No Recife, parques alagáveis para crise do
clima ameaçam 40 comunidades de despejo
Parques alagáveis,
construídos nas margens dos rios para absorver transbordamentos e minimizar o
risco de enchentes. Esse modelo, inspirado no conceito de “cidades-esponja” e
em experiências da Holanda e da Coreia do Sul, parece ser um futuro viável para
locais que sofrem constantemente com enchentes. No Brasil, cidades como
Recife, a 16ª mais vulnerável do mundo
às mudanças climáticas e a mais ameaçada pelo avanço do nível do mar no país,
seria uma candidata perfeita. O paradoxo é que, na capital pernambucana,
investimentos bilionários para construção desses parques e de outras obras
aparentemente sustentáveis se tornaram ameaça de despejo para milhares de
famílias.
A maioria dessas
intervenções faz parte do Programa de Requalificação e Resiliência Urbana em
Áreas de Vulnerabilidade Urbana (ProMorar), um grande plano de ações com
financiamento de R$ 2 bilhões do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Ele é o carro-chefe da gestão do prefeito João Campos (PSB), favorito à
reeleição e que usa os canteiros de obras para aumentar sua popularidade nas
redes sociais.
Em linhas gerais, o
ProMorar pretende reduzir os riscos de enchentes e deslizamentos de terra,
considerando as mudanças climáticas. Ele começou logo depois das cheias de
2022, que mataram 133 pessoas e afetaram 120 mil em Pernambuco. As ações devem
ser desenvolvidas ao longo de seis anos e afetar 40 comunidades de Recife, mas
até agora apenas 17 são conhecidas. A prefeitura não disse quantas famílias
serão desapropriadas ao longo das obras, mas a Articulação Recife de Luta –
entidade formada por ONGs e movimentos sociais – calcula que sejam mais de 3
mil.
A falta de
transparência e diálogo da prefeitura de Recife com relação ao ProMorar fez o
Ministério Público de Pernambuco (MPPE) abrir um procedimento administrativo
para acompanhar as ações em audiências a cada dois meses.
Percorremos seis
comunidades em áreas de risco de alagamento onde estão sendo construídos
parques alagáveis e obras do ProMorar ou que foram visitadas por equipes do
programa recentemente. As pessoas que entrevistamos disseram que estão com medo
de serem despejadas sem que seja oferecida opção de moradia digna. Elas dizem
que faltam informações sobre a quantidade de desapropriações e compensações.
Reclamam também que não estão sendo ouvidas, embora o programa preveja escutas
populares e ações “planejadas em conjunto” com as comunidades.
<><> Por
que isso importa?
• Recife é considerada a capital
brasileira mais vulnerável às mudanças climáticas devido ao risco de aumento do
nível do mar e enchentes.
• O ProMorar, projeto que tem
financiamento de R$ 2 bilhões, propõe obras de adaptação climática, mas pode se
tornar uma grande crise de moradia para quem vive em situação precária e em
áreas de risco.
<><> No
primeiro parque alagável, mais de 95 casas demolidas
Recife é a quinta
cidade com maior população vivendo em áreas de risco do país. São mais de 200
mil pessoas nessa situação, morando sobretudo em áreas de morros e encostas,
segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais
(Cemaden).
Além de estar sendo
lentamente engolida pelo mar, a capital pernambucana é atravessada por três
grandes rios: Beberibe, Capibaribe e Tejipió. Suas margens são territórios
densamente povoados, onde as populações convivem com alagamentos frequentes e
tragédias de grandes proporções quando chove muito. É nessas áreas que estão
sendo construídos os parques alagáveis e grande parte das obras de resiliência
climática.
O rio Tejipió é o foco
principal. Ele é “um dos mais sérios desafios de drenagem” da cidade, de acordo
com a prefeitura, que mobiliza R$ 500 milhões de investimentos na construção de
quatro parques alagáveis, capazes de drenar o excesso de água, além de intervenções
nos rios Jiquiá e Moxotó, que integram a bacia. O objetivo é reduzir o volume
de alagamentos pela metade.
O primeiro parque
alagável da cidade não está no escopo do ProMorar. É uma obra da Autarquia de
Urbanização (URB) da prefeitura, no bairro do Ipsep, zona sul de Recife, onde
foram demolidas mais de 95 casas. Ainda era possível ver os tijolos que
sobraram das paredes quando visitamos o bairro.
O prefeito João Campos
garantiu que “todos os imóveis que existiam foram indenizados”, mas uma
moradora nos contou, em condição de anonimato, que “nem todo mundo achou a
indenização justa”. “As pessoas mais pobres, com casas de menos estrutura,
receberam pouco. Mas o pessoal não reclama porque tem medo de falar mal da
prefeitura”, disse.
A moradora reclama que
o alargamento das margens (de 8 para 30 metros), para facilitar o escoamento,
terminou aproximando o rio da casa dela. “Agora estou com medo que inunde. Cadê
o muro de contenção que não fizeram? Porque aqui tem até jacaré”, reclamou,
mostrando o muro que ela construiu com recursos próprios entre sua casa e o
novo parque.
O parque alagável do
Ipsep, na Vila Maria Lúcia, já tem balanços de metal e algumas estruturas de
concreto, como um escorrega, bancos e mesas. Numa visita às obras, em junho,
técnicos do Inciti – Pesquisa e Inovação para as Cidades apontaram falhas na execução
do projeto, como o material escolhido para a construção. As obras estão sendo
tocadas pela construtora Kaena, em um contrato de R$ 2,3 milhões assinado em
setembro do ano passado. A execução deveria ter acontecido em seis meses, mas a
prefeitura informou que o prazo foi prorrogado e a entrega está prevista para
novembro.
Não precisa nem chover
para as ruas nas imediações do parque alagarem. “Basta a maré subir”, diz Maria
Fátima Queiroz, 54 anos, conselheira distrital e integrante do grupo
“Empoderadas do Ipsep”. Ela mora a pouco mais de dois quarteirões das obras.
Nas enchentes de 2022, sua família ficou literalmente ilhada por dois dias num
primeiro andar de uma vizinha. “A gente espera que o parque amenize os
alagamentos, o problema é que não dizem se vão tirar mais casas ou quem vai
limpar o lixo que o rio vai deixar depois que a água baixar.”
• Pastor de comunidade fez denúncia ao
BID, mas recebeu resposta em inglês
Outro parque alagável
está sendo construído às margens do Tejipió, no bairro do Barro, na zona oeste
de Recife. Esse faz parte dos investimentos bilionários do ProMorar, mas não
estão previstas desapropriações. O trecho beneficiado fica numa rua de casas
grandes, muitas delas de militares, segundo moradores.
O parque foi batizado
de Campo do Sena em homenagem a Emanuel Sena, um ex-secretário da Fazenda
estadual e professor que morava na mesma rua. “Quem trouxe o ProMorar para cá
foram ele e o vereador Chico Kiko”, contou Celso França, 59 anos, assessor do
vereador, conhecido como Hulk do Barro. Chico Kiko, do PSB, mesmo partido do
prefeito, é cabo eleitoral de João Campos na região.
A Construtora Master
foi contratada por R$ 3,4 milhões para fazer o parque, mas o arquiteto,
urbanista e educador social da ONG Fase André Araripe disse que o valor do
investimento não é proporcional à estrutura. “Apenas o campo de futebol que já
existia está sendo apenas rebaixado para absorver até 2,5 mil metros cúbicos”,
explica. Segundo Araripe, até agora a prefeitura ainda não apresentou um plano
hidrológico do rio, o que permitiria saber, por exemplo, se a vazão extrapola a
capacidade de absorção do parque.
Jardim Uchôa, um
distrito do bairro de Areias, que é vizinho ao Barro, também vai receber um
parque alagável. Mas por lá a situação é bem mais crítica. Cerca de 3 mil
pessoas moram nessa parte da cidade, em condições precárias. Todos contam
histórias de perdas em alagamentos. As casas próximas ao leito do rio Tejipió
não têm saneamento básico e a renda de grande parte dos moradores vem do Bolsa
Família, da reciclagem ou da venda de animais, como porcos.
O Plano de
Contingência de 2024 da prefeitura, para gestão de desastres, cita o Jardim
Uchôa entre as comunidades com risco hidrológico alto ou muito alto. O bairro
está dentro das intervenções do ProMorar, mas nenhuma obra começou.
Dois anos atrás, a
Igreja Batista do Caçote, bairro vizinho, abrigou 121 pessoas de Jardim Uchôa
que perderam tudo nas inundações. No inverno seguinte, a tragédia se repetiu, e
78 pessoas precisaram ser abrigadas. O pastor Geazi Pedro conta que, ainda em
2022, a prefeitura levou pessoas da comunidade ao centro do Recife para uma
apresentação do ProMorar. Só que elas voltaram com mais dúvidas. “A princípio
disseram que iam tirar 400 casas, depois falaram que estão tentando diminuir a
quantidade. Ninguém sabe onde, quem vai sair ou como. A comunidade está nervosa
e agitada.”
O que os moradores
sabem até agora é que a área de desapropriações será de 114 mil metros
quadrados, de acordo com o marco de reassentamento involuntário do ProMorar. A
comunidade é uma Zona Especial de Interesse Social (Zeis), ou seja, é uma área
que deveria ser protegida pelo poder público, com garantia de acesso à moradia
popular. Segundo o pastor Geazi, a prefeitura informou que as indenizações de
casas desapropriadas consideram o tamanho do imóvel e o material utilizado. Só
que a maioria das casas ali tem estrutura precária e os moradores não possuem
documento de posse.
Atrás da igreja passa
um canal, onde moram mais de 800 famílias. Os representantes do ProMorar teriam
apontado este como o local do futuro parque alagável. É preciso atravessar uma
ponte de estrutura frágil, por onde passam trilhos de trem, para acessar as 14
casas que ficam do outro lado, numa mata. Essa área também alaga com
frequência, mas ficou de fora dos planos do ProMorar. A prefeitura disse que a
obra do Campo do Sena vai ajudar a reduzir os alagamentos no trecho.
Gabriel Barros, de 64
anos, que trabalha com reciclagem, e Josinaldo dos Santos, 33, vendedor de
coco, moram nessa área de mata. Eles já nem lembram quantas vezes perderam tudo
em inundações. “Oxe, minha casa já cobriu toda”, disse seu Gabriel.
Em junho deste ano, o
pastor Geazi decidiu enviar um ofício à prefeitura do Recife relatando a
angústia das famílias e pedindo uma reunião com a coordenadora do ProMorar,
Beatriz Carneiro. O documento é assinado pelo Instituto Transformar – entidade
da igreja para ações sociais, pelo Fórum Popular do Rio Tejipió e pelo Centro
de Estudos e Ação Social (Cendhec) e pede que sejam apresentadas “de forma
transparente as ações previstas no programa”. A prefeitura nunca respondeu.
Em agosto, ele
escreveu um e-mail diretamente para o BID, onde diz: “esta comunidade tem
sofrido anos após anos com enchentes. E o Promorar não tem nos respondido às
indagações quanto: quando vai começar, quais as casas serão indenizadas entre
outras. Como uma instituição tão importante financia este show de horror?
Comunidade assustada e sem resposta! Este é um grito de socorro!”. A resposta
do banco foi um link de uma página em inglês com documentos técnicos – alguns
deles também em inglês. O pastor Geazi não fala inglês.
A igreja decidiu
treinar lideranças da comunidade para que elas possam lutar por seus direitos
no ProMorar. Mais de 20 pessoas já foram treinadas. “Queremos construir as
soluções junto com a prefeitura. Se tem dinheiro para fazer esses parques, por
que não usar uma parte para construir habitações dignas perto de onde as
pessoas já vivem?”, questiona.
O urbanista André
Araripe diz que a prefeitura não iniciou obras de nenhum conjunto habitacional
novo na cidade, apesar da entrega de unidades habitacionais estarem previstas
nas modalidades de compensação às desapropriações do ProMorar, que também cita compras
assistidas e reassentamento por permuta. Uma nota técnica sobre despejos no
Recife, feita pelo Centro Popular de Direitos Humanos (CPDH) e o mandato do
vereador Ivan Moraes (PSOL), afirma que existem “quase 100 mil famílias sem
moradia digna na cidade” e que, apenas em 2023, 345 imóveis foram
desapropriados pela URB, sendo que 35 deles receberam indenizações abaixo de R$
10 mil.
“Muita gente aceita
indenização, mesmo sendo baixa, porque a alternativa é entrar na fila do
habitacional. Tem gente que está há 22 anos esperando auxílio moradia no
Recife”, diz Araripe. Ele explica que o auxílio aluguel – outra modalidade
compensatória prevista no ProMorar – é de R$ 300, “o que não aluga nem um
barraco em uma favela da cidade”. “As pessoas se sentem coagidas, é um processo
extremamente violento onde a prefeitura aborda uma pessoa – geralmente pobre,
preta e periférica, que se vê ali diante de uma autoridade sem nenhum apoio.”
Ele diz que a ONG Fase tem ajudado moradores das áreas afetadas pelas obras com
assessoria jurídica gratuita, em ações de desapropriação.
• Casas marcadas
A comunidade do Bom
Jesus se estabeleceu no bairro de Boa Viagem, zona sul – o metro quadrado mais
caro do Recife. São casas com estrutura precária. Algumas delas foram marcadas
recentemente por representantes do ProMorar com números e letras. A “selagem” é
“uma das primeiras medidas para que se saiba quantos moradores residem em cada
local”, respondeu a prefeitura à reportagem. Mas o poder público não explicou
às pessoas de lá se esses imóveis serão desapropriados.
A casa de Luciene
Medeiros, de 48 anos, funcionária do metrô, foi marcada. Ela está com medo de
ser despejada e não ter para onde ir, porque isso já aconteceu com sua família,
12 anos atrás. “Chegaram aqui sem aviso, cinco horas da manhã, com o Batalhão de
Choque tirando todos os barracos”, conta. Na época, a filha dela foi expulsa da
casa com duas bebês de poucos meses. Ela nunca recebeu o habitacional
prometido, segundo Luciene.
A pequena casa de
alvenaria, nos limites de uma rua de tráfego intenso e de um viaduto, foi o
principal investimento de Luciene nos últimos anos. Ela mora lá com as duas
netas, hoje adolescentes, e o marido. Não quer deixar o imóvel. “O ProMorar
fala que a gente tem que evoluir, mas vai diminuir a gente. Se derem
indenização, vai ser baixa. Não daria pra comprar um imóvel por perto, que é
onde trabalho, onde minhas netas estudam.”
Em outro ponto da
cidade, a comunidade de Sapo Nu também está dentro dos planos de obras do
ProMorar. Ela ocupa áreas alagadiças entre as margens do Tejipió e da BR-232,
no bairro do Curado, fronteira entre Recife e Jaboatão dos Guararapes.
Há anos, as cerca de 5
mil pessoas que vivem ali sofrem ameaças de despejo da companhia energética
Chesf, porque as casas ficam embaixo de linhas de transmissão. Agora, a pressão
também vem pela prefeitura do Recife. Os moradores de Sapo Nu transitam entre
esgotos a céu aberto e acúmulo de lixo. As casas são invadidas pelo rio quando
a maré sobe.
Eduarda Patrícia da
Silva, 31 anos, mora em uma pequena casa com duas filhas de 6 e 9 anos e o
marido. Em um dos cômodos, ela organizou sua papelaria personalizada e, no
imóvel ao lado, o esposo mantém um pequeno bar. “Minhas filhas estudam próximo.
Acho que o certo seria eles oferecerem um habitacional perto”, diz.
Ângela Cristina, 29
anos, vizinha dela, mora na outra margem do rio com a família. A casa tem quase
2 metros de elevação em relação ao chão, o que não foi suficiente para impedir
que fosse invadida pela água nas cheias de 2022. A filha de Ângela, Kawany, na
época com apenas 5 meses, foi resgatada boiando dentro de uma bacia. “Foi
horrível. Até hoje meu filho Kayo fica nervoso quando chove”, contou a mãe.
Apesar do grande risco
de alagamentos nessa área, ninguém do ProMorar esteve na casa de Ângela, porque
ela fica do outro lado do rio, na área que pertence a Jaboatão. A prefeitura de
Jaboatão não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre obras previstas
na região.
• Deixados às margens
Em abril de 2023,
representantes do ProMorar fizeram um mapeamento da área da Vila Arraes, no
bairro da Várzea, zona oeste da cidade. “Reformaram uma ponte que estava boa e
nunca mais voltaram”, disse Joice Paixão, coordenadora da Associação do Gris
Espaço Solidário, para crianças. Ela contabiliza 167 famílias morando na
região.
Um dos pontos que mais
alagam é o Beco do Óleo, chamado assim porque fica perto da companhia de ônibus
CRT (Cidade do Recife Transporte). Quando chove, as pessoas dizem que desce um
óleo preto e fedorento, misturado com a água, que vem da empresa. Fabiana Maria
da Silva, 27 anos, mora nessa rua com o filho Caio, de oito meses. “A
prefeitura veio aqui em casa, pegou dados, mas não iniciou nenhuma obra”,
contou.
Daniela Moura,
diarista de 37 anos, também recebeu a visita. Os técnicos trouxeram
equipamentos topográficos e drones e colheram dados, mas não deram maiores
explicações. Mãe solteira, ela vive na beira do rio Capibaribe com as duas
filhas – Marina, de 15 anos, e Vitória, de 16, que nasceu com problemas
neurológicos. Na casa delas, todos os móveis ficam suspensos, em cima de tábuas
de madeira, para evitar danos quando a água sobe.
Nas enchentes de 2022,
a água cobriu até as telhas da casa. Vitória se agarrou nas grades da janela
para não ser arrastada. A mãe lembra que foi um custo tirá-la de lá porque a
menina não entendia os seus comandos. “Não tenho documento de posse, se eles vierem
tirar minha casa, quem garante que vou ter direito a alguma coisa?”, questiona.
A casa onde ela mora
com as filhas foi construída pela sua família, na beira do Capibaribe. A vista
é bonita, apesar da imensa quantidade de lixo acumulado nas margens do rio, que
é um dos maiores símbolos do Recife. Quando pequena, Daniela mergulhava e comia
os peixes dessas águas. Suas filhas já não tiveram o mesmo privilégio. “Hoje
não tenho mais coragem porque tá muito sujo”, lamenta.
• Outro lado
De acordo com o MPPE,
a primeira audiência de acompanhamento do ProMorar aconteceu no dia 23 de
setembro, com participação de movimentos sociais. “Ficou acertado que o
ProMorar vai mandar uma versão publicável de todas as reuniões com as
comunidades”, disse a promotora Fernanda da Nóbrega, da Promotoria de Habitação
e Urbanismo.
A reportagem tentou
entrevistar Beatriz Carneiro, coordenadora do ProMorar, mas foi informada de
que a gestora estava “com uma série de compromissos”. A assessoria de imprensa
respondeu às perguntas da reportagem por e-mail, mas não disse quais são as 40
comunidades afetadas ou quantos imóveis serão desapropriados por ações do
ProMorar.
Por e-mail, a
prefeitura do Recife informou que “ foram realizadas 55 oficinas com a
participação de 4,5 mil moradores das áreas beneficiadas” e que “todas as
etapas sempre contam com escuta popular dos moradores”. Nas comunidades de
Jardim Uchôa, Sapo Nu e Bom Jesus, a prefeitura informou que “as propostas de
intervenções e soluções serão debatidas com os moradores no momento adequado”.
A prefeitura disse
ainda que “na necessidade de reassentamento, a equipe social do ProMorar fará
as escutas necessárias para definir juntamente com as famílias a melhor solução
para cada caso. Conforme o marco de reassentamento do programa, as soluções previstas
são: unidade habitacional; compra assistida e reassentamento por permuta”.
Também tentamos falar
com consultores do BID no Recife, que informaram não ter autorização para
conceder entrevistas. A instituição não respondeu aos questionamentos da
reportagem até a publicação desta reportagem.
Fonte: Por Mariama
Correia, da Agência Pública
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