O que está em jogo nas eleições de 2024?
Para a esquerda, as
eleições sempre são uma oportunidade de debater a política com o povo de
maneira mais concreta. Nesses quase dois meses de campanha, o povo brasileiro
está mais aberto a participar de forma ativa da política e por isso, as
eleições não são um fim em si mesmo, mas também uma oportunidade para conversar
sobre os rumos das cidades que queremos.
Mais do que isso,
temos a oportunidade de fazer no trabalho do “corpo a corpo” das eleições a
contraposição às ideias da direita, que segue enraizada nas Prefeituras e
Câmaras Municipais do país, forjando os candidatos que disputarão as eleições
de 2026. É inegável os avanços que tivemos nesses dois anos de Governo Lula,
mas presidente nenhum governa sozinho. Precisamos eleger uma bancada de
esquerda forte, combativa e pronta para combater o bolsonarismo que segue
organizado, mesmo depois da derrota presidencial e tenta fazer novos
sucessores.
Durante muito tempo o
MST apoiou candidatos e candidatas que apoiam a luta pela Reforma Agrária, mas
em 2022 vimos que isso era insuficiente e decidimos coletivamente que teríamos
nossos próprios candidatos, para construir uma Bancada Sem Terra que defenda a
Reforma Agrária, a agricultura familiar e os outros direitos do povo brasileiro
deixados de lado por aqueles que se dizem representantes do povo.
Tivemos vitórias em
2022 com a eleição de deputados e deputadas Sem Terra e muitos avanços no
governo Lula, mas precisamos avançar mais, enraizando um projeto do governo
democrático e popular nos municípios. Por isso, estamos dando esse salto
lançando candidatos do Movimento Sem Terra para ocupar as Câmaras Municipais,
combater as ideias bolsonaristas nas casas legislativas e construir mandatos de
luta em todo o Brasil
Nessa conjuntura, a
disputa das eleições são estratégicas para se formar e fortalecer forças
políticas locais de esquerda. Quando definimos coletivamente que o MST entraria
na disputa eleitoral, pontuamos que nossas candidaturas se centrariam na
disputa não em torno dos indivíduos, mas em torno de bandeiras, programa e
projetos, cultivando a unidade das forças populares para mobilizar e politizar
o povo.
Mesmo com todo o
processo de organização popular para a retomada da democracia com a eleição do
presidente Lula, temos um longo caminho para voltar a garantir que nosso povo
tenha acesso às conquistas do governo, especialmente nas cidades de pequeno e
médio porte, onde as políticas demoram a chegar.
Agora é a nossa vez de
ocupar as câmaras municipais com a diversidade que temos no Movimento Sem
Terra. Homens e mulheres, jovens, idosos, LGBT’s, educadores, agricultores,
artistas, todos formados nas fileiras da luta do MST e agora preparados para
desbravar a luta institucional!
Nunca tivemos medo da
luta. São mais de 40 anos construindo o campo e a cidade o Brasil que a gente
quer, que é o da inclusão, da igualdade, da soberania alimentar, sem racismo,
machismo e LGBTfobia. E agora damos esse novo passo para nos inserir com ainda
mais força na luta institucional e contamos com o apoio da sociedade para
cumprir essa missão de trazer de volta o Brasil para os brasileiros! Vem com a
gente!
• MST mobiliza mais de 600 candidaturas
municipais para reforçar lutas por direitos no Brasil
Neste ano de 2024, o
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estará ao lado de mais de
600 candidatos/as que disputam as eleições municipais, na luta por temas
centrais para a sociedade brasileira, como o direito à dignidade no campo,
alimentação e pela Reforma Agrária Popular. As candidaturas refletem estas
bandeiras históricas do MST, e devem dar suporte a uma política que priorize
estas questões populares.
Dos mais de 600
candidatos, 258 são Sem Terra, ou seja, muitos cresceram em meio ao Movimento,
começando sua atuação política desde cedo e agora trabalham para se eleger,
levando a luta pela terra cada vez mais longe.
A decisão de
apresentar candidaturas Sem Terra vem depois de um amplo debate sobre como o
Brasil, nos últimos anos, tem vivido um cenário político marcado pela ascensão
da extrema direita. Essa tendência tem gerado preocupações sobre o futuro da
democracia e dos direitos humanos, especialmente diante do aumento de discursos
e políticas que ameaçam as liberdades civis, a diversidade e o acesso aos
direitos básicos.
A extrema direita no
Brasil, embora tenha conseguido consolidar uma base social significativa entre
setores como comerciantes, profissionais liberais, militares, policiais e
evangélicos da classe trabalhadora, tem sofrido algumas derrotas políticas
também. A vitória de Lula nas eleições, as tentativas fracassadas de golpe, a
inelegibilidade de Jair Bolsonaro, e os processos judiciais contra seus
principais membros, enfraqueceram a posição da extrema direita no cenário
nacional.
Assim, após uma ampla
campanha para a eleição de deputados estaduais e federais em 2022, com 15
candidatos em que o MST elegeu oito deputados, o Movimento reafirma a decisão
política de apoiar um conjunto de trabalhadores/as Sem Terra e candidatas/os,
que contribuem para um país mais plural e digno. Desta vez, enxergando a
importância dos vereadores, prefeitos e vice-prefeitos em posições estratégicas
no espaços institucionais, mais perto da base e do dia-a-dia das pessoas,
fortalecendo a Reforma Agrária Popular, a agricultura familiar camponesa e os
direitos da classe trabalhadora.
Esta ação massiva
parte da necessidade de se posicionar de forma ativa, mobilizando a sociedade
para participar do processo político e buscar soluções para os conflitos e
violências diárias, entendendo que a participação popular é o único caminho
para garantir a democracia.
<><>
Participação direta nas eleições
Historicamente, o MST
se limitava a indicar candidatos nos processos eleitorais. Entretanto, pela
segunda vez em seus 40 anos de existência, o Movimento está sendo convocado a
participar diretamente com sua força política nos territórios da Reforma Agrária
espalhados pelo país. A base social do MST está fortemente enraizada nos
pequenos municípios, onde a proposta da Reforma Agrária se materializa de forma
concreta. Por isso, a inserção nos espaços políticos e partidários desses
municípios é considerada essencial, assim como em 2022.
Os candidatos a
vereadores deste ano se comprometeram que, caso eleitos, ocuparão posições
estratégicas na luta política nesses territórios. Por isso, o MST destaca a
importância de construir uma força política capaz de concretizar as bandeiras
de luta da Reforma Agrária, além de lutar por políticas públicas e mudanças,
especialmente nos municípios do interior. Para isso, é necessário ampliar o
debate e aumentar a participação ativa da base social Sem Terra, ajudando a
politizar e organizar a população desses locais. Outros números que chamam a
atenção dizem respeito à diversidade presente nas plenárias, outro compromisso
assumido pelo Movimento.
<><> A
luta se faz no dia-a-dia
Se os desafios
enfrentados pela classe trabalhadora e pela esquerda no Brasil demandam ações
coordenadas para acumular forças e promover mudanças, um dos primeiros passos é
retomar o trabalho de base, organizando as massas trabalhadoras e elevando seu
nível cultural e de consciência de classe.
Para tanto, o
Movimento se une ao esforço contínuo para se conectar com as necessidades e
aspirações das comunidades, especialmente nas periferias das médias e grandes
cidades, onde a organização de núcleos comunitários, cozinhas solidárias e
outras iniciativas de construção comunitária são fundamentais.
Além disso, é
necessário estimular a luta social em todos os setores, promovendo as lutas de
massa como uma forma de pressão e mobilização social. A juventude também
precisa ser uma prioridade nesse processo, sendo alvo de um trabalho
organizativo específico que fortaleça seu engajamento e participação ativa nas
transformações sociais.
A defesa da natureza
também é um ponto central, com a necessidade de enfrentar os crimes ambientais
e as mudanças climáticas por meio de iniciativas como a proteção dos recursos
hídricos, a promoção de alimentos saudáveis, o desmatamento zero, o reflorestamento
e o controle da mineração.
Neste sentido, o que
está em jogo nestas eleições são o princípio a liberdade, em especial de corpos
e territórios; o direito à terra e ao teto no campo e na cidade; o direito a
alimentos culturalmente estabelecidos e nutricionalmente adequados; o direito
ao trabalho e ao lazer. São pontos que partem de um projeto popular, um projeto
que ajude a superar as raízes da violência social, patriarcal e racial, e que
sirva de alicerce para a formação social brasileira.
Com este compromisso,
o MST reforça suas pautas para estas candidaturas:
• Reforma Agrária Popular para
democratizar o acesso à terra e promover o desenvolvimento do campo;
• Políticas públicas para a produção de
alimentos saudáveis da agricultura familiar camponesa, fomentando a
agroecologia e o combate à fome;
• Política ambiental sustentável pela
preservação da natureza e combate à violência de territórios e seus povos
tradicionais;
• Direitos da classe trabalhadora por
justiça social, emprego, renda, moradia, saúde, educação e cultura;
• Fortalecimento da democracia, direitos
humanos em prol da diversidade étnico-racial, sexual e de gênero.
Fonte: Página do MST
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