Paulo
Henrique Arantes: ‘Um psicopata nunca desiste’
O
encantador de incautos Pablo Marçal está fora do segundo turno da eleição
paulistana, e ainda será julgado pelo crime de falsificação de documento,
podendo ficar inelegível, ser preso ou outra coisa que o Direito Penal mandar.
A disputa final será entre um idealista de esquerda e um político de baixa
estatura, falso-moralista, adulador envergonhado que conta com a máquina
pública. De todo modo, a “estrela” desta eleição municipal até que se conheça o
vitorioso, pelo que causou, é Marçal, um psicopata que ainda dará muito
trabalho à democracia brasileira.
Tempos
atrás, aqui no Brasil 247, buscamos em ótimo texto do médico psiquiatra Guido
Palomba a descrição da personalidade de Jair Bolsonaro, enquadrando-o à
perfeição entre os “psicopatas de Schneider”. Segundo Palomba, tais pessoas são
assim caracterizadas pelo psiquiatra alemão Kurt Schneider, autor de
“Personalidades Psicopáticas”: “A inteligência limítrofe ou seletiva leva-os a
praticar atos bizarros, por turrice e teimosia. Persistem voluntariosos, desde
que seja em benefício próprio. Caso voltem atrás, não é pelo reconhecimento do
erro, mas por estratégia momentânea. Em seguida, recidivam, às vezes de forma
mais virulenta, por serem rancorosos e vingativos”.
O
“psicopata de Schneider” é 100% Bolsonaro e nem tanto Marçal, pois o segundo
não apresenta a inteligência limítrofe do primeiro.
O
caçador de likes que pretendia administrar a cidade de São Paulo carrega todos
os quesitos do psicopata clássico – deixe-se Schneider de lado -, como qualquer
manual psiquiátrico para leigos pode demonstrar. A mentira fácil, forjada e sem
culpa, abre a lista, seguida do gosto pela adrenalina.
Psicopatas
como Pablo Marçal costumam ser articulados, donos de retórica persuasiva,
sedutora. Também são impulsivos, como provam atos como postar em redes sociais
um laudo médico falso para destruir a reputação do adversário, mesmo cientes de
que o desmascaramento pode vir de pronto.
Os
manuais de psiquiatria explicam que o psicopata estressa-se e “explode”
facilmente, ao passo que nunca se sente culpado de nada, pois os protocolos
sociais nada lhe importam. Jamais coloca-se no lugar do outro, por isso pode
levar pessoas a situações de perigo iminente sem nem sequer corar, como fez
Marçal, o nosso psicopata, ao levar 32 pessoas a correrem risco de vida no Pico
dos Marins. Mensurar consequências não é do métier do psicopata.
O
psicólogo canadense Robert Hare, informa-nos o ótimo site de saúde mental
Eurekka, relatou que o psicopata não conhece empatia, daí suas ações
manipuladoras. Seus sentimentos são superficiais: ele ama uma pessoa da mesma
forma como ama um carro ou uma piscina. Egoísta, só os próprios interesses o
norteiam.
A
atração de parte da população por psicopatas precisa ser melhor estudada. O
discurso antipolítica que emana dessas mentes doentias talvez explique o apelo
popular, afinal, boa parte dos políticos faz por merecer o repúdio dos
cidadãos. Mas não é só isso. Integrantes da base da pirâmide social, em regra,
almejam ascender individualmente como prometem os coachings, não participam da
luta por uma sociedade mais justa e igualitária.
Aguardemos
com atenção o próximo passo do influencer e político neófito Pablo Marçal.
Psicopatas não desistem.
• Pablo
Marçal e seus métodos põem em alerta classe política e Judiciário
Um
dos pontos críticos observados nas eleições de 2024 envolve o candidato
derrotado à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) e o impacto de sua
campanha, apesar de ter ficado fora do segundo turno.
De
acordo com integrantes das campanhas de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos
(PSOL), o momento decisivo que poderia ter levado Marçal ao segundo turno foi
um movimento de última hora, comparado ao episódio da deputada Carla Zambelli
(PL-SP) correndo armada pelas ruas de São Paulo durante as eleições de 2022.
Esse
momento específico de Marçal foi marcado pela circulação de uma fake news,
através de um laudo falso, que alegava envolvimento de Boulos com consumo de
drogas. A natureza grotesca e sem escrúpulos desse ataque gerou uma forte
reação e mobilização não só de apoiadores de Boulos, mas de vários candidatos
que viram na estratégia de Marçal um ataque direto à democracia.
O
fato de ele ter alcançado 28% dos votos acendeu um alerta na classe política e
no Judiciário. A alta votação, considerando as características da campanha,
levanta questões sobre a influência de fake news no processo eleitoral e a
falta de controle sobre influenciadores digitais que, sem escrúpulos, manipulam
informações para atacar adversários.
O
resultado aciona a necessidade de a política criar mecanismos mais eficazes
para evitar que o pleito se torne desigual, especialmente antes do início
oficial do período eleitoral.
O
Judiciário, e mais especificamente a Justiça Eleitoral, também precisa
desenvolver novas resoluções que coíbam a propagação de informações falsas e o
uso de influenciadores sem controle durante as campanhas.
Nos
bastidores, integrantes da Justiça Eleitoral já veem a situação jurídica de
Marçal como extremamente delicada, e seu caso deve ser avaliado com cuidado
para evitar que episódios semelhantes voltem a se repetir em futuras eleições.
Independentemente
disso, a necessidade de regulamentar o uso de informações e influenciadores
durante campanhas políticas está no centro do debate, para garantir que a
democracia seja preservada.
• Surpreendidos,
políticos apostam em inviabilizar Marçal pela Justiça em 2026
O
governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi o grande
vencedor do primeiro turno da eleição municipal de São Paulo ao ser o principal
fiador do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), ajudando a levá-lo para o embate
contra Guilherme Boulos e a desbancar Pablo Marçal (PRTB), visto como um rival
direto pela disputa da liderança da direita bolsonarista.
Embora
negue pretensão, Tarcísio é lembrado como candidato nas eleições presidenciais
de 2026 e a eleição municipal é termômetro de força do governador no seu
quintal político.
Mesmo
fora do segundo turno, a força de Marçal surpreendeu adversários do começo ao
fim. Agora, adversários políticos de Marçal querem começar a tratá-lo como caso
de polícia, e não de política, para que seja inviabilizado politicamente pela
Justiça por, por exemplo, caso como da fake news do laudo.
A
campanha de Nunes está animada com o segundo turno pois aposta na rejeição
apontada pelas pesquisas ao candidato do Psol e também no voto do eleitor do
Marçal - nas palavras de um integrante da campanha de Nunes:
“Voto
do Marçal não tem dono e Nunes não precisa pedir apoio para Marçal. Eleitor do
Marçal não vota no Boulos”, diz.
Sob
o ponto de vista do PT, partido do presidente Lula, a eleição de 2024 é vista
como um recado sobre a necessidade de se ampliar as alianças e fazer um
movimento para o centro.
<><>
Fator Marçal
O
nome de Pablo Marçal surgiu como o de um candidato antissistema e disruptivo, o
que lhe deu um resultado bastante expressivo, principalmente se considerarmos
que ele não teve tempo de TV, máquina pública e nem apoio político de grandes
caciques. É um personagem que vai ser muito observado daqui para frente, tanto
pela direita como pela esquerda- principalmente ouvindo os anseios desse
eleitor que deu 28% a ele.
Em
seu cartão de visitas como candidato, Marçal proporcionou episódios nunca
vistos nas eleições de São Paulo, como o da cadeirada sofrida por ele, dada por
Datena (PSDB), e a agressão que seu assessor cometeu contra o marqueteiro de
Ricardo Nunes em outro debate.
Além
dos embates físicos, em sua última cartada, o candidato do PRTB publicou um
laudo falso contra Guilherme Boulos (Psol), o que fez com que o STF entrasse de
vez na disputa eleitoral, multando e suspendendo mais uma vez as contas das
redes sociais do político.
Com
essa guinada judicial, opositores devem tentar associar o nome de Marçal aos
crimes pelos quais é investigado.
<><>
Bolsonaro derrotado
Ao
longo da campanha, Bolsonaro (PL) titubeou ao entrar na defesa de Ricardo
Nunes, o que fortaleceu ainda mais a presença de Tarcísio. Na reta final, o
ex-presidente fez uma live em apoio a Nunes para não deixar a vitória toda no
colo do governador.
O
sentimento na campanha, no entanto, é que a vitória do primeiro turno é do
Tarcísio. Tanto que durante pronunciamento de Nunes sobre o segundo turno, o
nome do governador foi ovacionado pelos apoiadores.
• Carlos
Bolsonaro chuta cachorro morto e ataca aliados que apoiaram Marçal
Obrigado
a se reconciliar com Pablo Marçal (PRTB) durante o processo eleitoral, quando
percebeu um motim na horda extremista da ultradireita, o vereador Carlos
Bolsonaro (PL-RJ), reeleito no Rio de Janeiro, começou já na noite deste
domingo (6) a chutar cachorro morto e atacar os aliados que se embandeiraram
para a campanha do ex-coach.
Às
22h26, logo após a confirmação do segundo turno em São Paulo entre Guilherme
Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), o filho "02" de Jair Bolsonaro
(PL) foi ao seu canal no Telegram e disparou ironias aos marçalistas magoados
com o medebista, que não poupou artilharia no ex-coach durante a campanha.
"Estou
vendo em massa o pessoal que esbravejava com uma espada na mão e estufando o
peito dizendo que eram 'todos contra Boulos', mas agora afirmando que querem
que ele ganhe em São Paulo. Jair Bolsonaro mais uma vez tinha razão",
disparou.
A
mensagem vai ao encontro do discurso do pai. Aliviado após a derrota do
ex-coach, Jair Bolsonaro afirmou que "não precisamos que o Marçal declare
apoio ao Ricardo Nunes".
"A
direita brasileira não é gado", emendou o ex-presidente, que recuou de um
confronto com Marçal no primeiro turno após virar alvo de apoiadores, que
iniciaram uma debandada das redes sociais logo após a primeira crítica de
Bolsonaro ao candidato do PRTB.
Ao
lado de Carlos e Alexandre Ramagem (PL-RJ) - candidato derrotado por Eduardo
Paes nas eleições no Rio de Janeio - em sua casa na capital fluminense,
Bolsonaro comemorou com gritos e xingamentos a derrota de Marçal em São Paulo,
segundo Bela Megale, no jornal O Globo.
Ainda
na entrevista após o resultado da eleição, Bolsonaro criticou o laudo falso
dizendo que a farsa contra Boulos “vai marcar a vida” de Marçal e comparou o
ex-coach com um hacker “que, em vez de usar a inteligência para trabalhar em um
banco, fica fazendo besteira”.
<><>
Implosão do bolsonarismo
A
divulgação do laudo por Marçal, desmentido logo em seguida, tumultuou os grupos
bolsonaristas no Telegram, expondo a implosão que o ex-coach causou na horda
mais radical ligada ao ex-presidente.
A
entrada de influenciadores e aliados próximos de Bolsonaro, como Gustavo Gayer
(PL-SP), nas críticas ao laudo forjado fortaleceu o movimento contra Marçal nos
grupos bolsonaristas e reverteu muitos votos do ex-coach para Ricardo Nunes.
O
próprio PRTB credita a Marçal o erro crasso de divulgar um documento falso às
vésperas de uma eleição em que ele vinha em um movimento crescente - e quando
muitas pesquisas previam um segundo turno dele contra Boulos.
Após
a votação, os ânimos continuaram exaltados nos grupos, a ponto de mediadores
intervirem no bate-boca. Além disso, diversas teorias da conspiração, como de
costume, começaram a surgir para justificar a derrota do ex-coach.
As
provocações e os debates acalorados seguem nesta segunda-feira (7), com muitos
marçalistas chegando a declarar que votarão em Boulos no segundo turno.
"Se
Bolsonaro continuar com esta postura Lulista, não vai muito longe. Ainda sou
Bolsonaro doente, mas é preciso colocar os pés no chão pois assim com este tipo
de atitude Boulos ganha fácil", escreveu Sergio do Carmo no grupo Águia,
no Telegram, que reúne mais de 22 mil apoiadores do ex-presidente.
Em
outra publicação, replicada do BlueSky, marçalistas afirma que vão votar
"50" no segundo turno contra Nunes.
<><>
Saindo do armário
Em
28 de agosto, após ter sido chamado de "retardado mental" por Pablo
Marçal, e enfrentar o ex-coach nas redes sociais, Carlos Bolsonaro saiu do
armário e reatou, contrariado, com Marçal.
"Conversei
há pouco com Pablo Marçal; foi muito educado e bacana comigo. Expusemos nossos
pontos e fico feliz em ter a consciência de que queremos rumar nas mesmas
direções quando falamos de Brasil", disse nas redes.
Em
seguida, Carlos Bolsonaro revelou mais sobre a conversa que teve com Marçal.
"Falamos sobre o 7 de setembro, censura e tudo o que o país vem
atravessando há muito tempo. Outro ponto focal em que fiz questão de frisar é
que não existe a formação de um gabinete direcionado para nenhum tipo de ação e
que ambos sofremos cobranças naturais no processo em que estamos dispostos a
atravessar, além do sentimento que as pessoas têm quando esse assunto é
abordado."
Por
fim, Carlos Bolsonaro afirmou que Marçal é a melhor escolha para São Paulo.
"Tenho certeza de que, com o coração mais leve, São Paulo, Rio de Janeiro
e o Brasil têm a oportunidade de cumprir as demandas que o povo realmente
anseia. Deixo aqui meu fraterno abraço a Pablo e que saíamos todos mais fortes
para um Brasil que os brasileiros desejam."
Fonte:
Brasil 247/g1/Fórum
Nenhum comentário:
Postar um comentário