"Foi uma grande vitória da
extrema-direita e Trump não vai parar a máquina de guerra", diz Pedro
Paiva
Analistas já começam a
avaliar o impacto do retorno de Trump ao poder. Pedro Paiva, correspondente da
TV 247, alerta para as consequências desse resultado para a América Latina,
onde prevê um fortalecimento de grupos de extrema-direita e um aumento das
tensões geopolíticas.
Durante uma superlive
na TV 247, Paiva destacou que “o próximo governo Trump agirá em prol de seus
aliados locais”, fazendo referência direta ao bolsonarismo e a lideranças que
compartilham ideais ultraconservadores. Segundo ele, a América Latina será um
foco de interesse estratégico do novo governo republicano, com destaque para o
México, país que já foi alvo de declarações polêmicas do próprio Trump.
"Trump já falou até em invadir o território mexicano", comentou
Paiva, enfatizando que a retórica beligerante do candidato republicano não deve
diminuir com seu retorno ao poder.
Paiva também apontou
que o fortalecimento de lideranças como Javier Milei, na Argentina, é uma
consequência direta desse cenário político, afirmando que a vitória de Trump
representa uma “grande vitória da extrema-direita” em escala global. Segundo o
correspondente, essa ascensão das forças de direita é parte de uma estratégia
mais ampla que envolve o apoio a aliados locais em toda a América Latina,
alimentando uma “máquina de guerra” dos Estados Unidos que, conforme alertou,
“não vai parar com Trump, muito pelo contrário”.
Em sua análise, Paiva
foi enfático ao dizer que a máquina de guerra norte-americana possui uma
independência que transcende a figura do presidente, “controlando o país e seus
líderes”. Ele argumenta que, mesmo com a retórica populista e nacionalista de Trump,
a estrutura de poder nos EUA favorece o expansionismo militar e econômico, com
consequências diretas para países latino-americanos que resistam às diretrizes
de Washington. Ele também previu a continuidade da guerra na Ucrânia e do
genocídio na Palestina.
O impacto dessa
mudança na Casa Branca, caso a vitória de Trump se confirme, também traz
preocupações para as relações internacionais. Com a Edison Research projetando
uma liderança de Trump em estados decisivos como Pensilvânia, Carolina do Norte
e Geórgia, muitos analistas e jornalistas já discutem a provável retomada de
uma agenda de confronto e apoio a governos alinhados à extrema-direita na
América Latina, prevendo uma fase de instabilidade para o continente.
Kamala Harris ainda
não se pronunciou oficialmente sobre o desenrolar das apurações, mas seu
co-chair de campanha, Cedric Richmond, declarou que "ainda temos votos a
serem contados", sugerindo que a contagem continua em áreas-chave. Se
confirmado, o retorno de Trump à Casa Branca deverá dar início a um novo
capítulo de políticas exteriores agressivas, com desdobramentos na América
Latina que, segundo Pedro Paiva, “não deverão ser ignorados por quem defende a
paz e a soberania no continente.”
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Trump enriquece em mais de R$ 6 bilhões em poucas horas
O candidato
republicano Donald Trump fez história ao vencer as eleições nos Estados Unido e
viu sua fortuna aumentar em mais de R$ 6 bilhões, impulsionada pela valorização
de sua empresa de mídia social, o Trump Media & Technology Group, informa o
jornal O Globo.
Após a projeção de
vitória na disputa com a democrata Kamala Harris, as ações da Trump Media, que
opera a plataforma Truth Social, dispararam em valor de mercado. No
pré-mercado, as ações, identificadas pelo símbolo “DJT”, subiram 35%, elevando
a avaliação da empresa para cerca de US$ 9 bilhões. Trump, que é o acionista
majoritário da empresa conservadora, possui um investimento que representa
cerca de US$ 3,9 bilhões (aproximadamente R$ 22,23 bilhões) de sua fortuna
total, estimada em US$ 6 bilhões (cerca de R$ 34,2 bilhões).
De acordo com a CNN,
as 114,75 milhões de ações do presidente eleito estavam avaliadas em
aproximadamente US$ 5,3 bilhões nas negociações de pré-mercado, um aumento
significativo em comparação com os US$ 3,9 bilhões registrados ao fim das
negociações no dia da eleição. Entre 23 de setembro e o final de outubro, o
valor da Trump Media mais que triplicou, impulsionado por expectativas de que
Trump venceria a Casa Branca.
Embora a Trump Media
& Technology Group ainda enfrente desafios financeiros, com receitas
escassas e prejuízos, as ações da empresa-mãe da Truth Social acumulam uma alta
de cerca de 85% no último mês. Com essa valorização, Trump se posiciona como a
540ª pessoa mais rica do mundo, segundo estimativas da Forbes.
¨ “A guerra contra os BRICS e o genocídio em Gaza continuam",
diz Pepe Escobar
Os principais
analistas geopolíticos já começam a reagir à vitória de Donald Trump na eleição
presidencial de 2024, após projeções da Fox News indicarem que o republicano
derrotou Kamala Harris. Em uma análise contundente na superlive do 247, o
analista geopolítico Pepe Escobar alertou para os impactos dessa reviravolta no
cenário mundial, com foco na continuidade de conflitos e políticas externas
agressivas dos Estados Unidos.
“O genocídio em Gaza
continua. A guerra contra os BRICS continua”, disse Escobar, enfatizando que a
postura beligerante de Washington em relação a regiões estratégicas não deve
arrefecer com a volta de Trump ao poder. Segundo ele, a administração Trump, agora
reforçada por um “mandato poderoso”, como o próprio ex-presidente descreveu,
seguirá intensificando pressões e sanções sobre adversários geopolíticos,
especialmente o bloco dos BRICS.
Escobar destacou
também a provável ascensão de Mike Pompeo a um cargo-chave, sendo o principal
nome cotado para liderar o Departamento de Defesa. “Mike Pompeo terá um papel
extremamente perigoso. Os alvos já são conhecidos: Irã, Venezuela e os houthis
no Iêmen”, afirmou. Segundo o analista, a nomeação de Pompeo, ex-secretário de
Estado e figura alinhada com políticas intervencionistas, indicaria um
direcionamento ainda mais agressivo e estratégico contra países que desafiam a
hegemonia norte-americana.
Além dos conflitos
militares diretos, Escobar previu um “tsunami de sanções” direcionado não
apenas à China, mas também à União Europeia, num esforço de Washington para
consolidar sua influência econômica e desestabilizar a ascensão de potências
rivais. “Virão sanções severas, afetando economias e redes comerciais
internacionais, numa tentativa de frear o crescimento chinês e enfraquecer a
União Europeia”, completou.
As declarações de
Escobar surgem num contexto em que Trump reafirma sua vitória, afirmando que “a
América nos deu um mandato poderoso e sem precedentes” a uma multidão
entusiasmada em Palm Beach, onde prometeu uma abordagem “implacável” para
restaurar a posição dos Estados Unidos no cenário mundial. Apoiado por figuras
como o empresário Elon Musk, que contribuiu com US$ 120 milhões para sua
campanha e provavelmente será nomeado para liderar uma comissão de eficiência
governamental, Trump já sinalizou uma agenda focada no fortalecimento militar e
econômico do país.
A provável volta de
Trump à Casa Branca também tem implicações para o cenário interno dos Estados
Unidos. Escobar, entretanto, adverte que essa “máquina de guerra” visa
essencialmente reforçar uma agenda imperialista, afetando diretamente regiões e
países que se opõem ao alinhamento com Washington. Para o analista, a
estratégia visa consolidar uma rede de pressão global, colocando tanto
adversários tradicionais quanto aliados na Europa sob intensa vigilância e
sanções.
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Trump tem mais 'força' para frear Israel, diz Hezbollah
O grupo xiita libanês
Hezbollah acredita que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump,
terá mais autoridade do que a candidata democrata Kamala Harris para frear a
guerra de Israel no Líbano.
A declaração foi dada
à ANSA por um dirigente do "Partido de Deus" que preferiu se manter
no anonimato porque não está autorizado a falar com a imprensa.
"Sabemos
que a política americana no Oriente Médio de apoio a Israel não mudará entre
republicanos e democratas, mas acreditamos que Trump terá mais força que Biden
ou Harris para frear o criminoso Netanyahu", disse a fonte.
Israel conduz há cerca
de um mês e meio uma ofensiva contra o Hezbollah no Líbano que já matou
aproximadamente 2 mil pessoas e eliminou boa parte do comando do grupo,
incluindo o líder Hassan Nasrallah, vítima de um bombardeio em Beirute e
substituído recentemente por Naim Qassem.
Já o Hamas, que trava
uma guerra contra Israel na Faixa de Gaza há mais de um ano, exortou Trump a
"aprender com os erros" do presidente Joe Biden, segundo declaração
citada pela agência Reuters.
Além disso, Basem
Naim, membro do gabinete político do grupo palestino, disse à AFP que o
"apoio cego dos EUA" a Israel "deve acabar", uma vez que se
dá "em detrimento do futuro do nosso povo e da segurança e estabilidade da
região".
¨ 'Donald Trump é o pesadelo da Europa': como vitória de
republicano afeta o mundo
Quando o presidente
dos Estados Unidos, Joe Biden, passou por Kiev em
fevereiro de 2023, em uma visita surpresa para demonstrar solidariedade a
Volodymyr Zelensky, seu homólogo ucraniano, as sirenes de ataque aéreo soaram.
"Senti algo...
mais forte do que nunca", lembrou ele mais tarde. "Os Estados Unidos
são um farol para o mundo."
Agora, quem assumirá o
comando desse autodenominado farol do mundo será Donald Trump, com sua esperança de
que o "americanismo, e não o globalismo" é que guie o caminho.
Trump vai voltar à
Casa Branca em um mundo em que o valor da influência global dos Estados Unidos
está sendo questionado.
Potências regionais
seguindo seus próprios caminhos, regimes autocráticos fazendo suas próprias
alianças e as guerras devastadoras em Gaza, na Ucrânia e em outros
lugares estão levantando perguntas incômodas sobre o valor do papel de
Washington.
Mas os Estados Unidos
seguem um país importante devido ao seu poderio econômico e militar e ao seu
papel de destaque em muitas alianças.
Lyse Doucet,
correspondente-chefe internacional da BBC News, dias antes da eleição que
sagrou o republicano vencedor, conversou com alguns especialistas em diferentes
áreas para ouvir suas reflexões sobre as consequências globais deste desfecho.
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Poderio militar
"Não posso
amenizar essas advertências", diz Rose Gottemoeller, ex-secretária-geral
adjunta da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). "Donald Trump
é o pesadelo da Europa, com os ecos de sua ameaça de se retirar da Otan nos
ouvidos de todos."
Os gastos de defesa de
Washington equivalem a dois terços dos orçamentos militares dos outros 31
membros da aliança militar. Além da Otan, os Estados Unidos gastam mais em suas
Forças Armadas do que os 10 países seguintes juntos, incluindo China e Rússia.
Trump se gaba de estar
jogando duro para forçar outros países da Otan a cumprir suas metas de gastos,
que é de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) — apenas 23 dos países membros
atingiram esta meta em 2024. Mas suas declarações erráticas ainda são chocantes.
Mas Gottemoeller não
acredita que "a Otan deva ruir". A Europa vai precisar "dar um
passo à frente para liderar".
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Trump 'pode dar a Israel mais liberdade em Gaza'
Trump vai ter que
governar em um mundo que enfrenta o maior risco de confronto entre grandes
potências desde a Guerra Fria.
"Os Estados
Unidos continuam sendo o ator internacional mais significativo em questões de
paz e segurança", afirma Comfort Ero, presidente e CEO da ONG
International Crisis Group.
"Mas seu poder de
ajudar a resolver conflitos está diminuindo", ela adverte.
As guerras estão se
tornando cada vez mais difíceis de acabar.
"Os conflitos
mortais estão se tornando mais intratáveis, com a competição entre grandes
potências se acelerando, e potências médias em ascensão", diz Ero sobre o
atual cenário. Guerras como a da Ucrânia atraem várias potências, e conflitos
como o do Sudão colocam os participantes regionais
com interesses concorrentes uns contra os outros, e alguns investem mais na
guerra do que na paz.
Essas ressalvas
postas, de acordo com ela, Trump "pode dar a Israel mais liberdade em Gaza
e em outros lugares, e já insinuou que poderia tentar fazer um acordo com
Moscou em relação à Ucrânia, passando por cima de Kiev".
Trump também já
declarou que é hora de "voltar à paz, e parar de matar pessoas". Mas
ele teria dito ao líder israelense, Benjamin Netanyahu, para
"fazer o que tem que fazer".
O republicano se
orgulha de ser um pacificador. "Vou alcançar a paz no Oriente Médio, e em
breve", ele afirmou em entrevista à TV Al Arabiya, da Arábia Saudita, na
noite de domingo (27/10).
Ele prometeu expandir
os Acordos de Abraham de 2020, se voltasse à Casa Branca. Esses acordos
bilaterais normalizaram as relações entre Israel e alguns Estados árabes, mas
foram amplamente vistos como tendo marginalizado os palestinos e, em última
análise, contribuído para a atual crise sem precedentes.
Em relação à Ucrânia,
Trump nunca esconde sua admiração por homens fortes como o presidente
russo, Vladimir Putin.
Ele deixou claro que
quer acabar com a guerra na Ucrânia e, assim, com o forte apoio militar e
financeiro dos Estados Unidos. "Eu vou sair. Temos que sair", ele
insistiu em um comício recente.
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Trump x China: 'O maior choque para a economia global em décadas'
"O maior choque
para a economia global em
décadas". Esta é a opinião de Rana Mitter, um renomado acadêmico
especializado em China, sobre as tarifas de 60% propostas por Trump sobre todos
os produtos chineses importados.
A imposição de custos
elevados à China e a muitos outros parceiros comerciais tem sido uma das
ameaças mais persistentes de Trump em sua abordagem "Estados Unidos em
primeiro lugar". Mas Trump também elogia o que ele considera ser sua forte
conexão pessoal com o presidente Xi Jinping. Ele disse ao
conselho editorial do Wall Street Journal que não precisaria usar força militar
contra um eventual bloqueio de Pequim a Taiwan, porque o líder chinês "me
respeita, e sabe que sou louco".
Mas Mitter,
historiador britânico que dá aula de relações internacionais entre Estados
Unidos e Ásia na Harvard Kennedy School, diz que, com Trump, o cenário será
mais "fluido". Por exemplo, em relação a Taiwan, Mitter aponta para a
ambivalência de Trump sobre se ele sairia em defesa de uma ilha distante dos
Estados Unidos.
Se a a liderança
chinesa previa que qualquer cenário seria duro para Pequim, uma minoria
significativa vê Trump como um homem de negócios cuja imprevisibilidade pode
significar uma grande barganha com a China, "por mais improvável que isso
pareça".
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Crise climática: 'Um dos maiores golpes de todos os tempos'
"A eleição nos
Estados Unidos é extremamente importante não apenas para seus cidadãos, mas
para o mundo todo, devido ao imperativo urgente da crise climática e da
natureza", diz Mary Robinson, atual presidente do Elders, um grupo de
líderes mundiais fundado por Nelson Mandela. Ela é ex-presidente da Irlanda, e
já ocupou o cargo de alta comissária da ONU para os direitos humanos.
"Cada fração de
grau é importante para evitar os piores impactos das mudanças climáticas e
impedir um futuro em que furacões devastadores, como o Milton, sejam a norma", acrescentou.
O próximo ocupante da
Casa Branca, no entanto, ridicularizou os planos e as políticas ambientais para
enfrentar essa emergência climática, classificando como "um dos maiores
golpes de todos os tempos".
Muitos esperam que ele
saia do acordo climático assinado em Paris em 2015, como fez em seu primeiro
mandato.
Mas Robinson acredita
que Trump não pode deter o ímpeto que está ganhando força. "Ele não pode
interromper a transição energética dos Estados Unidos, e reverter os bilhões de
dólares em subsídios verdes... nem pode deter o incansável movimento climático
não federal."
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Liderança humanitária
"O resultado das
eleições nos Estados Unidos tem um significado imenso, dada a influência
incomparável que os Estados Unidos exercem, não apenas por meio de seu poderio
militar e econômico, mas por meio de seu potencial de liderar com autoridade
moral no cenário global", diz Martin Griffiths, um mediador de conflitos
veterano que, até recentemente, era subsecretário-geral da ONU para assuntos
humanitários e coordenador de ajuda de emergência.
"Um retorno à
presidência de Trump, marcada pelo isolacionismo e unilateralismo, oferece
pouco além de um aprofundamento da instabilidade e da desesperança
global", diz Griffiths.
Os Estados Unidos
também são o maior doador individual no que diz respeito ao sistema da ONU. Em
2022, eles forneceram um valor recorde de US$ 18,1 bilhões.
Mas no primeiro
mandato de Trump, ele cortou o financiamento de várias agências da ONU e se
retirou da Organização Mundial da Saúde (OMS). Outros doadores se esforçaram
para preencher as lacunas — que é o que Trump queria que acontecesse.
Griffiths destaca uma
desesperança cada vez maior na comunidade humanitária e fora dela, e lembra que
houve critica à "hesitação" do governo Biden em relação à
deterioração da situação no Oriente Médio.
Os chefes das agências
de ajuda humanitária condenaram repetidamente o ataque mortal do Hamas em 7 de outubro de 2023 contra
civis israelenses. Mas também pediram repetidas vezes que os Estados Unidos
fizessem muito mais para acabar com o profundo sofrimento dos civis em Gaza e
no Líbano.
Mas Griffiths ainda
acredita que os Estados Unidos são uma potência indispensável. "Em uma
época de conflitos e incertezas globais, o mundo anseia que os Estados Unidos
enfrentem o desafio de uma liderança responsável e baseada em princípios... Nós
exigimos mais. Nós merecemos mais. E ousamos esperar por mais."
Fonte: Brasil 247/BBC
News Mundo
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