terça-feira, 8 de outubro de 2024

Paulo Henrique Arantes: ‘Um psicopata nunca desiste’

O encantador de incautos Pablo Marçal está fora do segundo turno da eleição paulistana, e ainda será julgado pelo crime de falsificação de documento, podendo ficar inelegível, ser preso ou outra coisa que o Direito Penal mandar. A disputa final será entre um idealista de esquerda e um político de baixa estatura, falso-moralista, adulador envergonhado que conta com a máquina pública. De todo modo, a “estrela” desta eleição municipal até que se conheça o vitorioso, pelo que causou, é Marçal, um psicopata que ainda dará muito trabalho à democracia brasileira.

Tempos atrás, aqui no Brasil 247, buscamos em ótimo texto do médico psiquiatra Guido Palomba a descrição da personalidade de Jair Bolsonaro, enquadrando-o à perfeição entre os “psicopatas de Schneider”. Segundo Palomba, tais pessoas são assim caracterizadas pelo psiquiatra alemão Kurt Schneider, autor de “Personalidades Psicopáticas”: “A inteligência limítrofe ou seletiva leva-os a praticar atos bizarros, por turrice e teimosia. Persistem voluntariosos, desde que seja em benefício próprio. Caso voltem atrás, não é pelo reconhecimento do erro, mas por estratégia momentânea. Em seguida, recidivam, às vezes de forma mais virulenta, por serem rancorosos e vingativos”.

O “psicopata de Schneider” é 100% Bolsonaro e nem tanto Marçal, pois o segundo não apresenta a inteligência limítrofe do primeiro.

O caçador de likes que pretendia administrar a cidade de São Paulo carrega todos os quesitos do psicopata clássico – deixe-se Schneider de lado -, como qualquer manual psiquiátrico para leigos pode demonstrar. A mentira fácil, forjada e sem culpa, abre a lista, seguida do gosto pela adrenalina.

Psicopatas como Pablo Marçal costumam ser articulados, donos de retórica persuasiva, sedutora. Também são impulsivos, como provam atos como postar em redes sociais um laudo médico falso para destruir a reputação do adversário, mesmo cientes de que o desmascaramento pode vir de pronto.

Os manuais de psiquiatria explicam que o psicopata estressa-se e “explode” facilmente, ao passo que nunca se sente culpado de nada, pois os protocolos sociais nada lhe importam. Jamais coloca-se no lugar do outro, por isso pode levar pessoas a situações de perigo iminente sem nem sequer corar, como fez Marçal, o nosso psicopata, ao levar 32 pessoas a correrem risco de vida no Pico dos Marins. Mensurar consequências não é do métier do psicopata.

O psicólogo canadense Robert Hare, informa-nos o ótimo site de saúde mental Eurekka, relatou que o psicopata não conhece empatia, daí suas ações manipuladoras. Seus sentimentos são superficiais: ele ama uma pessoa da mesma forma como ama um carro ou uma piscina. Egoísta, só os próprios interesses o norteiam.

A atração de parte da população por psicopatas precisa ser melhor estudada. O discurso antipolítica que emana dessas mentes doentias talvez explique o apelo popular, afinal, boa parte dos políticos faz por merecer o repúdio dos cidadãos. Mas não é só isso. Integrantes da base da pirâmide social, em regra, almejam ascender individualmente como prometem os coachings, não participam da luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

Aguardemos com atenção o próximo passo do influencer e político neófito Pablo Marçal. Psicopatas não desistem.

 

•                                         Pablo Marçal e seus métodos põem em alerta classe política e Judiciário

Um dos pontos críticos observados nas eleições de 2024 envolve o candidato derrotado à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) e o impacto de sua campanha, apesar de ter ficado fora do segundo turno.

De acordo com integrantes das campanhas de Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), o momento decisivo que poderia ter levado Marçal ao segundo turno foi um movimento de última hora, comparado ao episódio da deputada Carla Zambelli (PL-SP) correndo armada pelas ruas de São Paulo durante as eleições de 2022.

Esse momento específico de Marçal foi marcado pela circulação de uma fake news, através de um laudo falso, que alegava envolvimento de Boulos com consumo de drogas. A natureza grotesca e sem escrúpulos desse ataque gerou uma forte reação e mobilização não só de apoiadores de Boulos, mas de vários candidatos que viram na estratégia de Marçal um ataque direto à democracia.

O fato de ele ter alcançado 28% dos votos acendeu um alerta na classe política e no Judiciário. A alta votação, considerando as características da campanha, levanta questões sobre a influência de fake news no processo eleitoral e a falta de controle sobre influenciadores digitais que, sem escrúpulos, manipulam informações para atacar adversários.

O resultado aciona a necessidade de a política criar mecanismos mais eficazes para evitar que o pleito se torne desigual, especialmente antes do início oficial do período eleitoral.

O Judiciário, e mais especificamente a Justiça Eleitoral, também precisa desenvolver novas resoluções que coíbam a propagação de informações falsas e o uso de influenciadores sem controle durante as campanhas.

Nos bastidores, integrantes da Justiça Eleitoral já veem a situação jurídica de Marçal como extremamente delicada, e seu caso deve ser avaliado com cuidado para evitar que episódios semelhantes voltem a se repetir em futuras eleições.

Independentemente disso, a necessidade de regulamentar o uso de informações e influenciadores durante campanhas políticas está no centro do debate, para garantir que a democracia seja preservada.

•                                         Surpreendidos, políticos apostam em inviabilizar Marçal pela Justiça em 2026

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi o grande vencedor do primeiro turno da eleição municipal de São Paulo ao ser o principal fiador do atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), ajudando a levá-lo para o embate contra Guilherme Boulos e a desbancar Pablo Marçal (PRTB), visto como um rival direto pela disputa da liderança da direita bolsonarista.

Embora negue pretensão, Tarcísio é lembrado como candidato nas eleições presidenciais de 2026 e a eleição municipal é termômetro de força do governador no seu quintal político.

Mesmo fora do segundo turno, a força de Marçal surpreendeu adversários do começo ao fim. Agora, adversários políticos de Marçal querem começar a tratá-lo como caso de polícia, e não de política, para que seja inviabilizado politicamente pela Justiça por, por exemplo, caso como da fake news do laudo.

A campanha de Nunes está animada com o segundo turno pois aposta na rejeição apontada pelas pesquisas ao candidato do Psol e também no voto do eleitor do Marçal - nas palavras de um integrante da campanha de Nunes:

“Voto do Marçal não tem dono e Nunes não precisa pedir apoio para Marçal. Eleitor do Marçal não vota no Boulos”, diz.

Sob o ponto de vista do PT, partido do presidente Lula, a eleição de 2024 é vista como um recado sobre a necessidade de se ampliar as alianças e fazer um movimento para o centro.

<><> Fator Marçal

O nome de Pablo Marçal surgiu como o de um candidato antissistema e disruptivo, o que lhe deu um resultado bastante expressivo, principalmente se considerarmos que ele não teve tempo de TV, máquina pública e nem apoio político de grandes caciques. É um personagem que vai ser muito observado daqui para frente, tanto pela direita como pela esquerda- principalmente ouvindo os anseios desse eleitor que deu 28% a ele.

Em seu cartão de visitas como candidato, Marçal proporcionou episódios nunca vistos nas eleições de São Paulo, como o da cadeirada sofrida por ele, dada por Datena (PSDB), e a agressão que seu assessor cometeu contra o marqueteiro de Ricardo Nunes em outro debate.

Além dos embates físicos, em sua última cartada, o candidato do PRTB publicou um laudo falso contra Guilherme Boulos (Psol), o que fez com que o STF entrasse de vez na disputa eleitoral, multando e suspendendo mais uma vez as contas das redes sociais do político.

Com essa guinada judicial, opositores devem tentar associar o nome de Marçal aos crimes pelos quais é investigado.

<><> Bolsonaro derrotado

Ao longo da campanha, Bolsonaro (PL) titubeou ao entrar na defesa de Ricardo Nunes, o que fortaleceu ainda mais a presença de Tarcísio. Na reta final, o ex-presidente fez uma live em apoio a Nunes para não deixar a vitória toda no colo do governador.

O sentimento na campanha, no entanto, é que a vitória do primeiro turno é do Tarcísio. Tanto que durante pronunciamento de Nunes sobre o segundo turno, o nome do governador foi ovacionado pelos apoiadores.

 

•                                         Carlos Bolsonaro chuta cachorro morto e ataca aliados que apoiaram Marçal

Obrigado a se reconciliar com Pablo Marçal (PRTB) durante o processo eleitoral, quando percebeu um motim na horda extremista da ultradireita, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), reeleito no Rio de Janeiro, começou já na noite deste domingo (6) a chutar cachorro morto e atacar os aliados que se embandeiraram para a campanha do ex-coach.

Às 22h26, logo após a confirmação do segundo turno em São Paulo entre Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), o filho "02" de Jair Bolsonaro (PL) foi ao seu canal no Telegram e disparou ironias aos marçalistas magoados com o medebista, que não poupou artilharia no ex-coach durante a campanha.

"Estou vendo em massa o pessoal que esbravejava com uma espada na mão e estufando o peito dizendo que eram 'todos contra Boulos', mas agora afirmando que querem que ele ganhe em São Paulo. Jair Bolsonaro mais uma vez tinha razão", disparou.

A mensagem vai ao encontro do discurso do pai. Aliviado após a derrota do ex-coach, Jair Bolsonaro afirmou que "não precisamos que o Marçal declare apoio ao Ricardo Nunes".

"A direita brasileira não é gado", emendou o ex-presidente, que recuou de um confronto com Marçal no primeiro turno após virar alvo de apoiadores, que iniciaram uma debandada das redes sociais logo após a primeira crítica de Bolsonaro ao candidato do PRTB.

Ao lado de Carlos e Alexandre Ramagem (PL-RJ) - candidato derrotado por Eduardo Paes nas eleições no Rio de Janeio - em sua casa na capital fluminense, Bolsonaro comemorou com gritos e xingamentos a derrota de Marçal em São Paulo, segundo Bela Megale, no jornal O Globo.

Ainda na entrevista após o resultado da eleição, Bolsonaro criticou o laudo falso dizendo que a farsa contra Boulos “vai marcar a vida” de Marçal e comparou o ex-coach com um hacker “que, em vez de usar a inteligência para trabalhar em um banco, fica fazendo besteira”.

<><> Implosão do bolsonarismo

A divulgação do laudo por Marçal, desmentido logo em seguida, tumultuou os grupos bolsonaristas no Telegram, expondo a implosão que o ex-coach causou na horda mais radical ligada ao ex-presidente.

A entrada de influenciadores e aliados próximos de Bolsonaro, como Gustavo Gayer (PL-SP), nas críticas ao laudo forjado fortaleceu o movimento contra Marçal nos grupos bolsonaristas e reverteu muitos votos do ex-coach para Ricardo Nunes.

O próprio PRTB credita a Marçal o erro crasso de divulgar um documento falso às vésperas de uma eleição em que ele vinha em um movimento crescente - e quando muitas pesquisas previam um segundo turno dele contra Boulos.

Após a votação, os ânimos continuaram exaltados nos grupos, a ponto de mediadores intervirem no bate-boca. Além disso, diversas teorias da conspiração, como de costume, começaram a surgir para justificar a derrota do ex-coach.

As provocações e os debates acalorados seguem nesta segunda-feira (7), com muitos marçalistas chegando a declarar que votarão em Boulos no segundo turno.

"Se Bolsonaro continuar com esta postura Lulista, não vai muito longe. Ainda sou Bolsonaro doente, mas é preciso colocar os pés no chão pois assim com este tipo de atitude Boulos ganha fácil", escreveu Sergio do Carmo no grupo Águia, no Telegram, que reúne mais de 22 mil apoiadores do ex-presidente.

Em outra publicação, replicada do BlueSky, marçalistas afirma que vão votar "50" no segundo turno contra Nunes.

<><> Saindo do armário

Em 28 de agosto, após ter sido chamado de "retardado mental" por Pablo Marçal, e enfrentar o ex-coach nas redes sociais, Carlos Bolsonaro saiu do armário e reatou, contrariado, com Marçal.

"Conversei há pouco com Pablo Marçal; foi muito educado e bacana comigo. Expusemos nossos pontos e fico feliz em ter a consciência de que queremos rumar nas mesmas direções quando falamos de Brasil", disse nas redes.

Em seguida, Carlos Bolsonaro revelou mais sobre a conversa que teve com Marçal. "Falamos sobre o 7 de setembro, censura e tudo o que o país vem atravessando há muito tempo. Outro ponto focal em que fiz questão de frisar é que não existe a formação de um gabinete direcionado para nenhum tipo de ação e que ambos sofremos cobranças naturais no processo em que estamos dispostos a atravessar, além do sentimento que as pessoas têm quando esse assunto é abordado."

Por fim, Carlos Bolsonaro afirmou que Marçal é a melhor escolha para São Paulo. "Tenho certeza de que, com o coração mais leve, São Paulo, Rio de Janeiro e o Brasil têm a oportunidade de cumprir as demandas que o povo realmente anseia. Deixo aqui meu fraterno abraço a Pablo e que saíamos todos mais fortes para um Brasil que os brasileiros desejam."

 

Fonte: Brasil 247/g1/Fórum

 

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