sábado, 14 de setembro de 2024

Uma terra sem povo: Ocidente quer destruir a Ucrânia demograficamente?

Milhões de cidadãos ucranianos falam russo e mantêm simpatias políticas em relação a Moscou. O Ocidente está trabalhando para impedir que eles se reintegrem com sua terra natal histórica?

O acordo de segurança europeu proposto pela Rússia em dezembro de 2021, bombasticamente referido por fontes ocidentais como um "ultimato", representou uma última tentativa de boa-fé por parte de Moscou para evitar a possibilidade de um conflito com a Ucrânia.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia publicou dois tratados em projeto com o objetivo de frear a marcha constante da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para o leste. A aliança militar tem provocado preocupação em Moscou desde sua criação em 1949 e especialmente desde a ascensão da Alemanha Ocidental ao bloco em 1955, o que estimulou a criação do Pacto de Varsóvia.

O acordo foi dissolvido de forma marcante com o fim da Guerra Fria em 1991, mas a OTAN – ancorada pelo Estado alemão reunificado responsável pelo assassinato de 27 milhões de cidadãos soviéticos no século 20 – continua viva, expandindo sua influência e alcance territorial a cada ano.

"Eu realmente gostaria de ver alguns documentos daquela [cúpula de junho de 2021] em Genebra entre Putin e Biden, porque acho que algo aconteceu lá que desencadeou a ação russa para propor aquele acordo de segurança em dezembro de 2021 e preparar-se para a possibilidade de um conflito armado", disse o jornalista e tradutor sérvio-americano Nebojsa Malic à Sputnik.

O analista compartilhou uma teoria provocativa sobre a guerra por procuração apoiada pelos EUA contra a Rússia.

"Algo foi dito naquela cúpula sobre o qual ninguém está falando, mas estou muito, muito curioso", disse Malic, referindo-se ao encontro final entre os chefes de Estado russo e norte-americano antes do surto do conflito por procuração. "Por que estão fazendo isso? Eu tinha uma teoria um pouco fora do comum há alguns dias de que tudo remonta à [hipótese] de [o ex-conselheiro de segurança nacional dos EUA] Zbigniew Brzezinski e sua teoria de que sem a Ucrânia, a Rússia não pode ser um império".

"Todo mundo assumiu que isso significava território. Mas e se Washington realmente percebeu que a Ucrânia não pode ganhar isso e nunca poderia, e está basicamente tentando negar à Rússia a Ucrânia como um recurso – tanto terra, riquezas de petróleo, recursos, o que for – mas mais importante, pessoas [...]. E se o verdadeiro objetivo final é garantir que a Ucrânia seja eliminada demograficamente?", questionou.

O verdadeiro número de tropas ucranianas perdidas ao longo de 30 meses de combate permaneceu obscuro na mídia ocidental, enquanto Kiev trava uma guerra de propaganda para tentar manter o apoio do público. No entanto, análises no início deste ano colocaram as baixas de Kiev em cerca de meio milhão.

Enquanto isso, civis ucranianos têm sofrido uma epidemia de mortes por afogamento enquanto tentam escapar do recrutamento nadando para a liberdade através da fronteira do país com a Romênia e a Hungria.

Malic sugeriu que a eliminação de uma geração inteira de ucranianos não é uma consequência trágica, mas inevitável da guerra para os planejadores militares ocidentais, com o conflito prolongado roubando de Moscou o capital humano que teria sido obtido pela sua liberação das regiões orientais.

"Esta é uma perspectiva incrivelmente cínica e sinistra. Mas… quando você elimina o impossível, qualquer outra coisa, por mais improvável que seja, deve ser a verdade. Porque essa é a única explicação que vem à minha mente neste estágio, pois eles são ou completos imbecis e estão literalmente lutando uma guerra completamente impossível de vencer, ou descobriram que a guerra tem sido impossível de vencer e o objetivo deles é, na verdade, não ter mais ucranianos no máximo e sangrar os russos", disse.

"Eles de certa forma disseram coisas ao longo desses últimos dois, três anos", observou. “Então, não está fora do reino das possibilidades. Quero dizer, se eu fosse um vilão sinistro tentando realizar isso, seria assim que eu faria".

¨      Para além do conflito ucraniano: EUA lutam para frustrar a crescente influência da Rússia na África

Irritado com a crescente influência de Moscou com nações africanas que têm se oposto cada vez mais à influência ocidental, Washington tem buscado recuperar uma posição no continente.

Perdendo influência em toda a África, os Estados Unidos têm tentado impedir os ganhos da Rússia no continente africano. Um desses esforços está supostamente acontecendo na República Centro-Africana (RCA).

A empresa militar privada Bancroft, sediada e patrocinada por Washington, gastou US$ 1,4 milhão (cerca de R$ 7,9 milhões) para se firmar na RCA, onde a Rússia é "o parceiro de segurança de escolha", disse uma reportagem da AP.

A empresa instalou um de seus funcionários em um hotel na capital da RCA, Bangui, no ano passado, para "esperar pela reação da Rússia", disse o fundador da Bancroft, Michael Stock, à mídia.

"[...] para nosso único funcionário em Bangui, escolhemos um falante de russo, que foi encarregado de não fazer nada além de ficar sentado no jardim do hotel lendo um livro o dia todo, esperando que os russos mostrassem se queriam ser cooperativos, hostis ou nos ignorar", teria dito Stock.

Várias semanas depois, o funcionário teria sido detido, interrogado pelas forças russas e posteriormente liberado.

Stock alegou que Bancroft entrou no país no outono passado a pedido de Bangui e tem cerca de 30 funcionários na República Centro-Africana. O Departamento de Estado dos EUA rejeitou as alegações de que estava envolvido na decisão.

Os EUA ficaram abalados com os laços crescentes de Moscou com nações africanas que têm se livrado da influência ocidental e expulsado tropas francesas e norte-americanas, como no Níger ou no Chade. O Departamento de Estado usa contratados privados na África e supervisiona o trabalho da Bancroft na Somália, disse uma autoridade dos EUA à publicação.

A Rússia está em negociações com a RCA sobre o estabelecimento de uma base militar por lá para melhorar a segurança do país, disse o embaixador russo em Bangui, Aleksandr Bikantov, à Sputnik, em julho. No início do ano, ele afirmou que a presença da Bancroft não teve efeito na cooperação com instrutores russos.

Bikantov acrescentou que "as autoridades da RCA apreciam a contribuição dos russos para estabilizar a situação de segurança no país", acrescentando que "Bangui se manifestou a favor do aumento do número de representantes russos em diferentes momentos".

 

¨      Conselho de Segurança da ONU discute fornecimento de armas ocidentais para a Ucrânia

A pedido da Rússia, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) discutiu nesta sexta-feira (13) o fornecimento de armas ocidentais à Ucrânia. O encontro acontece após o anúncio de países como o Reino Unido que permitiu usar equipamentos militares por Kiev contra o território russo.

No mesmo dia da discussão do conselho sobre a crise ucraniana, o presidente dos EUA, Joe Biden, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, farão negociações sobre o mesmo tema.

Enquanto a missão da Rússia na ONU alerta sobre uma possível escalada perigosa devido ao aumento do fornecimento de armas ocidentais a Kiev, Biden e Starmer vão debater, por outro lado, a permissão para que as Forças Armadas da Ucrânia realizem ataques com armas de longo alcance contra a Rússia.

O Reino Unido, conforme afirma o jornal The Guardian, já decidiu permitir que Kiev use o Storm Shadow para ataques no interior da Rússia. Nos EUA, segundo a mídia, não se espera uma mudança iminente na política de restrições ao uso de armas norte-americanas por Kiev para atacar o território russo.

Além disso, o Conselho de Segurança discutirá o fornecimento de armas ao regime de Kiev em meio ao ataque contínuo das Forças Armadas da Ucrânia na região de Kursk. A reunião vai acontecer durante a manhã.

O presidente russo, Vladimir Putin, declarou anteriormente que os representantes dos países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) devem estar cientes "do que estão fazendo" ao falar sobre planos para permitir que Kiev ataque alvos no interior do território russo com os sistemas de mísseis fornecidos pelo Ocidente.

O porta-voz do presidente da Rússia, Dmitry Peskov, comentou sobre a possível resposta aos novos ataques, afirmando que o chefe de Estado e os militares estão cientes e "preparados com as medidas apropriadas".

¨      OTAN planeja enviar tropas para Ucrânia para forçar Rússia a conduzir negociações, diz vice-ministro

Os países da OTAN, a fim de garantir condições para obrigar a Rússia a negociar as fórmulas de Kiev, estão fazendo planos para enviar tropas para a Ucrânia, declarou o vice-ministro da Defesa da Rússia Aleksandr Fomin, na abertura do 11º Fórum de Segurança de Xiangshan em Pequim.

"Com o objetivo de garantir as condições para coagir a Rússia a negociar as fórmulas de Kiev, os países da OTAN estão fazendo planos para enviar suas tropas para a Ucrânia. É um jogo perigoso que pode levar ao confronto militar direto das potências nucleares", disse Fomin.

O vice-ministro também afirmou que os EUA estão trabalhando em uma nova versão de sua doutrina nuclear, na qual o limite para o uso de armas nucleares pode ser reduzido.

"Os Estados Unidos estão trabalhando ativamente em uma nova versão de sua doutrina nuclear, na qual pensamos que o limiar para o uso de armas nucleares pode ser significativamente reduzido", observou Fomin.

Ele também disse que as armas russas provaram sua eficácia em condições de combate.

"As armas russas provaram sua eficácia em condições de combate, enquanto os sistemas de armas ocidentais, que supostamente têm altas características táticas e técnicas [...] ardem perfeitamente no campo de batalha sem chance de recuperação", disse Fomin.

O Fórum de Segurança de Xiangshan está sendo realizado em Pequim, nos dias 12 a 14 de setembro. Aleksandr Fomin lidera a delegação russa no fórum.

¨      'Bola está do lado deles': jornalista avalia declaração de Putin sobre conflito com a OTAN

A OTAN se tornará um participante direto no conflito na Ucrânia se permitir que o Exército ucraniano ataque profundamente em território russo, disse o jornalista irlandês Chay Bowes na rede social X.

"O presidente [da Rússia, Vladimir] Putin, deixou claro, qual será a realidade, se as armas da OTAN fossem usadas para atingir em profundidade o território da Rússia. […] agora a bola está do lado da aliança. Vamos rezar para que isso não aconteça", escreveu o jornalista.

Anteriormente, Putin disse que os países da OTAN não estão apenas discutindo a possibilidade de Kiev usar mísseis ocidentais de longo alcance, mas estão realmente pensando se devem se envolver diretamente no conflito ucraniano.

Ele acrescentou que a participação direta dos países da OTAN em combate muda sua essência, a Rússia será forçada a tomar decisões com base nas ameaças criadas para ela.

Antes disso, o jornal The Guardian, citando fontes da liderança britânica, afirmou que a decisão de permitir que Kiev ataque com mísseis Storm Shadow alvos no interior da Rússia tinha sido tomada, mas não seria oficialmente anunciada nos próximos dias.

¨      OTAN corre risco de uma dura resposta russa, diz veterano militar sueco

O veterano militar sueco Mikael Valtersson disse à Sputnik que o possível apoio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre os ataques ucranianos de longo alcance contra o interior da Rússia terá consequências graves.

"Eu acredito que os países da OTAN, céticos em relação ao uso de armas de longo alcance no interior do território russo, não querem se envolver na autorização para seu uso", afirmou Mikael Valtersson, ex-oficial das Forças Armadas Suecas e ex-político de defesa e chefe de gabinete do Partido Democrata Sueco à Sputnik.

Os comentários de Valtersson surgem em resposta a uma declaração do chefe do Ministério da Defesa polonês, sugerindo que a decisão sobre a expansão dos ataques de longo alcance da Ucrânia no interior do território russo com mísseis ocidentais deveria ser tomada pela OTAN, e não por Estados individuais.

A administração do presidente Joe Biden considera autorizar a Ucrânia a usar mísseis ATACMS fabricados nos Estados Unidos, enquanto o Reino Unido teria concordado em permitir que o regime de Kiev expanda o uso de mísseis britânicos Storm Shadow contra a Rússia.

"Mesmo que a OTAN, como organização, aprove o uso de armas de longo alcance no território russo, serão os países específicos que entregam ou produzem as armas usadas que serão responsabilizados", disse Valtersson.

A resposta da Rússia não demoraria a chegar se os EUA e outros países autorizarem o regime de Kiev a lançar ataques de longo alcance, ele alertou.

Embora o especialista não espere que a Rússia retalie com armas nucleares táticas – a menos que a OTAN ataque –, ele não descartou que Moscou forneça mísseis de longo alcance a países considerados adversários pelo Ocidente, em linha com os comentários feitos pelo presidente russo Vladimir Putin em junho.

"A OTAN tem dado pequenos passos o tempo todo, principalmente para evitar um grande passo ao qual a Rússia tenha que responder. Isso provavelmente será assim desta vez também, mas lentamente os países ocidentais estão se aproximando de uma dura resposta russa, quando já for o bastante", disse Valtersson.

<><> Técnicos russos indicam grande vulnerabilidade dos blindados Bradley dos EUA na Ucrânia

Técnicos militares russos constataram a grande vulnerabilidade dos veículos de combate de infantaria Bradley norte-americanos devido ao grande número de sistemas de controle automáticos, disse à Sputnik um comandante de esquadrão com o codinome Chuvash.

Há pouco, militares do agrupamento de tropas russo Tsentr (Centro) capturaram e evacuaram um Bradley praticamente intacto da direção de Avdeevka.

"O veículo foi fabricado em fevereiro de 2012. Provavelmente foi fabricado no Texas, em Red River. Você pode ver tudo", disse Chuvash.

Ele especificou que esses e outros dados foram obtidos porque o blindado estava praticamente sem danos.

O militar acrescentou que um alto nível de automação torna o blindado mais vulnerável.

"Há uma bomba hidráulica de abertura da rampa traseira [para saída de tropas do veículo]. Se as mangueiras hidráulicas e a fiação elétrica forem danificadas, as tropas transportadas não vão conseguir sair do veículo. Para nós, o fato de haver muita automação é um ponto positivo, mas para a tripulação é um ponto negativo", explicou.

De acordo com seu companheiro com o apelido Dvinskoi, que participou da restauração do blindado, se o equipamento elétrico for danificado, todo o veículo falha.

"O motor e a caixa de câmbio são controlados pelo sistema de bordo, o computador, e, no caso de um pequeno dano no equipamento elétrico, o veículo não pode mais se mover, o que é uma grande desvantagem", disse ele à Sputnik.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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