quinta-feira, 3 de agosto de 2023

Brasil e EUA disputam quem prende primeiro ex-presidente

O ex-presidente americano Donald Trump deve comparecer ao tribunal na quinta-feira, 3, depois que promotores federais emitiram acusações oficiais contra ele por tentar anular a eleição de 2020. Enquanto o Partido Democrata comemorou o indiciamento, os republicanos saíram em apoio ao seu líder. Na quinta-feira, os promotores devem detalhar as quatro acusações de conspiração e obstrução que Trump enfrenta. Além disso, um juiz definirá as condições de sua fiança. Trump é o primeiro ex-presidente dos Estados Unidos a enfrentar acusações criminais e já foi indiciado outras duas vezes neste ano, uma em Nova York por subornos a uma atriz pornô e outra pelo caso dos documentos confidenciais.

Muitos republicanos – funcionários eleitos e eleitores – apoiaram Trump descaradamente, dizendo que as acusações contra ele têm motivação política e fazem parte de uma conspiração dos democratas para inviabilizar sua candidatura à reeleição em 2024. O presidente da Câmara, Kevin McCarthy, chamou a acusação de uma tentativa de “desviar o noticiário” das acusações de corrupção envolvendo Hunter Biden, filho do atual presidente, “e atacar o favorito” para enfrentar Joe Biden no ano que vem.

O governador da Flórida, Ron DeSantis, principal rival de Trump para a indicação republicana, disse que ainda não leu a acusação, mas prometeu “acabar com o armamento do governo federal”, sugerindo que o Departamento de Justiça estava sendo usado para atingir um inimigo político. Apesar das acusações – e da perspectiva de mais outras por vir, sobre a suposta intervenção no processo eleitoral do estado da Geórgia, também no pleito de 2020 – o ex-presidente ainda é líder nas pesquisas nacionais, com vantagem de mais de 30 pontos em relação a outros republicanos. Nos Estados Unidos, nada impede que réus criminais façam campanha ou tomem posse, caso sejam condenados.

 

       Jandira Feghali detalha escândalo das pedras preciosas de Bolsonaro

 

Em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia desta quarta-feira (2), a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), deu mais detalhes sobre o escândalo das pedras preciosas do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Na última terça-feira (1), a parlamentar denunciou, durante a CPMI dos Atos Golpistas, a existência de presentes de alto valor recebidos por Bolsonaro não declarado.

Segundo e-mails trocados entre servidores federais, Bolsonaro e Michelle receberam um envelope e uma caixa de pedras preciosas. A ajudância de ordens afirmava que as joias não deveriam ser cadastradas, e sim entregues em mãos ao tenente-coronel Mauro Cid.

Os presentes não estão registradas na lista de 46 páginas e 1055 itens recebidos durante o mandato.

•        Os detalhes da denúncia

“Chegaram muitos documentos à CPI e quebras de sigilo telefônicos. Dentre os mil e-mails que chegaram, nós conseguimos localizar estes. Era uma troca de e-mail institucional, dentro do Palácio do Planalto, ele deve ter esquecido de apagar a prova do crime”, iniciou Jandira.

“Eles dizem o seguinte: coloquei no cofre grande um pacote de pedras preciosas recebidas pelo presidente e uma caixa de pedras preciosas recebida pela primeira dama em Teófilo Otoni ontem”, afirma.

Bolsonaro esteve em Teófilo Otoni no dia 26 de outubro de 2022, anterior à troca de e-mails, e fez campanha na cidade.

A cidade mineira é considerada a “capital mundial das pedras preciosas” e sediou, no ano passado, a 12ª Feira de Garimpeiros, que contou com a presença do ex-presidente.

“A ordem é não cadastrar e entregar em mãos para o Mauro Cid”, dizia o e-mail, segundo Jandira. “Ele simplesmente sequestra o patrimônio público, ele ainda era presidente, porque o presidente pessoal a autoridade só pode ser até 100 reais. Ele recebe isso e não registra. Ou ele roubou, ou ele usou para financiar os atos golpistas”, completou.

Jandira relata também relatou que conferiu que as pedras preciosas recebidas e guardadas na ajudância de ordens não foram cadastradas pela presidência da República.

Ela afirma que o próximo passo é convocar novamente Mauro Cid, outros ajudantes de ordem de Bolsonaro, para tratar desses temas

“A gente também vai encaminhar a denúncia para o STF e para a Polícia Federal nesta questão das pedras preciosas”, afirma a parlamentar do PCdoB.

 

       STF e PF veem PIX para Bolsonaro como crime

 

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) arrecadou R$ 17,1 milhões por transferências via PIX para pagar multas que levaram seus apoiadores a fazer uma vaquinha e, de acordo com o colunista do UOL Kennedy Alencar, há indícios de crimes na arrecadação feita por Bolsonaro. Durante o programa Análise da Notícia, ele explicou que o ex-presidente pode responder por um crime previsto na Lei 1.521.

Há indícios de crime contra a economia popular. Kennedy apurou em Brasília que o STF e a Polícia Federal veem indícios de crime contra a economia popular por parte de Bolsonaro. A Lei 1.521, de 1.951, e que já foi atualizada algumas vezes, prevê crime contra a economia popular quando um indivíduo tenta “obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos fraudulentos”.

O ponto que pode tornar Bolsonaro réu está no “processo fraudulento”. A lei fala que os processos fraudulentos podem ser “bola de neve, cadeias, correntes que se criam para receber dinheiro ou quaisquer outros equivalentes”. Especialistas veem que “outros equivalentes” podem ser enquadrados por analogia ao PIX.

Bolsonaro deveria ter parado a vaquinha. A partir do momento que as doações para o ex-presidente atingiram os valores das multas, ele deveria ter parado com as doações. Ele acabou recebendo muito mais do que precisava e, além disso, o PL, seu partido, havia dito que arcaria com parte das multas. Por isso, Bolsonaro poderá ser enquadrado no crime contra a economia popular.

Suspeitas de lavagem de dinheiro. Além do crime contra a economia popular, pelo histórico de rachadinhas de Bolsonaro e sua família, há suspeitas de que laranjas foram utilizados para lavar dinheiro de rachadinhas fazendo doações ao ex-presidente. Bolsonaro também poderá responder por esse crime, que prevê de 3 a 10 de reclusão, enquanto o crime contra a economia popular prevê uma detenção de 6 meses a 2 anos.

Bolsonaro não conseguirá escapar de responder criminalmente por seus crimes. Em Brasília, cresce a avaliação de que Bolsonaro não vai conseguir escapar de responder criminalmente pelos crimes que cometeu enquanto presidente e também fora da presidência. Depois de seu mandato, estimulou o golpismo e há uma correlação entre as atitudes de Bolsonaro e os atos golpistas do dia 8 de janeiro. “O caso do PIX é mais um complicador”, afirmou Kennedy.

•        Escândalo do Pix chega ao MPF e Bolsonaro pode ser preso por estelionato

A deputada federal Luciene Cavalcante (PSOL-SP) protocolou junto ao Ministério Público Federal (MPF), nesta terça-feira (1), uma representação para que Jair Bolsonaro seja investigado pelo crime de estelionato, cuja pena prevista é de 1 a 5 anos de prisão, além de multa.

O objeto da ação é o fato do ex-presidente ter feito uma campanha de arrecadação de recursos financeiros, pedindo dinheiro aos seus apoiadores, para supostamente pagar multas impostas a ele por descumprimento de regras sanitárias à época da pandemia do coronavírus e, em vez de utilizar o dinheiro para quitar as dívidas em questão, teria aplicado o montante arrecadado em investimentos.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) divulgado na última semana aponta que, somente entre janeiro e o início de julho deste ano, o ex-presidente recebeu R$ 17,2 milhões via Pix.  As transações, segundo o Coaf, podem estar ligadas à "vaquinha" feita por Bolsonaro com o suposto objetivo de angariar recursos para pagar multas.

Em junho, o ex-presidente divulgou seu CPF, que é o número de seu Pix, para que apoiadores fizessem as transferências. A campanha foi propagada pelo ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fábio Wajngarten, e outros apoiadores.

Naquele mês, a Justiça de São Paulo havia determinado o bloqueio de R$ 87,4 mil das contas de Bolsonaro pelo não pagamento de multas por infringir regras sanitárias à época da pandemia do coronavírus. Até o momento, entretanto, o ex-presidente não pagou as multas em questão e, segundo o Coaf, ele utilizou os R$ 17,2 milhões arrecadados para fazer aplicações em renda fixa.

"A campanha arrecadou cerca de R$17.000.000,00 (dezessete milhões de reais) por meio de 769 mil transações feitas via Pix ao longo deste ano. No entanto, conforme amplamente noticiado , o Representado, ao invés de pagar as multas citadas com o arrecadado, investiu o valor em renda fixa em seu nome", afirma a deputada Luciene Cavalcante na representação encaminhada ao MPF.

"Em nenhum momento o Representado deixou nítido aos doadores a finalidade das doações, ludibriando-os de que seriam voltadas para o pagamento das multas decorrentes de violações de normas sanitárias no Estado de São Paulo, mas, ao fim, tornaram-se mais uma fonte de sua renda pessoal", prossegue a parlamentar.

Estelionato e lavagem de dinheiro

Além de não ter quitado as multas, Bolsonaro ainda fez chacota com as doações recebidas via Pix que chegam a mais de R$ 17 milhões. Em evento do PL Mulher em Santa Catarina no último final de semana, o ex-presidente disse que o dinheiro arrecadado deu para "pagar as contas" e ainda sobrou para que ele e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro comam "pastel" e tomem "caldo de cana".

"Muito obrigado, dá para pagar todas as minhas contas e ainda sobra dinheiro aqui para gente tomar um caldo de cana e comer um pastel com a dona Michelle", disparou o ex-mandatário.

Para a deputada Luciene Cavalcanti, a conduta de Bolsonaro pode configurar o crime de estelionato, que consiste, segundo o Código Penal, em "obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento".

"No presente caso, o meio fraudulento consiste na causa dolosa de erro nos doadores quando da alegação que as doações seriam revertidas para pagamento das multas sanitárias, quando na verdade foram revertidas para investimento em renda fixa no nome do Representado. A vantagem ilícita consiste nos rendimentos auferidos pelas doações realizadas por intermédio de meio fraudulento e o prejuízo alheio consiste nos valores depositados pelos doadores", destaca Luciene Cavalcanti.

A parlamentar solicita, ainda, que o MPF investigue a origem das doações de alto valor feitas a Bolsonaro via Pix para evitar a utilização do mecanismo para o cometimento de crimes como lavagem de dinheiro.

"Mister se faz, igualmente, a investigação da origem das doações dado o alto valor arrecadado, visto o risco de ocorrer, por meio de Pix, a dissimulação de origem criminosa dos valores", pontua.

 

       Aliados de Bolsonaro tampouco pagaram multas da pandemia

 

A exemplo do ex-presidente Jair Bolsonaro, que coleciona multas não quitadas por não uso de máscara de proteção durante a pandemia, seus aliados também não pagaram infrações por motivos semelhantes e tentam reverter as punições na justiça. É o caso de Eduardo Bolsonaro (SP) e Helio Lopes (RJ), que juntos somam R$ 160 mil em sanções no estado de São Paulo.

Ambos os parlamentares foram multados por não terem seguido os protocolos de segurança contra a Covid-19 em eventos que ocorreram em 2021. O filho do ex-presidente não usou máscara em duas visitas às cidades de Eldorado e Iporanga.

Em janeiro deste ano, a Justiça havia cobrado o pagamento da dívida de R$ 113 mil de Eduardo em até cinco dias úteis. De acordo com o tribunal, no entanto, a quitação não ocorreu até hoje.

No caso do deputado mais conhecido como “Helio Negão”, não ocorreu o uso do acessório de proteção na motociata ‘”Acelera para Cristo”, na capital paulista, e na cerimônia de entrega de títulos de propriedade rural em Miracatu (SP), em junho e outubro daquele ano, respectivamente.

No Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), ele alegou que as autuações ocorreram por motivação política. De acordo com ele, a diferença de posicionamento entre o então governador do Estado de São Paulo, João Doria, e Bolsonaro teria provocado uma espécie de perseguição.

No ano passado, o parlamentar entrou com um processo paralelo pedindo a anulação da multa, ainda em tramitação. Demandado pela reportagem, o TJ-SP informou que o deputado ainda deve: “Ele foi citado, apresentou defesa, e a Fazenda Estadual será intimada para se manifestar a respeito”. O GLOBO procurou Eduardo Bolsonaro e Hélio Lopes, mas não obteve retorno.

Tributação, multas a serem pagas e rendimentos: Saiba o que Bolsonaro pode fazer com os R$ 17 milhões

Além dos dois aliados, outros políticos bolsonaristas chegaram a ser multados pelo não uso de máscara, mas pagaram suas infrações. Este é o caso, por exemplo, do governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, em junho de 2021, participou de uma motociata na capital paulista com o ex-presidente. O não uso de máscara lhe rendeu uma multa de R$ 552,71.

Por evento em Sorocaba no mesmo mês, outros três ministros também foram autuados: Fábio Faria (Comunicações), Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia e Inovações) e Tereza Cristina (Agricultura). Todos pagaram as infrações.

 

Fonte: Veja/Fórum/UOL/O Globo

 

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