Joice Hasselmann previu PF atrás de Zambelli
Após operação da Polícia Federal contra a deputada
federal Carla Zambelli (PL-SP), um vídeo antigo da ex-deputada Joice Hasselmann
ironizando a situação viraliza nas redes sociais. Na gravação, a ex-parlamentar
falava sobre uma possível operação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, e
reproduz como seria a chegada dos agentes do alvo.
— Seis horas da manhã, ‘toc toc toc’, três
batidinhas na porta. Aí quem está do lado de dentro pergunta: ‘quem é?’. A
resposta: ‘É a Polícia Federal’” — fala Joice, no vídeo.
Joice e Zambelli tiveram uma relação conturbada
durante o tempo que estiveram juntas na Câmara dos Deputados. Em um primeiro
momento, as duas ainda apoiadoras do ex-presidente Jair Bolsonaro, chegaram a
fazer campanha juntas em 2018. Após o rompimento de Joice com o bolsonarismo, as
duas se afastaram e iniciaram uma série de ataques, com direito a discussões
pelas redes sociais.
Em julho, após o hacker da Vaza Jato, Walter
Delgatti Netto, afirmar à Polícia Federal que Zambelli teria lhe pedido para
invadir as contas de e-mail e o telefone de Alexandre de Moraes, ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF), Joice chamou a ex-amiga de “burra”, “bandida” e
personagem “folclórico” digno do “deboche” em vídeo publicano nas redes
sociais.
Carla Zambelli foi alvo de mandados de busca e apreensão
na manhã desta quarta-feira por conta da relação com o hacker Walter Delgatti.
Agentes estão no apartamento e no gabinete da parlamentar, em Brasília, e na
casa do hacker, em São Paulo, que tem contra ele um mandado de prisão. Zambelli
é investigada por supostamente contratar Delgatti para fraudar as urnas
eletrônicas e tentar inserir no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ)
um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), segundo o relato do hacker.
<><> No mesmo dia, Zambelli teve PF e
Conselho de Ética
A devassa que policiais federais fizeram no
apartamento e no gabinete parlamentar de Carla Zambelli na manhã desta
quarta-feira não foi o único problema enfrentado pela deputada federal no dia.
Às 11h30, Carla Zambelli encarou o parecer de João Leão (PP-BA) no Conselho de
Ética da Câmara.
A PF investiga Zambelli por supostamente contratar
o hacker Walter Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e tentar inserir no
sistema do CNJ um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do
STF.
Já na Câmara, ela é acusada de ter extrapolado as
prerrogativas parlamentares ao xingar o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) durante
uma audiência da Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado
que contou com a presença do ministro Flávio Dino (Justiça), em 11 de abril.
Moraes
diz que Zambelli e Delgatti iam fraudar eleição
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF), afirmou que o hacker Walter Delgatti Neto agiu “sob ordens” da
deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), para “expandir narrativa fraudulenta
contra o processo eleitoral brasileiro”.
Aliada de Bolsonaro, pró-armas e ex-ativista
feminista: quem é Carla Zambelli, deputada alvo de operação da PF
A declaração de Moraes é baseada em posição de
Polícia Federal (PF) e está na decisão autorizou a prisão de Delgatti e a
realização de mandados de busca e apreensão contra Zambelli.
“Conforme relatado pela Polícia Federal, Walter
Delgatti Neto, sob ordens da Deputada Federal Carla Zambelli, invadiu os
sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça, com o objetivo
fundamental de encontrar supostas vulnerabilidades digitais dos sistemas do
Poder Judiciário e, assim, de expandir narrativa fraudulenta contra o processo eleitoral
brasileiro, com objetivo de tumultuá-lo, dificultá-lo, frustrá-lo ou
impedi-lo”, escreveu Moraes.
De acordo com o ministro, isso contribuiria para a
“disseminação das notícias fraudulentas sobre as condutas dos Ministros do
Supremo Tribunal Federal e do Tribunal Superior Eleitoral e contra o sistema de
votação no Brasil”.
À PF, Delgatti afirmou que conheceu Zambelli em
setembro de 2022 e que ela solicitou que ele “invadisse a urna eletrônica ou
qualquer sistema da Justiça Brasileira, visando demonstrar a fragilidade do
sistema da Justiça Brasileira”.
O hacker, contudo, afirmou que “não conseguiu
invadir o TSE, mesmo após diversas tentativas, pois o código fonte da urna
eletrônica não fica hospedado em um computador com acesso à Internet, mas fica
em um computador offline, não sendo possível o acesso externo”.
Zambelli teria dito que, caso não foi possível
invadir a urna, que ele deveria tentar obter “conversas comprometedoras” de
Moraes, por meio de uma invasão de seu celular ou e-mail.
Hacker
invadiu email de Moraes e não encontrou nada
Eleita em 2018 e reeleita em 2022 como uma das
maiores aliadas do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a deputada federal Carla
Zambelli (PL-SP) é alvo de busca e apreensão pela operação 3FA, realizada pela
Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira, em Brasília. O objetivo da operação é
esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do Conselho Nacional
de Justiça (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no
Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). No mesmo escopo, a PF também
cumpre um mandado de prisão contra o hacker Walter Delgatti. Agentes estão no
apartamento e no gabinete da parlamentar, em Brasília, e na casa do hacker, em
São Paulo.
A parlamentar foi a terceira deputada federal mais
votada do país na última eleição, com 946 mil votos, perdendo apenas para
Nikolas Ferreira (PL-MG) e Guilherme Boulos (PSOL-SP), e a segunda mais votada
em São Paulo. Zambelli se coloca como liberal na direita e conservadora nos
costumes.
Um dos casos mais emblemáticos de Zambelli foi o
episódio ocorrido às vésperas do segundo turno de 2022. Em meio a alta
polarização entre os apoiadores de Lula e Bolsonaro, Zambelli, já reeleita,
sacou uma arma e apontou para um homem na tarde no bairro nobre dos Jardins, em
São Paulo. Desde o episódio, a paulista sofre críticas e está isolada dentro do
PL.
À época da crise, Bolsonaro chegou a considerar a
aliados que aquele episódio de Zambelli, atribuído também à cena de Roberto
Jefferson jogando granadas e dando tiros em policiais federais, havia
contribuído para sua derrota na cidade de São Paulo.
Natural de Ribeirão Preto, Zambelli é gerente de
projetos e trabalhava na KPMG, em São Paulo. É fundadora do grupo NasRuas, de
2011, e participou de atos do movimento feminista ucraniano Femen no Brasil, em
2010. Fotos publicadas na internet mostram Zambelli vestindo uma blusa com o
logo do movimento, cordão de flores na cabeça — marca registrada do grupo
feminista — e com a frase “quero nascer em casa” escrita na barriga em uma
manifestação em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). O ato, realizado
em 2012, era contra uma decisão do Conselho Regional de Medicina do estado do
Rio de Janeiro de proibir médicos de realizarem partos em casa. A então
ativista aparece ao lado de Sara Giromini, que foi presa pela PF em 2020. Em
2020, a deputada negou ter sido integrante do movimento, já que nunca fez
topless em protestos e, justificando as imagens que circulam pela internet, e
que apenas trocou de camisa com Sara para fazer uma foto.
Zambelli ganhou notoriedade em 2013 em meio aos
protestos que tomaram as ruas do país. Nos anos seguintes, ela entrou de cabeça
em manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff e aproximou-se de Jair
Bolsonaro, liderando a tropa de choque no governo do ex-presidente.
— Aqueles episódios foram o despertar. Tínhamos
feito manifestações no 7 de Setembro de 2011 e 2012, mas em 2013 foi diferente
— lembra Zambelli, em entrevista ao GLOBO dez anos após os atos.
Durante os atos contra Dilma, se aproximou de Joice
Hasselmann, com quem rompeu após as eleições de 2018 por Bolsonaro. A deputada
também era próxima do ex-juiz da Lava-Jato Sérgio Moro, ministro da Justiça e
Segurança Pública até abril de 2020. No período, em meio a crise pela saída de
Moro, Zambelli trocou mensagens e sugeriu que ele teria uma vaga garantida como
ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) caso continuasse no cargo.
A operação da PF coincide com a apreciação dos
processos contra ela no Conselho de Ética da Câmara. Os parlamentares apreciam
nesta quarta-feira processos contra a deputada por ter constrangido o deputado
Duarte (PSB-MA) durante audiência com Flávio Dino.
A deputada acumula inúmeros processos por divulgar
notícias falsas e por danos morais. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) multou
Carla Zambelli pela veiculação de conteúdo sabidamente inverídico sobre o então
candidato à presidência Lula. Ela foi multada em R$ 30 mil, por publicações que
atribuíram ao petista supostos atos de corrupção e crimes financeiros.
Em outro caso, a deputada foi condenada pelo
Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul a indenizar Manuela D’Ávila por danos
morais após associar a ex-parlamentar com a “esquerda genocida”. Em abril,
Zambelli divulgou um pix pedindo contribuição financeira de apoiadores para
pagar os processos.
Em dezembro, os perfis da deputada foram bloqueados
a pedido do ministro Alexandre de Moraes. Moraes determinou ainda que o
Ministério Público Eleitoral adote providências sobre a insistência da deputada
em divulgar denúncias sem provas sobre fraude ao processo eleitoral, questionar
o resultado das urnas e incentivar atos antidemocráticos.
Zambelli já protagonizou o seu embate com
Bolsonaro. Em fevereiro, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, a deputada
criticou o aliado por não ter agido para desmobilizar as manifestações na porta
de quartéis após a derrota para Lula nas eleições do ano passado. “Ele seria um
remédio se tivesse dito que era para as pessoas saírem”, disse a parlamentar,
que também questionou o fato de Bolsonaro, que se encontrava nos Estados Unidos
à época, não voltar ao Brasil para liderar a oposição.
Após a declaração, Zambelli passou a ser vista como
traidora pelo núcleo duro bolsonarista — termo que chegou a ser usado pelo
próprio ex-presidente junto a interlocutores. Publicamente, ele até tentou
desdenhar do episódio, mas deixou transparecer o incômodo: “Eu não li essa
entrevista, nem vou ler”, afirmou Bolsonaro à CNN Brasil.
O hacker Walter Delgatti Netto disse em depoimento
à Polícia Federal que a deputada Carla Zambelli (PL-SP) o contratou para
invadir as contas de e-mail e o telefone do ministro Alexandre de Moraes, do
Supremo Tribunal Federal (STF). Em depoimento, o hacker contou que a deputada
fez o pedido em um encontro na Rodovia dos Bandeirantes, na capital paulista,
em setembro de 2022. À PF, ele disse que só conseguiu acessar o e-mail de
Moraes, mas não encontrou nada de comprometedor, e que não obteve êxito ao
tentar acessar o celular do magistrado.
Delgatti também alegou ter tentado invadir o
sistema de segurança das urnas eletrônicas, mas também sem sucesso.
Zambelli, que chegou a levar o hacker a reuniões em
Brasília, afirmou a interlocutores que sua intenção era discutir a
possibilidade de ele integrar uma equipe de consultores contratados para
fiscalizar as urnas eletrônicas. A parlamentar levou Delgatti a um encontro com
o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido, e outro com o
então presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada.
Preso em 2019 na Operação Spoofing, Delgatti foi o
responsável por invadir o Telegram e copiar diálogos de integrantes da Operação
Lava-Jato. O plano de Zambelli era que ele fosse contratado como um
especialista em ataques cibernéticos pelo Instituto Voto Legal, indicado pelo
PL ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para auditar as eleições em outubro — a
instituição ainda aguarda o credenciamento da Corte.
Carla
Zambelli fez "limpa" no gabinete antes da operação da PF; até lixo
foi revirado
Agentes da Polícia Federal (PF) que participaram da
operação de busca e apreensão em endereços ligados à deputada federal Carla
Zambelli (PL-SP) nesta quarta-feira (2) tiveram uma surpresa ao chegarem no
gabinete da parlamentar na Câmara: o local tinha passado por uma
"limpa".
Segundo informações da PF repassadas à jornalista
Andréia Sadi, não havia computadores, como é normal em gabinetes parlamentares,
e até mesmo o lixo estava revirado. A suspeita é de que Zambelli tivesse
informações antecipadas sobre a operação.
Em outros endereços de Carla Zambelli, a PF
apreendeu armas, celulares, passaporte e documentos. A deputada deve prestar
depoimento aos investigadores na próxima semana.
Prisão do "hacker" e operação contra
Zambelli
O registro de uma transferência via Pix no valor de
R$ 13,5 mil feito por assessores de Carla Zambelli (PL-SP) foi o principal
motivo que fez com que a deputada bolsonarista virasse alvo da ação de busca e
apreensão desencadeada nesta quarta-feira (2) pela Polícia Federal na Operação
3FA, que levou de volta à prisão Walter Delgatti Neto, o "hacker de
Araraquara".
Em depoimento, Delgatti afirmou que recebeu o valor
como parte do pagamento - o restante teria sido acertado em dinheiro vivo -
"para ficar à disposição da deputada".
Um dos "serviços" prestados pelo hacker
foi invadir o sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir um
falso mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal (STF).
"Disse à deputada que conseguiria emitir um
mandado de prisão em desfavor do próprio ministro, como se fosse ele mesmo
emitindo. A deputada ficou 'empolgada', fez o texto e enviou para o declarante
publicar", diz o trecho do depoimento de Delgatti usado pela PF para pedir
ao Supremo o mandado de busca e apreensão.
No falso mandado de prisão contra Moraes, inserido
no sistema do CNJ no dia 4 de janeiro, Delgatti diz que incluiu o "faz o
L" a pedido da deputada. "Expeça-se o mandado de prisão em desfavor
de mim mesmo, Alexandre de Moraes. Publique-se, intime-se e faz o L", diz
o documento falso.
Em nota, a PF informou que as ações ocorrem no
âmbito da operação 4FA que investiga a invasão ao sistema do CNJ e a inserção
de documentos e alvarás falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP).
A PF diz que, na ação, Delgatti cometeu dois crimes
que o levaram de volta à cadeia: invasão de dispositivo informático e falsidade
ideológica.
"Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4
e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e,
possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de
indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor
do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes", diz a PF.
Armas, passaporte e celular
Ao atender o pedido da Polícia Federal, o ministro
Alexandre de Moraes determinou a apreensão "armas, munições, computadores,
tablets, celulares, passaportes e outros dispositivos eletrônicos bem como de
quaisquer outros materiais relacionados aos fatos investigados".
Com a apreensão do passaporte, Carla Zambelli fica
impedida de deixar o país.
O despacho também detalha que seja apreendido
dinheiro e bens - joias, veículos, obras de arte e outros objetos - em
"valores superiores a R$ 10.000, desde que não comprovada cabalmente, no
local dos fatos, a origem lícita". E ordena a verificação da existência de
"eventuais salas reservadas ou cômodos secretos", além da análise de
conteúdo "em arquivos, mensagens eletrônicas e e-mails armazenados em
eventuais computadores, servidores, redes, inclusive serviços digitais de
armazenamento em nuvem".
A busca e apreensão foi cumprida na casa da
deputada, no interior de São Paulo, e em outros três endereços em Brasília,
incluindo o gabinete 885, de Carla Zambelli, no anexo 3 da Câmara dos
Deputados.
Fonte: O Globo/Fórum
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