Plataformas ajudam eleitor que pretende
votar em candidaturas indígenas, negras e LGBTQIA+
De acordo com dados do
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), nas últimas eleições municipais, que
ocorreram em 2020, o perfil médio dos candidatos eleitos foi de homens brancos.
Das 58 mil candidaturas que venceram o pleito, 84% eram homens e apenas 16% mulheres.
Além disso, 948 câmaras municipais não possuem nenhuma mulher eleita. Já no que
diz respeito à raça, 53,5% dos eleitos se declararam brancos/as e 44,7%
negros/as, enquanto indígenas não chegam nem a 1% do total.
A composição das casas
legislativas não refletem o perfil da população brasileira, que, de acordo com
o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), é de maioria
feminina e negra. De acordo com o Informe de Monitoramento e Avaliação do Ministério
da Igualdade Racial, o Brasil possui uma população de mais de 57 milhões de
mulheres pardas e negras.
A fim de mudar a falta
de representatividade nas casas legislativas do Brasil, e incidir na eleição de
candidaturas comprometidas com pautas feministas e antirracistas, plataformas
online criam campanhas para reunir a apresentar aos eleitores uma diversidade
de candidatos/as negros/as, LGBTQIA+, feministas e indígenas.
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Confira abaixo algumas dessas plataformas e saiba como acessá-las:
• Vote LGBT e Antra
O Vote LGBT é uma
iniciativa que desde 2014 desenvolve uma gama de ações com o objetivo de
construir uma política LGBT+. A plataforma é responsável por gerar dados,
apoiar lideranças e mobilização do eleitorado, criar ferramentas digitais e
campanhas de sensibilização e incidência.
Nestas eleições, a
plataforma registrou 3.037 nomes distribuídas em 28 partidos. Neste ano, pela
primeira vez, o Tribunal Superior Eleitoral possibilitou que as candidaturas
pudessem se declarar LGBT+. Na plataforma, é possível ver as candidaturas por
estado e também encontrar os dados de raça, identidade e orientação
sexual/afetivas dos/as candidatos/as. Além das propostas que são prioridades
para as candidaturas. De acordo com a plataforma, em Pernambuco há 32
candidaturas LGBT+, a maioria do PSOL.
O advogado, professor
e educador social, Eduardo Paysan (PSOL), é um dos candidatos indicados pela
plataforma e fala sobre a importância de ter pessoas LGBTQIA+ ocupando as casas
legislativas municipais: “é necessário que a gente ocupe esse espaço na política
para que a gente possa falar por nós mesmos através das nossas vivências e das
nossas próprias conquistas Temos esperança de ocupar a câmara municipal para
travar lutas em prol da nossa comunidade, mas não só por ela, porque nós somos
LGBT, mas somos bem mais que isso também”.
“Infelizmente a
política tem sido dominada por um campo político conservador, reacionário, que
tem andado de mãos dadas com uma pseudo fé e que tem promovido muito ódio
contra a população LGBT e usado esse ódio como trampolim eleitoral e nós temos
preparo para contrapor tudo isso e ser a voz da liberdade e do amor”, concluiu
o candidato a vereador no Recife.
Desde 2014 a
Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) apresenta um
levantamento das candidaturas de pessoas trans no Brasil. Para as eleições de
2024, a associação publicou uma nota reforçando a importância do TSE finalmente
incluir e divulgar os dados de pessoas trans nas eleições. Graças aos dados
públicos do TSE, a Antra não precisará mais fazer um mapeamento e monitoramento
dos dados de forma independente. Com isso, a associação se juntou à plataforma
Vote LGBT para reunir e indicar aos eleitores quem representa a população trans
nessas eleições.
“O número de
candidaturas em 2024 representa um aumento de 229% em relação ao ano de 2020,
quando dados da ANTRA mapearam 294 candidaturas, demonstrando a importância de
que o Estado assuma o compromisso de produzir essas informações de forma
qualificada e comprometida”, destacou a nota publicada pela associação.
De acordo com os dados
do TSE, nas eleições deste ano 968 candidaturas são de pessoas que se
declararam transgêneras. O número representa 0,21% do total de 455.752
candidatos, sendo sete para prefeituras, 10 para vice-prefeitura e 951 para
vereança. São 600 candidaturas negras, 352 brancas, nove indígenas, duas de
pessoas autodeclaras amarelas e seis não informaram raça ou etnia. Destas, 702
são de pessoas transfemininas e 266 de transmasculinidades.
• Eu Voto em Negra
Lançada em 2022, a
campanha “Eu voto em negra” tem como objetivo apoiar mulheres negras com
atuação política com uma perspectiva feminista e antirracista para enfrentar as
crises democráticas no Brasil.
Mais do que ser uma
plataforma para divulgar candidaturas, a iniciativa – que surgiu em 2018 por
articulação das organizações Casa da Mulher do Nordeste, Centro das Mulheres do
Cabo e Movimento das Mulheres Trabalhadoras Rurais (MMTR) e da Rede de Mulheres
Negras de Pernambuco -, apresenta várias ações de formação e comunicação para
as candidatas.
“A estrutura do
sistema eleitoral não foi feita para que as mulheres negras ocupem os espaços,
porque ela exige um preparo e uma dedicação de tempo que, muitas vezes, as
mulheres negras não dispõem. Além disso, dentro dos próprios partidos a gente
encontra dificuldade para que as campanhas de mulheres recebam um bom
financiamento. Por isso, iniciativas assim são um amparo para que nós possamos
ocupar a política”, declarou a candidata a vereadora do Recife, Ailce Moreira
(PSOL), integrante da campanha Eu Voto em Negra.
A campanha oferece uma
variedade de ferramentas e formações para que as candidatas negras obtenham
sucesso no ingresso e permanência na política institucional. Além disso, a
iniciativa apresenta propostas e pautas que devem ser defendidas pelas
candidatas, numa perspectiva de combate ao racismo e ao sexismo. As
candidaturas que integram a campanha estão divulgadas no Instagram da Eu Voto
em Negra.
• Campanha Indígena
De acordo com o estudo
Perfil do Poder – Eleições 2024, realizado pelo Instituto de Estudo
Socioeconômicos (Inesc), nestas eleições, os indígenas passaram de 2.172
candidaturas, em 2020, para 2.479 candidaturas registradas. O número representa
uma alta de 14,13% e o crescimento foi notado em todas as regiões do Brasil.
Neste ano, pela
primeira vez o TSE permite que o candidato/a indique a qual povo indígena ele/a
pertence.
Para garantir uma
maior expressividade dessas candidaturas nas casas legislativas, a Articulação
dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) possui, desde 2020, o site Campanha
Indígena. A plataforma reúne informações sobre o estado, cidade, povo e partido
ao qual os candidatos/as pertencem, além de um manifesto com propostas que
pretendem assegurar a promoção e a defesa dos direitos indígenas no país.
Para as eleições deste
ano, estão registradas na plataforma 2.508 candidaturas indígenas de 169 povos
diferentes. O maior número de candidaturas registradas são do Amazonas. Em
Pernambuco, há 145 candidaturas indígenas, a maioria do PT.
Uma das candidaturas
indígenas indicadas pela plataforma é a do cacique Marcos Xukuru
(Republicanos), liderança indígena do povo Xukuru do Ororubá, no município de
Pesqueira, no Agreste de Pernambuco.
Fonte: Marco Zero
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