Por que o fracasso é a melhor ferramenta do seu filho
Depois de ser abandonada pelas três colegas de
quarto, a filha da minha amiga, que deseja permanecer anônima para proteger sua
privacidade, precisava encontrar um novo lugar para morar.
Enquanto lutava para conseguir um novo apartamento
no meio do semestre, ela também estava de luto pela perda de
seu grupo principal de amigas, questionando seu valor
próprio e se perguntando se seria capaz de encontrar novos amigos. Ela até
ponderou se deveria se transferir para uma nova faculdade.
No momento, a separação pareceu um desastre.
Parecia um desastre quando a mãe dela, que também pediu para permanecer
anônima, me contou a história em nosso clube do livro mais recente. Mas quando
perguntei como estava sua filha, a mãe se iluminou. Acontece que sua filha
estava indo muito bem. Ela fez amigos muito melhores e agora está muito feliz
em sua nova vida.
Olhando para trás, tanto a mãe quanto a filha
ficaram felizes por isso ter acontecido, embora tenha sido uma das
montanhas-russas emocionais mais difíceis que já enfrentaram.
·
Os pais e responsáveis
deveriam tentar salvar seus filhos?
Os pais e responsáveis muitas vezes sentem-se
entusiasmados com os sucessos dos nossos filhos, tanto quanto nós nos sentimos em pânico e exaustos com os seus erros.
Sentimos o que eles sentem, e é muita coisa, por eles e por nós.
Não seria ótimo se houvesse uma varinha mágica que
você pudesse usar para afastar essas experiências terríveis? Talvez você pense
que a vida seria muito mais fácil, certo?
Na verdade. Acontece que a vida pode ser
momentaneamente mais fácil, mas não seria melhor.
·
O que a retrospectiva ensina
aos pais e filhos
Entrevistei pais de todo o país sobre as
experiências de seus filhos com oito tipos específicos de fracasso para meu
último livro, “Eight Setbacks That Can Make a Child a Success: What to Do and
What to Say to Turn ‘Failures’ into Character-Building Moments” (“Oito contratempos
que podem tornar uma criança um sucesso: o que fazer e o que dizer para
transformar ‘fracassos’ em momentos de construção de caráter”, na tradução
livre).
Essas falhas são a incapacidade de se conectar com
os colegas, de cuidar do corpo, de ter um bom desempenho escolar, de seguir as
regras, de se dar bem com a família, de demonstrar preocupação com os outros,
de lidar com os sentimentos e de acreditar em si mesmo.
Perguntei a esses 30 pais se eu poderia dar-lhes
uma varinha mágica para apagar a experiência de seus filhos – experiências que
incluíam ser hospitalizado por consumo excessivo de álcool, reprovar na escola,
ser suspenso por danificar a propriedade escolar e perder amizades
significativas. Vinte e nove dos 30 pais disseram que não usariam a varinha.
Se eu tivesse feito a mesma pergunta no momento
mais difícil, todos disseram que teriam me implorado pela varinha. Mas, olhando
para trás, o que os filhos aprenderam com a experiência era valioso demais para
ser perdido.
·
Como o fracasso funciona para
as crianças
Quando você segurou seu bebê recém-nascido ou
criancinha no colo, provavelmente esperava uma vida cheia de facilidade,
realização e felicidade para seu filho. Acontece que essa facilidade não leva à
realização ou à felicidade. Um pouco de fracasso geralmente leva. Isso ocorre
porque os desafios ajudam as crianças a desenvolver habilidades de enfrentamento e resiliência, o que
torna a vida muito mais agradável.
As crianças não aprendem quando a vida segue
perfeitamente. É como treinar com pesos de meio quilo para sempre. Claro, você
está se exercitando, mas sem rasgar e reconstruir os músculos, você nunca
ficará mais forte.
As crianças também não aprendem quando a vida
apresenta muitas dificuldades. Usar pesos muito pesados também não o torna mais
forte. A sobrecarga causa lesões e impede você de tentar.
Semelhante ao exercício para nos tornarmos
fisicamente mais fortes, falhar nos torna emocionalmente mais fortes. Além
disso, assim como o exercício, o fracasso opera segundo o princípio “Cachinhos
Dourados”. Você precisa vivenciar “a quantidade certa” de contratempos para
sentir dor, aprender com ela, reparar e se tornar mais forte.
·
A ferramenta que você
realmente precisa
Você não precisa manter seu filho em uma bolha para
evitar que ele se machuque, ou uma varinha para apagar magicamente os momentos
dolorosos depois que eles acontecem. Mas há algo que você pode usar para
garantir que os contratempos de seu filho não se tornem a manchete de sua
infância e, em vez disso, se tornem uma plataforma de lançamento para o
crescimento.
Aqui está meu processo de três etapas para ajudar
as crianças a superar os momentos difíceis, para que, como a estudante
universitária que teve que se mudar no meio do semestre, seu filho tenha a
chance de apreciar o que ele passou.
Resumindo, você vai querer conter, resolver e
evoluir junto de seu filho.
# Passo um:
- Conter o problema. Dê um nome, tire seu filho de uma situação, faça o que for preciso
para aplicar um torniquete metafórico, para que não piore.
# Passo dois:
- Resolva o problema. É hora de agir para melhorar as coisas. Existe algo que seu filho
pode fazer para superar isso? Eles precisam conversar com alguém, escrever um
diário, pedir desculpas, buscar ajuda profissional ou de perspectiva, ou fazer
reparações?
# Passo três:
- Evoluir. É hora de
virar a chave e deixar isso para trás, tanto para você e quanto para seu filho.
Você pode ritualizar isso se quiser ou simplesmente decidir não falar, ou
pensar mais sobre isso.
Muitos pais e responsáveis ficam verificando se
seus filhos estão bem ou se cometerão o mesmo erro novamente. Não. A certa
altura, é mais benéfico para o seu filho entender de você que a experiência
ruim dele, seja por sua própria decisão errada ou de outra pessoa, não define
quem ele é. É hora de ver coisas novas neles.
Fonte: CNN Brasil
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