terça-feira, 29 de outubro de 2024

Partido de Bolsonaro, PL perdeu em sete das 9 capitais onde disputou o segundo turno

O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, perdeu em sete das nove capitais onde disputou o segundo turno das eleições municipais deste domingo (27), informa o jornalista Igor Gadelha, do Metrópoles. A legenda conseguiu eleger apenas Abilio Brunini, em Cuiabá (MT), e Emília Correa, em Aracajú (SE). Eles se somarão aos outros dois prefeitos de capitais eleitos pelo PL no primeiro turno.

<><> Bolsonaro é o grande derrotado do segundo turno das eleições nas capitais

O colunista do UOL Leonardo Sakamoto destaca as derrotas que Jair Bolsonaro sofreu no segundo turno das eleições municipais realizado neste domingo (27).

O ex-presidente perdeu as eleições em sete das 15 capitais que elegeram prefeitos no segundo turno deste domingo (27). Os candidatos do PL em Palmas (TO), Manaus (AM), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG) e Belém (PA) foram derrotados.

•        Emendas parlamentares turbinaram reeleição de prefeitos em cidades de médio e pequeno porte

O resultado das eleições municipais deste mês de outubro ilustra de maneira clara a influência das emendas parlamentares, especialmente nos resultados registrados nos municípios de pequeno porte. Segundo a CNN Brasil, um estudo realizado pela Prospectiva Consultoria, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Tesouro Nacional, revela que os prefeitos reeleitos tiveram acesso a 33% mais recursos provenientes dessas emendas em comparação aos que não conseguiram renovar seus mandatos.

Nos pequenos municípios, os candidatos reeleitos foram beneficiados com uma média de R$ 896 per capita em emendas parlamentares. Em contrapartida, os prefeitos derrotados na busca por mais quatro anos no cargo receberam apenas R$ 672 por habitante. Essa tendência se mantém, embora em menor intensidade, nos municípios de médio porte, onde prefeitos reeleitos obtiveram R$ 323 per capita, enquanto os não reeleitos receberam R$ 258, resultando em uma diferença de 25%.

A análise da Prospectiva destaca que, atualmente, está em curso um movimento liderado pelo Centrão para diminuir a dependência em relação ao Poder Executivo, o que inclui um maior controle do orçamento público pelos parlamentares, especialmente através das emendas parlamentares. O relatório aponta, ainda, que a criação das emendas impositivas individuais e, posteriormente, das emendas de bancada, praticamente eliminou a principal ferramenta que os governos utilizavam para formar maiorias no parlamento.

“A eficácia das emendas foi desproporcional à dimensão das cidades: quanto menor o município, maior o volume de recursos recebidos e maior sua influência sobre o sucesso de reeleição”, afirma o relatório da consultoria, de acordo com a reportagem.

<><> PSD alcança 887 cidades e se torna o partido com maior número de prefeituras

O PSD, liderado por Gilberto Kassab, consolidou-se como o partido com mais prefeituras no Brasil após as eleições municipais de 2024, assumindo o comando de 887 cidades para o próximo mandato.

Após o segundo turno, realizado neste domingo (27), a legenda ultrapassou o MDB, que venceu em 856 municípios, e o PP, que garantiu 745 prefeituras. O PL, sigla do ex-mandatário Jair Bolsonaro, ficou em quinto lugar, enquanto o PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ocupa a nona posição, com 252 prefeituras.

Nas capitais, o MDB conquistou seis, incluindo Teresina, São Paulo e Porto Alegre; o PSD, cinco, entre elas Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O PL assegurou quatro capitais, incluindo Aracaju e Cuiabá. Os dados não incluem municípios com resultados ainda sub judice.

•        "Quem ganhou as eleições no Brasil foi a base do presidente Lula", diz Paulo Teixeira

O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), aproveitou o embalo das eleições municipais para fazer críticas a Jair Bolsonaro (PL) e ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após o segundo turno das eleições de 2024. A declaração, feita nas redes sociais e repercutida pelo portal Metrópoles, veio acompanhada de uma avaliação provocativa do ministro, que afirmou: “quem ganhou as eleições no Brasil foi a base do presidente Lula. Esqueçam Jair Bolsonaro e Tarcísio Gomes de Freitas”.

Apesar do tom de celebração de Teixeira, Tarcísio de Freitas garantiu um triunfo pessoal ao conseguir a reeleição de Ricardo Nunes (MDB) como prefeito de São Paulo. O governador de São Paulo se destacou como cabo eleitoral de peso, e a vitória de Nunes representa um ponto importante para a base de apoio do MDB no maior colégio eleitoral do país. Em contrapartida, o PL de Bolsonaro ainda garantiu vitórias em Cuiabá e Aracaju, mas sofreu reveses significativos em outras capitais. O PT, por sua vez, conquistou a Prefeitura de Fortaleza com Evandro Leitão.

Para os aliados de Bolsonaro, o resultado reforça o desafio de reconquistar o apoio popular e de fortalecer a legenda para as próximas disputas eleitorais. Na capital mato-grossense, Abílio Brunini, deputado federal e figura ligada à base bolsonarista, foi eleito prefeito ao vencer Lúdio Cabral, do PT. Já em Aracaju, Emília Corrêa se elegeu prefeita após derrotar Luiz Roberto, do PDT, mas sem necessariamente carregar o rótulo de “bolsonarista raiz” como outros aliados do ex-presidente.

<><><Quaquá, vice-presidente do PT, diz que o partido precisa parar de errar

O vice-presidente do PT, deputado federal e agora prefeito eleito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, publicou nas redes sociais um texto cujo título é "O PT precisa parar de errar”. Além de uma crítica à escolha de Boulos como, Quaquá reclamou do governo Lula nas eleições.

Recém-eleito prefeito de Maricá (RJ), Quaquá criticou a escolha de Guilherme Boulos como candidato, considerando a derrota na maior cidade do país como a “crônica de uma morte anunciada”. Quaquá apontou outros nomes para a disputa em São Paulo, incluindo o de Ana Estela Haddad "que nunca disputou eleição, mas poderia dialogar com uma ala mais conservadora nas periferias e classe média".

Ele citou vitórias do PT, como a de Fortaleza, "com candidatura para além da esquerda, com pautas econômicas e sociais e não comportamentais". "O PT precisa rever suas pautas e suas prioridades urgentemente".

 

•        "Lula não precisava ganhar ou perder este ano para ser forte em 2026", diz diretor da Quaest

Com a conclusão das eleições municipais, o cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes, oferece uma visão estratégica do cenário político para 2026. Em entrevista ao O Globo, Nunes afirma que, diferentemente do que muitos acreditam, o presidente Lula (PT) não precisava obter grandes vitórias para garantir sua posição nas próximas eleições presidenciais. "Lula não precisava ganhar ou perder este ano para ser forte em 2026", destacou, mencionando o histórico de que eleições municipais pouco refletem nas presidenciais. No entanto, ele alerta que, para a governabilidade do atual mandato, a sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados se mostra crucial. “O Lula vai ter que se meter se não quiser ficar sem governabilidade nos últimos dois anos".

A análise de Nunes também enfatiza a complexidade da eleição de 2026, na qual as emendas parlamentares e um fundo eleitoral substancial são determinantes para a baixa renovação no Congresso. De acordo com o diretor da Quaest, o poder das emendas aumentou exponencialmente nos últimos ciclos eleitorais, consolidando o peso dos prefeitos reeleitos como cabos eleitorais dos parlamentares federais. “Se o mecanismo das emendas se mantiver, teremos alto padrão de reeleição parlamentar e baixa renovação em 2026”, analisa.

•        Cenário partidário e o fortalecimento do Centrão

Os resultados das eleições municipais mostram um fortalecimento dos partidos do Centrão, o que, segundo Nunes, levará a um aumento nas fusões e federações partidárias para sobreviver à cláusula de barreira em 2026. Esse cenário já era esperado como consequência da reforma eleitoral de 2017, que visava reduzir o número de legendas. No entanto, a aposta desses partidos em candidaturas majoritárias à presidência segue incerta devido ao peso ainda marcante da polarização entre PT e PL. “Existe a força do voto de opinião, e esse sim é muito mobilizado pela polarização ainda”, afirma Nunes, que considera o Congresso como o centro do poder político e econômico no país.

A sucessão de Arthur Lira na Câmara, prevista para fevereiro de 2025, é ponto de destaque para Nunes. O próximo presidente da Câmara será essencial para direcionar as emendas e decidir as pautas que dominarão o Congresso, exercendo influência direta sobre os últimos dois anos de Lula. A possibilidade de Lula evitar interferir nessa disputa não parece viável, na opinião de Nunes, que aponta que o presidente precisará agir para garantir governabilidade: “Lula sabe como foi difícil governar com Arthur Lira".

•        Desafios para a esquerda e a busca por novas lideranças

Apesar de um leve crescimento em prefeituras, a esquerda não alcançou o desempenho esperado em 2024, o que traz desafios para o campo progressista. Nunes acredita que é necessário formar lideranças que dialoguem com a realidade atual da sociedade, em que temas como meritocracia, empreendedorismo e valores familiares possuem peso crescente. Além disso, ele sugere uma atenção especial ao eleitorado feminino, que tem desempenhado papel decisivo em disputas acirradas.

Entre as figuras com potencial de liderança, Nunes menciona o prefeito de Recife, João Campos (PSB), e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Ambos se destacaram por sua habilidade em conectar-se com diferentes vertentes políticas, revelando traços de carisma e empatia que, na visão do cientista político, são atributos essenciais para conquistar o eleitorado. “Campos e Paes serão lembrados pelo eleitor por sua personalidade, empatia e carisma mais do que por suas propostas,” observa Nunes, enfatizando a importância de personalidades marcantes na política brasileira.

•        Bolsonaro, Boulos e a reconfiguração da direita

Por outro lado, a direita enfrenta um cenário de fragmentação. Nomes apoiados por Jair Bolsonaro sofreram derrotas significativas nas capitais, abrindo espaço para uma nova liderança emergente: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Segundo Nunes, a força de Tarcísio o coloca como o principal representante do campo conservador, mas isso também indica uma divisão entre a direita tradicional e a direita bolsonarista. O PSD, liderado por Gilberto Kassab, também ganha destaque como moderador nesse campo, apoiando tanto candidaturas locais quanto o governo federal.

Guilherme Boulos (Psol), que teve um desempenho sólido em São Paulo, também reconfigura sua imagem, movendo-se em direção a um posicionamento mais moderado. Para Nunes, Boulos consolidou-se como uma figura carismática da esquerda, mas precisará de mais tempo para converter essa imagem em capital eleitoral.

•        Pablo Marçal e a dinâmica interna da direita

Além de Tarcísio e do PSD, outro elemento novo para a direita é Pablo Marçal, que teve alta visibilidade em 2024 e mostrou apelo com a juventude e os setores mais precarizados. A ascensão de Marçal, segundo Nunes, representa um desafio que a direita moderada precisará enfrentar, pois ele possui potencial de "dinamitar" o bloco conservador, complicando o cenário para 2026.

Em resumo, Nunes aponta que tanto Lula quanto a oposição terão que trabalhar ativamente para consolidar suas bases e ampliar seu alcance. Enquanto Lula deve agir para assegurar uma base de apoio estável no Congresso, a direita precisa encontrar uma forma de manter sua unidade para não enfraquecer suas chances em 2026.

 

Fonte: Brasil 247

 

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