Direita
vence no Brasil, mas sai rachada e em busca de líder
O
eleitor brasileiro optou majoritariamente por partidos com bases conservadoras,
levando a direita a uma vitória nesta eleição municipal. Mas a direita que
emerge das urnas não é monolítica e busca um líder. O diagnóstico é de um
dirigente de legenda que esteve ao lado de Jair Bolsonaro (PL) durante seus
quatro anos de mandato.
Sob
a batuta de Bolsonaro, o PL lançou diversos candidatos em capitais e em todo o
país. A estratégia fez com que o partido estivesse nas disputas de segundo
turno em 9 das 15 capitais, mas também trouxe ônus.
Em
diversos colégios eleitorais, o apoio de Bolsonaro a seus escolhidos custou
bons resultados a aliados históricos. Em Goiânia, por exemplo, o ex-presidente
decidiu apoiar um nome à revelia do governador Ronaldo Caiado (União Brasil).
Em
João Pessoa, Bolsonaro fez questão de lançar seu ex-ministro da Saúde Marcelo
Queiroga (PL). A opção custou, por menos de 0,9% dos votos válidos, a eleição
em primeiro turno de Cícero Lucena, do PP, pilar do triunvirato completado por
PL e Republicanos da governabilidade de Bolsonaro.
Em
São Paulo, o ex-presidente fez um cálculo arriscado - e que irritou a política.
Decidiu não embarcar por completo na campanha de Ricardo Nunes (MDB) e travou
uma relação ao estilo "morde e assopra" com Pablo Marçal (PRTB).
Nunes,
como se sabe, no fim, bateu Marçal e passou para o segundo turno. No palanque
do que foi comemorado como uma vitória imensa, agradeceu o governador do
Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Não o ex-presidente.
Para
governadores, presidentes de partidos, deputados e senadores, esta eleição
encerra a tese de uma direita monolítica, moldada à imagem e semelhança de
Bolsonaro e umbilicalmente dependente dele.
Como
disse o governador Ronaldo Caiado à repórter da Central das Eleições, Thaiza
Pauluze, novos nomes emergiram neste ano - e estarão à disposição dos eleitores
em 2026.
• Kassab:
'O centro venceu; a polarização, não'
Fundador
do partido que nasceu dizendo não ser nem de direita, nem de centro e nem de
esquerda, Gilberto Kassab levou neste 2024 o seu PSD ao posto de sigla que mais
elegeu prefeitos no país. Numa avaliação ao blog, Kassab enumera vitórias de
legendas que ele define como eminentemente de centro, não vinculadas a extremos
da política.
"O
centro venceu. A polarização, não", disse. O presidente do PSD exalta
resultados obtidos também pelo MDB, que está logo abaixo de seu partido, com
mais de 800 prefeitos eleitos, e do União Brasil, que ressurgiu como uma das
quatro siglas a comandar o maior número de cidades neste primeiro turno.
"O
centro está maior do que a direita, inclusive. E os personagens que saíram
maiores, por exemplo, o Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo), são
personagens que ampliam, não que cerram fileiras."
Kassab
vê, claro, Ricardo Nunes (MDB) como favorito na eleição mais disputada da
história de São Paulo. Seu partido apoia a reeleição do prefeito. Mas,
habilidoso, também não espizinha os resultados do presidente Lula nesta
eleição.
Lula,
propositadamente, se ausentou do debate municipal. Sua presença mais incisiva
foi na campanha de Guilherme Boulos (PSOL), em São Paulo, ainda assim vista
como mínima.
Para
Kassab, Lula fez um cálculo político para não melindrar siglas que estão no
meio da polarização, como o próprio PSD. E ele avisa: "Não confunda. O
Lula não é o PT".
• Partido
de Bolsonaro foi o que mais elegeu prefeitos nas maiores cidades do País
O
PL foi o partido que elegeu o maior número de prefeitos nas 103 maiores cidades
do País. Ao todo, a legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro e de Valdemar Costa
Neto fez 10 prefeitos nos principais centros urbanos do País, sendo seguida
pelo União Brasil, que fez nove prefeitos.
O
PT, do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, elegeu apenas dois prefeitos no
primeiro turno nesse rol das maiores 103 cidades. Nos dois casos, tratam-se de
prefeitas que tentavam a reeleição: Marília Campos, em Contagem (MG), e
Margarida Salomão, em Juiz de Fora (MG).
Partidos
de centro-direita como o PP (7), PSD (5), MDB (5) e Republicanos (4) também
conseguiram eleger prefeitos no primeiro turno e aguardam o resultado do
segundo turno para adicionar mais representantes no Executivo municipal.
Esses
103 municípios são aqueles que, por terem mais de 200 mil eleitores, têm a
possibilidade de realizar um segundo turno das eleições. Nesses municípios,
estão concentrados 60,5 milhões dos 155 milhões de eleitores brasileiros aptos
a votar neste ano. Os resultados eleitorais nessas prefeituras são importantes
pela influência que os eleitos adquirem e porque indicam como o eleitorado tem
se guiado nos principais centros urbanos do Brasil.
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A seguir, o número de prefeitos que cada partido conseguiu eleger já no
primeiro turno nesse grupo de 103 maiores cidades do País:
PL:
10
União
Brasil: 9
PP:
7
PSD:
5
MDB:
5
Republicanos:
4
Podemos:
3
PT:
2
PSDB:
2
PSB:
2
Novo:
1
Avante:
1
O PL
também é o partido com mais candidatos no segundo turno, com 24 disputas em
aberto. Neste recorte, o PT é a sigla que vem logo atrás da legenda de Valdemar
e de Jair Bolsonaro, com 13 candidatos no segundo turno.
O
resultado das urnas mostra que o PL larga na frente no segundo turno e que o PT
terá muito trabalho para vencer. O partido de Bolsonaro tem 13 candidatos que
foram para o segundo turno à frente de seus adversários, enquanto a legenda de
Lula tem apenas cinco candidatos nessas circunstâncias - o que demonstra a
dificuldade que os petistas terão para virar alguns cenários e tentar eleger
mais prefeitos.
PL:
24
PT:
13
União
Brasil: 11
PSD:
10
MDB:
9
Republicanos:
7
PP:
6
PSDB:
5
Podemos:
5
PDT:
4
PSOL:
2
PSB:
2
Novo:
2
Solidariedade:
1
PMB:
1
Cidadania:
1
Avante:
1
O
resultado do primeiro turno das eleições municipais deste ano representa a
primeira demonstração de força a nível municipal da "profissionalização
política do bolsonarismo". O grupo político do ex-presidente, em 2020,
ainda encontrava-se disperso em várias legendas, já que o próprio Bolsonaro
estava sem partido. Foi somente no fim de 2021 que o ex-presidente filiou-se ao
PL e deu início ao processo de "profissionalização" na política.
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PL mais que triplica votos e eleição prenuncia dois anos difíceis para Lula
O
partido de Bolsonaro mostrou ao mundo político neste primeiro turno que tem
algo a oferecer: votos. O partido teve 15,7 milhões. Foi o campeão deste
domingo nessa métrica. O crescimento foi de 236,2%, de acordo com levantamento
do site de notícias Poder360.
O
PT de Lula também cresceu, mas o movimento foi muito menor. O partido passou de
6,9 milhões no primeiro turno de 2020 para 8,9 milhões. A subida foi de 28,2%
partindo de um patamar considerado o fundo do poço do partido. Neste ano, o PT
foi o sexto mais votado do primeiro turno.
Nenhum
dos outros quatro partidos mais bem colocados nas votações do primeiro turno
estava na chapa presidencial de Lula em 2022. PSD (14,5 milhões de votos), MDB
(14,4 milhões), União Brasil (11,3 milhões) e PP (9,9 milhões) apoiam o
governo, mas só se uniram ao petista depois de eleito e cobraram um fatura alta
- em ministérios, emendas e cargos - mesmo sem dar nem perto de 100% de suporte
aos projetos do Executivo.
Além
disso, os dois aliados mais poderosos de Lula nos municípios foram reeleitos
sem a ajuda do presidente da República. João Campos (PSB, reeleito com 78,11%
dos votos no Recife) e Eduardo Paes (PSD, 60,47% no Rio de Janeiro) fizeram um
jogo duríssimo com o PT na pré-campanha porque sabiam que suas reeleições só
dependiam deles mesmos. Em vez de vices petistas, fecharam chapas com
integrantes dos próprios grupos políticos.
Os
resultados prenunciam dois anos finais de mandato difíceis para Lula. Senadores
e, principalmente, deputados de fora da esquerda olharão para os números e
confirmarão a hipótese de ser melhor para sua sobrevivência política manter uma
distância segura de Lula. Cobrarão cargos e verbas com ainda menos vontade de
abraçar o governo. E, dessa vez, com mandato do petista mais perto de seu
final.
Há
meses é aguardada uma reforma ministerial para depois das eleições para
presidente da Câmara e do Senado, marcadas para fevereiro. O rearranjo levará
em conta os resultados nos municípios. Se não houver uma reviravolta no segundo
turno, como vitórias de Guilherme Boulos (PSOL) em São Paulo e Evandro Leitão
(PT) em Fortaleza, Lula deverá entrar nessa negociação mais fraco do que estava
na semana passada.
• Lula e
Bolsonaro terão embates diretos e disputas terceirizadas em 2º turno em
capitais
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL) terão embates
diretos e disputas terceirizadas no segundo turno das eleições de 2024.
Principais lideranças políticas do País, os dois medirão força novamente no
último domingo de outubro, 27, em 15 capitais brasileiras. No primeiro turno,
realizado no domingo, 6, onze prefeitos foram eleitos --cinco nomes apoiados
pelo ex-presidente, contra dois do petista.
Os
candidatos apoiados por Bolsonaro que foram eleitos vão comandar as cidades de
Boa Vista (RR), Florianópolis (SC), Maceió (AL), Rio Branco (AC) e Salvador
(BA). Os vencedores são Arthur Henrique (MDB), Topázio Neto (PSD), João
Henrique Caldas (PL), Tião Bocalom (PL) e Bruno Reis (União), respectivamente.
Os candidatos de Lula eleitos foram Eduardo Paes (PSD), no Rio de Janeiro (RJ),
e João Campos (PSB), no Recife (PE).
Entre
os eleitos em primeiro turno, dois são do PL. O PT, em contrapartida, não teve
nenhum candidato vitorioso. Já no segundo turno, PL e o PT vão se enfrentar em
Fortaleza (CE) e Cuiabá (MT), em uma disputa direta entre Lula e Bolsonaro. Na
capital cearense, a corrida eleitoral será entre André Fernandes (PL) e Evandro
Leitão (PT). Na capital mato-grossense, Abilio Brunini (PL) e Lúdio (PT) vão
disputar os votos dos eleitores. No Nordeste, a disputa promete ser voto a
voto. No Centro-Oeste, a tendência é de vitória do PL.
Além
dos embates diretos em Fortaleza e Cuiabá, entre PT e PL, Lula e Bolsonaro irão
disputar de forma terceirizada em outras 13 capitais. Em São Paulo, por
exemplo, é onde a disputa promete ser mais forte e mobilizar mais a militância
petista e bolsonarista. De um lado estará Ricardo Nunes (MDB), apoiado pelo
ex-presidente, e do outro Guilherme Boulos (PSOL), aposta do petista para
retomar o comando da maior capital da América Latina após 8 anos de jejum.
Em
Porto Alegre (RS), o PT tem candidato na disputa, mas o PL não. A tendência é
Bolsonaro aderir ao prefeito e candidato à reeleição Sebastião Melo (MDB), que
disputará com Maria do Rosário (PT). Em Belém (Pará), é o contrário: o PL tem
candidato e o PT não. Igor Normando (MDB) terá a benção de Lula e dos petistas,
enquanto Éder Mauro (PL) receberá o apoio dos bolsonaristas. Abaixo veja como
será a disputa entre Lula e Bolsonaro.
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PT no 2º turno
Cuiabá
- Abílio (PL) x Lúdio (PT)
Fortaleza
- André Fernandes (PL) x Evandro Leitão (PT)
Porto
Alegre - Sebastião Melo (MDB) x Maria do
Rosário (PT)
Natal
- Paulinho Freire (União) x Natália Bonavides (PT)
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PL no 2º turno
Belo
Horizonte - Bruno Engler (PL) x Fuad Noman (PSD)
Belém
- Igor Normando (MDB) e Éder Mauro (PL)
Goiânia
- Fred Rodrigues (PL) e Sandro Mabel (União Brasil).
Cuiabá
- Abílio (PL) x Lúdio (PT)
Fortaleza
- André Fernandes (PL) x Evandro Leitão (PT)
João
Pessoa - Cícero Lucena (PP) x Marcelo Queiroga (PL)
Aracajú
- Emilia Correa (PL) x Luiz Roberto (PDT)
Manaus
- David Almeida (Avante) x Cap. Alberto Neto (PL)
Palmas
- Janad Valcari (PL) x Eduardo Siqueira Campos (Podemos)
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Disputas terceirizadas
Porto
Velho - Mariana Carvalho (União Brasil) x Léo (Podemos)
Campo
Grande - Adriane Lopes (PP) x Rose Modesto (União Brasil)
Curitiba
- Eduardo Pimentel (PSD) x Cristina Graeml (PMB)
São
Paulo - Ricardo Nunes (MDB) x Guilherme Boulos (PSOL)
Fonte:
g1/Redação Terra
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