sábado, 14 de setembro de 2024

Sudene e NDB avançam na negociação para aporte de recursos no FDNE

A Sudene recebeu hoje (12) a segunda missão do New Development Bank (NDB), conhecido como banco dos Brics, para tratar sobre a capitalização do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE). Esta é mais uma visita da comitiva para a negociação do aporte de US$ 300 milhões, mais de R$ 1,5 bilhão, dobrando o orçamento do fundo, que é um dos principais instrumentos de financiamento da Autarquia para sua área de atuação. A expectativa é de que até o fim do ano, o contrato possa ser firmado entre a instituição financeira e o Governo Federal, através do Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional.

“O FDNE é uma importante fonte de financiamento para obras de infraestrutura nos 11 estados de abrangência da Sudene. O orçamento deste ano tem previstos R$ 1,1 bilhão e uma carteira projetos importantes para o Nordeste, como os de energia renovável, a Transnordestina e a Stellantis. Então, estamos buscando ampliar nossa capacidade de investimento e diversificar nossa carteira de projetos para que possamos avançar em obras e empreendimentos estruturadores para a nossa região”, afirmou o superintendente da Sudene, Danilo Cabral.

Ao final dessa rodada de avaliação final, a equipe do NDB preparará um documento para a análise do Conselho do banco e, então, será preparado o contrato do financiamento. Segundo o responsável pelo Escritório Regional das Américas do Banco de Desenvolvimento do BRICS, Alexandre Takahashi, essa etapa deve ser vencida até outubro. Em seguida, haverá a negociação com o Ministério do Planejamento para ser submetido à Secretaria Nacional do Tesouro e, posteriormente, ao Senado. Espera-se que os recursos estejam disponíveis já no início de 2025.

De acordo com o especialista em aquisições do NDB, Jitesh Ketka, há três aspectos-chave que norteiam essa capitalização do FDNE. O planejamento do uso dos recursos de acordo com os setores-alvo, que são geração energética – especialmente solar, eólica, biomassa e a partir de resíduos sólidos -, transportes (estradas e ferrovias) e logística.  Os projetos terão que atender requisitos de viabilidade técnica, financeira e econômicas e diretrizes socioambientais.

O diretor de Gestão de Fundos e Incentivos Fiscais da Sudene, Heitor Freire, destacou que essas diretrizes e requisitos já são observadas pela autarquia na análise dos projetos que solicitam financiamento do FDNE. “Nós temos a preocupação de que o crédito seja utilizado por empresas que tenham responsabilidade ambiental e social e que geram emprego e renda para a população”, frisou.

Durante o encontro, o superintendente Danilo Cabral relatou a retomada do Comitê Regional de Instituições Financeiras Federais (Coriff), com o objetivo de integrar os instrumentos de financiamento do Nordeste e as políticas públicas setoriais, como o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste, a Nova Indústria Brasil e o Plano de Transformação Ecológica. “O Nordeste tem uma nova agenda de investimentos com muitas oportunidades e potencialidades para o desenvolvimento da Região. Nossa missão, ao final, é reduzir desigualdades e, para isso, precisamos avançar na competitividade dos estados e faremos de forma integrada e estratégica”, ressaltou. Deste encontro, participaram dirigentes do BNDES, Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal , Banco do Brasil,  BDMG, Bandes  e Finep.

Além da Sudene, as superintendências do Desenvolvimento da Amazônica (Sudam) e do Centro-Oeste (Sudeco) também negociam com o NDB financiamento externo para fortalecer os Fundos de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e do Centro-Oeste (FDCO).  No total o aporte do banco dos Brics nos três fundos de desenvolvimento deve somar US$ 500 milhões, aproximadamente RS$ 2,5 bilhões.

A missão teve início hoje (12) e deve seguir até amanhã (13) na sede da autarquia, no Recife. Da Sudene, estiveram presentes nas reuniões Wandemberg Almeida, coordenação-geral de Fundos de Desenvolvimento e de Financiamento; Thiago Teles, coordenador do FDNE; Artur Sedycias, coordenador  de Monitoramento e Planejamento dos Fundos de Desenvolvimento e Constitucional; a economista Cláudia Maria da Silva. Pelo MIDR, esteve presente Gessé Santana Borges, coordenador-geral de Políticas e Normas dos Fundos de Desenvolvimento Regional. Representando o NDB,  além de Alexandre Takahashi e Jitesh Ketkar, participaram Balasubramanian J.,  Jianliang Xiao e Mikhail Moshkov.

•        Empreendedoras começam a dar forma ao Inova Mulher

O Inova Mulher agora tem rostos, vozes e nomes como Vivian, Samira, Rejane, Ana Paula e tantas outras, que protagonizam histórias de empreendedorismo, luta e união em prol da ocupação feminina no mercado de trabalho. Na próxima quarta-feira, dia 18, a Sudene divulga o resultado final do Inova Mulher, com a seleção de 31 projetos inovadores que serão apoiados pela Autarquia, confirmando as informações divulgadas no fim de agosto. As propostas focam em diversas temáticas vinculadas ao desenvolvimento regional, como bioeconomia, saúde, agroecologia, comunicação, moda e tecnologia da informação.

Uma das vozes do projeto é da banda baiana Yayá Muxima, que sonha com a gravação do primeiro EP (Extended Play) e é formada por mulheres percussionistas, com um repertório voltado para o samba reggae e a música eletrônica. Vivian Caroline está à frente do grupo musical e destaca a expectativa de chegar às plataformas de streaming, especialmente com o impulso que está sendo dado pela Sudene.

Segundo Vivian, além de inserir mulheres negras e artistas que integram a banda no mercado da música, o projeto pretende levar mensagens a favor da diversidade musical e do combate à violência cultural contra mulheres. “Queremos fortalecer iniciativas protagonizadas por mulheres e ampliar nosso território de alcance”. O projeto social conta com sessenta mulheres. “Na Banda nós revezamos em formatos que variam de sete a 14 mulheres”.

Yayá Muxima, criada em 2022, utiliza inteligência artificial e tecnologias ligadas à música, a exemplo da masterização, mixagem e finalização musical. Vivian explica que “Yayá é yorubá e representa o feminino, muito usado para mãe, avó, Yalorixá. Costumo dizer que é feminino com poder de amor, afeto e cuidado. Muxima é uma palavra de um dialeto africano que significa coração. Considero que o coração é o tambor que todas nós carregamos no corpo. Escolhi esse nome por representar a batida que nutre os corpos das mulheres”.

A maranhense Samira Nogueira – outro nome que representa os projetos selecionados para o Inova Mulher – vem apostando em um aplicativo criado para apoiar, de forma personalizada, mulheres com transtornos mentais, especialmente ligados ao esgotamento físico e mental. Ela é CEO e Fundadora da Dayaht, “uma startup que busca prevenir transtornos mentais e emocionais de mulheres através de um aplicativo que utiliza inteligência artificial e gamificação para personalizar terapias de acordo com o perfil de cada usuária”, explica Samira. Por meio dessa tecnologia, serão indicados conteúdos e terapias de acordo com o perfil biológico, social, cultural, racial, econômico e espiritual. A iniciativa conta com a parceria da Microsoft para o desenvolvimento de infraestrutura de dados e algoritmos. “Dayaht: Prevenindo Transtornos mentais de mulheres de forma personalizada” é o nome do projeto.

A ideia surgiu durante a pandemia de Covid-19, em 2020, quando Samira enfrentou uma crise de pânico, em Lisboa (Portugal), onde fazia um mestrado em estatística. Devido ao isolamento imposto pela pandemia, ela teve que enfrentar o problema sozinha, o que a levou a fazer uma série de pesquisas sobre o tema, uma forma de buscar ajuda. A partir daí, Samira decidiu apoiar mulheres que venham a enfrentar problemas parecidos.

Outro nome que marca o grupo de mulheres selecionadas é Ana Paula Paim, com o projeto “Mulheres Polinizando e Semeando Agroecologia no Sertão Pernambucano”, executado pela ONG Afetos, que vem ajudando comunidades carentes do interior de Pernambuco, atuando “na melhoria da qualidade de vida, por meio da ampliação do acesso à água, saneamento e fontes alternativas de energia”. A ideia surgiu também durante a pandemia de Covid-19, quando Ana Paula e outras 10 mulheres criaram a ONG Afetos, com atuação fundamentada em quatro pilares principais: educação, ações sociais contra a fome e pela dignidade das famílias, saúde e transferência de tecnologias sociais desenvolvidas em universidades e institutos de educação. No início do projeto, a organização adotou o Sítio Barro Branco, em Ibimirim (PE), como área de atuação principal.

A Afetos construiu, inicialmente, cinco sistemas de aquaponia no quintal de 5 famílias, beneficiando 10 mulheres selecionadas por meio de entrevistas realizadas pela ONG, mas “com o sucesso desse projeto, planejamos ampliar e construir novos sistemas de Aquaponia, beneficiando mais 10 famílias”, afirma Ana Paula. A Aquaponia permite associar a aquicultura convencional (criação de peixes, lagostas, camarões etc.) à hidroponia (cultivo de plantas em água). Com o apoio do edital Inova Mulher, a ONG Afetos pretende estender sua atuação para projetos de Meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão). A proposta é instalar três caixas desse tipo de abelha em cada quintal produtivo, viabilizando a produção de mel, pólen e cera, além de proporcionar a polinização de flores e árvores frutíferas, contribuindo para o meio ambiente.

Ana Paula explica que cada sistema será gerido por uma mulher da comunidade e as participantes passarão por encontros de formação com especialistas (incluindo apoio da UFPE), para aprender sobre as tecnologias de manejo dos sistemas de Aquaponia e das colmeias de abelhas sem ferrão. “Esperamos que, com as tecnologias implantadas, possamos promover o empoderamento e o engajamento das mulheres no manejo dessas tecnologias, permitindo-lhes produzir alimentos para consumo próprio e comercializar o excedente na comunidade e/ou na feira livre do município”.

Além de Vivian, Samira e Ana Paula, outras mulheres que tocam os projetos selecionados apresentaram ideias que unem tecnologia com moda, gastronomia, educação, saúde, meio ambiente, biocosméticos e tantas outras áreas de atuação. Lara Dias Lima, por exemplo, lançou, na Paraíba, o “Provador virtual 3D com avatar para moda autoral, sustentável e nordestina”. Ela criou a marca “Umói” (expressão local que significa um monte) e agora quer apostar em uma plataforma imersiva, onde os clientes poderão visualizar, por meio de avatares, as peças da marca, com acesso a uma compra inovadora e dinâmica.

No Ceará, Rejane Ferreira está à frente do projeto para formar “Mulheres Queijeiras”, com foco na alimentação vegetariana e agroecológica, que irá se basear na produção de queijos vegetais, confeccionados a partir da castanha de caju. Na área de saúde, além do projeto de Samira, outros voltados para a área de saúde, a exemplo do “Kefiran: Combate a transtornos gastrointestinais” (PE) e “Empoderando Mulheres na Saúde Digital: Ampliando o Acesso e a Eficiência no Cuidado Pós Cirúrgico através da Implantação de um ChatBot Inteligente no Hospital das Clínicas de Pernambuco”.

A ideia de Gessyca Santos, em Alagoas, é inserir mulheres, por meio de capacitação, no universo da tecnologia da inovação. A ideia é garantir o empoderamento feminino no semiárido alagoano. Na área de saúde, além do projeto de Samira, outros voltados para a área de saúde, a exemplo do “Kefiran: Combate a transtornos gastrointestinais” (PE) e “Empoderando Mulheres na Saúde Digital: Ampliando o Acesso e a Eficiência no Cuidado Pós Cirúrgico através da Implantação de um ChatBot Inteligente no Hospital das Clínicas de Pernambuco”. Outro projeto com foco em tecnologia é o “Meninas e Mulheres na Ciência: Tecnologia e Inovação” (PB), com a proposta de capacitar o público feminino nessa área, partir da seleção de 10 propostas que irão trabalhar especificamente com soluções para demandas do hidrogênio verde.

O Edital Inova Mulher é uma iniciativa da Sudene, cujo propósito é fortalecer a participação feminina no ambiente de negócios, impulsionar a liderança feminina em empresas de tecnologia e combater a disparidade de gênero no mercado de tecnologia, gerando novas oportunidades para mulheres empreendedoras.A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste está destinando R$ 4 milhões para os projetos (cada um recebendo até R$ 80 mil).

 

Fonte: Ascom Sudene

 

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