Mossad: 6 megaoperações polêmicas da
agência de inteligência de Israel
Em uma ação ousada, os pagers e outros
aparelhos de comunicação usados pelos membros do Hezbollah foram
transformados em dispositivos explosivos móveis.
Usados com a intenção
de ser um meio seguro de burlar a vigilância avançada de Israel, eles detonaram nas mãos de seus usuários, matando dezenas de pessoas e ferindo outras milhares no
Líbano.
O governo libanês
acusou Israel dos ataques, classificando-os como uma "agressão criminosa
israelense", enquanto o Hezbollah prometeu uma "retribuição
justa".
Israel ainda não
respondeu às alegações, mas alguns veículos de imprensa do país informaram que
o gabinete de governo havia instruído os ministros a não fazerem declarações
públicas sobre o evento.
Israel normalmente
monitora de perto as atividades do Hezbollah, sugerindo que a operação pode
fazer parte do conflito em curso entre os dois lados.
Se Israel for o
responsável, esta será uma de suas operações mais surpreendentes e impactantes,
reavivando memórias de missões passadas atribuídas ao país, e à sua agência
nacional de inteligência, o Mossad, em particular.
<><> Os
êxitos do Mossad
O Mossad é responsável
por uma série de operações bem-sucedidas. A seguir, estão algumas das mais
notáveis.
·
1. Caça ao nazista
Adolf Eichmann
O sequestro
do nazista Adolf Eichmann na Argentina, em
1960, é um dos mais famosos feitos de inteligência do Mossad.
Eichmann, um dos
principais arquitetos do Holocausto, foi responsável pela
perseguição de judeus nos campos de concentração nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, nos
quais cerca de seis milhões de judeus foram assassinados pela Alemanha nazista.
Depois de escapar da
captura se deslocando entre vários países, Eichmann acabou se estabelecendo na
Argentina.
Uma equipe de 14
agentes do Mossad o localizou, raptou e levou para Israel, onde foi julgado e,
por fim, executado.
·
2. Operação Entebbe
A operação Entebbe, em
Uganda, é considerada uma das missões militares mais bem-sucedidas de Israel.
O Mossad forneceu
inteligência, enquanto os militares israelenses realizavam a operação.
As forças de comando
israelenses resgataram com sucesso 100 reféns de um avião que viajava de Tel
Aviv para Paris via Atenas. A aeronave transportava cerca de 250 passageiros,
incluindo 103 israelenses.
Os sequestradores —
dois membros da Frente Popular para a Libertação da Palestina e dois cúmplices
alemães — desviaram o voo para Entebbe, em Uganda.
A operação resultou na
morte de três reféns, dos sequestradores, de vários soldados ugandenses e do
soldado israelense Yonatan Netanyahu, irmão do atual primeiro-ministro de
Israel, Benjamin Netanyahu,
·
3. Operação Irmãos
Em uma extraordinária
operação de fachada no início da década de 1980, o Mossad — seguindo instruções
do então primeiro-ministro, Menachem Begin — contrabandeou mais de 7 mil judeus
etíopes para Israel via Sudão, usando um resort de mergulho falso como fachada.
O Sudão era um país
inimigo da Liga Árabe. Por isso, operando clandestinamente, uma equipe de
agentes do Mossad montou um resort na costa sudanesa do Mar Vermelho, que foi
usado como base.
Durante o dia, eles se
passavam por funcionários do resort e, à noite, contrabandeavam judeus, que
haviam viajado secretamente da vizinha Etiópia, para fora do país por via aérea
e marítima.
A operação durou pelo
menos cinco anos e, quando foi descoberta, os agentes do Mossad já haviam
escapado.
·
4. Retaliação após os
sequestros nas Olimpíadas de Munique
Em 1972, o grupo
militante palestino Setembro Negro matou dois membros da delegação israelense
nos Jogos Olímpicos de Munique — e capturou outros nove.
Os reféns foram mortos
posteriormente em uma tentativa fracassada de resgate pela polícia da Alemanha
Ocidental.
Depois disso, o Mossad
atacou vários membros da Organização para a Libertação da Palestina, incluindo
Mahmoud Hamshari.
Ele foi morto por um
dispositivo explosivo colocado no telefone do seu apartamento em Paris.
Hamshari perdeu uma
perna na explosão e acabou não resistindo aos ferimentos.
·
5. Yahya Ayyash e o
celular que explodiu
Em uma operação
semelhante em 1996, Yahya Ayyash, um dos principais fabricantes de bombas do
Hamas, foi assassinado depois que um celular Motorola Alpha foi recheado com 50
gramas de explosivos.
Ayyash, um proeminente
líder da ala militar do Hamas, era conhecido por sua atuação na construção de
bombas e na orquestração de ataques complexos contra alvos israelenses.
Isto fez dele o foco principal
das agências de segurança israelenses, um dos homens mais procurados por
Israel.
No fim de 2019, Israel
suspendeu a censura sobre certos detalhes do assassinato, e o Canal 13 de
televisão israelense exibiu uma gravação da última ligação telefônica entre
Ayyash e o pai.
Os assassinatos de
Hamshari e Ayyash destacam um longo e intrincado histórico de uso de tecnologia
avançada para execuções direcionadas.
·
6. Mahmoud al-Mabhouh:
estrangulado até a morte
Em 2010, Mahmoud
al-Mabhouh, um alto líder militar do Hamas, foi assassinado em um hotel em
Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Inicialmente, parecia
uma morte natural, mas a polícia de Dubai conseguiu identificar a equipe de
assassinos depois de analisar as imagens das câmeras de segurança.
A polícia revelou mais
tarde que al-Mabhouh havia sido morto por um choque elétrico e, na sequência,
estrangulado.
Suspeita-se que a
operação tenha sido orquestrada pelo Mossad, o que gerou indignação diplomática
nos Emirados Árabes Unidos.
Os diplomatas
israelenses alegaram, no entanto, que não havia evidências que ligassem o
Mossad ao ataque.
Mas não negaram
envolvimento, o que está alinhado com a política de Israel de manter a
"ambiguidade" em assuntos deste tipo.
Tentativas de
assassinato fracassadas
Apesar de inúmeras
operações bem-sucedidas, o Mossad também conta com fracassos bem conhecidos.
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Khaled Meshal, líder político do Hamas
Uma das operações que
levou a uma grande crise diplomática foi a tentativa de Israel, em 1997, de
assassinar Khaled Meshaal, o chefe do gabinete político do Hamas, na Jordânia,
usando veneno.
A missão falhou quando
os agentes israelenses foram capturados, forçando Israel a fornecer o antídoto
para salvar a vida de Meshaal.
O então chefe do
Mossad, Danny Yatom, embarcou para a Jordânia para oferecer o tratamento a
Meshaal.
Esta tentativa de
assassinato prejudicou significativamente as relações entre a Jordânia e
Israel.
<><>Mahmoud
al-Zahar, líder do Hamas
Em 2003, Israel
realizou um ataque aéreo contra a casa do líder do Hamas, Mahmoud al-Zahar, na
Cidade de Gaza.
Embora al-Zahar tenha
sobrevivido ao ataque, a operação resultou na morte da sua esposa e filho,
Khaled, além de várias outras pessoas.
O bombardeio destruiu
completamente sua residência, evidenciando as graves consequências de operações
militares em áreas densamente povoadas.
<><>
O caso Lavon
Em 1954, as
autoridades egípcias desmantelaram uma operação de espionagem israelense
conhecida como Operação Susannah.
O plano frustrado era
colocar bombas em instalações americanas e britânicas no Egito para pressionar
o Reino Unido a manter suas forças posicionadas no Canal de Suez.
O incidente ficou
conhecido como caso Lavon, nome que remete ao então ministro da Defesa de
Israel, Pinhas Lavon.
Acredita-se que ele
estava envolvido no planejamento da operação.
O Mossad, por sua vez,
foi visto à época como responsável por falhas catastróficas de inteligência.
<><>
Guerra de Yom Kippur
Em 6 de outubro de
1973, o Egito e a Síria lançaram um ataque-surpresa contra Israel para reconquistar
a Península do Sinai e as Colinas de Golã.
O momento do ataque,
realizado durante o Yom Kippur, o Dia da Expiação judaico, pegou Israel
desprevenido no início da guerra.
O Egito e a Síria
atacaram Israel em duas frentes.
As forças egípcias
cruzaram o Canal de Suez, sofrendo apenas uma fração das baixas previstas,
enquanto as forças sírias atacaram as posições israelenses e invadiram as
Colinas de Golã.
A União Soviética
forneceu suprimentos à Síria e ao Egito, e os EUA forneceram uma remessa de
suprimentos de emergência a Israel.
Israel conseguiu
repelir as forças militares, e a guerra terminou em 25 de outubro — quatro dias
depois de uma resolução das Nações Unidas que pedia o fim dos combates.
<><>
Ataque de 7 de outubro de 2023
Quase 50 anos depois,
Israel foi novamente surpreendido por um ataque-surpresa, desta vez lançado
pelo Hamas contra cidades perto da fronteira de Gaza, em 7 de outubro de 2023.
O fracasso do Mossad
em prever o ataque é considerado um grande fiasco, refletindo a projeção,
segundo analistas, de uma fraqueza na política de dissuasão de Israel em
relação ao Hamas.
O ataque de 7 de
outubro resultou na morte de aproximadamente 1,2 mil pessoas, a maioria civis,
segundo as autoridades israelenses. Cerca de outras 251 pessoas foram levadas
para Gaza como reféns.
Em resposta ao ataque
do Hamas, Israel iniciou uma guerra na Faixa de Gaza, que resultou até agora em
mais de 40 mil mortes, a maioria de civis, de acordo com o Ministério da Saúde
de Gaza.
¨
Gente e bicho… é tudo
a mesma coisa. Por Samuel Kilsztajn
Nise da Silveira,
pouco antes de partir, sentada em cadeira de rodas no seu apartamento em
Botafogo, curvada pela idade, olhou fixo para nós, com seus olhos penetrantes,
apontou o dedo para o pequeno grupo ali reunido e disse que queria que
lembrássemos que “gente, cachorro, gato… é tudo a mesma coisa”.
Os chineses se
alimentam de gatos e cachorros, para horror dos ocidentais, que poupam estes
amigos, mas consomem outros primos. Para ficar mais fácil sacrificá-los, os
ingleses (e norte-americanos) resolveram o mal pela raiz (da palavra). Os
ingleses comem chicken, lamb, pork and beef; mas hen,
sheep, pig or cow, nem pensar. Se você perguntar para um norte-americano se
ele come pig ele vai ficar horrorizado, pois ele só se alimenta
de pork. Contudo, o sangue destes analfabetos, ingerido pelos
humanos, certamente se manifesta no comportamento de quem se alimenta de
animais sacrificados.
Quando se quer
degradar uma pessoa, é comum referir-se a ela como “um animal” ou como “um
cachorro” (coitado, a alcunha tinha mesmo que sobrar para nosso pobre e fiel
amigo, não é?!). A desumanização de pessoas e povos também é usada para
facilitar o seu extermínio. Leonardo da Vinci, Liev Tolstoy, Mahatma Gandhi e
Isaac Bashevis Singer consideravam que, enquanto houver abatedouros, haverá
guerras.
A degradação do povo
palestino, “esses animais”, faz parte da tática do Estado de Israel na atual
guerra em Gaza, que está longe de ser uma guerra, é mais propriamente uma
carnificina que compreende o extermínio da população civil em massa, mutilação,
destruição de edificações e instituições, aviltamentos que serão traduzidos em
traumas que acompanharão os palestinos por gerações. Alimentado pelos governos
dos Estados Unidos e da Europa, o assimétrico poder bélico de Israel em relação
ao povo palestino determina quanto vale cada vida, quem são os humanos e quem
são os animais. “Israel, necropoder e desumanização”, assinado por Lincoln Veloso, enfatiza a manipulação política e
ideológica, o processo de desumanização do povo palestino que está na base do
massacre em curso.
Muitas pessoas
continuam assistindo impassíveis à carnificina em Gaza. Não gostam, em sua zona
de conforto – já bastam os problemas que as cercam no dia a dia –, de se
preocupar com desgraças alheias. Sentadas em seus sofás, assistindo ao massacre
em tempo real e em cores como se fosse entretenimento, em consonância com a
grande mídia, há pessoas que justificam a sua inação responsabilizando a sorte
dos palestinos pelos seus próprios pecados, sem se preocuparem minimamente em
entender a desgraça que se abateu sobre eles desde o início do século XX.
Em 1917, com a
Declaração Balfour, a Inglaterra, então dona do mundo, ofereceu aos judeus as
terras habitadas por uma indiscutível maioria palestina (92% da população). O
detalhado estudo do historiador palestino Rashid Khalidi, Palestina: um século de guerra e
resistência (1917-2017), assim como as pesquisas dos novos historiadores
israelenses, desautorizam a versão oficial do Estado
de Israel.
A esquerda sionista,
hipócrita, iludindo os palestinos, abriu o caminho para a direita franca
terminar o trabalho. Nas palavras de Khalidi, “Jabotinsky e seus seguidores
estavam entre os poucos francos o bastante para admitir publicamente e sem
rodeios a dura realidade que seria inevitável enfrentar na implantação de uma
sociedade colonial num lugar com uma população existente… Ele [Jabotinsky]
escreveu em 1923: ‘Toda população nativa no mundo resiste à colonização
enquanto tiver a mínima esperança de ser capaz de se livrar do perigo de ser
colonizada. É isso que os árabes na Palestina estão fazendo, e continuarão a
fazer enquanto existir uma solitária faísca de esperança de que serão capazes
de evitar a transformação da Palestina na Terra de Israel.’”
Além de massacrar os
palestinos, os sionistas resolveram também se apossar e deter a patente dos
vocábulos genocídio e antifascista. Os judeus, vítimas por excelência de
genocídio pelo fascismo durante a Segunda Guerra Mundial, seriam antifascistas
por definição. Essa assertiva talvez possa ainda causar efeito na geração do
pós-guerra que cresceu sob o impacto do Holocausto, mas não nas novas gerações,
para as quais o testemunho do atual massacre do povo palestino fala mais alto.
Até há pouco tempo, o
genocídio dos judeus era sempre utilizado como referência por outros povos e
camadas sociais vitimizados. Entretanto, dado o apoio incondicional quase
absoluto dos judeus ao Estado de Israel, eles estão deixando de ser citados nas
manifestações em que se mencionam os povos indígenas, negros, ciganos, arménios
etc.
Meus pais, judeus
poloneses sobreviventes do Holocausto, que perderam seus avós, pais, irmãos,
primos e sobrinhos, nove a cada dez parentes sentenciados como subumanos,
vermes, perderam suas casas, cidades e pátria, imigraram em 1948 para Israel e
abandonaram a “Terra Prometida” em 1953.
Eu nasci em Jaffa, uma
cidade eminentemente árabe, que até as Nações Unidas, em seu plano de partilha
de 1947, haviam reservado aos palestinos. Contudo, para evitar o enclave, mesmo
antes da criação do Estado de Israel em 14 de maio de 1948, os sionistas se
encarregaram de jogar no mar 45 mil árabes de Jaffa, que ancoraram no Líbano.
A quase totalidade dos
judeus israelenses e da diáspora apoia a existência de um país artificial que,
desde antes de sua criação, oprime e extermina a população natural da
Palestina. Mas eu, que herdei dos meus pais valores humanistas, pacifistas e
internacionalistas, não me reconheço, não me sinto e não quero fazer parte
deste grupo de opressores. Então fico dividido entre continuar dissidente e
mudar a minha identidade para palestino budista.
Algumas pessoas já se
adiantaram para me assegurar que os antissemitas não vão referendar minha
mudança de identidade. Outras me advertiram que não serei aceito entre os
palestinos, como é que um palestino poderia confiar em um judeu? Mas não é isto
que me importa. Não estou buscando escapar ao referendo antissemita, nem ser
aceito pelos palestinos. Minha crise de identidade é o que me mantém íntegro.
Fonte: BBC News/A
Terra é Redonda
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