terça-feira, 8 de outubro de 2024

Paralisia do sono: o monstro da noite

A paralisia do sono é marcada pela incapacidade temporária de movimentar-se ou falar ao despertar ou adormecer. "Ela ocorre devido a uma falha de comunicação entre cérebro e corpo, impedindo que os músculos recebam os sinais enviados pelo cérebro. Mas fatores como privação de sono e estresse também podem contribuir para esse problema", explica Vital Fernandes Araújo, clínico geral pós-graduado em Medicina Ortomolecular e em Psiquiatria. Esta incapacidade é mais comum na segunda década da vida, entre os 20 e 30 anos de idade. E normalmente ocorre quando a pessoa está muito cansada ou estressada.

<><> Quais são os sintomas da paralisia do sono?

De acordo com o médico, durante a paralisia do sono, a pessoa pode estar consciente, mas é incapaz de mover-se ou falar. Muitas vezes ela experimenta alucinações sensoriais e sensações de opressão no peito, ansiedade, angústia e pânico.

Muitas vezes, vemos na internet relatos de pessoas que contam ter visto formas estranhas parecidas com 'demônios' em seus quartos durante a paralisia do sono. Araújo explica que isso pode ocorrer. "As alucinações durante a paralisia do sono podem vir de diversas formas: visuais, auditivas ou até mesmo sensoriais, o que contribui para o aumento da sensação de medo e angústia.  Elas geralmente consistem também em sensação de flutuar, sair do corpo ou a presença de alguém próximo.", explica.

<><> Mas o que leva a paralisia do sono?

Esse distúrbio é mais comum na segunda década da vida, entre os 20 e 30 anos de idade. Porém, é válido pontuar que não existe na literatura médica um fator causal claro. Mas situações de risco podem contribuir com os episódios de paralisia do sono como:

# Parentes de primeiro grau com narcolepsia (distúrbio de sono que causa sonolência excessiva);

# Situações constante de estresse;

# Alimentação desregulada;

# Falta de exercício físico;

# Tabagismo;

# Abuso de cafeína e bebidas alcoólicas;

# Rotina de sono irregular.

<><> É importante manter a calma

Para acordar durante um episódio de paralisia do sono, o clínico geral explica que a chave é se manter calmo, evitar a ansiedade e movimentos muito bruscos. "Nesses casos é importante optar sempre por movimentos pequenos, como com os dedos ou com a língua, conforme conseguir realizá-los pode-se partir para movimentos mais amplos e aos poucos o controle muscular retorna".

Agora se sua dúvida é se existe cura ou tratamento, Araújo explica que a paralisia do sono não requer tratamento direto, mas abordagens para melhorar a higiene do sono. "Como manter horários regulares e criar um ambiente de sono adequado, pode minimizar a ocorrência do fenômeno."

<><> Catalepsia ou paralisia do sono?

Você já deve ter visto notícias, muito raras, como no caso de uma senhora de 76 anos, do Equador, que acordou no seu próprio velório e bateu no caixão pedindo ajuda - os veículos de imprensa local apontam que ela sofria de catalepsia. Essa é uma condição que muitas pessoas confundem com a paralisia do sono. "Ela é uma condição caracterizada por imobilidade muscular rígida e diminuição das respostas sensoriais, frequentemente confundido com morte aparente, ela pode afetar a movimentação dos membros, cabeça ou fala", explica o médico.

Araújo explica que um dos principais sintomas da catalepsia "é a falta de sinais vitais, eles permanecem, é claro, no entanto em um ritmo de funcionamento extremamente lento e baixo, fazendo com que muitas vezes sequer sejam detectados pelos profissionais, causando confusão e gerando falsas declarações de óbito".

Outros principais sintomas da condição são:

# inatividade,

# rigidez muscular,

# postura imóvel,

# capacidade de resposta a estímulos reduzida,

# sinais vitais, como respiração e batimentos cardíacos muito baixos.

<><> Doença desconhecida

As causas da catalepsia ainda não são totalmente conhecidas, nem se há algum tipo de propensão, no entanto, sabe-se que ela está relacionada a fatores como uso excessivo de álcool ou drogas, privação de sono, estresse, fortes emoções, abstinência e uso de determinados medicamentos. E por fim, não há nenhum protocolo específico de tratamento para a catalepsia, mas o clínico geral explica que "geralmente utilizam-se medicamentos anticonvulsivantes, antipsicóticos ou relaxantes musculares, também podem ser indicado psicoterapia em casos relacionados a estresse ou fortes emoções, no entanto, cada abordagem deve ser individualizada e feita com acompanhamento do profissional responsável."

 

•                                         Está dormindo o suficiente, mas ainda se sente exausto? Veja 7 tipos de descanso que podem ajudar

A médica Saundra Dalton-Smith estava exausta quando escreveu seu livro sobre descanso. Depois de cinco anos de prática clínica em medicina interna e cuidando de dois filhos pequenos, a autora de Sacred Rest [algo como "Descanso sagrado", em tradução direta] passou por um caso extremo de burnout. No começo, ela achou que só precisava dormir mais.

"Naquele momento, ninguém falava muito sobre burnout. A conversa girava em torno do sono", lembra Saundra. "Isso foi na época em que Arianna Huffington estava fazendo a grande revolução do sono. Então, quando me senti esgotada, meu processo de pensamento se baseou em pesquisas que diziam que, se eu tivesse um sono adequado e de alta qualidade, não deveria mais me sentir esgotada".

Foi então que a médica começou a se aprofundar um pouco mais. Embora os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendem pelo menos sete horas de sono por dia, Saundra descobriu que nem mesmo nove horas de repouso eram suficientes.

"Eu estava tendo sete, oito, nove horas de sono de alta qualidade, documentadas em laboratórios de sono. Quer dizer, eu estava fanática pelo assunto porque estava tentando descobrir como resolver o problema", diz ela. "O que fazer quando você dorme oito horas e tudo diz que você teve um sono perfeito, mas ainda assim você está exausta?"

Foi então que ela percebeu que dormir não é sinônimo de descansar. Depois de passar por vários testes que determinaram que não havia nada de errado com ela do ponto de vista médico, Saundra começou a pensar em outras maneiras pelas quais as pessoas podem ficar exaustas. E foi aí que nasceu seus revolucionários "7 tipos de descanso".

"Comecei a fazer essa pergunta que virou a base do meu trabalho: que tipo de cansaço eu tenho?", diz ela. "E isso me levou a uma jornada para perceber que, se estou me sentindo exausta, algo deve estar sendo drenado. O que exatamente foi drenado? Se eu conseguisse descobrir, então poderia reconstruir esse reservatório para voltar a me sentir saudável".

<><> Os 7 tipos de descanso

A premissa é simples: para se sentir descansado, você precisa devolver a energia aos locais onde ela foi esgotada. Depois de fazer uma lista de todas as maneiras pelas quais ela se sentia exausta, Saundra determinou que há sete tipos de descanso de que todos nós precisamos para nos sentirmos bem e com mais energia. Esses sete tipos são:

# Físico

# Sensorial

# Criativo

# Emocional

# Social

# Espiritual

# "Quando analisei a fisiologia de algumas das coisas que escrevi, havia uma sobreposição na fisiologia e na forma como o corpo funciona", explica Saundra.

"As pessoas me perguntam se o descanso mental e o emocional são a mesma coisa, e eu digo que não. Se pensarmos bem, mental, emocional e sensorial têm a ver com o cérebro ou com o sistema nervoso, mas são afetados de maneiras completamente distintas. Então esta era a minha abordagem: a fisiologia, a psicologia e os aspectos ambientais de cada tipo de descanso".

<><> De que tipo de descanso você precisa?

Para determinar o tipo de descanso de que você precisa, é necessário fazer uma avaliação pessoal. Para ajudar, Saundra desenvolveu um questionário online que pode ajudar você a chegar à raiz de sua exaustão. Se você preferir uma abordagem off-line, Dalton-Smith sugere começar pela conscientização.

"Começa com a consciência de que você pode estar cansado de maneiras diferentes", diz ela. "A maioria das pessoas nunca pensou sobre esgotamento criativo ou social".

Em seguida, Saundra convida as pessoas a pensarem em todas as maneiras pelas quais gastam energia ao longo do dia - tanto no trabalho quanto na vida cotidiana - e a considerarem onde não têm um sistema para repor essa energia específica.

"A maioria das pessoas não precisa se concentrar em todos os sete tipos de descanso", diz. "A maioria já faz algumas dessas coisas naturalmente. Mas, em geral, quando estão cansadas, há um ou dois tipos sobre os quais elas não pensaram, e essas coisas podem ser a raiz do problema, porque as pessoas não estão fazendo nada para melhorar nessa área".

Se você acha que precisa de descanso em todas as sete categorias, Saundra sugere começar pela área de maior déficit. Depois de analisar honestamente onde está gastando mais energia, você pode começar a pensar em maneiras de reabastecer essa área.

"Quando você começa a preencher a área que está mais esgotada, começa a se sentir melhor só de melhorar o maior déficit de descanso", diz ela.

<><> Desenvolvendo sua estratégia pessoal de descanso

"Se você vive em alta performance, não consegue continuar funcionando em ritmo acelerado por muito tempo sem se restaurar", explica Saundra. "Então, se você quiser ter sustentabilidade, inovação contínua e um alto nível de desempenho na sua carreira, será necessário ter uma estratégia de descanso".

Isso não significa necessariamente pedir mais horas de folga ou tirar férias mais longas ou até mesmo um período sabático. A estratégia de descanso mais benéfica é aquela que você pode incorporar à sua vida diária, diz Saundra.

"Os processos restaurativos podem ser integrados à nossa vida", continua. "Para mim, é nisso que a integração entre trabalho e vida pessoal deve se concentrar".

Cada tipo de descanso tem um conjunto de práticas restaurativas correspondentes que também é específico para cada pessoa e para o tipo de ambiente em que ela se encontra. Por exemplo, uma pessoa que trabalha em um escritório barulhento pode estar usando muita energia sensorial para eliminar o ruído de fundo e bloquear as conversas que acontecem perto dela.

"Esse processo de ajuste gasta muita energia", diz Dalton-Smith. "Seu cérebro trabalha ativamente para filtrar o ruído. Se você faz isso durante oito horas por dia, é muito provável que apresente alguns sintomas de sobrecarga sensorial, como irritação e agitação - experiências psicológicas que surgem quando você está sobrecarregado sensorialmente".

Nesse caso, Dalton-Smith recomenda o uso de fones de ouvido com cancelamento de ruído. O segredo, no entanto, não é tocar música, embora o ruído branco possa ajudar você a se concentrar.

"Não há necessidade de se sobrecarregar em termos sensoriais nessa situação, especialmente se estiver precisando se concentrar", diz ela. "Você vai liberar o espaço e a energia do cérebro se tiver consciência de como está usando a energia".

Para as pessoas que usam uma grande quantidade de energia criativa e mental ao longo do dia para resolver problemas, Dalton-Smith sugere que procurem atividades de atenção plena, como caminhada, corrida, ioga ou meditação.

"A maioria das habilidades de liderança pode ser otimizada com melhores práticas de restauração. Nossa comunicação melhora quando temos mais práticas de descanso emocional e social incorporadas à nossa vida. Nossa capacidade de pensar fora da caixa e de sermos mais inovadores melhora com um descanso criativo melhor. A maneira como nos sentimos em nossos corpos melhora com um descanso físico melhor", diz ela. "Se os atletas de alto nível precisam entender o descanso e a restauração para ter o melhor desempenho possível, será que todos os outros cargos de alto nível não precisariam das mesmas informações?"

 

Fonte: Revista Malu/Agencia Estado

 

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