sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Discurso de Zelensky na ONU mostra que Kiev não tinha e não tem nenhum 'plano de paz', conclui analista

A declaração do atual líder ucraniano Vladimir Zelensky contra a realização de conversações com a Rússia para resolver o conflito na Ucrânia mostra que nunca teve um "plano de paz", disse à Sputnik o analista político Bogdan Bezpalko, membro do conselho presidencial russo sobre relações interétnicas.

Durante seu recente discurso no Conselho de Segurança da ONU, Zelensky criticou aqueles no mundo que "querem conversar" com o presidente russo Vladimir Putin sobre uma solução para o conflito.

Zelensky defendeu novamente o uso de sua "fórmula de paz" para resolver o conflito.

Ele também pediu a "preparação de uma segunda cúpula de paz" na Ucrânia para encerrar o conflito com a Rússia, mas não especificou o que seria discutido.

Zelensky convidou o Brasil, a China, outros países asiáticos, os países latino-americanos, os EUA e outros Estados a participarem do processo de resolução do conflito.

"Esse [discurso de Zelensky] mais uma vez prova e mostra que não havia e não há nenhum 'plano de paz' em Kiev. Em princípio, era claro que a adesão da Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte [OTAN], a entrega de armas adicionais e o financiamento não contribuem de forma alguma para um acordo de paz", disse Bezpalko.

Ele observou que, sem a participação da Rússia, o avanço do "plano de paz" e um acordo são impossíveis.

"Portanto, se pode seguramente colocar uma cruz no 'plano de paz' de Zelensky", enfatizou o especialista.

Respondendo à pergunta da agência sobre por que então era necessário um "plano de paz" em geral, se a própria Ucrânia se recusa a negociar com o lado russo, Bezpalko apontou que isso é uma consequência da situação pré-eleitoral nos EUA, onde "o caso ucraniano é usado pelos dois lados na luta de um contra o outro".

Em sua opinião, isso também está relacionado à tendência geral de se lutar por negociações, que a Ucrânia decidiu usar como um "trampolim" para exigir mais assistência.

"[A Ucrânia] fez uma série de declarações em voz alta, depois fez exigências e agora descreveu completamente as condições", concluiu o especialista.

Anteriormente, o chefe de Estado ucraniano Vladimir Zelensky disse em uma entrevista ao canal de TV norte-americano ABC News que seu chamado "plano de vitória" para a Ucrânia não tem nada a ver com negociações com a Rússia e tem como objetivo fortalecer as Forças Armadas da Ucrânia.

Uma fonte próxima a Zelensky também disse ao canal que a iniciativa de Zelensky contém indicadores da ajuda militar a Kiev e uma lista de algumas medidas políticas e diplomáticas.

A fonte acrescentou que o "plano" não inclui concessões à Rússia.

Em julho, o presidente russo Vladimir Putin disse que um cessar-fogo na Ucrânia é impossível sem o acordo do "lado oposto" sobre medidas irreversíveis aceitáveis para a Rússia.

Ele enfatizou que a Rússia não poderia permitir que o inimigo se aproveitasse do cessar-fogo para melhorar sua situação e restaurar suas forças.

¨      Lula: se Zelensky 'fosse esperto', diria que a solução para a paz é diplomática

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta quarta-feira (25), em coletiva de imprensa, em Nova York, durante a Assembleia-Geral da ONU, que se Vladimir Zelensky fosse "esperto" entenderia que a única solução para a paz na Ucrânia ocorrerá por meio da diplomacia.

"Ele, se fosse esperto, ele diria que a solução é diplomática, não é militar", declarou o presidente na coletiva, em que estava acompanhado do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e o do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

Ao responder a uma pergunta sobre as críticas de Zelensky, no Conselho de Segurança, sobre a proposta conjunta para a paz do Brasil e da China, Lula comentou:

"Ele só falou o óbvio, que tem defender a soberania é obrigação dele, que ele tem que defender o território é obrigação dele. O que ele não está conseguindo fazer é a paz. Não estamos propondo fazer a paz por eles, estamos chamando a atenção para que levem em consideração que somente a paz vai garantir que a Ucrânia sobreviva enquanto país soberano", concluiu.

<><> G20

Mais cedo, em evento com ministros das Relações Exteriores do G20 em Nova York o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro que as nações do grupo econômico não podem se furtar das responsabilidades diante das graves crises geradas pelas mudanças climáticas e cobrou ações efetivas do grupo no combate à fome e na mudança da gestão das principais instituições multilaterais.

<><> Mercosul

# Encontros bilaterais

Na longa agenda de diálogos e de eventos paralelos à Assembleia Geral das Nações Unidas, Lula encontrou-se também nesta quarta-feira com o presidente da República da Guatemala, Bernardo Arévalo, com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer e o presidente da França, Emanuel Macron.

Com o homólogo guatemalteco trataram ainda da situação da Venezuela. O líder brasileiro citou o processo de diálogo empreendido por Brasil e Colômbia em busca de diálogo e possíveis consensos para a situação política venezuelana.

Ontem, Lula abriu a 79ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na sede da organização em Nova York.

Neste ano, o tema da reunião fala em diversidade, paz, desenvolvimento sustentável e dignidade humana, e, no discurso, Lula também falou de mudanças climáticas, transição energética e preservação para além dos desafios do multilateralismo e dos limites da ONU e suas instituições.

Crítico conhecido do anacronismo da ONU tanto no que diz respeito à sua representatividade em instâncias como o Conselho de Segurança, como no âmbito geral da própria assembleia que não consegue mais lidar com a mediação entre os Estados, o presidente brasileiro mencionou os atuais conflitos quentes ao redor do mundo, citando em especial Ucrânia e Gaza — para os quais menciona o Plano para Paz de seis pontos de Brasil e China, e a solução de Dois Estados, respectivamente.

Lula citou ainda os fortes desafios climáticos que o mundo enfrenta em caráter generalizado e justificou na bioeconomia, uma saída viável para alguns desses problemas.

¨      Chanceler húngaro chama de 'propaganda' as conferências de paz da Ucrânia sem a presença da Rússia

Uma conferência sobre o conflito ucraniano só poderá dar frutos se a Rússia participar da reunião e se um plano para alcançar a paz estiver sobre a mesa, disse o ministro das Relações Exteriores húngaro, Peter Szijjarto.

"A minha posição é que uma conferência de paz só pode ser eficaz ou significativa se duas pré-condições forem satisfeitas. Primeiro, ambos os lados da guerra devem estar presentes à mesa. Em segundo lugar, deve haver um plano que possa ser discutido", declarou Szijjarto durante uma entrevista.

Ele acrescentou que, por enquanto, não vê realmente o entusiasmo daqueles que falam sobre a conferência de paz em ver ambas as partes em volta da mesa.

O ministro húngaro também observou que a conferência da Ucrânia, tal como discutida por alguns políticos, parece ser "mais propaganda do que substância". Por outro lado, afirmou que a Hungria continuará a procurar soluções para o conflito na Ucrânia e a fazer propostas de paz.

"Temos uma posição muito clara sobre esta guerra. Ela deve terminar imediatamente. Um cessar-fogo deve ser estabelecido e as negociações de paz devem começar. É uma posição muito clara. Portanto, continuaremos a empreender iniciativas de paz", declarou Szijjarto.

A Hungria mantém esta posição tanto na Organização das Nações Unidas (ONU) quanto na União Europeia. Além disso, o ministro húngaro revelou que pretende reunir-se com o seu novo homólogo ucraniano, Andrei Sibiga, no dia 30 de setembro, em Budapeste.

Neste contexto, indicou que os direitos da minoria húngara na Ucrânia foram gravemente violados nos últimos nove anos. Ele sublinhou que a Hungria quer manter boas relações com todos os seus vizinhos, incluindo a Ucrânia.

Além disso, Szijjarto disse, também, que a Hungria continua a opor-se à ideia de permitir que Kiev ataque dentro do território russo com armas ocidentais, pois isso pode agravar ainda mais a situação.

"Se alguma medida aumenta o risco de escalada, somos contra. Quanto à questão do uso de armas ocidentais contra territórios russos (…) não há outra resposta senão dizer: sim, aumenta o risco de escalada. Portanto, definitivamente não podemos apoiá-lo", acrescentou.

¨      Senadores americanos consideram 'fora do limite' crítica de Zelensky a políticos dos EUA

Os senadores norte-americanos estão insatisfeitos com as críticas do líder ucraniano Vladimir Zelensky aos líderes de seus partidos, informa a publicação Punchbowl à véspera da reunião de Zelensky com os congressistas.

Anteriormente, a revista The Federalist informou que Zelensky é suspeito nos Estados Unidos de interferir nas eleições após supostamente apoiar a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, durante uma visita a uma fábrica de munições no estado norte-americano da Pensilvânia.

Posteriormente, um grupo de congressistas exigiu uma investigação, alegando que a visita pode ter envolvido várias violações da lei dos EUA.

Entre os senadores que consideraram exageradas as declarações de Zelensky em relação ao candidato à presidência dos EUA Donald Trump e candidato à vice-presidência J.D. Vance, estão o senador Lindsey Graham, conhecido por seu apoio aberto a todas as ações de Kiev e incluso pela Rússia no registro de terroristas e extremistas, e Eric Schmitt.

"A ideia de um líder estrangeiro estar aqui voando em um C-17, na Pensilvânia, criticando o [ex-]presidente Trump, criticando J.D. Vance é como uma parada de campanha [eleitoral] que, mais uma vez, parece exagerada", disse Schmitt.

De acordo com a publicação, Graham, por sua vez, advertiu Zelensky contra interferir na política norte-americana, dizendo que seria "o maior erro que ele cometeria".

"Não me importo que ele [Zelensky] vá a uma fábrica de munição agradecer às pessoas por ajudarem a Ucrânia. Mas acho que seus comentários sobre J.D. Vance e o [ex-]presidente Trump passaram dos limites", disse Graham à publicação.

Anteriormente, Zelensky disse em uma entrevista ao jornal The New Yorker que a possível ascensão ao poder do candidato à vice-presidência J.D. Vance é um "sinal perigoso" para Kiev, já que este último declarou que as esperanças da Ucrânia de retornar às suas fronteiras de 1991 com a Rússia são absurdas.

Ele disse que teme a chegada de Vance ao poder porque ele é muito radical na questão ucraniana, enquanto o ex-chefe da Casa Branca e candidato republicano Donald Trump supostamente prometeu apoio a Zelensky.

¨      Kiev depende em 80% da ajuda militar ocidental, diz o Ministério da Defesa ucraniano

A Ucrânia depende em mais de 80% da ajuda militar dos parceiros ocidentais, admitiu o ministro da Defesa do país, Rustem Umerov, enquanto o Estado-Maior ucraniano relata que situação na linha de frente continua difícil devido à superioridade das Forças Armadas russas.

Segundo Umerov, hoje em dia o fornecimento de material bélico pelos países ocidentais é o fundamento da ajuda que o Ocidente presta à Ucrânia.

O país recebe recursos dos EUA, União Europeia, Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Grupo de Assistência à Segurança da Ucrânia (SAG-U, na sigla em inglês), Comando Europeu dos Estados Unidos (EUCOM, na sigla em inglês) e "uma dezena de outros países em um formato bilateral diariamente".

"Até o momento, a assistência militar internacional tem sido a espinha dorsal de nossa ajuda. [...] Somos em mais de 80% dependentes de nossos parceiros", disse ele em uma entrevista a uma publicação ucraniana.

Hoje mesmo, o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia declarou que, devido à superioridade do Exército russo em termos de número de militares e equipamentos disponíveis, a situação ao longo de toda a linha de frente continua difícil.

"A situação na linha de frente continua difícil. O inimigo, usando sua superioridade em pessoal e equipamentos, está atacando continuamente nossas posições", diz o canal oficial do Estado-Maior no Telegram.

A Rússia, por sua vez, disse repetidamente que o fornecimento de armas à Ucrânia impede o alcance de um acordo de paz e envolve diretamente os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) nas hostilidades.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou que os Estados Unidos e a OTAN estão diretamente envolvidos no conflito, não apenas fornecendo armas, mas também treinando pessoal militar ucraniano no território do Reino Unido, Alemanha, Itália e outros países.

<><> Coronel austríaco revela quantos tanques a Ucrânia precisa para manter a defesa em condições atuais

Nos últimos meses, as Forças Armadas da Ucrânia perderam muitos tanques e veículos blindados de infantaria ocidentais, disse o coronel do Exército austríaco Markus Reisner em entrevista ao canal N-TV.

"Nos últimos meses, os russos conseguiram destruir ou danificar mais de 60 tanques de batalha ocidentais e mais de 140 veículos de combate de infantaria. Isso é uma quantidade enorme – acima de tudo, se você contar quanto equipamento foi realmente entregue", reclamou o militar.

"Do meu ponto de vista, é apropriado citar o exemplo dos M1 Abrams – tanques de batalha americanos. A Ucrânia recebeu 31 desses blindados. E cerca de 20 deles já foram destruídos ou danificados, ou seja, colocados em um estado inoperável. Isto é, na verdade, quase uma companhia inteira de tanques. Apenas dez veículos de combate permanecem à disposição da Ucrânia", disse Reisner.

De acordo com Reisner, será necessário fornecer aos ucranianos pelo menos 300 tanques para manter a defesa nas condições atuais, e para uma passagem à ofensiva – 3 mil blindados.

¨      OTAN prepara plano para transportar feridos em caso de guerra com Rússia, diz mídia

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) está desenvolvendo um plano para transportar tropas feridas no caso de um confronto militar com a Rússia, informa a Reuters citando o tenente-general Alexander Sollfrank, chefe do comando de logística da OTAN.

O desenvolvimento de um plano de evacuação médica, segundo a agência de notícias, faz parte dos esforços da OTAN para melhorar sua capacidade de combater a Rússia.

"A OTAN planeja coordenar o transporte de um grande número de soldados feridos para longe das linhas de frente no caso de uma guerra com a Rússia, possivelmente por meio de trens hospitalares, já que evacuações aéreas podem não ser viáveis", diz o artigo.

De acordo com o tenente-general, o cenário de evacuação no caso de um conflito com a Rússia seria diferente da experiência dos membros da aliança no Afeganistão e no Iraque.

Assim, Sollfrank disse que, em um confronto militar com a Rússia, a zona de combate provavelmente seria muito maior, o número de feridos seria maior e os militares ocidentais enfrentariam uma falta de superioridade aérea perto da linha de frente.

Uma solução para coordenar o transporte dos feridos poderia ser um "Schengen médico-militar" que proporcionaria a livre circulação de uma série de medicamentos, inclusive narcóticos e analgésicos fortes, disse o funcionário da OTAN.

O Espaço Schengen é um espaço de vários Estados europeus que aboliram os controles de fronteira entre si.

O presidente russo Vladimir Putin explicou detalhadamente em uma entrevista ao jornalista norte-americano Tucker Carlson que Moscou não tem a intenção de atacar os países da OTAN, pois isso não faz sentido.

O líder russo observou que os políticos ocidentais intimidam regularmente suas populações com uma imaginária ameaça russa a fim de desviar a atenção dos problemas domésticos, mas que as "pessoas inteligentes entendem perfeitamente que isso é fake".

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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