sábado, 14 de setembro de 2024

IA ajuda a detectar pressão alta crônica pela voz com até 84% de precisão

Pesquisadores desenvolveram uma técnica não invasiva que utiliza inteligência artificial (IA) para detectar pressão alta crônica com alto grau de precisão usando apenas a voz de uma pessoa. A novidade, liderara por cientistas da Klick Labs, foi detalhada em um estudo publicado no IEEE Acess na terça-feira (10) e tem o potencial de ajudar no diagnóstico precoce de hipertensão.

Para testar a tecnologia, os pesquisadores recrutaram 245 participantes e pediram a eles que gravassem suas vozes até seis vezes por dia durante duas semanas, falando em um aplicativo móvel proprietário e desenvolvido pelos cientistas do Klick. A tecnologia detectou a pressão alta com precisão de até 84% para mulheres e 77% para homens.

O aplicativo usa aprendizado de máquina para analisar centenas de biomarcadores vocais que são não claramente distinguidos ao ouvido humano, incluindo a variabilidade no tom (frequência fundamental), os padrões na distribuição de energia da fala (coeficientes cepstrais de frequência Mel) e a nitidez das mudanças sonoras (contraste espectral).

“Ao alavancar vários classificadores e estabelecer modelos preditivos baseados em gênero, descobrimos uma maneira mais acessível de detectar hipertensão, o que esperamos que leve a uma intervenção mais precoce para esse problema de saúde global generalizado. A hipertensão pode levar a uma série de complicações, de ataques cardíacos e problemas renais a demência”, diz Yan Fossat, vice-presidente sênior da Klick Labs e principal pesquisador do estudo, em comunicado à imprensa.

<><> Tecnologia pode tornar triagem da hipertensão mais acessível

A hipertensão atinge cerca de 1,28 bilhões de adultos com idades entre 30 e 79 anos no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Dessa população, dois terços vive em países de baixo e médio rendimento, e 46% não sabem que têm a doença.

Os métodos convencionais para medir a pressão arterial incluem aparelhos de medição no braço ou dispositivos automáticos. No entanto, na visão dos pesquisadores, esses métodos podem exigir conhecimento técnico, equipamento especializado e podem não ser facilmente acessíveis a pessoas em áreas carentes. Para eles, a o uso da IA para analisar biomarcadores de voz pode tornar a triagem para a hipertensão mais acessível.

“A tecnologia de voz tem o potencial de transformar exponencialmente a assistência médica, tornando-a mais acessível e barata, especialmente para populações grandes e carentes”, afirma Jaycee Kaufman, cientista pesquisadora do Klick Labs e coautora do estudo.

O trabalho vai ao encontro de outras pesquisas feitas pela empresa sobre a análise de voz combinada com IA. Em um trabalho publicado na Mayo Clinic Proceedings: Digital Health, em outubro de 2023, a tecnologia pode rastrear com precisão o diabetes tipo 2. Mais recentemente, um outro estudo publicado na Scientific Reports confirmou a ligação entre os níveis de glicose no sangue e o tom de voz.

“Nossa pesquisa em andamento demonstra cada vez mais a promessa significativa dos biomarcadores vocais na detecção de hipertensão, diabetes e uma lista crescente de outras condições de saúde”, analisa Kaufman.

 

•        Além da tristeza: especialistas alertam para outros sintomas da depressão

A depressão é considerada uma das doenças mais incapacitantes, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), além de ser um dos fatores relacionados ao maior risco de suicídio. Por isso, durante o mês de setembro, é realizado o Setembro Amarelo, campanha de conscientização sobre saúde mental e prevenção do suicídio.

Alteração de apetite, de sono, dificuldades de concentração e pensamentos de morte são alguns dos sinais de alerta da depressão. Além disso, os especialistas ressaltam que é importante observar a duração dos sintomas para diferenciar depressão de uma tristeza pontual.

“Um episódio depressivo pode durar seis, nove, doze meses, se não for tratado. E não necessariamente a pessoa fica quietinha no seu canto. Isso pode acontecer, mas a gente tem depressão com muita ansiedade, depressão com muita agitação. Existem vários tipos de depressão que têm esses sintomas, mas entre um paciente e outro pode variar muito”, explica Lafer, que é professor associado do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

<><> Depressão está crescendo entre os jovens

“A depressão, em todos os levantamentos e publicações feitos pela OMS, sempre está entre as três doenças que causam maior incapacitação no mundo inteiro. Está relacionada à incapacitação das pessoas para o trabalho, para a vida acadêmica, para a vida familiar. O impacto na saúde pública, na economia e na vida das pessoas é gigantesco”, afirma Lafer. “É uma doença muito recorrente. As pessoas que têm uma depressão, 80% delas vão ter várias depressões ao longo da vida”.

Segundo o médico, as mulheres são mais afetadas do que os homens. Mas o aumento da incidência entre jovens é preocupante. Polanczyk, especialista em crianças e adolescentes, explica que o recorte de idade é significativo.

“As estimativas são de que em torno de 1% das crianças antes da puberdade tenham depressão. Mas a partir da puberdade, a depressão começa a ser mais frequente. A incidência aumenta, e aumenta particularmente nas meninas”, afirma Polanczyk.

Segundo o especialista, nessa fase, o diagnóstico correto pode ser desafiador. “A depressão na infância e na adolescência se caracteriza por essa alteração de humor – tristeza, falta de prazer – mas, muito frequentemente, por irritabilidade. Então, muitas vezes, ela não é bem diagnosticada. Você tem, eventualmente, uma criança mais irritável, mais ansiosa, com queixas físicas. Na adolescência, você tem também um adolescente mais irritado, com muitas brigas com a família, com amigos, queda do rendimento escolar e não aparece a tristeza tão clara”, descreve.

<><> Como buscar ajuda?

Os psiquiatras destacam a importância de procurar ajuda, já que a doença aumenta o risco para suicídio. “A depressão está associada a um risco de mortalidade por suicídio cinco vezes maior do que nas pessoas que não têm depressão”, afirma Lafer.

O tratamento da depressão inclui, além da psicoterapia, o que os especialistas chamam de “psicoeducação”. “A gente fala: ‘olha, teu parente está doente, ele tem esse sintoma. Veja que na família tem outros casos, olha o risco de suicídio, olha os impactos, que ele não está mais conseguindo ir à escola, não está mais conseguindo trabalhar'”, exemplifica Lafer. “Então, você tem que trazer a família como sua aliada e tentar quebrar esses estigmas que existem na nossa sociedade”, completa.

Os especialistas também alertam para a importância de conscientizar a população de que a depressão é uma doença e que, frequentemente, o paciente não consegue buscar ajuda sozinho. “Muitas vezes, há essas ideias de que a pessoa que está deprimida não tentou, não está se esforçando o suficiente, ou ideias de menos valor, de que ela não é competente, de que ela frustra a família”, explica Polanczyk.

Para buscar ajuda, além de marcar consultas com psicólogo e psiquiatra, é possível solicitar apoio ao Centro de Valorização da Vida (CVV), que realiza apoio emocional e serviço de prevenção ao suicídio, de forma gratuita e sigilosa. O atendimento pode ser feito pelo telefone 188, disponível 24 horas por dia e sem custo de ligação, chat, e-mail e em postos presenciais.

 

Fonte: CNN Brasil

 

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