Quem foi a
ativista que criou o primeiro partido feminino do Brasil
Leolinda
faleceu em maio de 1935 e, em 2003, foi homenageada pela Assembleia Legislativa
do Estado do Rio de Janeiro
Foto:
Wikimedia Commons
Leolinda
de Figueiredo Daltro foi uma figura de destaque na história do feminismo no
Brasil. Professora e ativista, ela fundou o primeiro partido político feminino
do país, enfrentou a Igreja Católica e lutou pelo direito ao voto das mulheres
em uma época em que tais reivindicações eram vistas como subversivas.
Nascida
em 14 de julho de 1859, na Bahia, Leolinda começou sua carreira como
professora, dedicando-se à educação dos povos indígenas. No entanto, sua
atuação política se tornou mais visível a partir de sua militância pelo
sufrágio feminino.
Leolinda
casou-se jovem e teve dois filhos, mas o casamento não durou, o que a levou a
buscar uma nova direção na vida, dedicando-se aos estudos e à carreira de
professora. Aos 24 anos, em 1883, ela se casou novamente e se mudou para o Rio
de Janeiro. Dessa união, nasceram mais três filhos.
Com
uma personalidade determinada, ela passou a incomodar os setores mais
conservadores da sociedade, em especial a Igreja Católica, que exercia grande
influência sobre a moral e os costumes da época.
• Mulher
do diabo
Leolinda
ganhou o apelido de “mulher do diabo” justamente por essa oposição frontal à
igreja e por desafiar as convenções sociais. Ela se separou do primeiro marido,
era ativa politicamente, acreditava na educação e também no voto feminino. O
título pejorativo refletia o preconceito por parte dos grupos mais
tradicionalistas, que a viam como uma ameaça à ordem estabelecida.
O
apelido usado para atacá-la, ironicamente, reforçava a ideia de que ela era uma
mulher à frente do seu tempo, disposta a questionar as estruturas de poder.
• Partido
Republicano Feminino
Em
1909, Leolinda decidiu buscar seu direito ao voto e tentou se registrar como
eleitora. Ela se apoiou em uma interpretação da Constituição de 1891, que não
mencionava de forma clara que as mulheres não podiam votar.
No
entanto, embora a Constituição de 1891 garantisse o voto dos cidadãos
brasileiros maiores de 21 anos, o termo “cidadão” não era aplicado de maneira
inclusiva na época. Ele se referia apenas aos homens, excluindo as mulheres desse direito.
No
ano seguinte, em 1910, Leolinda fundou o Partido Republicano Feminino, uma
organização pioneira que tinha como principal bandeira a luta pelo voto
feminino. Era um passo ousado, pois o Brasil ainda estava distante de
reconhecer os direitos políticos das mulheres.
A
criação do partido não só marcou a história política do país, como também
trouxe à tona debates sobre o papel das mulheres na sociedade. Leolinda
organizou manifestações, protestos e tentou dialogar com as autoridades para
que o direito ao voto fosse estendido às mulheres. No entanto, seu movimento
enfrentou forte oposição e foi desacreditado por muitos.
Leolinda
chegou a se lançar como candidata à intendente em 1919, cargo conhecido como
prefeito atualmente, tornando-se a primeira brasileira a concorrer nas eleições
municipais. Em sua campanha, ela defendia a redução das desigualdades sociais e
afirmava sua luta pelos direitos das mulheres. No entanto, sua candidatura não
foi efetivada.
Apesar
das dificuldades, ela continuou sua luta até o fim da vida. Embora o direito ao
voto só tenha sido conquistado no Brasil em 1932, quase três décadas depois da
fundação do Partido Republicano Feminino, a atuação de Leolinda foi essencial
para abrir caminho para essa conquista.
• Morte e
legado
Leolinda
de Figueiredo Daltro faleceu em 4 de maio de 1935, no Rio de Janeiro, em um
acidente de carro.
Em
2003, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro criou o Diploma
Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro. Assim, anualmente, dez mulheres
são selecionadas para receber essa honraria, reconhecendo suas contribuições
significativas na defesa dos direitos das mulheres.
• Marido
violento e carreira limitada por ser mulher: a história da criadora das festas
Tupperware
Brownie
Mae Humphrey, mais conhecida como Brownie Wise, a criadora das festas
Tupperware, nasceu em 1913 na Georgia, Estados Unidos. Desde cedo, sua vida foi
marcada por dificuldades. A infância infeliz se agravou com a separação dos
pais, levando-a a passar longos períodos sob os cuidados de uma tia, enquanto
sua mãe trabalhava.
Em
1936, Brownie se casou com Robert Wise, um gerente da Ford Motor Company. No
entanto, a relação rapidamente se deteriorou devido ao comportamento violento
dele, exacerbado pelo alcoolismo. Em 1938, nasceu o filho Jerry e, três anos
depois, o casal se separou.
A
partir desse momento, Brownie enfrentou a realidade de criar seu filho sozinha
em um contexto econômico instável. Com dificuldades financeiras, ela começou a
trabalhar em uma agência de publicidade e, depois, como vendedora de roupas.
Para
completar a renda, Brownie se tornou vendedora de produtos de limpeza em
festas, onde apresentava as mercadorias a grupos de mulheres. Esse novo formato
de venda, que permitia a socialização e o empoderamento feminino, fez com que
ela se destacasse. Contudo, o limite imposto quanto aos cargos de liderança
para mulheres a levou a buscar novas oportunidades.
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Tupperware
No
ano de 1948, ao descobrir os recipientes Tupperware em uma loja, Brownie viu o
potencial para transformar o produto em um sucesso. Os recipientes plásticos
inicialmente mal aceitos, ganharam popularidade por meio de um novo modelo de
vendas. Assim, ela introduziu as “festas Tupperware”, onde as mulheres podiam
usar os produtos em um ambiente familiar e social.
O
método revolucionou a forma de comercialização, retirando os produtos das
prateleiras das lojas e levando-os diretamente aos lares.
Dois
anos depois, Brownie Wise foi contratada por Earl Tupper, fundador da empresa
Tupperware. Sob a liderança da mulher, o número de vendedoras Tupperware
cresceu para cerca de 20 mil, principalmente donas de casa que buscavam uma
forma de renda extra.
Apesar
do sucesso da marca, o fundador da empresa começou a se sentir ameaçado pela
notoriedade de Brownie, que se tornou o rosto da Tupperware. Em 1958, ela foi
demitida, decisão que resultou em uma batalha legal pela compensação
financeira.
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Legado
Embora
tenha conseguido um acordo, sua carreira nunca mais alcançou o mesmo patamar.
Após a demissão, ela tentou fundar uma empresa de cosméticos, mas sem o mesmo
sucesso.
Nos
seus últimos anos de vida, ela esteve envolvida na igreja que frequentava e se
dedicou à cerâmica. Brownie Wise faleceu em 24 de setembro de 1992, na Flórida.
Em 2016, a empresa Tupperware fez uma doação de $200 mil dólares ao condado da
cidade, visando a criação de uma área de conservação e um parque que leva o
nome de Brownie Wise.
Fonte:
Redação Nós
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