terça-feira, 29 de outubro de 2024

O que o futuro reserva para a Ucrânia e as relações Rússia-OTAN após as eleições dos EUA?

Os dois candidatos presidenciais dos EUA propõem abordagens aparentemente diferentes em relação ao conflito na Ucrânia, disse Ian Proud, um ex-diplomata britânico que atuou como conselheiro econômico na Embaixada britânica em Moscou, à Sputnik.

O conflito na Ucrânia provavelmente deixará uma série de problemas para o próximo presidente dos EUA, incluindo o custo da ajuda dos EUA, potenciais negociações de paz e a extensão do envolvimento da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no impasse.

"Kamala Harris propõe mais do mesmo que o governo Biden fez em relação a este conflito. Ou seja, um apoio inabalável ao governo em Kiev e nenhuma mudança em termos de sua postura quanto às negociações com a Rússia, o que basicamente significa nenhuma negociação com Moscou", destacou Proud.

Ele sugeriu que, se Harris vencer a eleição, "ela achará muito mais difícil conceder o nível de apoio financeiro a Kiev que tem sido possível sob a administração Biden, quando mais de US$ 100 bilhões [cerca de R$ 570,7 bilhões] em apoio estão sendo fornecidos", algo que Proud diz que "tornaria o trabalho dela mais difícil".

"Ela seguirá apoiando o que Vladimir Zelensky disser que quer fazer, mas o que ela pode não ser capaz de fazer é fornecer a ele a quantia de dinheiro e a quantidade de armas que ele busca. Isso então causa espaço para atrito entre seu governo e o governo ucraniano", disse o ex-diplomata do Reino Unido.

Quanto a Donald Trump, ele repetidamente enfatizou que "a guerra realmente deveria acabar" e que é "muito melhor fechar um acordo com a Rússia, pôr fim ao conflito e então começar um tipo de processo de paz de longo prazo", lembrou Proud.

"Essa é uma diferença muito significativa do que Harris ofereceria, [e] se ele for capaz de alcançar isso — vamos ver", disse o analista, apontando para as declarações públicas de Trump de que "ele não gostaria de fornecer recursos financeiros infinitos para sustentar o governo em Kiev, que está gradualmente perdendo a guerra".

Em uma entrevista separada com a Sputnik, Earl Rasmussen, um consultor internacional e tenente-coronel aposentado com mais de 20 anos de serviço ao Exército dos EUA, sublinha as maneiras como os dois candidatos poderiam lidar com questões relacionadas à OTAN.

"Acredito que Harris será realmente mais agressiva, pressionará por mais OTAN, pressionará mais fortemente pelo fortalecimento da OTAN, na medida em que puder, provavelmente fortalecerá o apoio à Ucrânia e a todos os conflitos ao redor do mundo", argumentou Rasmussen.

Há "muitos do partido neoconservador, neoliberais, [que] a estão apoiando. Os belicistas são os que estão do lado dela e até mesmo o presidente Biden nunca foi contra qualquer tipo de intervenção ou guerra. Vejo Harris sendo a mais agressiva dos dois candidatos", aponta Rasmussen.

Donald Trump é um "não intervencionista conhecido", disse ele. "[Trump] tenta dialogar. Ele procurou o presidente [chinês] Xi [Jinping] da última vez, procurou a Coreia do Norte, o presidente [russo] Putin. Ele tenta conversar com todos os lados, não apenas fechar com a administração atual", de acordo com o analista.

"Se houver alguma esperança de resolver isso [o conflito na Ucrânia], será por meio do presidente Trump. Trump tem mais um fator atenuante aí", afirmou o especialista.

Ele, no entanto, alertou que o ex-presidente norte-americano também havia falado sobre melhorar as relações com a Rússia, mas em vez disso aplicou "Deus sabe quantas sanções" a Moscou, durante as quais "as tensões pioraram".

Quanto aos membros da OTAN, eles têm medo de Trump porque não sabem o que ele vai fazer, observou o analista. "É imprevisível. Eles não sabem se ele vai retirar o financiamento. Se os EUA saírem da OTAN, ela se desmorona completamente", disse Rasmussen.

O analista sugeriu que, se Trump vencer a eleição, "ele será mais independente para fazer o que quiser", embora haja conselheiros nos bastidores. Há "pessoas nos bastidores, como os Obamas e os Clintons" que desempenham um papel, concluiu Rasmussen.

<><> 'Rússia pode desempenhar um papel fundamental para a estabilidade do Oriente Médio'

A Rússia pode desempenhar um papel fundamental na obtenção de estabilidade no Oriente Médio, disse Mahmoud al-Habbash, juiz e conselheiro do presidente palestino para assuntos religiosos, à Sputnik, comentando a proposta do presidente russo Vladimir Putin de se juntar ao acordo entre Irã e Israel.

Durante uma reunião com os chefes dos principais veículos de comunicação dos países-membros do BRICS, Putin anunciou a prontidão da Rússia em participar das conversas para a redução das tensões entre Israel e Irã se as partes do conflito estivessem interessadas nisso.

"A Rússia é um país grande com enorme peso no mundo, isso lhe permite desempenhar um papel influente em assuntos internacionais. Ela também tem seus próprios interesses e relações excelentes na região árabe e islâmica, então é capaz de desempenhar um papel fundamental na obtenção de paz e estabilidade regional e global", disse al-Habbash na 16ª Сúpula do BRICS em Kazan.

Na madrugada deste sábado (26), Israel lançou um ataque aéreo contra alvos militares no Irã, em resposta a um ataque massivo de mísseis iranianos no começo do mês.

¨      'Ucrânia enfrenta possibilidade real de derrota – não há como disfarçar isso', afirma analista

As tropas ucranianas, cada vez mais parecidas com o Exército de Hitler em 1945, não poderão derrotar as Forças Armadas russas em uma luta de atrito, escreve o portal The Conversation.

Em seu artigo, Frank Ledwidge, professor sênior de Estratégia e Direito Militar da Universidade de Portsmouth (Reino Unido), reproduz relatos de um amigo analista pró-Ucrânia, "geralmente muito otimista", que voltou recentemente da Ucrânia.

Com as tropas ucranianas perdendo terreno, especialmente nos últimos meses, o analista caracteriza a situação no país dizendo:

"Os ucranianos estão sendo repelidos em todas as frentes – inclusive na região de Kursk, na Rússia [...] Mais importante, eles estão ficando sem soldados."

A publicação cita o baixo moral e a deserção como problemas sérios nas Forças Armadas ucranianas, o que só dificulta o envio de novas forças para a linha de frente.

As tropas ucranianas estão agora se retirando em todas as regiões, inclusive na região russa de Kursk, invadida pelos ucranianos em agosto deste ano.

O analista citado enfatiza a atmosfera sombria de um briefing com a participação de oficiais militares ocidentais, na qual esteve presente.

De acordo com ele, a situação da Ucrânia é avaliada como "perigosa" e "mais ruim do que nunca" e os militares ocidentais temem que uma catástrofe possa acontecer repentinamente.

"A história não conhece nenhum exemplo em que enfrentar a Rússia em uma luta de atrito tenha sido bem-sucedido. Sejamos claros: isso significa que há uma possibilidade real de derrota – não há como disfarçar isso", concluiu.

A Rússia lançou uma operação militar especial na Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022 em resposta aos apelos de proteção das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk (RPD e RPL) contra os bombardeios e ataques das tropas ucranianas.

O presidente russo Vladimir Putin disse que seu objetivo é "proteger as pessoas que foram submetidas a abuso e genocídio pelo regime de Kiev por oito anos".

De acordo com ele, a Rússia vem tentando há 30 anos chegar a um acordo com a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) sobre os princípios de segurança na Europa, mas, em resposta, tem enfrentado mentiras cínicas ou tentativas de pressão e chantagem, enquanto, nesse meio tempo, apesar dos protestos de Moscou, a aliança tem se expandido constantemente e se aproximado das fronteiras da Rússia.

¨      Putin sobre ações do Exército ucraniano: 'Agora tudo é feito por oficiais da OTAN'

Mesmo os atuais ataques das tropas ucranianas contra o território russo envolvem oficiais da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), disse o presidente russo Vladimir Putin, comentando a possibilidade de o Ocidente autorizar Kiev a atacar a Rússia com suas armas de longo alcance.

O presidente russo reafirmou sua declaração de que as armas ocidentais de longo alcance não podem ser usadas sem participação direta dos militares desses países, uma vez que a Ucrânia não dispõe de capacidades tecnológicas para usar tais armas.

Putin explicou, em particular, que as armas desse tipo precisam de meios e dados de inteligência espacial militar que a Ucrânia não tem.

Além disso, são necessários especialistas para processar os dados de inteligência e operar as armas.

"Não se trata de saber se alguém permitirá ou não permitirá usar essas armas contra a Rússia. [...] As tropas ucranianas não podem usar essas armas por si próprias. [...] A única questão é se eles [OTAN] vão se permitir atacar o território russo em profundidade. Essa é a questão", disse Putin em uma entrevista ao jornalista Pavel Zarubin.

O presidente russo afirmou que o Ministério da Defesa da Rússia está considerando várias opções para responder a possíveis ataques de longo alcance ao território russo.

Contudo, o líder russo disse esperar que o Ocidente tenha ouvido seus sinais de que permitir ataques de longo alcance contra territórios russos localizados longe da zona de conflito significaria que a OTAN está diretamente em guerra com a Rússia.

¨      Alemanha e França se opõem ao plano da UE para superar veto de Orbán à Ucrânia, diz mídia americana

França e Alemanha estão expressando preocupações sobre uma proposta do braço diplomático da União Europeia que visa contornar o veto da Hungria, uma vez que Budapeste está bloqueando mais de € 6 bilhões (R$ 36,7 bilhões) em ajuda à Ucrânia.

O Serviço Europeu de Ação Externa (EEAS, na sigla em inglês) ventilou a possibilidade de permitir que os Estados-membros façam contribuições voluntárias para o European Peace Facility (EPF), que é usado para ajudar a financiar equipamentos militares. Isso permitiria que fundos futuros fluíssem com base no consentimento dos contribuintes, em vez de por apoio unânime.

No entanto, alguns Estados-membros, incluindo França e Alemanha, expressaram preocupações sobre estabelecer um precedente que poderia colocar em risco o futuro do EPF como uma ferramenta de política externa, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, ouvidas pela Bloomberg.

Em certos países, contribuições voluntárias podem exigir aprovação dos parlamentos nacionais, o que adicionaria uma camada diferente de complicação. Os governos francês e alemão se recusaram a fornecer um comentário formal.

"Atualmente, o EPF depende de contribuições obrigatórias com base no peso econômico de cada Estado-membro e requer unanimidade para desembolso", escreve o texto.

Anteriormente, o chefe da diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, afirmou que a Hungria continua a bloquear a atribuição de € 6 bilhões (R$ 36,7 bilhões), como compensação aos Estados da UE pelo fornecimento de armas e munições à Ucrânia.

Uma fonte europeia disse à imprensa que o serviço de política externa da UE apresentou aos Estados-membros uma proposta para a UE contribuir para o EPF em uma base voluntária, contornando assim o veto da Hungria.

A Rússia reiterou em numerosas ocasiões que o envio de armas para a Ucrânia dificulta uma solução diplomática e envolve diretamente os países da OTAN no conflito. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, alertou que qualquer envio de armas para a Ucrânia seria um alvo legítimo para as forças russas.

¨      G7 anuncia que vai elevar a pressão das sanções ocidentais contra o petróleo russo

Lideranças do grupo informaram que vão aumentar os esforços para impedir que instituições financeiras contornem as sanções impostas à Rússia.

Os países do G7 pretendem aumentar a pressão das sanções contra o petróleo russo e elevar o controle sobre a operação do mecanismo de teto de preços da commodity. O anúncio foi dado neste sábado (26), em declaração emitida por ministros das Finanças e os presidentes dos bancos centrais de países do G7.

"Continuamos comprometidos em tomar mais iniciativas em resposta às violações do teto do preço do petróleo e em aumentar os custos para a Rússia de usar a frota paralela para escapar das sanções. Continuamos comprometidos em restringir as fontes de receita do Kremlin, incluindo mais ações para direcionar receitas de energia e futuras capacidades de extração, com base nas medidas que tomamos até agora", diz a declaração.

No comunicado, as lideranças também afirmam que pretendem intensificar os esforços para impedir que organizações financeiras, incluindo aquelas sediadas em países terceiros, ajudem a Rússia a contornar sanções.

"Pretendemos intensificar nossos esforços para impedir que instituições financeiras apoiem a evasão de nossas sanções pela Rússia, especialmente em países terceiros, e continuar interagindo com o setor privado para garantir que os operadores do G7 não façam parte dos esquemas de evasão da Rússia", disse o comunicado.

Moscou afirmou repetidas vezes que a Rússia conseguirá suportar a pressão das sanções impostas pelo Ocidente, que não tem coragem de admitir o fracasso da estratégia. Nos próprios países ocidentais, análises políticas repetidamente expressam opiniões de que as sanções anti-russas são ineficazes.

O presidente russo Vladimir Putin afirmou anteriormente que a política de conter e enfraquecer a Rússia é uma estratégia de longo prazo do Ocidente, e que as sanções desferiram um duro golpe em toda a economia global.

<><> Empréstimo a Kiev para se apropriar de ativos russos é 'esquema de fraude' de Bruxelas

Na sexta-feira (25), líderes do G7 anunciaram empréstimo a Kiev a serem pagos com ativos russos congelados. MRE russo diz que resposta de Moscou não demorará muito.

A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova, afirmou neste sábado (26) que a decisão tomada pela União Europeia (UE) de alocar um empréstimo adicional a Kiev no valor de US$ 35 bilhões (cerca de R$ 216 bilhões) é um "esquema de fraude" de Bruxelas para se apropriar de ativos russos congelados.

"A resposta decisiva do lado russo a outra tentativa da União Europeia de embolsar a receita dos ativos 'congelados' da Rússia não demorará muito", disse Zakharova.

Na sexta-feira (25), chefes dos ministérios das Finanças do G7 chegaram a um acordo para fornecer à Ucrânia empréstimos no valor de quase US$ 50 bilhões (cerca de R$ 285 bilhões), a serem reembolsados ​​de dezembro de 2024 a 31 de dezembro de 2027.

Pelo acordo, a parte principal do empréstimo e os juros será paga ​​com fundos provenientes de rendimentos de ativos congelados da Rússia.

A UE e o G7 bloquearam ativos russos no valor de € 300 bilhões (mais de R$ 1,8 trilhão) desde o início da operação militar da Rússia na Ucrânia.

A maior parte dos ativos congelados está em países da UE, que vêm sendo pressionados pelos EUA para tornar indefinido o congelamento como forma de garantir o uso para reembolso de empréstimos a Kiev.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia classifica o congelamento de ativos como um "roubo" que afeta não apenas investidores individuais, mas também fundos soberanos. O chanceler russo, Sergei Lavrov, alerta que a Rússia responderá simetricamente com o confisco de bens europeus congelados no país.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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