terça-feira, 8 de outubro de 2024

Quem foi a ativista que criou o primeiro partido feminino do Brasil

Leolinda faleceu em maio de 1935 e, em 2003, foi homenageada pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro

Foto: Wikimedia Commons

Leolinda de Figueiredo Daltro foi uma figura de destaque na história do feminismo no Brasil. Professora e ativista, ela fundou o primeiro partido político feminino do país, enfrentou a Igreja Católica e lutou pelo direito ao voto das mulheres em uma época em que tais reivindicações eram vistas como subversivas.

Nascida em 14 de julho de 1859, na Bahia, Leolinda começou sua carreira como professora, dedicando-se à educação dos povos indígenas. No entanto, sua atuação política se tornou mais visível a partir de sua militância pelo sufrágio feminino.

Leolinda casou-se jovem e teve dois filhos, mas o casamento não durou, o que a levou a buscar uma nova direção na vida, dedicando-se aos estudos e à carreira de professora. Aos 24 anos, em 1883, ela se casou novamente e se mudou para o Rio de Janeiro. Dessa união, nasceram mais três filhos.

Com uma personalidade determinada, ela passou a incomodar os setores mais conservadores da sociedade, em especial a Igreja Católica, que exercia grande influência sobre a moral e os costumes da época.

•                                         Mulher do diabo

Leolinda ganhou o apelido de “mulher do diabo” justamente por essa oposição frontal à igreja e por desafiar as convenções sociais. Ela se separou do primeiro marido, era ativa politicamente, acreditava na educação e também no voto feminino. O título pejorativo refletia o preconceito por parte dos grupos mais tradicionalistas, que a viam como uma ameaça à ordem estabelecida.

O apelido usado para atacá-la, ironicamente, reforçava a ideia de que ela era uma mulher à frente do seu tempo, disposta a questionar as estruturas de poder.

•                                         Partido Republicano Feminino

Em 1909, Leolinda decidiu buscar seu direito ao voto e tentou se registrar como eleitora. Ela se apoiou em uma interpretação da Constituição de 1891, que não mencionava de forma clara que as mulheres não podiam votar.

No entanto, embora a Constituição de 1891 garantisse o voto dos cidadãos brasileiros maiores de 21 anos, o termo “cidadão” não era aplicado de maneira inclusiva na época. Ele se referia apenas aos homens,  excluindo as mulheres desse direito.

No ano seguinte, em 1910, Leolinda fundou o Partido Republicano Feminino, uma organização pioneira que tinha como principal bandeira a luta pelo voto feminino. Era um passo ousado, pois o Brasil ainda estava distante de reconhecer os direitos políticos das mulheres.

A criação do partido não só marcou a história política do país, como também trouxe à tona debates sobre o papel das mulheres na sociedade. Leolinda organizou manifestações, protestos e tentou dialogar com as autoridades para que o direito ao voto fosse estendido às mulheres. No entanto, seu movimento enfrentou forte oposição e foi desacreditado por muitos.

Leolinda chegou a se lançar como candidata à intendente em 1919, cargo conhecido como prefeito atualmente, tornando-se a primeira brasileira a concorrer nas eleições municipais. Em sua campanha, ela defendia a redução das desigualdades sociais e afirmava sua luta pelos direitos das mulheres. No entanto, sua candidatura não foi efetivada.

Apesar das dificuldades, ela continuou sua luta até o fim da vida. Embora o direito ao voto só tenha sido conquistado no Brasil em 1932, quase três décadas depois da fundação do Partido Republicano Feminino, a atuação de Leolinda foi essencial para abrir caminho para essa conquista.

•                                         Morte e legado

Leolinda de Figueiredo Daltro faleceu em 4 de maio de 1935, no Rio de Janeiro, em um acidente de carro.

Em 2003, a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro criou o Diploma Mulher Cidadã Leolinda de Figueiredo Daltro. Assim, anualmente, dez mulheres são selecionadas para receber essa honraria, reconhecendo suas contribuições significativas na defesa dos direitos das mulheres.

 

•                                         Marido violento e carreira limitada por ser mulher: a história da criadora das festas Tupperware

Brownie Mae Humphrey, mais conhecida como Brownie Wise, a criadora das festas Tupperware, nasceu em 1913 na Georgia, Estados Unidos. Desde cedo, sua vida foi marcada por dificuldades. A infância infeliz se agravou com a separação dos pais, levando-a a passar longos períodos sob os cuidados de uma tia, enquanto sua mãe trabalhava.

Em 1936, Brownie se casou com Robert Wise, um gerente da Ford Motor Company. No entanto, a relação rapidamente se deteriorou devido ao comportamento violento dele, exacerbado pelo alcoolismo. Em 1938, nasceu o filho Jerry e, três anos depois, o casal se separou.

A partir desse momento, Brownie enfrentou a realidade de criar seu filho sozinha em um contexto econômico instável. Com dificuldades financeiras, ela começou a trabalhar em uma agência de publicidade e, depois, como vendedora de roupas.

Para completar a renda, Brownie se tornou vendedora de produtos de limpeza em festas, onde apresentava as mercadorias a grupos de mulheres. Esse novo formato de venda, que permitia a socialização e o empoderamento feminino, fez com que ela se destacasse. Contudo, o limite imposto quanto aos cargos de liderança para mulheres a levou a buscar novas oportunidades.

<><> Tupperware

No ano de 1948, ao descobrir os recipientes Tupperware em uma loja, Brownie viu o potencial para transformar o produto em um sucesso. Os recipientes plásticos inicialmente mal aceitos, ganharam popularidade por meio de um novo modelo de vendas. Assim, ela introduziu as “festas Tupperware”, onde as mulheres podiam usar os produtos em um ambiente familiar e social.

O método revolucionou a forma de comercialização, retirando os produtos das prateleiras das lojas e levando-os diretamente aos lares.

Dois anos depois, Brownie Wise foi contratada por Earl Tupper, fundador da empresa Tupperware. Sob a liderança da mulher, o número de vendedoras Tupperware cresceu para cerca de 20 mil, principalmente donas de casa que buscavam uma forma de renda extra.

Apesar do sucesso da marca, o fundador da empresa começou a se sentir ameaçado pela notoriedade de Brownie, que se tornou o rosto da Tupperware. Em 1958, ela foi demitida, decisão que resultou em uma batalha legal pela compensação financeira.

<><> Legado

Embora tenha conseguido um acordo, sua carreira nunca mais alcançou o mesmo patamar. Após a demissão, ela tentou fundar uma empresa de cosméticos, mas sem o mesmo sucesso.

Nos seus últimos anos de vida, ela esteve envolvida na igreja que frequentava e se dedicou à cerâmica. Brownie Wise faleceu em 24 de setembro de 1992, na Flórida. Em 2016, a empresa Tupperware fez uma doação de $200 mil dólares ao condado da cidade, visando a criação de uma área de conservação e um parque que leva o nome de Brownie Wise.

 

Fonte: Redação Nós

 

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