Como José
Ronaldo venceu pela quinta vez em Feira de Santana
Qual
é o segredo do sucesso de José Ronaldo (União Brasil)? Para o povo de Feira de
Santana, a resposta pode estar relacionada a uma conexão que já dura pelo menos
24 anos. Neste domingo (6), o ex-prefeito conseguiu uma marca histórica: foi
reeleito em primeiro turno para seu quinto mandato à frente do Executivo da
segunda maior cidade do estado.
Com
100% das urnas apuradas, ele teve 50,32% dos votos válidos. Ronaldo concorreu
com outros dois candidatos - Zé Neto (PT), que teve 46,73% dos votos, e Carlos
Medeiros teve 2,95%. Antes disso, ele já tinha completado outros quatro
mandatos à frente do município - foi eleito em 2000, 2004, 2012 e 2016. Nos
pleitos que ficaram no intervalo - 2008 e 2020 -, a eleição foi vencida por
aliados apoiados por Ronaldo.
Em
uma entrevista coletiva que concedeu após os resultados, na noite deste
domingo, Ronaldo definiu a si mesmo como um homem de "muita fé" e
agradeceu primeiramente a Deus pela vitória no pleito.
"Agora,
quero agradecer ao amor do povo de Feira pela confiança que mais uma vez
deposita na minha pessoa. Não vou decepcioná-los. Vou trabalhar arduamente,
noite e dia, para cumprir os compromissos que firmei com vocês", declarou.
"Vamos realizar uma gestão de excelência. Vamos compor um governo com
gente nova, novas ideias e novos projetos", adiantou, quanto ao mandato
que terá início em 2025.
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Força
Nas
últimas duas décadas, José Ronaldo e seu grupo estiveram diretamente ligados ao
Executivo municipal. Desde então, a preferência dos feirenses têm sido por ele
ou por nomes indicados por ele. "A grande força de Zé Ronaldo nessa
eleição é a trajetória que ele tem tido ao longo dos últimos anos, ao vencer
todas as eleições, ou ter um aliado vencedor", analisou o cientista
político Claudio André de Souza, doutor em Ciências Sociais e professor da
Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab),
em uma reportagem publicada no último sábado (6), pelo CORREIO.
O
prefeito eleito, por sua vez, destacou que comandar o destino da município traz
responsabilidade. Na última semana, José Ronaldo contou à reportagem que
decidiu se candidatar novamente após ouvir apelos da população, durante suas
andanças pelo município nos últimos anos, inclusive na zona rural.
"Para
mim, é sempre uma honra cumprir esta missão, principalmente quando vemos no
rosto de cada cidadão feirense o sorriso de satisfação e gratidão quando
realizamos obras e oferecemos serviços que são tão importantes para cada um.
Nada mais gratificante do que vermos a população da minha cidade mais feliz com
cada conquista que podem obter através de ações que executamos na
prefeita", diz.
Nascido
em Paripiranga, José Ronaldo chegou a Feira de Santana ainda adolescente. Foi
para lá estudar - se formou em administração de empresas pela Universidade
Estadual de Feira de Santana (Uefs) -, formou família e construiu carreira.
Antes de ser eleito pela primeira vez, em 2000, ele foi vereador, deputado
estadual e deputado federal pela Bahia.
"Todos
sabem que sou 100% Feira de Santana e que o mínimo que posso fazer para
retribuir todo carinho e tudo que conquistei aqui é continuar firme, lutando
com a certeza e o compromisso que devo fazer um governo ainda melhor e mais
transformador que nas outras quatro vezes que fui prefeito desta cidade"
disse Ronaldo, ao CORREIO, na última semana.
Incluindo
a eleição atual, o próximo prefeito de Feira tinha enfrentado Zé Neto pela
prefeitura do município quatro vezes. Zé Neto, por sua vez, concorreu também em
1996 e em 2020, quando chegou ao segundo turno - seu melhor resultado até
então.
• Apesar
das derrotas nas cidades maiores, aliados do governo do estado seguem dominando
a Bahia
O
governador Jerônimo Rodrigues (PT) tem o que comemorar no resultado das
eleições municipais da Bahia. A sua base aliada, formada por 10 partidos — PT,
PCdoB, PV, PSD, Avante, MDB, PSB, Podemos, Solidariedade e Agir — elegeu a
imensa maioria dos 416 prefeitos escolhidos pela população baiana neste
domingo,6.
Conforme
levantamento realizado pelo Portal A TARDE, o grupo governista no estado elegeu
309 prefeitos, contra 107 da oposição. O desempenho é melhor do que o
conseguido pela aliança formada pelo então governador Rui Costa (PT) — hoje
ministro da Casa Civil no governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — nas
eleições de 2020, quando a base abocanhou 285 prefeituras.
O
destaque principal foi, novamente, o PSD, que, sob a liderança do senador Otto
Alencar (PSD), elegeu 114 prefeitos em 2024, superando a marca de 108
prefeituras atingidas em 2020. O crescimento reforça o partido na briga por um
concorrido espaço na chapa majoritária da base aliada em 2026.
Em
segundo lugar, bem distante do primeiro, aparece o Avante, que elegeu 60
prefeitos, muito mais do que os quatro eleitos em 2020. A legenda foi turbinada
com a chegada do ex-deputado federal Ronaldo Carletto, ex-PP, em 2023. Com o
apoio de Rui e Jerônimo, a legenda filiou diversas lideranças do interior e
alcançou o posto de segundo partido com mais prefeituras na Bahia.
O
PT também cresceu, saindo de 32 prefeitos em 2020 para 49 gestores municipais
eleitos em 2024. O crescimento da legenda dá um alento para a renovação do
partido, que tem sofrido para formar novas lideranças a nível nacional.
Na
oposição, os destaques são para o PP, com 41 prefeitos eleitos, e para o União
Brasil, com 39. Apesar de ocuparem o quarto e o quinto postos no ranking de
legendas, não há tanto o que comemorar nesse sentido. Isso porque o PP teve 92
prefeituras ganhas em 2020, mas encolheu ao deixar a base governista em 2022. O
União Brasil, por outro lado, não existia há quatro anos, tendo sido resultado
da fusão dos antigos DEM (37 eleitos em 2020) e PSL (um prefeito há quatro
anos).
Se
o PP perdeu espaço ao deixar a base do governo do estado, o MDB ganhou muito ao
se aliar aos petistas baianos. Os emedebistas, que conseguiram eleger 12
prefeitos em 2020, chegaram a 32 prefeituras em 2024, recuperando parte do
espaço que já tiveram na política baiana.
Como
alento para a oposição, ficam os resultados das maiores cidades da Bahia.
Dentre os 10 municípios de maior população no estado, os oposicionistas levaram
sete prefeituras: Salvador (União Brasil), Feira de Santana (União Brasil),
Vitória da Conquista (União Brasil, sub judice), Lauro de Freitas (União
Brasil), Ilhéus (União Brasil), Porto Seguro (PL) e Barreiras (União Brasil).
Já a base governista conquistou Juazeiro (MDB) e Itabuna (PSD), enquanto
Camaçari irá para um acirrado segundo turno entre Luiz Caetano (PT) e Flávio
Matos (União Brasil).
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Confira abaixo o ranking de partidos com mais prefeitos eleitos neste domingo:
PSD:
114
Avante:
60
PT:
49
PP:
41
União
Brasil: 39
MDB:
32
PSB:
25
PCdoB:
15
PSDB:
9
PDT:
8
Podemos:
6
Republicanos:
5
Solidariedade:
4
PV:
4
PRD:
3
PL:
1
PMB:
1
• Resultado
inédito em Camaçari foi atrasado por urnas
A
eleição em Camaçari, município da Região Metropolitana de Salvador (RMS), só
deve ser resolvida no segundo turno, previsto para o dia 27 deste mês. A
segunda volta será com os candidatos Flávio Matos (União Brasil) e Caetano
(PT), que é ex-prefeito da cidade.
Pela
primeira vez, Camaçari poderia ter um segundo turno, por ter passado da marca
de 200 mil eleitores - e foi exatamente o que aconteceu. Ao longo da noite, a
disputa foi muito acirrada, com momentos de liderança dos dois primeiros
colocados. O resultado só foi confirmado no final da noite deste domingo (7).
Caetano
teve 49,54% dos votos, enquanto Flávio teve 49,15%. Oswaldinho ficou com 0,70%;
Cleiton teve 0,44%; Cleiton Santos fez 0,09% e Lazinho recebeu 0,07% dos votos.
A cidade é o quarto maior colégio eleitoral do estado. Além disso, será a única
com segundo turno em todo o estado.
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Histórico
De
acordo com o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), o atraso na apuração foi
motivado por problema nas urnas. Às 17h, quando os portões dos colégios
eleitorais foram fechados, ainda havia eleitores na fila aguardando para
conseguir votar.
Caetano
já foi prefeito de Camaçari por três mandatos: o primeiro foi em 1985, quando
foi eleito pelo PMDB. Já em 2005 assume como prefeito, já no PT, e fica por
dois mandatos consecutivos. Ele também foi vereador, deputado estadual e
deputado federal pela Bahia. Até abril deste ano, era o secretário de relações
institucionais da Bahia, mas se licenciou do cargo para concorrer às eleições
municipais.
Por
sua vez, Flávio foi eleito vereador pela primeira vez em 2016. Ele teve os
primeiros contatos com a política por meio de seu pai, que também já tinha sido
vereador. Em 2020, ele foi reeleito para a Câmara Municipal de Camaçari. Em
2022, foi eleito presidente da Casa.
• Desgaste
de gestão e ascensão de liderança: como se deu a vitória de Débora em Lauro de
Freitas
Após
uma hegemonia do PT em Lauro de Freitas nos últimos oito anos, a cidade será
administrada pela oposição. Neste domingo (6), a candidata Débora Régis (União
Brasil) foi eleita para comandar o Executivo do município na Região
Metropolitana de Salvador (RMS) pelos próximos quatro anos.
Atual
vereadora em segundo mandato, Débora enfrentou o candidato Rosalvo, apoiado
pela atual prefeita, Moema Gramacho (PT), e ex-secretário na gestão petista.
Ela teve 59,61% dos votos contra 40,39% do outro candidato.
A
vitória de Débora representa também o fim de um ciclo de mandatos de Moema. A
atual mandatária, que está em seu segundo mandato consecutivo após ter sido
reeleita em 2020, já havia chefiado a cidade entre 2004 e 2012, totalizando
quatro mandatos.
"O
principal fator (para a mudança) em Lauro pode ter sido os desgastes da gestão
da prefeita Moema Gramacho, sendo que Débora veio do grupo governista local e
migrou para a oposição. Além disso, pesou a ascensão de uma liderança apoiada
pelo ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União) e do prefeito Bruno Reis como
cabos eleitorais com forte presença política na Região Metropolitana de
Salvador", analisou o cientista político Cláudio André André de Souza,
doutor em Ciências Sociais e professor da Universidade da Integração
Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab).
Em
seu perfil no Instagram, Débora publicou vídeos da comemoração, ao lado de
apoiadores, nas ruas de Lauro de Freitas. "O bem sempre vence o mal.
Obrigada, meu povo. Valeu a pena", escreveu, nos vídeos compartilhados.
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Processo
Durante
seu segundo mandato como vereadora, Débora enfrentou um processo de cassação de
seu mandato. Em 2020, o partido PSB moveu uma ação contra a então candidata
Débora, acusando-a de ocultar “diversos gastos e recursos arrecadados, o que
configura captação ilícita de recursos”.
O
Tribunal Regional Eleitoral da Bahia (TRE-BA) chegou a formar maioria a favor
da cassação do mandato, mas Débora recorreu ao Tribunal Superior Eleitoral
(TSE). O ministro Nunes Marques, relator do caso na Corte, acolheu o pedido da
defesa e determinou a recondução de Débora Régis ao mandato.
Nas
últimas semanas, ela denunciou que vinha sendo impedida de fazer campanha em
determinadas localidades de Lauro de Freitas. Ela estaria sendo ameaçada por
traficantes em Portão. "Infelizmente, fui impedida de fazer campanha neste
bairro que tenho enorme carinho e sempre me acolheu. Como filha de Lauro de
Freitas, nunca passei por uma situação como essa. Esse terrorismo político fere
a nossa democracia", escreveu, no Instagram.
• Entenda
por que a prefeita de Vitória da Conquista ainda não pode ser considerada
reeleita
A
atual prefeita de Vitória da Conquista, Sheila Lemos (União Brasil), ficou em
primeiro lugar na eleição para comandar a cidade, neste domingo. Com 58,83% dos
votos válidos, ela foi matematicamente eleita, mas o Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) ainda precisa confirmar o resultado.
Nas
urnas e no resultado divulgado pela Corte, os votos de Sheila aparecem como
“anulado sub judice”. A disputa no terceiro maior colégio eleitoral da Bahia
teve, ainda, os candidatos Waldenor Pereira (PT), que teve 26,74% dos votos;
Lucia Rocha (MDB), que teve 11,14% dos votos e Dr. Marcos Adriano (Avante), com
3,29%.
A
situação em Vitória da Conquista é atípica porque, em setembro deste ano,
Sheila foi considerada inelegível pela maioria do Tribunal Regional Eleitoral
(TRE), com a justificativa de que a candidatura seria um terceiro mandato
familiar consecutivo.
Em
2020, ela foi eleita vice-prefeita na chapa com Herzem Gusmão (MDB), mas o
prefeito eleito morreu por complicações da covid-19 em 2021. Após a morte de
Gusmão, Sheila assumiu o Executivo municipal. No mandato anterior de Gusmão, em
2016, contudo, a mãe dela, Irma Lemos, foi vice-prefeita e assumiu o Executivo
de forma interina em 2019 e 2020.
Sheila
decidiu recorrer às instâncias superiores, mas o julgamento ainda não tinha
acontecido até o primeiro turno da eleição. Por isso, até que o julgamento seja
concluido, os votos que ela recebeu não serão considerados pelo TSE.
Sheila,
porém, comemorou e disse ter orgulho do resultado. “Ser a primeira candidata a
vencer uma eleição no primeiro turno em nossa cidade é motivo de orgulho.
Vitória da Conquista foi às urnas para declarar que quer seguir sendo a melhor
cidade da Bahia e uma das melhores do Brasil para se viver”, afirmou a
candidata, ao G1 Bahia.
Fonte:
Correio/A Tarde
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