terça-feira, 8 de outubro de 2024

Como José Ronaldo venceu pela quinta vez em Feira de Santana

Qual é o segredo do sucesso de José Ronaldo (União Brasil)? Para o povo de Feira de Santana, a resposta pode estar relacionada a uma conexão que já dura pelo menos 24 anos. Neste domingo (6), o ex-prefeito conseguiu uma marca histórica: foi reeleito em primeiro turno para seu quinto mandato à frente do Executivo da segunda maior cidade do estado.

Com 100% das urnas apuradas, ele teve 50,32% dos votos válidos. Ronaldo concorreu com outros dois candidatos - Zé Neto (PT), que teve 46,73% dos votos, e Carlos Medeiros teve 2,95%. Antes disso, ele já tinha completado outros quatro mandatos à frente do município - foi eleito em 2000, 2004, 2012 e 2016. Nos pleitos que ficaram no intervalo - 2008 e 2020 -, a eleição foi vencida por aliados apoiados por Ronaldo.

Em uma entrevista coletiva que concedeu após os resultados, na noite deste domingo, Ronaldo definiu a si mesmo como um homem de "muita fé" e agradeceu primeiramente a Deus pela vitória no pleito.

"Agora, quero agradecer ao amor do povo de Feira pela confiança que mais uma vez deposita na minha pessoa. Não vou decepcioná-los. Vou trabalhar arduamente, noite e dia, para cumprir os compromissos que firmei com vocês", declarou. "Vamos realizar uma gestão de excelência. Vamos compor um governo com gente nova, novas ideias e novos projetos", adiantou, quanto ao mandato que terá início em 2025.

<><> Força

Nas últimas duas décadas, José Ronaldo e seu grupo estiveram diretamente ligados ao Executivo municipal. Desde então, a preferência dos feirenses têm sido por ele ou por nomes indicados por ele. "A grande força de Zé Ronaldo nessa eleição é a trajetória que ele tem tido ao longo dos últimos anos, ao vencer todas as eleições, ou ter um aliado vencedor", analisou o cientista político Claudio André de Souza, doutor em Ciências Sociais e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), em uma reportagem publicada no último sábado (6), pelo CORREIO.

O prefeito eleito, por sua vez, destacou que comandar o destino da município traz responsabilidade. Na última semana, José Ronaldo contou à reportagem que decidiu se candidatar novamente após ouvir apelos da população, durante suas andanças pelo município nos últimos anos, inclusive na zona rural.

"Para mim, é sempre uma honra cumprir esta missão, principalmente quando vemos no rosto de cada cidadão feirense o sorriso de satisfação e gratidão quando realizamos obras e oferecemos serviços que são tão importantes para cada um. Nada mais gratificante do que vermos a população da minha cidade mais feliz com cada conquista que podem obter através de ações que executamos na prefeita", diz.

Nascido em Paripiranga, José Ronaldo chegou a Feira de Santana ainda adolescente. Foi para lá estudar - se formou em administração de empresas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) -, formou família e construiu carreira. Antes de ser eleito pela primeira vez, em 2000, ele foi vereador, deputado estadual e deputado federal pela Bahia.

"Todos sabem que sou 100% Feira de Santana e que o mínimo que posso fazer para retribuir todo carinho e tudo que conquistei aqui é continuar firme, lutando com a certeza e o compromisso que devo fazer um governo ainda melhor e mais transformador que nas outras quatro vezes que fui prefeito desta cidade" disse Ronaldo, ao CORREIO, na última semana.

Incluindo a eleição atual, o próximo prefeito de Feira tinha enfrentado Zé Neto pela prefeitura do município quatro vezes. Zé Neto, por sua vez, concorreu também em 1996 e em 2020, quando chegou ao segundo turno - seu melhor resultado até então.

 

•                                         Apesar das derrotas nas cidades maiores, aliados do governo do estado seguem dominando a Bahia

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem o que comemorar no resultado das eleições municipais da Bahia. A sua base aliada, formada por 10 partidos — PT, PCdoB, PV, PSD, Avante, MDB, PSB, Podemos, Solidariedade e Agir — elegeu a imensa maioria dos 416 prefeitos escolhidos pela população baiana neste domingo,6.

Conforme levantamento realizado pelo Portal A TARDE, o grupo governista no estado elegeu 309 prefeitos, contra 107 da oposição. O desempenho é melhor do que o conseguido pela aliança formada pelo então governador Rui Costa (PT) — hoje ministro da Casa Civil no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — nas eleições de 2020, quando a base abocanhou 285 prefeituras.

O destaque principal foi, novamente, o PSD, que, sob a liderança do senador Otto Alencar (PSD), elegeu 114 prefeitos em 2024, superando a marca de 108 prefeituras atingidas em 2020. O crescimento reforça o partido na briga por um concorrido espaço na chapa majoritária da base aliada em 2026.

Em segundo lugar, bem distante do primeiro, aparece o Avante, que elegeu 60 prefeitos, muito mais do que os quatro eleitos em 2020. A legenda foi turbinada com a chegada do ex-deputado federal Ronaldo Carletto, ex-PP, em 2023. Com o apoio de Rui e Jerônimo, a legenda filiou diversas lideranças do interior e alcançou o posto de segundo partido com mais prefeituras na Bahia.

O PT também cresceu, saindo de 32 prefeitos em 2020 para 49 gestores municipais eleitos em 2024. O crescimento da legenda dá um alento para a renovação do partido, que tem sofrido para formar novas lideranças a nível nacional.

Na oposição, os destaques são para o PP, com 41 prefeitos eleitos, e para o União Brasil, com 39. Apesar de ocuparem o quarto e o quinto postos no ranking de legendas, não há tanto o que comemorar nesse sentido. Isso porque o PP teve 92 prefeituras ganhas em 2020, mas encolheu ao deixar a base governista em 2022. O União Brasil, por outro lado, não existia há quatro anos, tendo sido resultado da fusão dos antigos DEM (37 eleitos em 2020) e PSL (um prefeito há quatro anos).

Se o PP perdeu espaço ao deixar a base do governo do estado, o MDB ganhou muito ao se aliar aos petistas baianos. Os emedebistas, que conseguiram eleger 12 prefeitos em 2020, chegaram a 32 prefeituras em 2024, recuperando parte do espaço que já tiveram na política baiana.

Como alento para a oposição, ficam os resultados das maiores cidades da Bahia. Dentre os 10 municípios de maior população no estado, os oposicionistas levaram sete prefeituras: Salvador (União Brasil), Feira de Santana (União Brasil), Vitória da Conquista (União Brasil, sub judice), Lauro de Freitas (União Brasil), Ilhéus (União Brasil), Porto Seguro (PL) e Barreiras (União Brasil). Já a base governista conquistou Juazeiro (MDB) e Itabuna (PSD), enquanto Camaçari irá para um acirrado segundo turno entre Luiz Caetano (PT) e Flávio Matos (União Brasil).

<><> Confira abaixo o ranking de partidos com mais prefeitos eleitos neste domingo:

PSD: 114

Avante: 60

PT: 49

PP: 41

União Brasil: 39

MDB: 32

PSB: 25

PCdoB: 15

PSDB: 9

PDT: 8

Podemos: 6

Republicanos: 5

Solidariedade: 4

PV: 4

PRD: 3

PL: 1

PMB: 1

 

•                                         Resultado inédito em Camaçari foi atrasado por urnas

A eleição em Camaçari, município da Região Metropolitana de Salvador (RMS), só deve ser resolvida no segundo turno, previsto para o dia 27 deste mês. A segunda volta será com os candidatos Flávio Matos (União Brasil) e Caetano (PT), que é ex-prefeito da cidade.

Pela primeira vez, Camaçari poderia ter um segundo turno, por ter passado da marca de 200 mil eleitores - e foi exatamente o que aconteceu. Ao longo da noite, a disputa foi muito acirrada, com momentos de liderança dos dois primeiros colocados. O resultado só foi confirmado no final da noite deste domingo (7).

Caetano teve 49,54% dos votos, enquanto Flávio teve 49,15%. Oswaldinho ficou com 0,70%; Cleiton teve 0,44%; Cleiton Santos fez 0,09% e Lazinho recebeu 0,07% dos votos. A cidade é o quarto maior colégio eleitoral do estado. Além disso, será a única com segundo turno em todo o estado.

<><> Histórico

De acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), o atraso na apuração foi motivado por problema nas urnas. Às 17h, quando os portões dos colégios eleitorais foram fechados, ainda havia eleitores na fila aguardando para conseguir votar.

Caetano já foi prefeito de Camaçari por três mandatos: o primeiro foi em 1985, quando foi eleito pelo PMDB. Já em 2005 assume como prefeito, já no PT, e fica por dois mandatos consecutivos. Ele também foi vereador, deputado estadual e deputado federal pela Bahia. Até abril deste ano, era o secretário de relações institucionais da Bahia, mas se licenciou do cargo para concorrer às eleições municipais.

Por sua vez, Flávio foi eleito vereador pela primeira vez em 2016. Ele teve os primeiros contatos com a política por meio de seu pai, que também já tinha sido vereador. Em 2020, ele foi reeleito para a Câmara Municipal de Camaçari. Em 2022, foi eleito presidente da Casa.

 

•                                         Desgaste de gestão e ascensão de liderança: como se deu a vitória de Débora em Lauro de Freitas

Após uma hegemonia do PT em Lauro de Freitas nos últimos oito anos, a cidade será administrada pela oposição. Neste domingo (6), a candidata Débora Régis (União Brasil) foi eleita para comandar o Executivo do município na Região Metropolitana de Salvador (RMS) pelos próximos quatro anos.

Atual vereadora em segundo mandato, Débora enfrentou o candidato Rosalvo, apoiado pela atual prefeita, Moema Gramacho (PT), e ex-secretário na gestão petista. Ela teve 59,61% dos votos contra 40,39% do outro candidato.

A vitória de Débora representa também o fim de um ciclo de mandatos de Moema. A atual mandatária, que está em seu segundo mandato consecutivo após ter sido reeleita em 2020, já havia chefiado a cidade entre 2004 e 2012, totalizando quatro mandatos.

"O principal fator (para a mudança) em Lauro pode ter sido os desgastes da gestão da prefeita Moema Gramacho, sendo que Débora veio do grupo governista local e migrou para a oposição. Além disso, pesou a ascensão de uma liderança apoiada pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) e do prefeito Bruno Reis como cabos eleitorais com forte presença política na Região Metropolitana de Salvador", analisou o cientista político Cláudio André André de Souza, doutor em Ciências Sociais e professor da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).

Em seu perfil no Instagram, Débora publicou vídeos da comemoração, ao lado de apoiadores, nas ruas de Lauro de Freitas. "O bem sempre vence o mal. Obrigada, meu povo. Valeu a pena", escreveu, nos vídeos compartilhados.

<><> Processo

Durante seu segundo mandato como vereadora, Débora enfrentou um processo de cassação de seu mandato. Em 2020, o partido PSB moveu uma ação contra a então candidata Débora, acusando-a de ocultar “diversos gastos e recursos arrecadados, o que configura captação ilícita de recursos”.

O Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) chegou a formar maioria a favor da cassação do mandato, mas Débora recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O ministro Nunes Marques, relator do caso na Corte, acolheu o pedido da defesa e determinou a recondução de Débora Régis ao mandato.

Nas últimas semanas, ela denunciou que vinha sendo impedida de fazer campanha em determinadas localidades de Lauro de Freitas. Ela estaria sendo ameaçada por traficantes em Portão. "Infelizmente, fui impedida de fazer campanha neste bairro que tenho enorme carinho e sempre me acolheu. Como filha de Lauro de Freitas, nunca passei por uma situação como essa. Esse terrorismo político fere a nossa democracia", escreveu, no Instagram.

 

•                                         Entenda por que a prefeita de Vitória da Conquista ainda não pode ser considerada reeleita

A atual prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos (União Brasil), ficou em primeiro lugar na eleição para comandar a cidade, neste domingo. Com 58,83% dos votos válidos, ela foi matematicamente eleita, mas o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ainda precisa confirmar o resultado.

Nas urnas e no resultado divulgado pela Corte, os votos de Sheila aparecem como “anulado sub judice”. A disputa no terceiro maior colégio eleitoral da Bahia teve, ainda, os candidatos Waldenor Pereira (PT), que teve 26,74% dos votos; Lucia Rocha (MDB), que teve 11,14% dos votos e Dr. Marcos Adriano (Avante), com 3,29%.

A situação em Vitória da Conquista é atípica porque, em setembro deste ano, Sheila foi considerada inelegível pela maioria do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), com a justificativa de que a candidatura seria um terceiro mandato familiar consecutivo.

Em 2020, ela foi eleita vice-prefeita na chapa com Herzem Gusmão (MDB), mas o prefeito eleito morreu por complicações da covid-19 em 2021. Após a morte de Gusmão, Sheila assumiu o Executivo municipal. No mandato anterior de Gusmão, em 2016, contudo, a mãe dela, Irma Lemos, foi vice-prefeita e assumiu o Executivo de forma interina em 2019 e 2020.

Sheila decidiu recorrer às instâncias superiores, mas o julgamento ainda não tinha acontecido até o primeiro turno da eleição. Por isso, até que o julgamento seja concluido, os votos que ela recebeu não serão considerados pelo TSE.

Sheila, porém, comemorou e disse ter orgulho do resultado. “Ser a primeira candidata a vencer uma eleição no primeiro turno em nossa cidade é motivo de orgulho. Vitória da Conquista foi às urnas para declarar que quer seguir sendo a melhor cidade da Bahia e uma das melhores do Brasil para se viver”, afirmou a candidata, ao G1 Bahia.

 

Fonte: Correio/A Tarde

 

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