Partido de Bolsonaro, PL perdeu em sete das
9 capitais onde disputou o segundo turno
O PL, partido do
ex-presidente Jair Bolsonaro, perdeu em sete das nove capitais onde disputou o
segundo turno das eleições municipais deste domingo (27), informa o jornalista
Igor Gadelha, do Metrópoles. A legenda conseguiu eleger apenas Abilio Brunini, em
Cuiabá (MT), e Emília Correa, em Aracajú (SE). Eles se somarão aos outros dois
prefeitos de capitais eleitos pelo PL no primeiro turno.
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Bolsonaro é o grande derrotado do segundo turno das eleições nas capitais
O colunista do UOL
Leonardo Sakamoto destaca as derrotas que Jair Bolsonaro sofreu no segundo
turno das eleições municipais realizado neste domingo (27).
O ex-presidente perdeu
as eleições em sete das 15 capitais que elegeram prefeitos no segundo turno
deste domingo (27). Os candidatos do PL em Palmas (TO), Manaus (AM), Goiânia
(GO), João Pessoa (PB), Fortaleza (CE), Belo Horizonte (MG) e Belém (PA) foram
derrotados.
• Emendas parlamentares turbinaram
reeleição de prefeitos em cidades de médio e pequeno porte
O resultado das
eleições municipais deste mês de outubro ilustra de maneira clara a influência
das emendas parlamentares, especialmente nos resultados registrados nos
municípios de pequeno porte. Segundo a CNN Brasil, um estudo realizado pela
Prospectiva Consultoria, com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
e do Tesouro Nacional, revela que os prefeitos reeleitos tiveram acesso a 33%
mais recursos provenientes dessas emendas em comparação aos que não conseguiram
renovar seus mandatos.
Nos pequenos
municípios, os candidatos reeleitos foram beneficiados com uma média de R$ 896
per capita em emendas parlamentares. Em contrapartida, os prefeitos derrotados
na busca por mais quatro anos no cargo receberam apenas R$ 672 por habitante.
Essa tendência se mantém, embora em menor intensidade, nos municípios de médio
porte, onde prefeitos reeleitos obtiveram R$ 323 per capita, enquanto os não
reeleitos receberam R$ 258, resultando em uma diferença de 25%.
A análise da
Prospectiva destaca que, atualmente, está em curso um movimento liderado pelo
Centrão para diminuir a dependência em relação ao Poder Executivo, o que inclui
um maior controle do orçamento público pelos parlamentares, especialmente
através das emendas parlamentares. O relatório aponta, ainda, que a criação das
emendas impositivas individuais e, posteriormente, das emendas de bancada,
praticamente eliminou a principal ferramenta que os governos utilizavam para
formar maiorias no parlamento.
“A eficácia das
emendas foi desproporcional à dimensão das cidades: quanto menor o município,
maior o volume de recursos recebidos e maior sua influência sobre o sucesso de
reeleição”, afirma o relatório da consultoria, de acordo com a reportagem.
<><> PSD
alcança 887 cidades e se torna o partido com maior número de prefeituras
O PSD, liderado por
Gilberto Kassab, consolidou-se como o partido com mais prefeituras no Brasil
após as eleições municipais de 2024, assumindo o comando de 887 cidades para o
próximo mandato.
Após o segundo turno,
realizado neste domingo (27), a legenda ultrapassou o MDB, que venceu em 856
municípios, e o PP, que garantiu 745 prefeituras. O PL, sigla do ex-mandatário
Jair Bolsonaro, ficou em quinto lugar, enquanto o PT, do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, ocupa a nona posição, com 252 prefeituras.
Nas capitais, o MDB
conquistou seis, incluindo Teresina, São Paulo e Porto Alegre; o PSD, cinco,
entre elas Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. O PL assegurou quatro
capitais, incluindo Aracaju e Cuiabá. Os dados não incluem municípios com
resultados ainda sub judice.
• "Quem ganhou as eleições no Brasil
foi a base do presidente Lula", diz Paulo Teixeira
O ministro do
Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira (PT), aproveitou
o embalo das eleições municipais para fazer críticas a Jair Bolsonaro (PL) e ao
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), após o segundo
turno das eleições de 2024. A declaração, feita nas redes sociais e repercutida
pelo portal Metrópoles, veio acompanhada de uma avaliação provocativa do
ministro, que afirmou: “quem ganhou as eleições no Brasil foi a base do
presidente Lula. Esqueçam Jair Bolsonaro e Tarcísio Gomes de Freitas”.
Apesar do tom de
celebração de Teixeira, Tarcísio de Freitas garantiu um triunfo pessoal ao
conseguir a reeleição de Ricardo Nunes (MDB) como prefeito de São Paulo. O
governador de São Paulo se destacou como cabo eleitoral de peso, e a vitória de
Nunes representa um ponto importante para a base de apoio do MDB no maior
colégio eleitoral do país. Em contrapartida, o PL de Bolsonaro ainda garantiu
vitórias em Cuiabá e Aracaju, mas sofreu reveses significativos em outras
capitais. O PT, por sua vez, conquistou a Prefeitura de Fortaleza com Evandro
Leitão.
Para os aliados de
Bolsonaro, o resultado reforça o desafio de reconquistar o apoio popular e de
fortalecer a legenda para as próximas disputas eleitorais. Na capital
mato-grossense, Abílio Brunini, deputado federal e figura ligada à base
bolsonarista, foi eleito prefeito ao vencer Lúdio Cabral, do PT. Já em Aracaju,
Emília Corrêa se elegeu prefeita após derrotar Luiz Roberto, do PDT, mas sem
necessariamente carregar o rótulo de “bolsonarista raiz” como outros aliados do
ex-presidente.
<><><Quaquá,
vice-presidente do PT, diz que o partido precisa parar de errar
O vice-presidente do
PT, deputado federal e agora prefeito eleito de Maricá (RJ), Washington Quaquá,
publicou nas redes sociais um texto cujo título é "O PT precisa parar de
errar”. Além de uma crítica à escolha de Boulos como, Quaquá reclamou do governo
Lula nas eleições.
Recém-eleito prefeito
de Maricá (RJ), Quaquá criticou a escolha de Guilherme Boulos como candidato,
considerando a derrota na maior cidade do país como a “crônica de uma morte
anunciada”. Quaquá apontou outros nomes para a disputa em São Paulo, incluindo
o de Ana Estela Haddad "que nunca disputou eleição, mas poderia dialogar
com uma ala mais conservadora nas periferias e classe média".
Ele citou vitórias do
PT, como a de Fortaleza, "com candidatura para além da esquerda, com
pautas econômicas e sociais e não comportamentais". "O PT precisa
rever suas pautas e suas prioridades urgentemente".
• "Lula não precisava ganhar ou
perder este ano para ser forte em 2026", diz diretor da Quaest
Com a conclusão das
eleições municipais, o cientista político e diretor da Quaest, Felipe Nunes,
oferece uma visão estratégica do cenário político para 2026. Em entrevista ao O
Globo, Nunes afirma que, diferentemente do que muitos acreditam, o presidente
Lula (PT) não precisava obter grandes vitórias para garantir sua posição nas
próximas eleições presidenciais. "Lula não precisava ganhar ou perder este
ano para ser forte em 2026", destacou, mencionando o histórico de que
eleições municipais pouco refletem nas presidenciais. No entanto, ele alerta
que, para a governabilidade do atual mandato, a sucessão de Arthur Lira (PP-AL)
na presidência da Câmara dos Deputados se mostra crucial. “O Lula vai ter que
se meter se não quiser ficar sem governabilidade nos últimos dois anos".
A análise de Nunes
também enfatiza a complexidade da eleição de 2026, na qual as emendas
parlamentares e um fundo eleitoral substancial são determinantes para a baixa
renovação no Congresso. De acordo com o diretor da Quaest, o poder das emendas
aumentou exponencialmente nos últimos ciclos eleitorais, consolidando o peso
dos prefeitos reeleitos como cabos eleitorais dos parlamentares federais. “Se o
mecanismo das emendas se mantiver, teremos alto padrão de reeleição parlamentar
e baixa renovação em 2026”, analisa.
• Cenário partidário e o fortalecimento do
Centrão
Os resultados das
eleições municipais mostram um fortalecimento dos partidos do Centrão, o que,
segundo Nunes, levará a um aumento nas fusões e federações partidárias para
sobreviver à cláusula de barreira em 2026. Esse cenário já era esperado como
consequência da reforma eleitoral de 2017, que visava reduzir o número de
legendas. No entanto, a aposta desses partidos em candidaturas majoritárias à
presidência segue incerta devido ao peso ainda marcante da polarização entre PT
e PL. “Existe a força do voto de opinião, e esse sim é muito mobilizado pela
polarização ainda”, afirma Nunes, que considera o Congresso como o centro do
poder político e econômico no país.
A sucessão de Arthur
Lira na Câmara, prevista para fevereiro de 2025, é ponto de destaque para
Nunes. O próximo presidente da Câmara será essencial para direcionar as emendas
e decidir as pautas que dominarão o Congresso, exercendo influência direta sobre
os últimos dois anos de Lula. A possibilidade de Lula evitar interferir nessa
disputa não parece viável, na opinião de Nunes, que aponta que o presidente
precisará agir para garantir governabilidade: “Lula sabe como foi difícil
governar com Arthur Lira".
• Desafios para a esquerda e a busca por
novas lideranças
Apesar de um leve
crescimento em prefeituras, a esquerda não alcançou o desempenho esperado em
2024, o que traz desafios para o campo progressista. Nunes acredita que é
necessário formar lideranças que dialoguem com a realidade atual da sociedade,
em que temas como meritocracia, empreendedorismo e valores familiares possuem
peso crescente. Além disso, ele sugere uma atenção especial ao eleitorado
feminino, que tem desempenhado papel decisivo em disputas acirradas.
Entre as figuras com
potencial de liderança, Nunes menciona o prefeito de Recife, João Campos (PSB),
e o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD). Ambos se destacaram por sua
habilidade em conectar-se com diferentes vertentes políticas, revelando traços
de carisma e empatia que, na visão do cientista político, são atributos
essenciais para conquistar o eleitorado. “Campos e Paes serão lembrados pelo
eleitor por sua personalidade, empatia e carisma mais do que por suas
propostas,” observa Nunes, enfatizando a importância de personalidades
marcantes na política brasileira.
• Bolsonaro, Boulos e a reconfiguração da
direita
Por outro lado, a
direita enfrenta um cenário de fragmentação. Nomes apoiados por Jair Bolsonaro
sofreram derrotas significativas nas capitais, abrindo espaço para uma nova
liderança emergente: o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas
(Republicanos). Segundo Nunes, a força de Tarcísio o coloca como o principal
representante do campo conservador, mas isso também indica uma divisão entre a
direita tradicional e a direita bolsonarista. O PSD, liderado por Gilberto
Kassab, também ganha destaque como moderador nesse campo, apoiando tanto
candidaturas locais quanto o governo federal.
Guilherme Boulos
(Psol), que teve um desempenho sólido em São Paulo, também reconfigura sua
imagem, movendo-se em direção a um posicionamento mais moderado. Para Nunes,
Boulos consolidou-se como uma figura carismática da esquerda, mas precisará de
mais tempo para converter essa imagem em capital eleitoral.
• Pablo Marçal e a dinâmica interna da
direita
Além de Tarcísio e do
PSD, outro elemento novo para a direita é Pablo Marçal, que teve alta
visibilidade em 2024 e mostrou apelo com a juventude e os setores mais
precarizados. A ascensão de Marçal, segundo Nunes, representa um desafio que a
direita moderada precisará enfrentar, pois ele possui potencial de
"dinamitar" o bloco conservador, complicando o cenário para 2026.
Em resumo, Nunes
aponta que tanto Lula quanto a oposição terão que trabalhar ativamente para
consolidar suas bases e ampliar seu alcance. Enquanto Lula deve agir para
assegurar uma base de apoio estável no Congresso, a direita precisa encontrar
uma forma de manter sua unidade para não enfraquecer suas chances em 2026.
Fonte: Brasil 247
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