegou que esse ato de sabotagem foi realizado pelos Estados Unidos a mando de Biden com a ajuda da Noruega. Segundo ele e suas fontes, mergulhadores norte-americanos plantaram cargas explosivas nos gasodutos no verão (Hemisfério Norte) de 2022 sob a cobertura de exercícios navais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no mar Báltico, com as cargas sendo detonadas remotamente semanas depois para evitar suspeitas.

 

Ø  'Senhor da guerra': como Washington tenta intimidar China na região da Ásia-Pacífico

 

Em entrevista à Sputnik, especialistas afirmaram que os EUA frequentemente usam mensagens contraditórias para intimidar seus concorrentes e aqueles que não seguem suas doutrinas.

Além disso, os especialistas destacaram que o Ocidente, especialmente os EUA, usam a guerra e a intimidação como principais ferramentas da diplomacia.

James Bradley, historiador e autor do "A Miragem da China: História Oculta do Desastre Americano na Ásia", afirmou à Sputnik que independentemente do que os Estados Unidos dizem nesse momento, sua preocupação estratégica a longo prazo no Leste Asiático sempre foi controlar e conter a China.

"A Marinha dos EUA inspecionou as ilhas próximas à China desde a década de 1850, em 1898 os EUA se apoderaram das Filipinas, Guam e Havaí para construir uma comporta para que as riquezas da China fluíssem até os EUA. Desde 1945, os EUA tentam conter a China. O Departamento de Estado pode falar o que quiser, mas o antigo Departamento de Guerra, atualmente chamado de Departamento de Defesa, é que dá as ordens", enfatizou.

Bradley destacou que desde 2016 os EUA estão em guerra com a China, antes mesmo da mudança estratégica oficial americana para a "competição entre as grandes potências", iniciada em 2018.

"Guerra econômica, guerra cibernética e guerra propagandista. O negócio da China é o comércio, e o negócio dos EUA é a guerra", observou.

Por sua vez, o especialista para assuntos da China, Jeff J. Brown, afirmou à Sputnik que a desconexão entre a retórica diplomática e a atividade militar é algo típico dos países ocidentais.

"No Ocidente, em geral, a política é individual e prepotente, então não é surpresa alguma que a mão esquerda não se importe com o que a mão direita faz. Na China, o governo pratica o centralismo democrático: argumentar e debater de antemão, para depois falar publicamente e agir com uma voz unificada", ressaltou.

Brown também observa que é muito provável que os EUA continuem pressionando a Indonésia para que não compre equipamentos militares avançados da China ou da Rússia, utilizando novamente sua "diplomacia reacionária negativa", já que os norte-americanos sabem que seu declínio é inevitável, e que a ascensão do mundo em desenvolvimento limita suas capacidades.

O especialista também adicionou que enquanto os EUA seguem utilizando sua diplomacia negativa e reacionária do imperialismo ocidental, a China se uniu magistralmente ao leste e sudeste asiático, firmando um acordo de livre comércio da Acordo Econômico Abrangente Regional, superando a incipiente Acordo de Associação Transpacífico anti-China dos EUA, demonstrando que uma cooperação mutuamente respeitosa vale mais do que o imperialismo americano.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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