Apelo da Europa para atacar Rússia leva a uma guerra nuclear
mundial, diz parlamentar russo
A Rússia responderá
com armas mais poderosas aos ataques ocidentais ao território russo, pois o
pedido do Parlamento Europeu para que isso ocorra vai levar a uma guerra
mundial com armas nucleares, disse o presidente da Duma do Estado (câmara baixa
do parlamento) da Rússia, Vyacheslav Volodin.
Em uma sessão plenária
em Estrasburgo, na quinta-feira (19), os eurodeputados adotaram, por maioria de
votos, uma resolução sobre a Ucrânia, pedindo aos países da União Europeia que
levantem imediatamente todas as restrições aos ataques de Kiev aos territórios
russos que estão longe da zona do conflito.
"Se isso
acontecer, a Rússia vai dar uma resposta dura usando armas mais poderosas.
Ninguém deve ter ilusões sobre isso. [...] O que o Parlamento Europeu está
pedindo leva a uma guerra mundial com uso de armas nucleares", escreveu
Volodin em seu canal no Telegram.
Ele perguntou se os
deputados europeus tinham consultado seus eleitores antes de tomar essa decisão
e se querem que o conflito armado chegue a suas casas.
Volodin lembrou que a
Europa deve ser grata ao povo russo pela libertação do nazismo na Segunda
Guerra Mundial.
"A única coisa
que o Parlamento Europeu deve fazer depois de tal declaração como essa é se
dissolver", alegou.
Além disso, o
presidente da câmara baixa do parlamento russo lembrou que um míssil balístico
intercontinental Sarmat pode alcançar Estrasburgo, em que o Parlamento Europeu
é sediado, em 3 minutos e 20 segundos.
De acordo com sua
doutrina militar, a Rússia pode usar armas nucleares em dois casos:
- agressão contra a
Rússia ou seus aliados com o uso de armas de destruição em massa;
- agressão com o uso
de armas convencionais, quando a existência do próprio Estado estiver em
perigo.
Anteriormente, o
presidente russo Vladimir Putin disse que ataques com mísseis de longo alcance
ocidentais aos territórios russos que estão longe da zona do conflito
significarão o envolvimento direto da Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN) no conflito na Ucrânia, já que somente os militares da OTAN, não os
ucranianos, têm a capacidade de operar essas armas.
Ele acrescentou que o
envolvimento direto dos países ocidentais no conflito ucraniano muda a natureza
das hostilidades e que a Rússia vai ser forçada a tomar decisões com base
nessas ameaças.
¨
'Criará conflitos':
chanceler eslovaco adverte o perigo da entrada da Ucrânia na OTAN
Uma possível adesão da
Ucrânia à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) provocará novos
conflitos, considera o ministro das Relações Exteriores da Eslováquia, Juraj
Blanar.
"Temos uma visão
diferente sobre a adesão [da Ucrânia] à OTAN. Consideramos que a adesão [da
Ucrânia] à OTAN criará mais e mais conflitos, mas respeitamos o direito da
Ucrânia de escolher onde almeja ir, qualquer país tem o direito de
fazê-lo", declarou Blanar durante o comunicado de imprensa após uma
reunião com o chefe da chancelaria ucraniana, Andrei Sibiga, em Bratislava.
Anteriormente, o
primeiro-ministro eslovaco Robert Fico disse que a entrada da Ucrânia na OTAN
provocaria um confronto direto entre a Rússia e a Aliança Atlântica. Ele
observou que alguns países insistiam que a resolução da cúpula da OTAN
realizada em Washington deveria refletir o compromisso explícito da aliança de
aceitar a Ucrânia, o que seria inaceitável para a Eslováquia.
Fico saudou o fato de
que uma abordagem realista prevaleceu, e a declaração final reflete que a
Ucrânia pode se tornar um membro da OTAN somente se todas as condições
necessárias forem cumpridas e todos os membros da aliança concordarem.
¨ Comandante da Marinha russa: prontidão para usar armas de
submarinos estratégicos é muito alta
As armas mais
poderosas e destrutivas em serviço na 25ª Divisão de Submarinos da Frota do
Pacífico da Rússia estão em um nível extremamente alto de prontidão, disse o
comandante-chefe da Marinha russa, almirante Aleksandr Moiseev.
Moiseev galardoou a
unidade de submarinos estratégicos de mísseis da Frota do Pacífico com Ordem de
Nakhimov, em uma cerimônia realizada ontem (18) na base de implantação
permanente em Kamchatka.
"Claro, o mais
alto nível de treinamento. Tenho um envolvimento direto no comando dessas
forças, vejo como essas tarefas são resolvidas pelos navios. Deve-se notar que
estes são navios modernos. Este é um nível completamente diferente de
tecnologia. Armas, que acima de tudo [têm] a maior confiabilidade técnica. E
nem falo sobre o nível de prontidão para usar essas armas – [que é]
extremamente alto", cita o Ministério da Defesa da Rússia as palavras de
Moiseev.
Segundo ele, a atual
geração de militares russos da Marinha e de submarinos continua dignamente as
tradições vitoriosas estabelecidas pelas gerações anteriores ao longo da
história, em particular as que deram uma importante contribuição para a derrota
das tropas da Alemanha nazista no século passado.
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Coronel suíço: com o ataque à região de Kursk, tropas ucranianas perderam
forças adicionais
As tropas ucranianas
apenas expandiram a área de contato ao decidir atacar a região russa de Kursk,
declarou o coronel aposentado e ex-oficial de inteligência da Suíça Jacques
Baud em entrevista ao canal no YouTube Dialogue Works.
"A situação só
piorou, se olharmos para a linha do front [...] os ucranianos são incapazes de
criar uma concentração suficiente de forças para resistir à pressão russa. […]
Eles simplesmente expandiram sua linha do front e perderam tropas adicionais",
disse ele.
O coronel suíço
lembrou que as Forças Armadas da Ucrânia sofreram grandes perdas em termos do
contingente e equipamentos militares. O especialista acredita que isso se deve
à falta de pensamento estratégico no Exército ucraniano.
"Os ucranianos
perderam recursos valiosos na região de Kursk, que poderiam ser usados mais
eficazmente na área de Krasnoarmeisk, por exemplo", concluiu Baud.
Krasnoarmeisk (ou
Pokrovsk, na denominação ucraniana) é um dos dois principais entroncamentos
ferroviários e rodoviários na região de Donetsk, e sua perda ameaçaria toda a
logística da região para os militares ucranianos, de acordo com o
Frontelligence Insight, um grupo analítico ucraniano.
No total, durante os
combates na direção de Kursk o Exército ucraniano perdeu mais de 14.950
militares.
¨ Reunião cancelada por Zelensky com países latino-americanos é
reflexo da falta de apoio a Kiev
Vladimir Zelensky
cancelou uma reunião que planejava realizar em Nova York com líderes da América
Latina e do Caribe, paralelamente à Assembleia Geral da Organização das Nações
Unidas (ONU), na próxima terça-feira (24). O motivo: o baixo número de participações,
de acordo com a imprensa.
O convite, enviado em
agosto, recebeu poucas confirmações de presença, segundo matéria publicada
ontem (17) pela Folha de S.Paulo.
Na cúpula organizada
pela Suíça em junho para abordar o tema, sem a presença da Rússia, 11 das 33
nações da região participaram, e a maioria não enviou os chefes de Estado,
incluindo o Brasil.
Ao mesmo tempo, os
governos brasileiro e chinês estão organizando uma reunião em paralelo à
assembleia da ONU para divulgar uma proposta conjunta para a paz na Ucrânia.
Zelensky rejeitou a iniciativa sino-brasileira e a chamou de
"destrutiva". O plano foi assinado em maio por Celso Amorim, assessor
do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assuntos internacionais, e pelo
ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, em Pequim.
De acordo com os
analistas ouvidos pela Sputnik Brasil, a falta de apoio a Kiev por parte dos
países latino-americanos e caribenhos é apenas a ponta do iceberg.
Para Isabela Gama,
especialista em segurança e teoria das relações internacionais e BRICS da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), o conflito em si
já está bastante esvaziado, com menos relevância no cenário internacional e
cobertura midiática nas últimas semanas.
Gama, que também é
professora assistente de relações internacionais na Abu Dhabi University,
defendeu que a Ucrânia vem perdendo apoio de vários lados, mas sobretudo do Sul
Global — incluindo o Brasil —, que desde o início do conflito evitou lhe
demonstrar apoio.
Segundo ela, embora o
governo Lula tente se mostrar neutro em relação ao conflito, as críticas do
presidente estão cada vez mais direcionadas ao regime ucraniano.
A analista disse que a
perda crescente de apoio tem a ver com o fato de Zelensky estar se comportando
como um adolescente mimado que "a qualquer custo, às custas da própria
população, está tentando se engajar em uma guerra que ou não tem fim ou vai solapar
os civis da Ucrânia", afirmou ela.
"Afinal, a Rússia
já enviou algumas propostas para a Ucrânia, de tentar conversar e tentar
pacificar esse conflito. Enquanto isso, a Ucrânia tenta sempre escalar. […]
neste exato momento do conflito, é mais fácil perceber que Zelensky está se
utilizando dessa narrativa de vitimização para angariar suporte e demonstrar um
poder pessoal, o que não traz nenhum benefício para nenhum dos lados",
opinou ela.
Especialista em
política externa russa e Forças Armadas russas e doutorando do Programa de
Pós-Graduação em Relações Internacionais San Tiago Dantas, Getúlio Alves de
Almeida Neto frisou que os recentes eventos indicam que os países da América
Latina e do Sul Global têm pouco a ganhar tomando uma posição de apoio
irrestrito a qualquer uma das partes envolvidas no conflito.
Maria Eduarda Carvalho
de Araujo, integrante do Centro de Investigação em Rússia, Eurásia e Espaço
Pós-Soviético (CIRE) e pesquisadora no Observatório de Conflitos do Grupo de
Estudos de Defesa e Segurança Internacional (Gedes), também defendeu que os países
latino-americanos têm optado pela diplomacia e neutralidade em relação ao
conflito.
Também citou a
complexidade dessas influências em termos econômicos e políticos, com uma
prevalência de iniciativas e atividades por parte da China e da Rússia,
seguidas pelo Ocidente.
"A consequência
disso é que grande parte das nações do Sul Global evita comprometer-se
abertamente em um alinhamento com um dos lados."
Entretanto, frisou
ela, o Sul Global, que abrange América Latina, Ásia e África, tem visto na
Rússia um ator mais engajado politicamente, "reconhecendo a importância
econômica dessas regiões".
"A Rússia tem
dado destaque ao papel do BRICS e à necessidade de aprofundar as relações com o
Sul Global, tanto no contexto do BRICS quanto em outros fóruns multilaterais,
como o G20 (esforços que não são novos, mas que vêm ganhando maior enfoque). A
China, por sua vez, exerce forte influência comercial, sendo o principal
parceiro de vários países do Sul Global", acrescentou Carvalho de Araujo.
Já a especialista em
segurança da PUC-Rio pontuou que diferentes ideais têm pesado para o Sul Global
em confronto com as narrativas do Ocidente, não apenas da Rússia e da China,
como de outras nações.
"[…] Se tratarmos
do Sul Global, que também está tentando surgir enquanto ator relevante no
cenário internacional, acredito que seja a sobreposição de múltiplos atores,
não apenas da Rússia e da China, mas de outros Estados que compõem o BRICS."
A opinião de Almeida
Neto é parecida, ao afirmar que o cenário internacional atual é marcado pela
influência de vários polos, tornando o cálculo dos atores estatais muito mais
complexo na tomada de decisão e dando maior espaço de manobra, já que agora não
dependem exclusivamente dos países do chamado Ocidente.
"Ao mesmo tempo,
temos a resistência dos tradicionais polos de poder e diversos conflitos na
atualidade que colocam em lados opostos os interesses das potências, tornando
as relações entre os países mais delicadas e frágeis e contribuindo para menos
propostas multilaterais, em favor de acordos bilaterais ou, inclusive, ações
unilaterais", disse Almeida Neto.
Por outro lado,
salientou ele, o cenário torna-se propício para a criação de novos mecanismos
de concerto internacional dirigidos aos problemas contemporâneos que não podem
ser mais administrados com eficácia por antigos arranjos.
A especialista em
relações internacionais declarou que o envolvimento dos países do BRICS, com o
papel ativo do Brasil e da China na elaboração da proposta conjunta de paz para
a Ucrânia indica um impulso ao multilateralismo e a defesa de que os países não
se isolem em grupos econômicos ou políticos.
"Isso fica
evidente na preparação da proposta conjunta de paz para a Ucrânia elaborada
pelo Brasil e pela China, sugerindo que os países não ocidentais podem preferir
soluções diplomáticas e pacíficas, fora do escopo da OTAN, que é essencialmente
uma aliança militar", disse ela. "Esse esforço está alinhado com os
objetivos mais amplos do BRICS de promover uma ordem mundial multipolar, o que
provavelmente terá repercussão nas discussões durante a Assembleia Geral da
ONU", apostou Carvalho de Araujo.
·
A OTAN no conflito
A previsão de uma
baixa participação na reunião de Zelensky também pode ser interpretada como um
sinal das dificuldades enfrentadas pela Organização do Tratado do Atlântico
Norte (OTAN) em disseminar sua narrativa entre os países não ocidentais,
ponderou Carvalho de Araujo.
"A narrativa da
OTAN está cada vez mais centrada em uma lógica de soma zero, na defesa de
interesses excludentes em relação à Rússia, o que torna a busca por uma solução
negociada para o fim do conflito mais complexa e difícil de alcançar", comentou.
Almeida Neto
argumentou que nenhuma proposta de paz por parte dos países da OTAN terá êxito,
uma vez que a organização tem atuado cada vez mais dentro do contexto da guerra
Rússia-Ucrânia, mesmo que indiretamente.
"Ao longo do
tempo, portanto, é possível que propostas originadas por outros países, como os
da América Latina e África, tenham um peso maior dentro da comunidade
internacional e o discurso da OTAN se torne enfraquecido, em razão de ser parte
diretamente interessada no conflito", ponderou.
De acordo com Gama, a
OTAN vem tentando há muitos anos encontrar agendas nas quais se veja como
relevante, para que não acabe.
"Cada vez mais a
OTAN faz um movimento contrário de enfraquecer sua dinâmica, a sua posição no
cenário internacional, porque não é mais, na minha perspectiva, uma aliança de
defesa: tornou-se um risco muito grande e uma instigadora de conflitos e de
discórdias internacionais."
Fonte: DW Brasil/Sputnik
Brasil
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