Bilhões de pessoas não comem 7 nutrientes
essenciais; veja quais são
Nutrientes como ferro
e cálcio são fundamentais para a saúde do sangue e dos ossos, respectivamente.
No entanto, mais da metade da população mundial não consome o suficiente desses
e de outros cinco nutrientes também cruciais para a saúde humana, de acordo com
um novo estudo publicado no dia 29 de agosto na The Lancet Global Health.
Segundo o trabalho,
mais de 5 bilhões de pessoas não consomem quantidade suficiente de iodo,
vitamina E ou cálcio. Além disso, mais de 4 bilhões têm ingestão insuficiente
de ferro, riboflavina, folato e vitamina C.
“Nosso estudo é um
grande avanço”, afirma coautor do estudo, Christopher Free, pesquisador
assistente do Instituto de Ciências Marinhas e da Escola de Ciências Ambientais
e Gestão Bren da Universidade da Califórnia, em Santa Bárbara, em comunicado à
imprensa. Free também é especialista em nutrição humana.
Isso ocorre “não
apenas porque é o primeiro a estimar a ingestão inadequada de micronutrientes
para 34 grupos de idade e sexo em quase todos os países,” acrescenta Free, “mas
também porque torna esses métodos e resultados facilmente acessíveis para pesquisadores
e profissionais.”
Estudos anteriores
avaliaram deficiências globais de micronutrientes ou suprimentos insuficientes
de alimentos que os contêm, mas não havia estimativas globais de ingestão
considerada inadequada com base nas necessidades nutricionais, de acordo com o
estudo mais recente.
Por essas razões, a
equipe de pesquisa estimou a prevalência de ingestão inadequada de 15
micronutrientes em 185 países, ou 99,3% da população. Eles fizeram isso por
meio de modelagem — aplicando um “conjunto globalmente harmonizado de
necessidades nutricionais específicas de idade e sexo” aos dados do Banco de
Dados Dietético Global de 2018, que fornece estimativas de ingestão com base em
dados de pesquisas individuais, pesquisas domiciliares e suprimentos nacionais
de alimentos.
Os autores também
encontraram diferenças entre mulheres e homens. As mulheres tinham maior
probabilidade do que os homens de não consumir quantidade suficiente de iodo,
vitamina B12, ferro e selênio. Já os homens não ingeriam o suficiente de
magnésio, zinco, tiamina, niacina e vitaminas A, B6 e C.
Havia também padrões
geográficos. Na Índia, as ingestões insuficientes de riboflavina, folato e
vitaminas B6 e B12 foram especialmente altas, enquanto a baixa ingestão de
cálcio foi maior no sul e leste da Ásia, na África Subsaariana e no Pacífico.
“Esses resultados são
alarmantes”, afirma o coautor do estudo Ty Beal, especialista técnico sênior da
Aliança Global para Nutrição Melhorada, com sede na Suíça, no comunicado. “A
maioria das pessoas — mais do que se pensava anteriormente, em todas as regiões
e países de todas as rendas — não está consumindo o suficiente de vários
micronutrientes essenciais. Essas lacunas comprometem os resultados de saúde e
limitam o potencial humano em escala global.”
Embora os achados
sejam únicos, eles estão alinhados com o que outros estudos menores,
específicos de países, descobriram ao longo dos anos, segundo Lauren Sastre,
professora assistente de ciência da nutrição e diretora do Programa Farm to
Clinic na East Carolina University, na Carolina do Norte, por e-mail.
“Este é um estudo
valioso”, acrescentou Sastre, que não participou da pesquisa.
• Os problemas de avaliar dietas em todo o
mundo
O estudo tem várias
limitações importantes. Em primeiro lugar, como a pesquisa não inclui o consumo
de suplementos e alimentos fortificados, algumas das inadequações encontradas
no estudo podem não ser tão graves na vida real se algumas pessoas estiverem
consumindo suplementos e alimentos fortificados que teoricamente aumentariam
suas ingestões de certos nutrientes, disseram os autores. No entanto, a
suplementação e a fortificação com muitos dos outros nutrientes estudados são
incomuns globalmente, disseram os autores.
Mas 89% das pessoas em
todo o mundo consomem sal iodado, de acordo com a Unicef. “Portanto, o iodo
pode ser o único nutriente para o qual a ingestão inadequada de alimentos é
amplamente superestimada”, disseram os autores, referindo-se aos seus achados.
“Minha única crítica é
que eles deixaram de fora o potássio, citando que não há padrões”, diz Sastre.
“Certamente temos (uma quantidade diária recomendada) de potássio nos EUA, e a
maioria das pessoas não consome nem perto o suficiente. E precisa ser equilibrado
com o sódio. Temos pessoas consumindo muito sódio e quase nenhum potássio, que
é essencial para a pressão arterial (e) saúde do coração.”
Além disso,
informações mais completas sobre a ingestão dietética individual em todo o
mundo são escassas, especialmente conjuntos de dados que são representativos
nacionalmente ou contêm mais de dois dias de ingestão, disseram os
pesquisadores. Essa escassez limita a capacidade dos pesquisadores de validar
suas estimativas modeladas.
E, embora a equipe
tenha medido ingestões inadequadas, ela não tinha dados sobre se essas
ingestões levaram a deficiências que devem ser diagnosticadas por um médico ou
nutricionista com base em exames de sangue e/ou sintomas.
• Como ter uma dieta mais nutritiva?
Nutricionistas e
médicos podem ajudar você a determinar se está recebendo quantidade suficiente
de certas vitaminas ou minerais ou se você tem deficiências comprovadas por
exame de sangue.
“Os micronutrientes
têm papéis críticos na função celular, na imunidade (e) no metabolismo,” disse
Sastre. “No entanto, não estamos consumindo frutas, vegetais, nozes, sementes,
grãos integrais — onde eles são encontrados. Precisamos seguir a recomendação
da American Heart Association de “comer o arco-íris”.
Aqui está uma lista de
por que os sete nutrientes com menor ingestão global são importantes e alguns
dos alimentos nos quais eles são encontrados:
1. Cálcio
• Importante para ossos fortes e saúde
geral
• Encontrado em produtos lácteos e
alternativas fortificadas à base de soja, amêndoa ou arroz; vegetais de folhas
verdes escuras; tofu; sardinhas; salmão; tahine; e suco de laranja ou toranja
fortificado
2. Folato
Importante para a
formação de glóbulos vermelhos e o crescimento e funcionamento das células,
especialmente durante a gravidez.
Encontrado em vegetais
verdes escuros, feijões, ervilhas, lentilhas e grãos enriquecidos como pão,
macarrão, arroz e cereais
3. Iodo
• Importante para a função da tireoide e
desenvolvimento dos ossos e do cérebro
• Encontrado em peixes, algas marinhas,
camarão, produtos lácteos, ovos e sal iodado
4. Ferro
• Importante para o transporte de oxigênio
no corpo, bem como para o crescimento e desenvolvimento
• Encontrado em ostras, pato, carne
bovina, sardinhas, caranguejo, cordeiro, grãos fortificados, espinafre,
alcachofras, feijões, lentilhas, folhas verdes escuras e batatas
5. Magnésio
• Importante para a função muscular e
nervosa, açúcar no sangue, pressão arterial e a formação de proteínas, ossos e
DNA
• Encontrado em leguminosas, nozes,
sementes, grãos integrais, vegetais de folhas verdes e cereais fortificados
6. Niacina
• Importante para os sistemas nervoso e digestivo
• Encontrada em carne bovina, frango,
molho marinara, peru, arroz integral, sementes de abóbora, salmão e grãos
fortificados
7. Riboflavina
• Importante para o metabolismo dos
alimentos para energia, o sistema imunológico e a saúde da pele e do cabelo
• Encontrada em ovos, produtos lácteos,
carnes, grãos e vegetais verdes
Fonte: CNN Brasil
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