China pede cooperação 'ganha-ganha'
enquanto EUA veem 'jogo de soma zero', diz especialista
A República Popular da
China continua buscando parcerias mutuamente benéficas com os Estados Unidos e
o resto do mundo, mas os líderes dos EUA estão comprometidos em ver a ascensão
do país asiático como um desafio à sua hegemonia, de acordo com o analista K.J.
Noh.
Pequim tem perseguido
cada vez mais a busca pelo desenvolvimento econômico que forneça benefícios
tangíveis para os países parceiros, construindo ferrovias de alta velocidade e
outros projetos por meio de sua Iniciativa Cinturão e Rota.
Falando à Sputnik, o
escritor e ativista pela paz K.J. Noh, ainda na segunda-feira (23), discutiu a
rivalidade econômica posta entre Washington e Pequim, enquanto o diplomata
chinês sênior Wu Hailong acusou a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, de não
ver o quadro geral dessa disputa entre as duas superpotências.
"Você não pode
sempre pensar que precisa vencer [e] sempre presumir que os outros só podem
perder", disse Hailong, referindo-se aos comentários feitos pela candidata
presidencial democrata durante seu discurso de aceitação no mês passado. Harris
insistiu que os Estados Unidos — não a China — deveriam liderar o mundo em
avanços relacionados ao espaço e à inteligência artificial (IA), caracterizando
a rivalidade entre os EUA e a China como uma "competição para o século
XXI".
"Por que nem
todos podem vencer?", perguntou Hailong.
"Por que os EUA
são os únicos que vencem? Essa perspectiva é uma imagem tão pequena e esse é o
problema com as percepções dos Estados Unidos. [...] Não queremos ser os
líderes do mundo e, mais importante, não queremos dominar o mundo e ser a
próxima América [do Norte]", insistiu o diplomata.
"Os chineses
querem relações ganha-ganha", observou Noh, usando um termo frequentemente
empregado em declarações públicas oficiais chinesas. "Eles querem relações
mutuamente benéficas e acreditam que isso pode ser feito. E não é simplesmente
uma política. Na verdade, é a maneira como o sistema econômico funciona se você
tiver boas relações mútuas equitativas."
"Eu lhe dou algo
que você precisa, você me dá algo de que preciso e ambos obtemos eficiência com
isso. Ou eu te dou algo e isso te ajuda a desenvolver algo, o que me ajuda a
desenvolver algo e nós criamos esse tipo de conhecimento ou técnico ou científico
comum. Ganha-ganha é como a espécie humana se desenvolveu. É como as sociedades
humanas se desenvolveram e o que os EUA querem fazer é transformar isso em
[jogo de] soma zero. Ganha-perde, ou melhor, você perde, nós devemos
ganhar", afirmou Noh.
A China tem se
referido à Iniciativa Cinturão e Rota como "um pilar fundamental da
comunidade global de futuro compartilhado", alegando que ajudará a superar
as divisões econômicas causadas pelo desenvolvimento econômico desigual na era
neoliberal.
"É imperativo
abordar problemas globais como crescimento econômico lento, deficiências na
governança econômica e desenvolvimento econômico desequilibrado", insistiu
o país em uma declaração recente.
"Não é mais
aceitável que apenas alguns países dominem o desenvolvimento econômico mundial,
controlem as regras econômicas e desfrutem dos frutos do desenvolvimento. A
iniciativa tem como alvo o desenvolvimento não apenas da China, mas do mundo em
geral."
"A única maneira
de os EUA [transformarem o desenvolvimento em um jogo de soma zero] é realmente
atropelando a China, ou se envolvendo em outras ações dissimuladas, ou — mais
provavelmente e isso se torna cada vez mais visível — se envolvendo em uma
guerra quente. É uma política terrível, terrível. Mas a questão é: Kamala
Harris sabe o que está fazendo?", questionou o analista.
"As pessoas que
estão no controle são as pessoas do [centro de estudos Center for a New
American Security], são Kurt Campbell, Michele Flournoy e os outros
neoconservadores que estão na administração e eles estarão controlando a agenda
da política externa, que foi definida há décadas. Essencialmente, é uma guerra
com a China", concluiu.
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China lamenta que UE tenha recorrido à OMC por investigação sobre produtos
lácteos do bloco
Pequim lamenta que
Bruxelas esteja contestando a decisão da China de iniciar uma investigação
antissubsídios sobre produtos lácteos europeus na Organização Mundial do
Comércio (OMC), disse o Ministério do Comércio chinês nesta segunda-feira (23).
No início do dia, a
Comissão Europeia disse que havia lançado uma solicitação de consulta na OMC
contestando a investigação da China sobre importações de certos produtos
lácteos da União Europeia (UE).
Em nota publicada em
seu site, a Comissão Europeia afirmou que se não for conduzida uma solução
satisfatória, "a UE poderá solicitar a criação de um painel da OMC para
decidir sobre essa investigação".
"O lado chinês
lamenta que a UE tenha encaminhado o caso de investigação antissubsídios ao
mecanismo de solução de controvérsias da OMC e tomará medidas de acordo com as
regras da OMC", disse um porta-voz do Ministério do Comércio, citado pela China
Central Television (CCTV).
A investigação foi
iniciada sob a lei chinesa e a pedido de produtores de alimentos chineses,
informou a CCTV.
No final de agosto, o
Ministério do Comércio chinês anunciou uma investigação antissubsídios sobre
produtos lácteos europeus, que começou no dia 21 de agosto e deve levar até um
ano, mas pode ser estendida por mais seis meses sob determinadas circunstâncias.
A investigação tem como alvo leite e cremes produzidos na UE com teor de
gordura superior a 10%, bem como vários tipos de queijos.
O anúncio foi feito um
dia após a Comissão Europeia informar que havia enviado às partes interessadas
um rascunho da decisão final a respeito da introdução de taxas de importação
sobre carros elétricos trazidos da China. As taxas devem variar de 17% a 36,3%,
a depender do fabricante. Espera-se que a decisão entre em vigor até novembro.
O Ministério do
Comércio chinês acusou repetidamente Bruxelas de atiçar conflitos comerciais
que podem resultar em uma guerra comercial completa e enfatizou a determinação
da China em proteger seus interesses legítimos contra o que descreve como
protecionismo europeu.
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Especialista: AGNU
pode trazer 'surpresas' em questões dos conflitos ucraniano e israelo-palestino
Os debates de chefes
de Estado na Assembleia Geral da ONU, que começaram nesta terça, 24 de
setembro, podem trazer "surpresas" em temas como os conflitos
ucraniano e palestino-israelense, além de iniciativas para resolvê-los,
acredita Andrei Kortunov, o diretor científico do Conselho de Assuntos
Internacionais da Rússia.
"Se falamos de
crises específicas, o papel principal em sua resolução deve ser desempenhado
pelo Conselho de Segurança, não pela Assembleia Geral, já que apenas as
decisões do Conselho de Segurança são vinculativas", disse o especialista
à Sputnik.
As decisões da
Assembleia Geral são mais um indicador da opinião da comunidade internacional
sobre determinados problemas.
Ao mesmo tempo, como
observou o especialista, nos últimos anos, o Secretariado da ONU e o
secretário-geral António Guterres têm se mostrado mais predispostos a lidar com
as questões do desenvolvimento sustentável em vez das relacionadas à segurança.
"Se falarmos
sobre a Assembleia Geral, é provável que tenhamos algumas surpresas, algumas
novas ideias relacionadas, talvez, à solução do conflito ucraniano e
palestino-israelense. Mas, como mostra a prática, será muito difícil tomar
medidas efetivas sem decisões relevantes por parte do Conselho de
Segurança", afirma o especialista.
Ele acredita que, no
atual ambiente geopolítico, é difícil conseguir unidade no Conselho de
Segurança da ONU em relação aos principais conflitos.
É por isso que António
Guterres enfatizou as metas de desenvolvimento sustentável, a transição
energética e a superação da pobreza.
Essa agenda já foi
discutida em Nova York na Cúpula do Futuro, com a adoção, em 22 de setembro, do
Pacto para o Futuro sobre a reforma do Conselho de Segurança da ONU.
"Acho que o tom
[do evento] já foi definido pela Cúpula do Futuro. Será mantido durante esta
sessão da Assembleia Geral: que há sérias preocupações sobre o colapso da
governança global e regional, a multiplicação de situações de crise, o
agravamento em muitas regiões do mundo. O mais difícil será provavelmente o
fato de termos que restaurar essa governabilidade. Todos vão ter seus próprios
pontos de vista sobre como isso pode ser feito", disse Kortunov.
A 79ª sessão da
Assembleia Geral da ONU teve início em 10 de setembro, em Nova York.
O principal evento das
sessões da Assembleia Geral é tradicionalmente a Semana de Alto Nível, um
evento que reúne chefes de Estado e ministros todos os anos para falar sobre
tópicos urgentes.
O debate deste ano
ocorrerá de 24 a 28 de setembro, bem como em 30 de setembro.
¨ Zelensky se nega a conversar com a Rússia para resolver conflito
na Ucrânia durante reunião do CSNU
Durante reunião do
Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (CSNU) realizada nesta
terça-feira (24), Vladimir Zelensky disse não estar disposto a manter conversas
com a Rússia para solucionar o conflito na Ucrânia.
Em seu discurso,
Zelensky novamente defendeu o uso de sua fórmula de paz para resolver o
conflito.
Ele também pediu pela
preparação de "uma segunda cúpula de paz" na Ucrânia para encerrar o
conflito com a Rússia.
Vladimir também
convidou a China, o Brasil, os países asiáticos, os países latino-americanos,
os Estados Unidos e outros a participarem do processo de resolução do conflito.
Negociações fora do
radar após investida terrorista de Zelensky
Após o ataque
terrorista das Forças Armadas Ucranianas na região de Kursk, Putin classificou
como impossíveis as negociações com aqueles que "atacam
indiscriminadamente civis, infraestrutura civil ou tentam criar ameaças a
instalações de energia nuclear".
O assessor
presidencial russo Yuri Ushakov declarou mais tarde que as propostas de paz de
Moscou para um acordo ucraniano, expressas anteriormente pelo chefe de Estado
russo, não foram canceladas, mas neste momento, "dada esta aventura",
a Rússia não conversará com a Ucrânia.
Fonte: Sputnik Brasil
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