O que o futuro reserva para a Ucrânia e as
relações Rússia-OTAN após as eleições dos EUA?
Os dois candidatos
presidenciais dos EUA propõem abordagens aparentemente diferentes em relação ao
conflito na Ucrânia, disse Ian Proud, um ex-diplomata britânico que atuou como
conselheiro econômico na Embaixada britânica em Moscou, à Sputnik.
O conflito na Ucrânia
provavelmente deixará uma série de problemas para o próximo presidente dos EUA,
incluindo o custo da ajuda dos EUA, potenciais negociações de paz e a extensão
do envolvimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no impasse.
"Kamala Harris
propõe mais do mesmo que o governo Biden fez em relação a este conflito. Ou
seja, um apoio inabalável ao governo em Kiev e nenhuma mudança em termos de sua
postura quanto às negociações com a Rússia, o que basicamente significa nenhuma
negociação com Moscou", destacou Proud.
Ele sugeriu que, se
Harris vencer a eleição, "ela achará muito mais difícil conceder o nível
de apoio financeiro a Kiev que tem sido possível sob a administração Biden,
quando mais de US$ 100 bilhões [cerca de R$ 570,7 bilhões] em apoio estão sendo
fornecidos", algo que Proud diz que "tornaria o trabalho dela mais
difícil".
"Ela seguirá
apoiando o que Vladimir Zelensky disser que quer fazer, mas o que ela pode não
ser capaz de fazer é fornecer a ele a quantia de dinheiro e a quantidade de
armas que ele busca. Isso então causa espaço para atrito entre seu governo e o
governo ucraniano", disse o ex-diplomata do Reino Unido.
Quanto a Donald Trump,
ele repetidamente enfatizou que "a guerra realmente deveria acabar" e
que é "muito melhor fechar um acordo com a Rússia, pôr fim ao conflito e
então começar um tipo de processo de paz de longo prazo", lembrou Proud.
"Essa é uma
diferença muito significativa do que Harris ofereceria, [e] se ele for capaz de
alcançar isso — vamos ver", disse o analista, apontando para as
declarações públicas de Trump de que "ele não gostaria de fornecer
recursos financeiros infinitos para sustentar o governo em Kiev, que está
gradualmente perdendo a guerra".
Em uma entrevista
separada com a Sputnik, Earl Rasmussen, um consultor internacional e
tenente-coronel aposentado com mais de 20 anos de serviço ao Exército dos EUA,
sublinha as maneiras como os dois candidatos poderiam lidar com questões
relacionadas à OTAN.
"Acredito que
Harris será realmente mais agressiva, pressionará por mais OTAN, pressionará
mais fortemente pelo fortalecimento da OTAN, na medida em que puder,
provavelmente fortalecerá o apoio à Ucrânia e a todos os conflitos ao redor do
mundo", argumentou Rasmussen.
Há "muitos do
partido neoconservador, neoliberais, [que] a estão apoiando. Os belicistas são
os que estão do lado dela e até mesmo o presidente Biden nunca foi contra
qualquer tipo de intervenção ou guerra. Vejo Harris sendo a mais agressiva dos
dois candidatos", aponta Rasmussen.
Donald Trump é um
"não intervencionista conhecido", disse ele. "[Trump] tenta
dialogar. Ele procurou o presidente [chinês] Xi [Jinping] da última vez,
procurou a Coreia do Norte, o presidente [russo] Putin. Ele tenta conversar com
todos os lados, não apenas fechar com a administração atual", de acordo
com o analista.
"Se houver alguma
esperança de resolver isso [o conflito na Ucrânia], será por meio do presidente
Trump. Trump tem mais um fator atenuante aí", afirmou o especialista.
Ele, no entanto,
alertou que o ex-presidente norte-americano também havia falado sobre melhorar
as relações com a Rússia, mas em vez disso aplicou "Deus sabe quantas
sanções" a Moscou, durante as quais "as tensões pioraram".
Quanto aos membros da
OTAN, eles têm medo de Trump porque não sabem o que ele vai fazer, observou o
analista. "É imprevisível. Eles não sabem se ele vai retirar o
financiamento. Se os EUA saírem da OTAN, ela se desmorona completamente",
disse Rasmussen.
O analista sugeriu
que, se Trump vencer a eleição, "ele será mais independente para fazer o
que quiser", embora haja conselheiros nos bastidores. Há "pessoas nos
bastidores, como os Obamas e os Clintons" que desempenham um papel, concluiu
Rasmussen.
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'Rússia pode desempenhar um papel fundamental para a estabilidade do Oriente
Médio'
A Rússia pode
desempenhar um papel fundamental na obtenção de estabilidade no Oriente Médio,
disse Mahmoud al-Habbash, juiz e conselheiro do presidente palestino para
assuntos religiosos, à Sputnik, comentando a proposta do presidente russo
Vladimir Putin de se juntar ao acordo entre Irã e Israel.
Durante uma reunião
com os chefes dos principais veículos de comunicação dos países-membros do
BRICS, Putin anunciou a prontidão da Rússia em participar das conversas para a
redução das tensões entre Israel e Irã se as partes do conflito estivessem
interessadas nisso.
"A Rússia é um
país grande com enorme peso no mundo, isso lhe permite desempenhar um papel
influente em assuntos internacionais. Ela também tem seus próprios interesses e
relações excelentes na região árabe e islâmica, então é capaz de desempenhar um
papel fundamental na obtenção de paz e estabilidade regional e global",
disse al-Habbash na 16ª Сúpula do BRICS em Kazan.
Na madrugada deste
sábado (26), Israel lançou um ataque aéreo contra alvos militares no Irã, em
resposta a um ataque massivo de mísseis iranianos no começo do mês.
¨ 'Ucrânia enfrenta possibilidade real de derrota – não há como
disfarçar isso', afirma analista
As tropas ucranianas,
cada vez mais parecidas com o Exército de Hitler em 1945, não poderão derrotar
as Forças Armadas russas em uma luta de atrito, escreve o portal The
Conversation.
Em seu artigo, Frank
Ledwidge, professor sênior de Estratégia e Direito Militar da Universidade de
Portsmouth (Reino Unido), reproduz relatos de um amigo analista pró-Ucrânia,
"geralmente muito otimista", que voltou recentemente da Ucrânia.
Com as tropas
ucranianas perdendo terreno, especialmente nos últimos meses, o analista
caracteriza a situação no país dizendo:
"Os ucranianos
estão sendo repelidos em todas as frentes – inclusive na região de Kursk, na
Rússia [...] Mais importante, eles estão ficando sem soldados."
A publicação cita o
baixo moral e a deserção como problemas sérios nas Forças Armadas ucranianas, o
que só dificulta o envio de novas forças para a linha de frente.
As tropas ucranianas
estão agora se retirando em todas as regiões, inclusive na região russa de
Kursk, invadida pelos ucranianos em agosto deste ano.
O analista citado
enfatiza a atmosfera sombria de um briefing com a participação de oficiais
militares ocidentais, na qual esteve presente.
De acordo com ele, a
situação da Ucrânia é avaliada como "perigosa" e "mais ruim do
que nunca" e os militares ocidentais temem que uma catástrofe possa
acontecer repentinamente.
"A história não
conhece nenhum exemplo em que enfrentar a Rússia em uma luta de atrito tenha
sido bem-sucedido. Sejamos claros: isso significa que há uma possibilidade real
de derrota – não há como disfarçar isso", concluiu.
A Rússia lançou uma
operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 em resposta aos
apelos de proteção das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL)
contra os bombardeios e ataques das tropas ucranianas.
O presidente russo
Vladimir Putin disse que seu objetivo é "proteger as pessoas que foram
submetidas a abuso e genocídio pelo regime de Kiev por oito anos".
De acordo com ele, a
Rússia vem tentando há 30 anos chegar a um acordo com a Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN) sobre os princípios de segurança na Europa, mas, em
resposta, tem enfrentado mentiras cínicas ou tentativas de pressão e chantagem,
enquanto, nesse meio tempo, apesar dos protestos de Moscou, a aliança tem se
expandido constantemente e se aproximado das fronteiras da Rússia.
¨ Putin sobre ações do Exército ucraniano: 'Agora tudo é feito por
oficiais da OTAN'
Mesmo os atuais
ataques das tropas ucranianas contra o território russo envolvem oficiais da Organização
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), disse o presidente russo Vladimir Putin,
comentando a possibilidade de o Ocidente autorizar Kiev a atacar a Rússia com
suas armas de longo alcance.
O presidente russo
reafirmou sua declaração de que as armas ocidentais de longo alcance não podem
ser usadas sem participação direta dos militares desses países, uma vez que a
Ucrânia não dispõe de capacidades tecnológicas para usar tais armas.
Putin explicou, em
particular, que as armas desse tipo precisam de meios e dados de inteligência
espacial militar que a Ucrânia não tem.
Além disso, são
necessários especialistas para processar os dados de inteligência e operar as
armas.
"Não se trata de
saber se alguém permitirá ou não permitirá usar essas armas contra a Rússia.
[...] As tropas ucranianas não podem usar essas armas por si próprias. [...] A
única questão é se eles [OTAN] vão se permitir atacar o território russo em profundidade.
Essa é a questão", disse Putin em uma entrevista ao jornalista Pavel
Zarubin.
O presidente russo
afirmou que o Ministério da Defesa da Rússia está considerando várias opções
para responder a possíveis ataques de longo alcance ao território russo.
Contudo, o líder russo
disse esperar que o Ocidente tenha ouvido seus sinais de que permitir ataques
de longo alcance contra territórios russos localizados longe da zona de
conflito significaria que a OTAN está diretamente em guerra com a Rússia.
¨ Alemanha e França se opõem ao plano da UE para superar veto de
Orbán à Ucrânia, diz mídia americana
França e Alemanha
estão expressando preocupações sobre uma proposta do braço diplomático da União
Europeia que visa contornar o veto da Hungria, uma vez que Budapeste está
bloqueando mais de € 6 bilhões (R$ 36,7 bilhões) em ajuda à Ucrânia.
O Serviço Europeu de
Ação Externa (EEAS, na sigla em inglês) ventilou a possibilidade de permitir
que os Estados-membros façam contribuições voluntárias para o European Peace
Facility (EPF), que é usado para ajudar a financiar equipamentos militares. Isso
permitiria que fundos futuros fluíssem com base no consentimento dos
contribuintes, em vez de por apoio unânime.
No entanto, alguns
Estados-membros, incluindo França e Alemanha, expressaram preocupações sobre
estabelecer um precedente que poderia colocar em risco o futuro do EPF como uma
ferramenta de política externa, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto,
ouvidas pela Bloomberg.
Em certos países,
contribuições voluntárias podem exigir aprovação dos parlamentos nacionais, o
que adicionaria uma camada diferente de complicação. Os governos francês e
alemão se recusaram a fornecer um comentário formal.
"Atualmente, o
EPF depende de contribuições obrigatórias com base no peso econômico de cada
Estado-membro e requer unanimidade para desembolso", escreve o texto.
Anteriormente, o chefe
da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que a Hungria continua
a bloquear a atribuição de € 6 bilhões (R$ 36,7 bilhões), como compensação aos
Estados da UE pelo fornecimento de armas e munições à Ucrânia.
Uma fonte europeia
disse à imprensa que o serviço de política externa da UE apresentou aos
Estados-membros uma proposta para a UE contribuir para o EPF em uma base
voluntária, contornando assim o veto da Hungria.
A Rússia reiterou em
numerosas ocasiões que o envio de armas para a Ucrânia dificulta uma solução
diplomática e envolve diretamente os países da OTAN no conflito. O ministro das
Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, alertou que qualquer envio de
armas para a Ucrânia seria um alvo legítimo para as forças russas.
¨ G7 anuncia que vai elevar a pressão das sanções ocidentais
contra o petróleo russo
Lideranças do grupo
informaram que vão aumentar os esforços para impedir que instituições
financeiras contornem as sanções impostas à Rússia.
Os países do G7
pretendem aumentar a pressão das sanções contra o petróleo russo e elevar o
controle sobre a operação do mecanismo de teto de preços da commodity. O
anúncio foi dado neste sábado (26), em declaração emitida por ministros das
Finanças e os presidentes dos bancos centrais de países do G7.
"Continuamos
comprometidos em tomar mais iniciativas em resposta às violações do teto do
preço do petróleo e em aumentar os custos para a Rússia de usar a frota
paralela para escapar das sanções. Continuamos comprometidos em restringir as
fontes de receita do Kremlin, incluindo mais ações para direcionar receitas de
energia e futuras capacidades de extração, com base nas medidas que tomamos até
agora", diz a declaração.
No comunicado, as
lideranças também afirmam que pretendem intensificar os esforços para impedir
que organizações financeiras, incluindo aquelas sediadas em países terceiros,
ajudem a Rússia a contornar sanções.
"Pretendemos
intensificar nossos esforços para impedir que instituições financeiras apoiem a
evasão de nossas sanções pela Rússia, especialmente em países terceiros, e
continuar interagindo com o setor privado para garantir que os operadores do G7
não façam parte dos esquemas de evasão da Rússia", disse o comunicado.
Moscou afirmou
repetidas vezes que a Rússia conseguirá suportar a pressão das sanções impostas
pelo Ocidente, que não tem coragem de admitir o fracasso da estratégia. Nos
próprios países ocidentais, análises políticas repetidamente expressam opiniões
de que as sanções anti-russas são ineficazes.
O presidente russo
Vladimir Putin afirmou anteriormente que a política de conter e enfraquecer a
Rússia é uma estratégia de longo prazo do Ocidente, e que as sanções desferiram
um duro golpe em toda a economia global.
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Empréstimo a Kiev para se apropriar de ativos russos é 'esquema de fraude' de
Bruxelas
Na sexta-feira (25),
líderes do G7 anunciaram empréstimo a Kiev a serem pagos com ativos russos
congelados. MRE russo diz que resposta de Moscou não demorará muito.
A representante
oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova,
afirmou neste sábado (26) que a decisão tomada pela União Europeia (UE) de
alocar um empréstimo adicional a Kiev no valor de US$ 35 bilhões (cerca de R$
216 bilhões) é um "esquema de fraude" de Bruxelas para se apropriar
de ativos russos congelados.
"A resposta
decisiva do lado russo a outra tentativa da União Europeia de embolsar a
receita dos ativos 'congelados' da Rússia não demorará muito", disse
Zakharova.
Na sexta-feira (25),
chefes dos ministérios das Finanças do G7 chegaram a um acordo para fornecer à
Ucrânia empréstimos no valor de quase US$ 50 bilhões (cerca de R$ 285 bilhões),
a serem reembolsados de dezembro de 2024 a 31 de dezembro de 2027.
Pelo acordo, a parte
principal do empréstimo e os juros será paga com fundos
provenientes de rendimentos de ativos congelados da Rússia.
A UE e o G7 bloquearam
ativos russos no valor de € 300 bilhões (mais de R$ 1,8 trilhão) desde o início
da operação militar da Rússia na Ucrânia.
A maior parte dos
ativos congelados está em países da UE, que vêm sendo pressionados pelos EUA
para tornar indefinido o congelamento como forma de garantir o uso para
reembolso de empréstimos a Kiev.
O Ministério das
Relações Exteriores da Rússia classifica o congelamento de ativos como um
"roubo" que afeta não apenas investidores individuais, mas também
fundos soberanos. O chanceler russo, Sergei Lavrov, alerta que a Rússia
responderá simetricamente com o confisco de bens europeus congelados no país.
Fonte: Sputnik Brasil
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