Sudene e NDB avançam na negociação para
aporte de recursos no FDNE
A Sudene recebeu hoje
(12) a segunda missão do New Development Bank (NDB), conhecido como banco dos
Brics, para tratar sobre a capitalização do Fundo de Desenvolvimento do
Nordeste (FDNE). Esta é mais uma visita da comitiva para a negociação do aporte
de US$ 300 milhões, mais de R$ 1,5 bilhão, dobrando o orçamento do fundo, que é
um dos principais instrumentos de financiamento da Autarquia para sua área de
atuação. A expectativa é de que até o fim do ano, o contrato possa ser firmado
entre a instituição financeira e o Governo Federal, através do Ministério da
Integração e do Desenvolvimento Regional.
“O FDNE é uma
importante fonte de financiamento para obras de infraestrutura nos 11 estados
de abrangência da Sudene. O orçamento deste ano tem previstos R$ 1,1 bilhão e
uma carteira projetos importantes para o Nordeste, como os de energia
renovável, a Transnordestina e a Stellantis. Então, estamos buscando ampliar
nossa capacidade de investimento e diversificar nossa carteira de projetos para
que possamos avançar em obras e empreendimentos estruturadores para a nossa
região”, afirmou o superintendente da Sudene, Danilo Cabral.
Ao final dessa rodada
de avaliação final, a equipe do NDB preparará um documento para a análise do
Conselho do banco e, então, será preparado o contrato do financiamento. Segundo
o responsável pelo Escritório Regional das Américas do Banco de Desenvolvimento
do BRICS, Alexandre Takahashi, essa etapa deve ser vencida até outubro. Em
seguida, haverá a negociação com o Ministério do Planejamento para ser
submetido à Secretaria Nacional do Tesouro e, posteriormente, ao Senado.
Espera-se que os recursos estejam disponíveis já no início de 2025.
De acordo com o
especialista em aquisições do NDB, Jitesh Ketka, há três aspectos-chave que
norteiam essa capitalização do FDNE. O planejamento do uso dos recursos de
acordo com os setores-alvo, que são geração energética – especialmente solar,
eólica, biomassa e a partir de resíduos sólidos -, transportes (estradas e
ferrovias) e logística. Os projetos
terão que atender requisitos de viabilidade técnica, financeira e econômicas e
diretrizes socioambientais.
O diretor de Gestão de
Fundos e Incentivos Fiscais da Sudene, Heitor Freire, destacou que essas
diretrizes e requisitos já são observadas pela autarquia na análise dos
projetos que solicitam financiamento do FDNE. “Nós temos a preocupação de que o
crédito seja utilizado por empresas que tenham responsabilidade ambiental e
social e que geram emprego e renda para a população”, frisou.
Durante o encontro, o
superintendente Danilo Cabral relatou a retomada do Comitê Regional de
Instituições Financeiras Federais (Coriff), com o objetivo de integrar os
instrumentos de financiamento do Nordeste e as políticas públicas setoriais,
como o Plano Regional de Desenvolvimento do Nordeste, a Nova Indústria Brasil e
o Plano de Transformação Ecológica. “O Nordeste tem uma nova agenda de
investimentos com muitas oportunidades e potencialidades para o desenvolvimento
da Região. Nossa missão, ao final, é reduzir desigualdades e, para isso,
precisamos avançar na competitividade dos estados e faremos de forma integrada
e estratégica”, ressaltou. Deste encontro, participaram dirigentes do BNDES,
Banco do Nordeste, Caixa Econômica Federal , Banco do Brasil, BDMG, Bandes
e Finep.
Além da Sudene, as
superintendências do Desenvolvimento da Amazônica (Sudam) e do Centro-Oeste
(Sudeco) também negociam com o NDB financiamento externo para fortalecer os
Fundos de Desenvolvimento da Amazônia (FDA) e do Centro-Oeste (FDCO). No total o aporte do banco dos Brics nos três
fundos de desenvolvimento deve somar US$ 500 milhões, aproximadamente RS$ 2,5
bilhões.
A missão teve início
hoje (12) e deve seguir até amanhã (13) na sede da autarquia, no Recife. Da
Sudene, estiveram presentes nas reuniões Wandemberg Almeida, coordenação-geral
de Fundos de Desenvolvimento e de Financiamento; Thiago Teles, coordenador do FDNE;
Artur Sedycias, coordenador de
Monitoramento e Planejamento dos Fundos de Desenvolvimento e Constitucional; a
economista Cláudia Maria da Silva. Pelo MIDR, esteve presente Gessé Santana
Borges, coordenador-geral de Políticas e Normas dos Fundos de Desenvolvimento
Regional. Representando o NDB, além de
Alexandre Takahashi e Jitesh Ketkar, participaram Balasubramanian J., Jianliang Xiao e Mikhail Moshkov.
• Empreendedoras começam a dar forma ao
Inova Mulher
O Inova Mulher agora
tem rostos, vozes e nomes como Vivian, Samira, Rejane, Ana Paula e tantas
outras, que protagonizam histórias de empreendedorismo, luta e união em prol da
ocupação feminina no mercado de trabalho. Na próxima quarta-feira, dia 18, a Sudene
divulga o resultado final do Inova Mulher, com a seleção de 31 projetos
inovadores que serão apoiados pela Autarquia, confirmando as informações
divulgadas no fim de agosto. As propostas focam em diversas temáticas
vinculadas ao desenvolvimento regional, como bioeconomia, saúde, agroecologia,
comunicação, moda e tecnologia da informação.
Uma das vozes do
projeto é da banda baiana Yayá Muxima, que sonha com a gravação do primeiro EP
(Extended Play) e é formada por mulheres percussionistas, com um repertório
voltado para o samba reggae e a música eletrônica. Vivian Caroline está à
frente do grupo musical e destaca a expectativa de chegar às plataformas de
streaming, especialmente com o impulso que está sendo dado pela Sudene.
Segundo Vivian, além
de inserir mulheres negras e artistas que integram a banda no mercado da
música, o projeto pretende levar mensagens a favor da diversidade musical e do
combate à violência cultural contra mulheres. “Queremos fortalecer iniciativas
protagonizadas por mulheres e ampliar nosso território de alcance”. O projeto
social conta com sessenta mulheres. “Na Banda nós revezamos em formatos que
variam de sete a 14 mulheres”.
Yayá Muxima, criada em
2022, utiliza inteligência artificial e tecnologias ligadas à música, a exemplo
da masterização, mixagem e finalização musical. Vivian explica que “Yayá é
yorubá e representa o feminino, muito usado para mãe, avó, Yalorixá. Costumo
dizer que é feminino com poder de amor, afeto e cuidado. Muxima é uma palavra
de um dialeto africano que significa coração. Considero que o coração é o
tambor que todas nós carregamos no corpo. Escolhi esse nome por representar a
batida que nutre os corpos das mulheres”.
A maranhense Samira
Nogueira – outro nome que representa os projetos selecionados para o Inova
Mulher – vem apostando em um aplicativo criado para apoiar, de forma
personalizada, mulheres com transtornos mentais, especialmente ligados ao
esgotamento físico e mental. Ela é CEO e Fundadora da Dayaht, “uma startup que
busca prevenir transtornos mentais e emocionais de mulheres através de um
aplicativo que utiliza inteligência artificial e gamificação para personalizar
terapias de acordo com o perfil de cada usuária”, explica Samira. Por meio
dessa tecnologia, serão indicados conteúdos e terapias de acordo com o perfil
biológico, social, cultural, racial, econômico e espiritual. A iniciativa conta
com a parceria da Microsoft para o desenvolvimento de infraestrutura de dados e
algoritmos. “Dayaht: Prevenindo Transtornos mentais de mulheres de forma
personalizada” é o nome do projeto.
A ideia surgiu durante
a pandemia de Covid-19, em 2020, quando Samira enfrentou uma crise de pânico,
em Lisboa (Portugal), onde fazia um mestrado em estatística. Devido ao
isolamento imposto pela pandemia, ela teve que enfrentar o problema sozinha, o
que a levou a fazer uma série de pesquisas sobre o tema, uma forma de buscar
ajuda. A partir daí, Samira decidiu apoiar mulheres que venham a enfrentar
problemas parecidos.
Outro nome que marca o
grupo de mulheres selecionadas é Ana Paula Paim, com o projeto “Mulheres
Polinizando e Semeando Agroecologia no Sertão Pernambucano”, executado pela ONG
Afetos, que vem ajudando comunidades carentes do interior de Pernambuco, atuando
“na melhoria da qualidade de vida, por meio da ampliação do acesso à água,
saneamento e fontes alternativas de energia”. A ideia surgiu também durante a
pandemia de Covid-19, quando Ana Paula e outras 10 mulheres criaram a ONG
Afetos, com atuação fundamentada em quatro pilares principais: educação, ações
sociais contra a fome e pela dignidade das famílias, saúde e transferência de
tecnologias sociais desenvolvidas em universidades e institutos de educação. No
início do projeto, a organização adotou o Sítio Barro Branco, em Ibimirim (PE),
como área de atuação principal.
A Afetos construiu,
inicialmente, cinco sistemas de aquaponia no quintal de 5 famílias,
beneficiando 10 mulheres selecionadas por meio de entrevistas realizadas pela
ONG, mas “com o sucesso desse projeto, planejamos ampliar e construir novos
sistemas de Aquaponia, beneficiando mais 10 famílias”, afirma Ana Paula. A
Aquaponia permite associar a aquicultura convencional (criação de peixes,
lagostas, camarões etc.) à hidroponia (cultivo de plantas em água). Com o apoio
do edital Inova Mulher, a ONG Afetos pretende estender sua atuação para
projetos de Meliponicultura (criação de abelhas nativas sem ferrão). A proposta
é instalar três caixas desse tipo de abelha em cada quintal produtivo,
viabilizando a produção de mel, pólen e cera, além de proporcionar a polinização
de flores e árvores frutíferas, contribuindo para o meio ambiente.
Ana Paula explica que
cada sistema será gerido por uma mulher da comunidade e as participantes
passarão por encontros de formação com especialistas (incluindo apoio da UFPE),
para aprender sobre as tecnologias de manejo dos sistemas de Aquaponia e das colmeias
de abelhas sem ferrão. “Esperamos que, com as tecnologias implantadas, possamos
promover o empoderamento e o engajamento das mulheres no manejo dessas
tecnologias, permitindo-lhes produzir alimentos para consumo próprio e
comercializar o excedente na comunidade e/ou na feira livre do município”.
Além de Vivian, Samira
e Ana Paula, outras mulheres que tocam os projetos selecionados apresentaram
ideias que unem tecnologia com moda, gastronomia, educação, saúde, meio
ambiente, biocosméticos e tantas outras áreas de atuação. Lara Dias Lima, por
exemplo, lançou, na Paraíba, o “Provador virtual 3D com avatar para moda
autoral, sustentável e nordestina”. Ela criou a marca “Umói” (expressão local
que significa um monte) e agora quer apostar em uma plataforma imersiva, onde
os clientes poderão visualizar, por meio de avatares, as peças da marca, com
acesso a uma compra inovadora e dinâmica.
No Ceará, Rejane
Ferreira está à frente do projeto para formar “Mulheres Queijeiras”, com foco
na alimentação vegetariana e agroecológica, que irá se basear na produção de
queijos vegetais, confeccionados a partir da castanha de caju. Na área de
saúde, além do projeto de Samira, outros voltados para a área de saúde, a
exemplo do “Kefiran: Combate a transtornos gastrointestinais” (PE) e
“Empoderando Mulheres na Saúde Digital: Ampliando o Acesso e a Eficiência no
Cuidado Pós Cirúrgico através da Implantação de um ChatBot Inteligente no
Hospital das Clínicas de Pernambuco”.
A ideia de Gessyca
Santos, em Alagoas, é inserir mulheres, por meio de capacitação, no universo da
tecnologia da inovação. A ideia é garantir o empoderamento feminino no
semiárido alagoano. Na área de saúde, além do projeto de Samira, outros
voltados para a área de saúde, a exemplo do “Kefiran: Combate a transtornos
gastrointestinais” (PE) e “Empoderando Mulheres na Saúde Digital: Ampliando o
Acesso e a Eficiência no Cuidado Pós Cirúrgico através da Implantação de um
ChatBot Inteligente no Hospital das Clínicas de Pernambuco”. Outro projeto com
foco em tecnologia é o “Meninas e Mulheres na Ciência: Tecnologia e Inovação”
(PB), com a proposta de capacitar o público feminino nessa área, partir da
seleção de 10 propostas que irão trabalhar especificamente com soluções para
demandas do hidrogênio verde.
O Edital Inova Mulher
é uma iniciativa da Sudene, cujo propósito é fortalecer a participação feminina
no ambiente de negócios, impulsionar a liderança feminina em empresas de
tecnologia e combater a disparidade de gênero no mercado de tecnologia, gerando
novas oportunidades para mulheres empreendedoras.A Superintendência do
Desenvolvimento do Nordeste está destinando R$ 4 milhões para os projetos (cada
um recebendo até R$ 80 mil).
Fonte: Ascom Sudene
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