Aliados de Lula
avaliam usar processo no TCU para tirar Campos Neto do BC
Aliados
do presidente Lula no Congresso avaliam usar um processo contra o Banco Central
no TCU (Tribunal de Contas da União) para forçar a saída de Roberto Campos
Neto, presidente da autarquia, caso ele continue resistindo à redução da taxa
básica (Selic).
O
TCU é o braço do Congresso responsável pelo controle externo do governo
federal. Sua missão é a fiscalização contábil, financeira, orçamentária,
operacional e patrimonial dos órgãos e entidades públicas do país.
O
processo em questão remonta a 2019, primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, e
apura supostas inconsistências contábeis de R$ 1 trilhão apontadas pela CGU
(Controladoria-Geral da União) no balanço do BC naquele ano.
Após
suas diligências, auditores do TCU concluíram que "tais demonstrativos não
refletem adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a situação
patrimonial, o resultado financeiro e os fluxos de caixa do BC". É o que
diz o relatório a que a coluna teve acesso.
Já
os auditores do Banco Central explicaram ao relator do processo, ministro
Jonathan de Jesus, que não há nada de errado na contabilidade apresentada.
Disseram que, inclusive, os balanços dos anos posteriores foram aprovados sem
ressalvas pelo próprio TCU.
Jhonatan
é deputado federal pelo Republicanos e foi nomeado ministro em março deste ano,
ocupando a vaga de Ana Arraes, que presidia o tribunal e se aposentou.
O
ministro herdou de Bruno Dantas o processo das contas do BC. Atualmente, Dantas
preside o TCU e, por isso, não relata mais nenhum caso do tribunal.
Ao
recebê-lo, Jhonatan solicitou uma série de documentos e balanços ao BC que se
encontram novamente em avaliação pelo corpo técnico do TCU.
A
estratégia, segundo parlamentares envolvidos nessas discussões com alguns
assessores do presidente Lula, seria obter a condenação do BC, e de Campos
Neto, pelo plenário do TCU.
Isso
daria combustível para que o Senado abrisse um processo de cassação do mandato
do presidente do BC.
No
entanto, a cúpula de lideranças partidárias aliadas do governo, ministros do
TCU e chefes no Planalto avaliam que esse processo ainda deixa espaço para a
defesa de Campos Neto —o que vem minando o interesse no caso.
O
presidente Lula e diversos integrantes do governo vêm fazendo duras críticas ao
chefe do BC por manter a Selic em 13,75% ao ano, mesmo com uma inflação em
queda.
Campos
Neto preside o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que
define a taxa básica da economia e não cede à pressão do governo.
Consultado,
o BC informa que o caso se refere "a mera divergência de interpretação
entre o BC e a CGU sobre a forma de divulgação das informações nas
demonstrações financeiras, como a divulgação do fluxo de caixa em moeda local
ou a segregação entre circulante e não circulante".
O
órgão diz ainda que as contas do BC de 2019 foram auditadas e aprovadas sem
ressalvas pela empresa de auditoria independente KPMG.
"Importante
ressaltar que essas divergências interpretativas não possuem o condão de
alterar o resultado do Banco Central e nem o seu patrimônio líquido",
disse por meio de sua assessoria.
·
Governo
tenta acordo com bolsonarista do BC
O
Conselho Monetário Nacional (CMN), grupo formado pelos ministros Fernando
Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) e pelo presidente do
Banco Central, Roberto Campos Netos, encerrará um entrave que tem amarrado a
queda da taxa de juros (Selic): a meta de inflação.
Na
próxima quinta-feira (29), os três definirão a meta para 2026 e rediscutirão os
objetivos definidos previamente para 2024 e 2025.
A
possível mudança de meta para o próximo ano, defendida pelo presidente Lula,
causou insegurança no Comitê de Política Monetária (Copom).
Na
prática, a rota dos juros depende da decisão a ser tomada na reunião e das
sinalizações que serão feitas ao mercado.
A
tensão entre o presidente do Banco Central e o governo federal aumentou após a
instituição manter a taxa básica de juros em 13,75% ao ano.
Lula
e Haddad, estão irritados com a falta de sinalização de quando os juros vão
cair e têm afirmado que a taxa atrapalha a geração de empregos e o consumo.
·
Palocci
agora bajula Haddad
O
ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci não poupa elogios ao desempenho de
Fernando Haddad à frente da Pasta, em suas conversas com o mercado financeiro.
Palocci
costuma destacar três pontos quando fala de Haddad: diz que entrega o que
promete, que tem bom trânsito com o vespeiro do Congresso e que conta com o
apoio do presidente Lula.
O
ex-ministro e homem forte do primeiro governo Lula descreve o Ministério da
Fazenda como “a área de maior firmeza da Esplanada e a que mais transmite
tranquilidade ao ao país”.
Como
informou o colunista Lauro Jardim, a Faria Lima segue em lua de mel com Haddad,
como foi com Palocci no primeiro governo Lula.
Ø
Economistas
voltam a reduzir projeções de inflação no Focus e seguem vendo corte da Selic
em agosto
Economistas
continuaram reduzindo suas projeções para a inflação brasileira deste ano e do
próximo, mostrou o boletim semanal Focus, e mantiveram expectativa de que o
Banco Central começará a cortar juros já em agosto, apesar de a autarquia não
ter sinalizado essa possibilidade em seu último comunicado de política
monetária.
Agora,
as expectativas compiladas pelo Focus, divulgado pelo BC, apontam alta de 5,06%
do IPCA em 2023, ante taxa de 5,12% estimada antes, na sexta semana seguida de
declínio. Para 2024, a conta caiu pelo quarto boletim consecutivo, a 3,98%, de
4,00% antes.
O
prognóstico de inflação para 2025 foi mantido em 3,80%, enquanto o de 2026 caiu
pela terceira semana seguida, a 3,72%, contra 3,80% na sondagem anterior.
O
centro da meta oficial para a inflação em 2023 é de 3,25% e para 2024 e 2025 é
de 3,00%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou
menos. O Conselho Monetário Nacional (CMN) tem reunião marcada para esta
semana, em que deve estabelecer a meta de inflação para 2026, e o mercado tem
especulado sobre a possibilidade de o colegiado determinar que o BC siga
objetivo de inflação sem um prazo determinado.
Para
a Selic, o Focus manteve projeções de que a taxa encerrará este ano em 12,25%,
com o início de um ciclo de corte de juros já em agosto, em ritmo de 0,25 ponto
percentual, mesmo depois de o BC não ter sinalizado intenção de afrouxar a
política monetária tão cedo em sua reunião de política monetária da semana
passada. Na ocasião, a autarquia deixou a Selic inalterada em 13,75%.
Investidores
devem ficar atentos na terça-feira à ata do último encontro do Comitê de
Política Monetária (Copom), em busca de esclarecimentos sobre o possível início
das reduções de juros.
O
mais recente Focus também manteve intacta a projeção para a Selic ao fim de
2024, atualmente em 9,50%.
Para
o Produto Interno Bruto (PIB), houve uma sétima melhora seguida na estimativa
do Focus para este ano. A perspectiva de crescimento econômico em 2023 é agora
de 2,18%, de 2,14% antes.
Para
2024 a expansão do PIB passou a ser estimada em 1,22%, de 1,20% antes.
Ø
Mimimi!
Setor de serviços diz que reforma tributária aumentará impostos
Representantes
do setor de serviços dizem que a reforma tributária sobre consumo, conforme substitutivo
apresentado pelo deputado relator, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), aumentará a carga
de vários de seus segmentos. A redução de alíquota de 50% para atividades de
educação e saúde não alivia o aumento da carga de tributos do setor como um
todo, afirmam entidades. Elas defendem uma reforma que seja neutra para o
setor.
Segundo
estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC),
o texto do substitutivo pode trazer aumento de carga acima de 170% em
atividades do setor de serviços e mais de 40% no comércio.
Fabio
Bentes, economista da entidade, diz que a CNC não é contra a aglutinação do
ICMS e do ISS em um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) de caráter nacional ou
subnacional, mas quer uma reforma com neutralidade de carga por setores
(serviços, comércio e indústria). Estudos da entidade, diz, mostram que no
modelo em discussão a neutralidade seria mantida com uma alíquota de IVA de 11%
para todo o setor de serviços e, para o comércio, abaixo de 20%.
O
governo defende neutralidade tributária na reforma dos impostos sobre consumo,
mas de forma agregada, com redistribuição da carga atual entre os setores da
indústria, comércio e serviços. Segundo Bentes, não há estudos que demonstrem
que serviços tenha hoje carga menor que os demais. Estudos sobre os impactos
econômicos de uma reforma com o IVA têm considerado uma alíquota geral de 25%.
Para
Bentes, o modelo proposto também pode prejudicar as empresas do Simples
Nacional. Embora o regime seja preservado, diz, essas empresas podem ser afetadas
pois a compra de produtos e serviços fornecidos por elas não poderá gerar
crédito tributário na etapa seguinte.
Outra
questão, diz, é em relação ao cashback, mecanismo que, segundo ele, “não é a
forma mais eficiente de conferir progressividade ao sistema”. Para ele, isso
pode ser feito via tributação na renda ou com instrumentos já usados, como a
isenção da cesta básica e a tributação de bens e serviços consumidos pelas
rendas mais altas.
A
FecomercioSP diz que alíquotas diferenciadas para atividades como saúde e
educação não são suficientes para minorar os efeitos nocivos da reforma no
setor de serviços como um todo. A entidade defende tratamento diferenciado
estendido para os demais segmentos que integram o setor.
Sarina
Manata, assessora técnica da FecomercioSP, diz que há preocupação também em
relação à criação de um conselho federativo para gerir o IVA subnacional.
Embora o substitutivo indique a participação de Estados, Distrito Federal e
municípios nas decisões do conselho, ela questiona como seria garantida a
representatividade das mais de 5 mil prefeituras.
A
FecomercioSP, diz, defende uma reforma sobre consumo que reduza ou ao menos
mantenha a carga atual do setor de serviços. “Reconhecemos que o sistema atual
é ruim, mas não necessariamente precisamos de uma reforma tão ampla.” Para ela,
o caminho seria primeiramente uma uniformização, via legislação nacional, das
regras do ICMS e do ISS, visando à simplificação. No futuro, isso evoluiria
para um IVA.
O
Ministério da Fazenda faz ressalvas ao estudo da CNC. Em nota, afirmou que só
poderá se pronunciar definitivamente após avaliar metodologicamente o trabalho.
“Mas, desde já, sinaliza que considera os resultados aparentemente
inconsistentes uma vez que outros estudos que buscam avaliar o impacto da
Reforma Tributária, de forma geral sobre a economia, indicam um aumento de 7 a
12 milhões de empregos com a aprovação da Reforma, em um horizonte de 10 a 15
anos. Cabe ressaltar que o Simples será mantido, sem nenhuma alteração, e não
terá aumento de carga tributária, como dá a entender o estudo”, diz.
Ribeiro
tem citado a manutenção do regime favorecido do Simples ao argumentar que a
reforma não prejudicará o setor de serviços. “Se considerarmos em número de
empresas, temos 90% das empresas atendidas no Simples Nacional”, disse na
semana passada, antes da divulgação do estudo. “Em relação a serviços de saúde
e educação, colocamos na alíquota reduzida.”
·
Câmara
não adotará mudanças do Senado no marco fiscal
As
alterações que o Senado fez no projeto do arcabouço fiscal enviado pela Câmara,
afrouxando-o, serão rejeitadas pelos deputados.
O
relator do marco fiscal na Câmara, Claudio Cajado, já disse isso publicamente.
E o fez depois de ter conversado com Arthur Lira. Estão sintonizados.
Na
nova votação, prevista para acontecer na segunda semana de julho, o texto a ser
aprovado e enviado a Lula será rigorosamente o mesmo aprovado em 24 de maio
passado. Fernando Haddad, ressalte-se, também prefere esta solução.
Ø
Senado
vai defender MP dos Ministérios
Cientes
da mobilização de parlamentares de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) para invalidar a medida provisória (MP) da reestruturação da
Esplanada dos Ministérios, o Senado já se antecipa aos próximos passos do
processo e prepara um documento no qual defenderá que a tramitação foi
regimental, o que garantiria que os termos do texto aprovado no Congresso
continuem valendo.
Técnicos
do Parlamento mobilizaram-se antes mesmo de o Supremo Tribunal Federal (STF)
solicitar esclarecimentos ao Legislativo sobre a tramitação do projeto que
tratou da estrutura do governo. O recurso já vinha sendo preparado antes mesmo
de Lula sancionar a MP com vetos a alguns pontos, o que ocorreu na semana
passada.
Dias
após deputados e senadores terem aprovado a MP, parlamentares da oposição
protocolaram no STF um mandado de segurança questionando o avanço do texto. Na
ação, o grupo alega que, quando apreciada em plenário, a proposta já havia
caducado devido às sessões extraordinárias de Câmara e Senado nos dias 9 e 10
de janeiro, nas quais os parlamentares deram aval ao decreto de intervenção
federal na segurança pública do Distrito Federal. Enviada ao Congresso por
Lula, a medida foi uma resposta aos ataques golpistas contra os prédios dos
três Poderes no dia 8 de janeiro.
“A
medida provisória claramente tinha caducado e, por isso, ela não poderia sequer
ter sido apreciada pelo plenário. Agora, aguardaremos pela decisão do Supremo
Tribunal Federal”, disse o deputado Marcel Van Hattem (Novo-RS) no dia em que o
mandado de segurança foi protocolado.
Segundo
apurou o Valor, a resposta que vem sendo costurada por auxiliares técnicos do
presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), para ser encaminhada à Corte
trará a alegação que as sessões de janeiro ocorreram por uma questão
extraordinária: trazer uma solução e resposta para as invasões de manifestantes
golpistas aos prédios dos três Poderes.
A
interpretação do Congresso tem respaldo não só regimental, como também
constitucional. Fontes destacam que o Artigo 57 da Constituição versa sobre
possibilidades em que podem ocorrer reuniões excepcionais do Legislativo. Ele
deve ser o principal elemento da resposta que vem sendo preparada para ser
encaminhada à Corte.
Um
dos trechos estabelece que o chefe do Parlamento poderá convocar sessões
extraordinárias do parlamento “em caso de decretação de estado de defesa ou de
intervenção federal, de pedido de autorização para a decretação de estado de
sítio e para o compromisso e a posse do Presidente e do Vice-Presidente da
República”.
Na
visão de técnicos ouvidos pelo Valor, foi exatamente o caso das sessões dos
dias 9 e 10 de janeiro quando as Casas se reuniram para votar a intervenção
federal na Segurança Pública do DF após os atos golpistas do 8 de janeiro.
Além
de elencar essas questões técnicas para sustentar que o mandado de segurança
deve ser rejeitado pelos magistrados, parlamentares apontam que a ofensiva de
opositores de Lula teve como objetivo “marcar posição e fazer barulho”.
Fonte:
FolhaPress/O Antagonista/Reuters/Valor Econômico/O Globo
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