sexta-feira, 13 de setembro de 2024

O que está em jogo nas eleições de 2024?

Para a esquerda, as eleições sempre são uma oportunidade de debater a política com o povo de maneira mais concreta. Nesses quase dois meses de campanha, o povo brasileiro está mais aberto a participar de forma ativa da política e por isso, as eleições não são um fim em si mesmo, mas também uma oportunidade para conversar sobre os rumos das cidades que queremos.

Mais do que isso, temos a oportunidade de fazer no trabalho do “corpo a corpo” das eleições a contraposição às ideias da direita, que segue enraizada nas Prefeituras e Câmaras Municipais do país, forjando os candidatos que disputarão as eleições de 2026. É inegável os avanços que tivemos nesses dois anos de Governo Lula, mas presidente nenhum governa sozinho. Precisamos eleger uma bancada de esquerda forte, combativa e pronta para combater o bolsonarismo que segue organizado, mesmo depois da derrota presidencial e tenta fazer novos sucessores.

Durante muito tempo o MST apoiou candidatos e candidatas que apoiam a luta pela Reforma Agrária, mas em 2022 vimos que isso era insuficiente e decidimos coletivamente que teríamos nossos próprios candidatos, para construir uma Bancada Sem Terra que defenda a Reforma Agrária, a agricultura familiar e os outros direitos do povo brasileiro deixados de lado por aqueles que se dizem representantes do povo.

Tivemos vitórias em 2022 com a eleição de deputados e deputadas Sem Terra e muitos avanços no governo Lula, mas precisamos avançar mais, enraizando um projeto do governo democrático e popular nos municípios. Por isso, estamos dando esse salto lançando candidatos do Movimento Sem Terra para ocupar as Câmaras Municipais, combater as ideias bolsonaristas nas casas legislativas e construir mandatos de luta em todo o Brasil

Nessa conjuntura, a disputa das eleições são estratégicas para se formar e fortalecer forças políticas locais de esquerda. Quando definimos coletivamente que o MST entraria na disputa eleitoral, pontuamos que nossas candidaturas se centrariam na disputa não em torno dos indivíduos, mas em torno de bandeiras, programa e projetos, cultivando a unidade das forças populares para mobilizar e politizar o povo.

Mesmo com todo o processo de organização popular para a retomada da democracia com a eleição do presidente Lula, temos um longo caminho para voltar a garantir que nosso povo tenha acesso às conquistas do governo, especialmente nas cidades de pequeno e médio porte, onde as políticas demoram a chegar.

Agora é a nossa vez de ocupar as câmaras municipais com a diversidade que temos no Movimento Sem Terra. Homens e mulheres, jovens, idosos, LGBT’s, educadores, agricultores, artistas, todos formados nas fileiras da luta do MST e agora preparados para desbravar a luta institucional!

Nunca tivemos medo da luta. São mais de 40 anos construindo o campo e a cidade o Brasil que a gente quer, que é o da inclusão, da igualdade, da soberania alimentar, sem racismo, machismo e LGBTfobia. E agora damos esse novo passo para nos inserir com ainda mais força na luta institucional e contamos com o apoio da sociedade para cumprir essa missão de trazer de volta o Brasil para os brasileiros! Vem com a gente!

 

•        MST mobiliza mais de 600 candidaturas municipais para reforçar lutas por direitos no Brasil

Neste ano de 2024, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estará ao lado de mais de 600 candidatos/as que disputam as eleições municipais, na luta por temas centrais para a sociedade brasileira, como o direito à dignidade no campo, alimentação e pela Reforma Agrária Popular. As candidaturas refletem estas bandeiras históricas do MST, e devem dar suporte a uma política que priorize estas questões populares.

Dos mais de 600 candidatos, 258 são Sem Terra, ou seja, muitos cresceram em meio ao Movimento, começando sua atuação política desde cedo e agora trabalham para se eleger, levando a luta pela terra cada vez mais longe.

A decisão de apresentar candidaturas Sem Terra vem depois de um amplo debate sobre como o Brasil, nos últimos anos, tem vivido um cenário político marcado pela ascensão da extrema direita. Essa tendência tem gerado preocupações sobre o futuro da democracia e dos direitos humanos, especialmente diante do aumento de discursos e políticas que ameaçam as liberdades civis, a diversidade e o acesso aos direitos básicos.

A extrema direita no Brasil, embora tenha conseguido consolidar uma base social significativa entre setores como comerciantes, profissionais liberais, militares, policiais e evangélicos da classe trabalhadora, tem sofrido algumas derrotas políticas também. A vitória de Lula nas eleições, as tentativas fracassadas de golpe, a inelegibilidade de Jair Bolsonaro, e os processos judiciais contra seus principais membros, enfraqueceram a posição da extrema direita no cenário nacional.

Assim, após uma ampla campanha para a eleição de deputados estaduais e federais em 2022, com 15 candidatos em que o MST elegeu oito deputados, o Movimento reafirma a decisão política de apoiar um conjunto de trabalhadores/as Sem Terra e candidatas/os, que contribuem para um país mais plural e digno. Desta vez, enxergando a importância dos vereadores, prefeitos e vice-prefeitos em posições estratégicas no espaços institucionais, mais perto da base e do dia-a-dia das pessoas, fortalecendo a Reforma Agrária Popular, a agricultura familiar camponesa e os direitos da classe trabalhadora.

Esta ação massiva parte da necessidade de se posicionar de forma ativa, mobilizando a sociedade para participar do processo político e buscar soluções para os conflitos e violências diárias, entendendo que a participação popular é o único caminho para garantir a democracia.

<><> Participação direta nas eleições

Historicamente, o MST se limitava a indicar candidatos nos processos eleitorais. Entretanto, pela segunda vez em seus 40 anos de existência, o Movimento está sendo convocado a participar diretamente com sua força política nos territórios da Reforma Agrária espalhados pelo país. A base social do MST está fortemente enraizada nos pequenos municípios, onde a proposta da Reforma Agrária se materializa de forma concreta. Por isso, a inserção nos espaços políticos e partidários desses municípios é considerada essencial, assim como em 2022.

Os candidatos a vereadores deste ano se comprometeram que, caso eleitos, ocuparão posições estratégicas na luta política nesses territórios. Por isso, o MST destaca a importância de construir uma força política capaz de concretizar as bandeiras de luta da Reforma Agrária, além de lutar por políticas públicas e mudanças, especialmente nos municípios do interior. Para isso, é necessário ampliar o debate e aumentar a participação ativa da base social Sem Terra, ajudando a politizar e organizar a população desses locais. Outros números que chamam a atenção dizem respeito à diversidade presente nas plenárias, outro compromisso assumido pelo Movimento.

<><> A luta se faz no dia-a-dia

Se os desafios enfrentados pela classe trabalhadora e pela esquerda no Brasil demandam ações coordenadas para acumular forças e promover mudanças, um dos primeiros passos é retomar o trabalho de base, organizando as massas trabalhadoras e elevando seu nível cultural e de consciência de classe.

Para tanto, o Movimento se une ao esforço contínuo para se conectar com as necessidades e aspirações das comunidades, especialmente nas periferias das médias e grandes cidades, onde a organização de núcleos comunitários, cozinhas solidárias e outras iniciativas de construção comunitária são fundamentais.

Além disso, é necessário estimular a luta social em todos os setores, promovendo as lutas de massa como uma forma de pressão e mobilização social. A juventude também precisa ser uma prioridade nesse processo, sendo alvo de um trabalho organizativo específico que fortaleça seu engajamento e participação ativa nas transformações sociais.

A defesa da natureza também é um ponto central, com a necessidade de enfrentar os crimes ambientais e as mudanças climáticas por meio de iniciativas como a proteção dos recursos hídricos, a promoção de alimentos saudáveis, o desmatamento zero, o reflorestamento e o controle da mineração.

Neste sentido, o que está em jogo nestas eleições são o princípio a liberdade, em especial de corpos e territórios; o direito à terra e ao teto no campo e na cidade; o direito a alimentos culturalmente estabelecidos e nutricionalmente adequados; o direito ao trabalho e ao lazer. São pontos que partem de um projeto popular, um projeto que ajude a superar as raízes da violência social, patriarcal e racial, e que sirva de alicerce para a formação social brasileira.

Com este compromisso, o MST reforça suas pautas para estas candidaturas:

•        Reforma Agrária Popular para democratizar o acesso à terra e promover o desenvolvimento do campo;

•        Políticas públicas para a produção de alimentos saudáveis da agricultura familiar camponesa, fomentando a agroecologia e o combate à fome;

•        Política ambiental sustentável pela preservação da natureza e combate à violência de territórios e seus povos tradicionais;

•        Direitos da classe trabalhadora por justiça social, emprego, renda, moradia, saúde, educação e cultura;

•        Fortalecimento da democracia, direitos humanos em prol da diversidade étnico-racial, sexual e de gênero.

 

Fonte: Página do MST

 

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