CPMI traçará linha
do tempo da tentativa de golpe
A
semana que se inicia traz depoimentos relevantes para a reconstrução da linha
do tempo dos fatos envolvendo o 8 de janeiro — estratégia adotada pela relatora
da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), senadora Eliziane Gama
(PSD-MA). O colegiado ouvirá, amanhã, na condição de testemunha, o coronel do
Exército Jean Lawand Júnior. O militar trocou mensagens com o coronel Mauro
Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência da República, nas quais defendia uma
intervenção militar após Jair Bolsonaro sair derrotado das eleições de 2022.
A
defesa do coronel pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF), na última
sexta-feira, para que ele tenha o direito de ser ouvido como investigado na
CPMI. Dessa forma, poderia permanecer em silêncio. “É possível que ocorram
situações constrangedoras durante a oitiva do cel. Lawand, como testemunha, e
que possam comprometer seu direito ao silêncio e à não incriminação. Caso venha
a se confirmar a referida postura por algum membro da CPMI quando do depoimento
do paciente, haverá nítido constrangimento ilegal, o que se busca desde já
evitar por meio desta ação preventiva”, justificaram os advogados. O STF ainda
não se pronunciou.
O
presidente do colegiado, deputado federal Arthur Maia (União-BA), defendeu que
a Corte rejeite o pedido do ex-ajudante de ordens. A CPMI foi acionada pela
ministra Cármen Lúcia, que pediu esclarecimentos sobre em qual condição Cid foi
convocado. A Mesa, por meio da Advocacia do Senado, confirmou que ele irá como
investigado.
“Informamos
que o depoente comparecerá como investigado, referente aos fatos em que exista
acusação contra ele, e como testemunha nos demais”, escreveu Arthur Maia, em
suas redes sociais. A resposta será levada em conta para aceitação ou não do
pedido de Mauro Cid. Convocados como investigados têm o direito de não produzir
provas contra si mesmos. Testemunhas, por sua vez, são obrigadas a comparecer e
a responder aos questionamentos.
Em
mensagens divulgadas pela imprensa, e depois tornadas públicas pela Justiça,
Lawand e Cid conversam por aplicativo de mensagem sobre a possibilidade de o
ex-presidente Jair Bolsonaro decretar uma ação militar contra o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE). Lawand pede que Cid convença Bolsonaro a “dar a
ordem”. Mauro Cid está preso.
Eliziane
Gama entende que as conversas se relacionam com fatos preparatórios para os
eventos de 8 de janeiro e merecem atenção especial da investigação.
Hoje,
a CPMI vai ouvir o coronel da Polícia Militar do DF Jorge Eduardo Naime na
condição de testemunha. O PM era o comandante do Departamento de Operações da
corporação em 8 de janeiro. Naime está preso no Complexo Penitenciário da
Papuda, condenado na Operação Lesa Pátria, da Polícia Federal (PF), que
investiga os atos antidemocráticos. Na CPI da Câmara Legislativa do DF, ele
acusou o Exército de dar proteção aos golpistas (leia abaixo).
A
CPMI colecionou, na semana passada, oitivas importantes, como a dos peritos da
Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) a respeito da tentativa de atentado à
bomba nas proximidades do Aeroporto de Brasília e a do empresário condenado
pelo caso, George Washington de Oliveira. Também prestou depoimento o ex-diretor
da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques sobre as operações da
corporação que obstruíram rodovias no segundo turno das eleições de 2022.
A
“disputa de narrativas” — expressão constantemente trazida nas falas dos
parlamentares — também ganhou palco na CPMI. Sucessivos bate-bocas marcaram a
semana que passou. No primeiro depoimento da CPMI, na última terça-feira,
Bolsonaro — que, segundo governistas, está implicado nos atos antidemocráticos
— seguiu blindado. O ex-diretor da PRF desvinculou o ex-presidente de qualquer
relação com as operações da corporação às vésperas do pleito. Os bloqueios
ocorreram, sobretudo, na Região Nordeste, que concentra a maior parte dos
eleitores do então candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva.
Vasques
caracterizou como “fantasiosa” a acusação de que houve um conluio dentro da
instituição para atrapalhar o andamento das votações. “Na PRF ou em qualquer
órgão federal, vocês podem ter certeza de que ninguém consegue fazer uma trama
dessa sem juntarem provas. Isso não existiu. É fantasiosa”, disse.
Sobre
sua relação com Bolsonaro, Vasques definiu como “muito profissional”. “Eu nunca
fui numa festa do presidente Jair Bolsonaro, nunca fui padrinho, nunca votei
nele, até porque meu título é de outro município. O que temos é relação
profissional”, declarou o ex-diretor que, nas eleições, defendeu o voto pela
reeleição de Bolsonaro em suas redes sociais.
Já
o empresário George Washington de Oliveira, condenado por tentativa de atentado
à bomba no Aeroporto de Brasília, negou ter colocado o artefato explosivo
próximo a um caminhão-tanque, no acesso ao terminal. Oliveira, que é réu
confesso no caso, permaneceu em silêncio em várias perguntas.
“Eu
trabalho há 37 anos na área. Jamais colocaria um artefato explosivo em cima de
um caminhão”, assegurou o empresário. “Ou, como alegaram, o caminhão tanque
entrar no aeroporto e explodir ao lado de um avião. Ele não encostaria perto de
um avião. Ele iria descarregar perto de um aeroporto, e dali outros caminhões
menores abasteceriam o avião”, explicou. À Polícia Federal, em depoimento
prestado em 25 de dezembro, o empresário confessou que o plano para a explosão
nos arredores do Aeroporto de Brasília foi arquitetado no acampamento montado
em frente ao QG do Exército e que a ideia inicial era explodir o artefato na
subestação de energia de Taguatinga.
A
guerra entre base e oposição também ganhou palco na CPMI. Na última
quinta-feira, o deputado Abílio Brunini (PL-MT), após interromper
sucessivamente a sessão, levou uma bronca do presidente Arthur Maia. Em uma das
interrupções, Brunini pedia a quebra de sigilo do laudo trazido pelos
policiais. Maia rebateu: “Como não membro, não tem direito de ver laudo
enquanto estiver sob sigilo. No caso, ainda está sob sigilo até que esta
Presidência tome uma decisão diferente”, disse. Brunini voltou a interromper o
andar da reunião. Diante do comportamento do deputado, o presidente do
colegiado ameaçou: “Vou fazer uma representação no Conselho de Ética. O senhor
não vai tumultuar essa comissão”.
Na
reunião anterior, na terça-feira, o deputado Éder Mauro (PL-PA) discutiu com
Liziane Gama. O parlamentar se revoltou com as perguntas feitas por ela a
Vasques. “Está induzindo a testemunha”, criticou. A oposição endossou o
argumento do deputado e começou uma discussão generalizada. A relatora revidou,
mandando o deputado calar a boca após ser interrompida seguidamente. “O senhor
não vai cercear a minha voz”, disse ela, em tom grave.
Afrouxou!
Coronel golpista da PM do DF usa atestado para não depor na CPI do Golpe
O
coronel Jorge Eduardo Naime apresentou um atestado médico e não deve comparecer
à CPI do 8 de Janeiro, do Congresso, para o depoimento que estava marcado para
esta segunda-feira (26). Naime era comandante do Departamento de Operações da
Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF) e está preso devido à suspeita de
negligência em sua atuação nos atos golpistas. Segundo o GLOBO apurou, o motivo
médico seria um quadro depressivo.
Naime
já havia garantido que poderia permanecer calado na oitiva. Ao STF, a defesa do
coronel questionou o fato de ele ter sido convocado pela CPI como testemunha,
quando há a obrigação de dizer a verdade, e solicitou que a condição fosse
alterada para investigado, quando é permitido o silêncio. Além disso, pediu
para que ele não fosse obrigado a comparecer ao depoimento.
A
relatora da CPI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), pretendia interrogar Naime
sobre os acontecimentos do dia 12 de dezembro de 2022, quando manifestantes
tentaram invadir a sede da Polícia Federal (PF) no Distrito Federal e
depredaram os arredores do edifício. No seu requerimento, a senadora afirma que
o coronel poderá trazer informações “de grande valia” para o trabalho da CPMI.
No
dia, os apoiadores radicais do então presidente Jair Bolsonaro deflagraram uma
série de atos de vandalismo no centro de Brasília. Carros e ônibus foram
danificados e incendiados e houve confronto com a PM
O
ataque à sede da PF, e os atos de vandalismo, ocorreram após o cumprimento de
um mandado de prisão temporária contra o indígena José Acácio Tserere Xavante,
apoiador de Bolsonaro.
Naime
foi preso em fevereiro pela Operação Lesa Pátria da PF que investiga os eventos
de 8 de janeiro. O coronel saiu de folga poucos dias antes dos atos golpistas
de 8 de janeiro e é investigado por participação nos eventos.
Ele
teve a prisão preventiva decretada por risco de fuga e prejuízo às
investigações. Naime comparecerá à CPMI com escolta policial e falará na
condição de testemunha.
• Moraes recusa pedido de coronel preso
para não depor na CPI
O
ministro Alexandre de Moraes havia concedido direito de silêncio ao coronel
Jorge Eduardo Naime Barreto, ex-chefe do Departamento Operacional da PMDF
(Polícia Militar do Distrito Federal), esperado na CPMI dos atos golpistas de 8
de janeiro. Porém, o coronel apresentou um atestado e não irá depor hoje na
comissão. Moraes havia negado um pedido da defesa do coronel, que queria
assegurar que o investigado não fosse ao Senado hoje para não sofrer
“constrangimentos”.
O
ministro assegurou, porém, que o coronel pudesse ficar em silêncio para
questões com potencial de incriminá-lo. Também foi concedida autorização para
que o coronel consultasse seus advogados a qualquer momento do depoimento.
Moraes argumentou que o direito ao silêncio de um investigado não pode anular a
competência da CPMI de convocá-lo. Como uma Comissão Parlamentar de Inquérito
tem poderes judiciais de investigação, os senadores e deputados têm o direito
de buscar ouvir envolvidos na temática em questão. Horas depois da decisão, a
defesa do coronel apresentou um atestado médico à CPMI. A justificativa médica
é que Naime Barreto estaria com um quadro depressivo. Ainda não há certeza se o
depoimento será remarcado pelo presidente da CPMI, o deputado Arthur Maia
(União Brasil-BA). A testemunha tem o dever de se manifestar sobre os fatos e
acontecimentos relacionados ao objeto da CPMI ligados ao exercício da sua
função pública que então exercia, devendo, contudo, ser assegurada a garantia
de não autoincriminação, se instado a responder a perguntas cujas respostas
possam resultar em prejuízo ou em sua incriminação.Trecho de decisão de
Alexandre de Moraes Desde que com absoluto respeito aos direitos e garantias
fundamentais do investigado, os órgãos estatais não podem ser frustrados ou
impedidos de exercerem seus poderes investigatórios e persecutórios previstos
na legislação.Trecho de decisão de Alexandre de Moraes
O
coronel foi convocado para participar nesta segunda-feira (26) da comissão
mista como testemunha. Naime Barreti seria ouvido sobre a tentativa de invasão
à sede da Polícia Federal em Brasília em 12 de dezembro do ano passado — isso
porque os fatos a serem considerados têm início desde o fim do segundo turno
das eleições. O requerimento é de autoria da senadora e relatora da CPMI,
Eliziane Gama (PSD-MA). Como testemunha, ele poderia ficar em silêncio para não
produzir provas contra si e não pode ser alvo de condução coercitiva. Já quem é
convocado como investigado é obrigado a comparecer e falar a verdade.
Naime
Barreto foi preso em fevereiro por suspeita de omissão antes e durante as
invasões às sedes dos Três Poderes após ter sido afastado do Departamento
Operacional da PM-DF no dia 10 de janeiro. O coronel é acusado de atrasar
propositalmente a linha de contenção da PM no dia 8, segundo o ex-interventor
da Segurança Pública do Distrito Federal Ricardo Cappelli. Capelli disse ter
visto com os “próprios olhos” os comandados por Naime Barreto avançando
“lentamente” contra os golpistas.
• Ex-comandante da PMDF fica
milagrosamente curado, muda de ideia e depõe na CPMI dos Atos Golpistas
O
coronel Jorge Eduardo Naime, que ocupou o cargo de chefe do Departamento
Operacional da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), mudou de ideia e
depõe nesta segunda-feira (26), à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) dos Atos Golpistas.
O
coronel havia apresentado um atestado médico ao colegiado para justificar a
ausência no depoimento. A informação foi divulgada pelo gabinete da senadora
Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da comissão.
O
presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União Brasil-BA), informou à
senadora que, devido ao atestado médico, a reunião desta segunda seria iniciada
e, em seguida, encerrada, sem a realização de depoimentos.
O
atestado médico indica um quadro de ansiedade e depressão. Uma junta médica do
Senado fez uma avaliação do militar e acabou comparecendo à sessão.
No
último domingo (25), o ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou o
coronel a permanecer em silêncio durante o depoimento na CPMI.
• Preso por omissão
O
coronel da PMDF Jorge Eduardo Naime é investigado no inquérito do STF que apura
possíveis omissões de autoridades nos atos ocorridos em 8 de janeiro. Ele está
preso desde fevereiro.
Regina Duarte volta a causar vergonha com
mais um Fake News
A
ex-secretária de Cultura do governo de Jair Bolsonaro (PL) Regina Duarte foi
advertida novamente pelo Instagram após compartilhar um vídeo de uma
influenciadora que acusa, sem provas, o governo Lula (PT) de estar tramando um
golpe. Com esta nova publicação, a atriz alcançou o marco de oito posts com
fake news sobre o presidente tachados pela plataforma.
A
atriz publicou uma gravação em que Karen Moura fala sobre o encontro do
vice-presidente Geraldo Alckmin com o fundador do Fórum Econômico Mundial Klaus
Schwab. Os dois estiveram juntos em 17 de maio, quando Alckmin publicou no
Twitter o real motivo do encontro: “Discutimos as perspectivas de
desenvolvimento sustentável no Brasil, como indústria de baixo carbono,
bioeconomia e a adoção de novas tecnologias para a transição verde”, escreveu o
vice-presidente.
No
conteúdo replicado, no entanto, a influenciadora afirma que a reunião teve como
intuito “reestruturar o tabuleiro mundial para transformar o ocidente em um
bloco controlado por poderosos”. Este falso modelo seguiria os “moldes
chineses”. O vice-presidente estaria supostamente colaborando.
Esta
não é a primeira vez que Regina compartilha conteúdos falsos sobre Lula. Em
maio deste ano, publicou um trecho da entrevista do então candidato à
Presidência no Flow Podcast em outubro do ano passado para afirmar que Lula
defendeu a mentira como arma política.Anteriormente, tiveram outras seis
ocasiões.
Relembre
as fake news compartilhadas pela atriz:
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‘Lula eleito pelo TSE’
Em
fevereiro deste ano, Regina Duarte publicou um vídeo intitulado “Lula Não Foi
Eleito pelo Povo, Ele Foi Escolhido e Eleito pelo STF e TSE”. Esta mesma
publicação foi replicada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas suas redes
sociais em 10 de janeiro deste ano, dois dias após os atos golpistas em
Brasília, quando extremistas invadiram e depredaram o Palácio do Planalto, o
Congresso Nacional e a sede do próprio STF.
Em
outras ocasiões, atacou o sistema eleitoral sem provas.
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Operação Carro-Pipa
A
atriz também afirmou que suspensão da Operação Carro-Pipa teria sido
responsabilidade da gestão do presidente Lula. O programa teve seu fim no ano
passado, ainda no mandato de Bolsonaro.
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Salário mínimo
Regina
também disse que o presidente não iria aumentar o salário mínimo. Lula
reajustou o valor para R$ 1320. Nesta mesma toada, afirmou que o
“auxílio-reclusão” estava maior que a renda mensal do trabalhador — desde 2019,
dependentes de presos recebem renda equiparada ao salário mínimo vigente.
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Faixa presidencial falsa
No
dia da posse, a diferença entre a faixa presidencial entregue a Lula e a usada
por Bolsonaro em 2019 foi amplamente divulgada por apoiadores do ex-presidente,
com o aval de Regina.
Na
realidade, há dois modelos distintos de faixa que foram adquiridos ao longo do
tempo pela Presidência da República. O mais antigo foi usado por Lula no último
domingo, assim como nas posses de 2003 e 2007. Assim como Dilma Rousseff em
2011, Bolsonaro usou o mais recente, comprado no segundo mandato do petista em
2007.
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Yanomamis
Em
meio à crise humanitária que enfrentaram os Yanomamis em janeiro, a atriz
afirmou que os indígenas da região de Roraima eram venezuelanos e duvidou que
estariam passando fome. De acordo com informações oficiais, a população foi
vítima de grave omissão em políticas sociais e do garimpo ilegal.
Fonte:
Correio Braziliense/UOL/Fórum/O Globo
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