Terror no Líbano: Israel amplia a guerra
que não é capaz de vencer
Demorou um pouco para
as pessoas entenderem o que estava acontecendo, quando milhares de pagers
biparam e depois explodiram em todo o Líbano na semana passada: nos bolsos, nas
mãos, na frente dos rostos; nas ruas, nos carros, em casa; em supermercados, escolas
e escritórios. “Eu reportei os fatos à medida que surgiam, mas não entendi o
que estava dizendo”, me disse um amigo jornalista. Quando ocorrem ataques e
explosões no Líbano, como tem ocorrido frequentemente na história recente, as
mensagens nos grupos de WhatsApp da minha família costuam chegar em cascata.
Desta vez, nenhuma chegou. Soube mais tarde que as pessoas foram aconselhadas a
não ligar ou enviar mensagens para proteger a identidade dos alvos,
presumivelmente combatentes do Hezbollah. O silêncio foi preenchido pelas
sirenes das ambulâncias.
Os milhares que
perderam olhos e dedos, cujos rostos foram desfigurados e cujas virilhas foram
dilaceradas; as dezenas mortas durante os dois dias de ataques com pagers; as
dezenas mais que morreram e ficaram feridas no assassinato de um comandante do
Hezbollah no dia seguinte; e os muitos outros – pelo menos 182, até o momento
desta escrita – mortos no bombardeio desta manhã [de 23/9; um dia depois, as
mortes são calculadas em pelo menos 500 (Nota de Outras Palavras)]no
sul do país: são todas de meus compatriotas libaneses. Tenho menos ligação com
eles por unidade cívica ou fervor nacional do que pela nossa experiência
compartilhada das guerras e das tréguas inquietas entre elas.
Nasci durante a guerra
civil libanesa, que durou de 1975 a 1990, e cresci ouvindo disparos de
projéteis e bombas e escutando anúncios sombrios no noticiário. Meus pais me
contaram suas próprias histórias. Meu irmão mais velho nasceu em 17 de setembro
de 1982, quando as falanges de direita, apoiadas pelo exército israelense, que
havia invadido Beirute, massacraram refugiados palestinos nos campos de Sabra e
Shatila. Meu pai hasteou uma bandeira branca no carro enquanto levava minha mãe
ao parto no hospital.
A guerra civil
terminou quando eu tinha seis anos. O que me lembro mais vividamente são os
bombardeios israelenses nos anos que se seguiram, quando eu tinha doze, quinze
e depois 22. Atingiram pontes, aeroportos, usinas elétricas e edifícios nos
subúrbios do sul. O vidro do meu quarto de infância tremia tão forte que eu
tinha medo de que ele se quebrasse em cima de mim enquanto dormia.
Pensei muito sobre o
último desses episódios, a guerra de julho de 2006, quando estive em Beirute no
verão, enquanto o conflito entre o Hezbollah e Israel se intensificava. Ao
decidir se deveria ficar ou partir, imaginei viver isso de novo, desta vez com
três crianças pequenas. Eu aguentaria submetê-las a esses sons? Quando os
aviões israelenses começaram a romper a barreira do som em Beirute — eles já
vinham fazendo isso há algum tempo no sul —, soubemos que tínhamos que ir.
Os alvos dos ataques
com pagers também são contra meu povo, em um sentido mais particular: pertenço
à comunidade que vive nos subúrbios do sul de Beirute e no sul do Líbano, de
onde o Hezbollah recruta seus membros. Pertenço a ela não tanto porque meus documentos
de registro nacional me classificam como “muçulmana xiita”, mas porque cresci
dentro de seus rituais, práticas e ideias.
Em 1979, quando se
casaram, meus pais mudaram-se para o centro de Beirute, mas visitávamos com
frequência avós, tios, tias e parentes nos subúrbios e vilarejos do sul. Nos
últimos anos, a rua onde meus pais moram — que já foi lar de sunitas, drusos e
armênios — tornou-se predominantemente xiita.
Os xiitas representam
cerca de um terço da população do Líbano. O canto específico do mundo xiita no
qual cresci incluía tanto os esquerdistas quanto os religiosos. Vários dos meus
onze tios e quatro tias se juntaram ao Partido Comunista durante a guerra
civil, quando os movimentos de esquerda e nacionalistas árabes eram ativos nos
subúrbios do sul.
Os xiitas sentiam-se
marginalizados na formação do Estado libanês, liderado pelas elites
muçulmano-sunitas e cristãs. Eles também tendiam a ser mais pobres, menos
educados e mais isolados do que seus compatriotas. Quando o Hezbollah ganhou
destaque após a invasão de Beirute por Israel em 1982 e sua ocupação do sul,
muitos xiitas passaram a ver o grupo como provendo o que o Estado não oferecia:
segurança contra Israel, assistência social na forma de escolas e hospitais e
um senso de dignidade.
O papel do Hezbollah
na libertação do sul em 2000, após quinze anos de ocupação formal israelense,
foi amplamente celebrado, mas os desacordos lentamente surgiram a respeito da
contínua influência militar do grupo. Nos almoços de família, meus parentes discutiam
sobre o direito do grupo de portar armas, seu envolvimento na guerra civil
síria ao lado de Bashar al-Assad e suas relações com o Irã. A inimizade em
relação a Israel, por outro lado, nunca foi tema de debate. A ocupação
israelense do sul do Líbano constituiu nossa história recente compartilhada, e
a ocupação das terras palestinas parecia uma continuação da história colonial
britânica e francesa que moldou nossa região.
O Hezbollah predomina
na vila do meu pai, que fica ao sul do rio Litani, logo do outro lado da
fronteira com vilarejos do sul, que Israel havia ocupado. Na vila da minha mãe,
mais ao norte e oeste, é o partido xiita Amal, fundado pelo clérigo Musa al-Sadr
em 1974 como “o Movimento dos Privados”, que comanda e vence nas eleições. O
Amal lutou — com o regime sírio — contra o Hezbollah e a Organização para a
Libertação da Palestina na Guerra dos Campos nos anos 1980, mas desde então
tornou-se aliado do Hezbollah. Seu líder atual, Nabih Berri, ocupou o posto de
presidente do Parlamento – a principal posição dos xiitas no Estado – nos
últimos trinta 32 anos. Durante nossa visita neste verão, vi num poste de luz
perto do prédio onde meus pais moram uma foto de Berri e do líder do Hezbollah,
Hassan Nasrallah, com a legenda “o par sagrado”. Mas o Amal carece de clareza
ideológica, e da disciplina do Hezbollah. Para seus críticos, onde o Hezbollah
é autoritário, o Amal é corrupto.
A libertação do sul
deu a meus pais segurança para comprar um pequeno pedaço de terra e construir
uma casa. Até outubro passado, eles passavam os fins de semana lá, e mais tempo
durante as férias de verão quando nós os visitávamos. Eles mostravam aos netos
como colher amoras e os apresentavam aos comerciantes locais, que, em nossa
última viagem, cumprimentaram as crianças pelo nome. Todos estamos inscritos
para votar na vila, até mesmo para as eleições municipais. Quando estava lá no
momento certo, votei em pequenos partidos de esquerda, e suspeito que alguns
parentes também, embora soubéssemos que o Hezbollah venceria.
Quando penso nos
jovens que foram mortos pelos pagers detonados, minha mente se volta para os
rostos de alguns que conheci nos últimos anos na vila. Eu não compartilho
muitos de seus valores. Eles não apertam minha mão, e alguns desviam o olhar
para evitar ver meu cabelo descoberto. Mas as pessoas ao redor deles também não
necessariamente compartilham seus engajamentos. Nas famílias que conheço,
alguns irmãos são mais religiosos do que outros, alguns pais estão mais
cansados do envolvimento militar do que seus filhos, e muitas mães não querem
entregar seus filhos por uma causa, por mais que acreditem nela.
O fato de não podermos
conhecer os membros do Hezbollah de forma clara não se deve apenas à
preocupação do partido com o sigilo. Também é porque seus membros, que carregam
pagers, estão inseridos em redes de relações familiares, laços locais e
solidariedades políticas. Seus parentes, as pessoas que vivem nas mesmas vilas
e bairros, e aqueles cujas vidas se cruzam com as deles, os apoiam sem
necessariamente concordar com todas as suas decisões, políticas ou ideias. Um
pager que explode em um ambiente cotidiano, arrancando membros e cegando olhos,
nunca inflige danos de maneira limitada, tanto porque inevitavelmente afeta
civis quanto porque atinge seu alvo em meio ao seu mundo social. Isso espalha
medo, mas também reforça solidariedades comunitárias — ou, pelo menos, a
convicção de que Israel é o inimigo.
Já passamos por isso
antes. A guerra de julho de 2006 foi tida como um momento de dúvidas sobre o
Hezbollah entre seus apoiadores, mas também foi um lembrete de que Israel tinha
a capacidade e a vontade de causar danos indiscriminados no Líbano.
Quando ouvi as
notícias sobre as explosões dos pagers, eu estava buscando passagens para
Beirute em dezembro. Para aliviar minha tristeza e culpa por termos encurtado
nossa viagem neste verão, prometi voltar em breve: para ver meus filhos
brincarem na casa onde cresci, para que eles compartilhem uma refeição com os
filhos dos meus primos e amigos, e para ouvi-los falar em árabe na rua. Em
minhas conversas com amigos e familiares no Líbano desde então, falamos menos
sobre a possibilidade de irmos e mais sobre a possibilidade de que eles
precisem partir.
¨ Líbano tem êxodo em massa
Os últimos bombardeios
no Líbano são uma preparação para a possível entrada de tropas por terra, disse
o chefe do exército israelense nessa quarta-feira (25/09).
"Vocês ouvem os
jatos acima; estamos atacando o dia todo. Isso é tanto para preparar o terreno
para sua possível entrada quanto para continuar degradando o Hezbollah",
disse Herzi Halevi às tropas.
"Hoje, o
Hezbollah expandiu seu alcance de fogo e, mais tarde, eles receberão uma
resposta muito forte. Preparem-se."
"Continuaremos,
não vamos parar. Continuamos atacando e atingindo-os em todos os lugares. O
objetivo é muito claro: levar de volta com segurança os moradores do norte [de
Israel]."
Ele acrescentou que,
para "conseguir isso", os militares estão "preparando o processo
de uma manobra, o que significa que suas botas militares, suas botas de
manobra, entrarão em território inimigo, entrarão em vilas que o Hezbollah
preparou como grandes postos militares".
O primeiro-ministro
israelense Benjamin Netanyahu diz que o Hezbollah está sendo atingido por
"golpes nunca imaginados", e ele repetiu sua promessa de levar
dezenas de milhares de israelenses evacuados nos últimos meses de perto da
fronteira norte de volta para suas casas.
Em uma mensagem de
vídeo, Netanyahu afirmou que "não pode entrar em detalhes sobre tudo"
o que está sendo feito pelas forças do país, mas disse que os militares estão
determinados a restituir as moradias de israelenses ao norte.
O conflito entre
Israel e o Hezbollah já forçou a um deslocamento de mais de 90 mil pessoas no
Líbano desde segunda-feira (23/09), de acordo com a Organização das Nações
Unidas (ONU).
Um trabalhador
humanitário afirmou à BBC que pessoas estão dormindo nos acostamentos das
estradas enquanto fogem do sul em direção ao norte do país.
Desde segunda-feira,
quase 600 pessoas foram mortas, incluindo 50 crianças e 94 mulheres. E quase 1.700 ficaram feridas por ataques em todo o Líbano, diz o Escritório das Nações Unidas para
a Coordenação de Assuntos Humanitários (ENUCAH) com informações do Ministério
da Saúde libanês.
A escalada da tensão
teve início na semana passada, quando ocorreram explosões de pagers e walkie-talkies ao longo de dois dias seguidos no Líbano, matando ao menos 37
pessoas e deixando mais de 2 mil feridos.
O Líbano e o
Hezbollah, grupo que também atua como um partido político, responsabilizaram
Israel pela explosão dos aparelhos.
Os dias que se
seguiram representaram uma série de reveses catastróficos para a temida milícia
xiita apoiada pelo Irã, incluindo uma série de bombardeios, iniciados na
segunda-feira.
Nesta quarta-feira
(25/09), o exército israelense disse que atingiu 280 alvos do Hezbollah no
Líbano — um dos países mais densamente povoados do mundo, com aproximadamente
568 pessoas por m².
A capital, Beirute,
concentra mais de 40% da população do país e é uma das áreas mais atingidas
pelos ataques israelenses nos últimos dias.
Outra área fortemente
atingida é o sul do Líbano, nas províncias do Líbano Sul e Nabatiyeh, que
abrigam 18% dos cidadãos libaneses.
No cenário
internacional, os EUA e a França estão trabalhando em propostas de cessar-fogo
para resolver a escalada dos combates no Líbano, disseram fontes israelenses à
agência de notícias Reuters.
A proposta inclui uma
trégua na região de conflitos para permitir uma solução diplomática, diz uma
das autoridades.
No entanto, nenhum
progresso significativo foi feito até agora, acrescentaram as fontes.
Em discurso na
Assembleia Geral da ONU na terça-feira (24/09), Biden ressaltou que, desde os
ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro, seu governo tem se empenhado em
"evitar uma guerra mais ampla que envolva toda a região".
"Quase um ano
depois, muitos ainda estão deslocados em ambos os lados da fronteira entre
Israel e Líbano", afirmou.
"Uma guerra em
grande escala não interessa a ninguém. Apesar da escalada da violência, uma
solução diplomática continua sendo possível. E essa é a única maneira de
garantir uma segurança duradoura, permitindo que os residentes de ambos os
países retornem com segurança às suas casas na fronteira. Estamos trabalhando
incansavelmente para alcançar esse objetivo", afirmou Biden.
¨ 'Melhor recomeçar do zero do que perder a vida', diz brasileira
que fugiu do sul do Líbano
"Saímos de casa
apenas com a roupa do corpo. Não é fácil deixar tudo o que construímos para
trás. Passamos 12 horas na estrada, com o som das bombas explodindo perto de
nós. Queremos voltar ao Brasil, e mesmo que tenhamos que começar do zero, é
melhor do que arriscar nossas vidas aqui."
Esse é o relato de
Leni Souza, podóloga paranaense de 47 anos que vive no Líbano há 12 anos. Ela
deixou sua casa no sul do país após o aumento dos ataques de Israel contra o grupo libanês
Hezbollah.
Casada com um libanês
há 30 anos, Leni conta que se mudou para o Líbano buscando proporcionar uma
educação melhor para suas três filhas — uma de 20 anos e duas gêmeas de 13
anos, uma vez que, segundo ela, o sistema educacional local oferece o
aprendizado de três idiomas: inglês, francês e árabe.
Contudo, a
tranquilidade da família foi abalada em outubro de 2023, quando os conflitos em
Gaza se espalharam para o Líbano, com confrontos diários entre Israel e o
Hezbollah.
Segundo Leni, o ponto
de ruptura foi na segunda-feira (23/9), o dia mais mortal no Líbano desde o fim
da guerra civil, em 1990.
Neste dia, quase 600 pessoas foram mortas, incluindo 50 crianças e 94
mulheres, além de 1.700 ficarem feridas,
de acordo com o Ministério da Saúde libanês.
"Desde
segunda-feira, os bombardeios se tornaram constantes e aterrorizantes",
conta Leni à BBC News Brasil.
Ela descreve o medo
crescente à medida que as explosões se aproximavam.
"Foram 24 horas
ouvindo bombas. Até então, eu não havia deixado minha casa, mas chegou um ponto
em que não era mais possível continuar."
A família, então, decidiu
fugir. "Consegui sair da cidade ontem com minhas filhas. Levamos 12 horas
para chegar a um lugar seguro nas montanhas, uma viagem que normalmente dura
uma hora e meia."
Ela relata a tensão na
estrada, vendo bombas a distância e passando por cidades devastadas, com
prédios destruídos e janelas quebradas.
"A qualquer
momento, uma bomba podia cair sobre nós. O medo era constante, e a única coisa
em que eu pensava era tirar minhas filhas de lá o mais rápido possível",
relembra emocionada.
Nas montanhas, a
família encontrou abrigo alugando a parte superior de um chalé e agora aguarda
informações sobre uma possível evacuação organizada pela embaixada brasileira.
Leni e seu marido já
começaram a preencher os formulários para uma eventual retirada do país.
"Não é fácil
abandonar tudo o que construímos, mas preferimos recomeçar no Brasil a colocar
nossas vidas e as de nossas filhas em risco."
Ela expressa tristeza
ao ver a destruição ao redor e a situação difícil de outras famílias
brasileiras, algumas sem abrigo, dormindo em carros.
"Graças a Deus,
conseguimos um lugar seguro. Agora, estamos esperando e torcendo para que tudo
se resolva logo."
·
90 mil deslocados
Leni é uma das 90 mil
pessoas deslocadas no Líbano desde 23 de setembro, segundo a ONU. Assim como
ela, muitas famílias estão fugindo do sul do país, com carros lotados e escolas sendo usadas como abrigos
improvisados.
Enquanto isso, o
exército israelense informou que está realizando uma nova onda de ataques
"intensos" no sul do Líbano e no vale do Bekaa, visando o Hezbollah.
O Ministério da Saúde
libanês registrou pelo menos 50 mortes e mais de 220 feridos em decorrência
desses ataques.
O chefe do exército
israelense, Herzi Halevi, declarou que essas operações têm como objetivo
preparar a "possível entrada" de tropas no Líbano.
Mais cedo, Israel
anunciou que interceptou um míssil balístico disparado pelo Hezbollah em
direção a Tel Aviv, sendo essa a primeira vez que um foguete desse tipo foi
direcionado à maior cidade do país.
Além das 90 mil
pessoas deslocadas desde segunda-feira, outras 112 mil já foram forçadas a
deixar suas casas no sul do Líbano desde outubro do ano passado, de acordo com
a ONU.
No norte de Israel,
cerca de 60 mil pessoas também foram evacuadas nesse período.
Israel afirma que seu
objetivo é neutralizar a ameaça do Hezbollah e permitir o retorno das pessoas
deslocadas no norte do país.
O Hezbollah, por sua
vez, alega estar resistindo à "agressão" israelense e agindo em
solidariedade aos palestinos em Gaza.
Os ataques de ambos os
lados da fronteira têm aumentado, alimentando o temor de um conflito regional mais amplo, especialmente após uma série de atentados contra membros do
Hezbollah.
·
'Barulho ensurdecedor'
Em Beirute, Carla
Mussallam Al Masri, guia de turismo paulistana de 58 anos, que vive no Líbano
há 28 anos, relata a presença constante dos aviões supersônicos israelenses.
Segundo Carla, essas
aeronaves voam em alta velocidade, rompendo a barreira do som e gerando
estrondos que fazem tremer as casas.
"Quando eles
passam, parece uma bomba. O barulho é ensurdecedor, e parece que a casa vai
desabar", relata Carla, que é casada com um libanês.
Para minimizar os
danos, ela deixa janelas e portas abertas, evitando que o impacto do som quebre
os vidros.
A frequência desses
voos aumentou recentemente, e o último sábado foi particularmente difícil,
marcado por estrondos que causaram ansiedade e medo na comunidade.
Carla se familiarizou
com esse som desde que se mudou para o Líbano, mas a intensidade recente trouxe
de volta memórias de bombardeios dos anos 90 e da guerra de 2006.
Seus pais nasceram no
Brasil, mas seus avós são de Marjayoun e Hasbaya, no sul do Líbano, áreas
historicamente afetadas por ocupações e bombardeios, e mais recentemente alvos
de novos ataques de Israel em sua ofensiva contra o Hezbollah.
Para Carla, o som dos
aviões supersônicos é um lembrete constante da instabilidade da região e do
impacto emocional que esses episódios têm na vida cotidiana.
"Israel fez um
ataque cirúrgico a 30 quilômetros de onde eu moro, na cidade de Sídon, perto da
casa do meu cunhado", acrescenta ela.
Fonte: Por Loubda El
Amine | Tradução: Antonio Martins, em Outras Palavras/BBC News
Nenhum comentário:
Postar um comentário