terça-feira, 24 de setembro de 2024

Aqueles que visam 'derrotar' a Rússia devem se lembrar de Napoleão e Hitler, diz ex-chanceler alemão

Qualquer um que sonhe em "derrotar" a Rússia militarmente precisa de uma aula de história, disse o ex-chanceler alemão, Gerhard Schroeder. O político social-democrata foi o arquiteto do "milagre econômico" alemão dos anos 2000, facilitado pelo aumento da cooperação energética com a Rússia.

"Recomendo que todos que acreditam nisso olhem para os livros de história. De Napoleão a Hitler, todos falharam por causa disso."

Gerhard Schroeder aguarda o pouso do helicóptero com Vladimir Putin a bordo. Foto

A crise ucraniana serviu para consolidar a sociedade russa, com os russos "convencidos de que o Ocidente está apenas usando a Ucrânia como ponta de lança para colocar a Rússia de joelhos", disse o estadista à mídia alemã.

O político de 80 anos, que participou das negociações de paz de Istambul na primavera de 2022, disse que, ao contrário das alegações da mídia ocidental na época, "a paz estava próxima" e incluía uma rejeição às aspirações de Kiev de se juntar à OTAN.

O governo ucraniano não pode concordar com o acordo, devido a "círculos mais poderosos" por trás bloqueando as propostas de paz na esperança de que continuar o conflito enfraqueceria estrategicamente a Rússia ou até mesmo desencadearia uma mudança de regime, disse Schroeder.

O ex-chanceler acredita que o Ocidente subestima os riscos da crise ucraniana se transformar em um conflito mais amplo. "Nós, alemães, em particular, devemos nos comportar de forma cautelosa e construtiva no contexto da Segunda Guerra Mundial e dos crimes cometidos em nome da Alemanha."

Ele pediu à União Europeia que vinculasse qualquer ajuda que fornecesse a Kiev com demandas por cenários sérios e realistas para a paz.

"Esta guerra terá que ser encerrada por meio de negociações. Em qualquer caso, não pode ser decidida militarmente. Exigirá compromissos."

Um conhecido crítico de Donald Trump sobre os esforços de sua administração para sabotar o projeto do gasoduto Nord Stream 2 com a Rússia em 2019-2020, Schroeder disse que, no entanto, viu no candidato republicado esperanças de paz na Ucrânia, dizendo que confia nele para encerrar o conflito antes de sua posse se vencer, como Trump prometeu repetidamente.

É do interesse da Alemanha e da Europa ver o conflito ucraniano terminar, porque depois da Ucrânia, é a Alemanha que está "entre os maiores perdedores" da crise atual, de acordo com o ex-chanceler.

A Alemanha sofreu o impacto das consequências econômicas decorrentes dos esforços autoimpostos da Europa para se desvincular da energia russa, com sua economia entrando e saindo da recessão, e as exportações industriais caindo em meio à queda da competitividade em relação à China e aos Estados Unidos.

Infelizmente, hoje o reconhecimento de que há situações em que os interesses europeus e americanos entram em conflito não existe mais, afirmou o político.

¨      Comandante ucraniano: Kiev já perdeu um de seus mais importantes centros logísticos em Donbass

A situação das Forças Armadas ucranianas perto de Krasnoarmeisk (Pokrovsk, na denominação ucraniana) é extremamente difícil, disse ao The Washington Post o comandante ucraniano de uma unidade de tanques da 68ª Brigada com o apelido de Fizik.

Nos últimos tempos, as Forças Armadas russas têm intensificado sua ofensiva na região de Donbass, tendo libertado um povoado após outro e agora estão se aproximando de um hub logístico muito importante do Exército ucraniano, a cidade de Krasnoarmeisk.

"Mas, embora Pokrovsk [Krasnoarmeisk, na denominação russa] permaneça no controle ucraniano, como centro logístico, já se pode dizer que está perdida", afirma o comandante, citado pelo jornal.

As forças russas conseguiram cortar três estradas principais, destruir pontes e avançar perto o suficiente para controlar os movimentos do Exército ucraniano com artilharia e drones, acrescentou o oficial.

"Não podemos acumular forças suficientes, unidades de infantaria suficientes para fazer um contra-ataque. Ou seja, somos forçados a nos defender o tempo todo e, lentamente, se não houver outra possibilidade de não sermos cercados ou qualquer outra coisa, teremos que retirar", concluiu.

Outro soldado disse que havia uma escassez de munição no campo de batalha.

Por exemplo, há oito foguetes russos para cada três ou quatro disparados pelas Forças Armadas ucranianas.

Não há nenhuma panaceia contra as bombas aéreas russas, acrescentou ele em um comentário à publicação.

De acordo com o secretário do Conselho de Segurança russo, Sergei Shoigu, em agosto e na primeira semana de setembro, foi possível libertar quase 1.000 quilômetros quadrados de território em Donbass.

Ao mesmo tempo, o inimigo está sofrendo por dia cerca de 2.000 baixas, entre mortos e feridos.

¨      Moscou: declarações irresponsáveis de Stoltenberg sobre armas para Kiev têm apoio na Europa

O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, está fazendo declarações irresponsáveis sobre a pouca seriedade das linhas vermelhas anunciadas pela Rússia porque em breve vai deixar seu cargo, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.

Anteriormente, o secretário-geral da OTAN afirmou, em uma entrevista ao The Times, que permitir que Kiev lance ataques com mísseis de longo alcance contra os territórios russos que estão longe da zona de conflito não seria uma linha vermelha.

"Ele é um homem que está saindo e logo deixará de trabalhar onde trabalha. É por isso que faz declarações tão irresponsáveis. Mas, infelizmente, acho que sua atitude é compartilhada por muitas pessoas na Europa. Ouvimos muitas palavras histéricas na Europa no sentido de que não se deve ter medo da Rússia ou de Putin, que não se deve levá-los a sério", disse Peskov.

Ele observou que o Ocidente está obcecado com a ideia de "lutar contra a Rússia até o último ucraniano" e diz abertamente que seu objetivo é derrotar a Rússia a nível estratégico e tático.

"Isso nos obriga a levar essa posição muito a sério, a alinhar nossas ações com esse perigo e a continuar a operação militar especial para atingir todos os nossos objetivos, cumprir todas as nossas tarefas e conquistar a vitória nós mesmos", acrescentou Peskov.

Segundo ele, ao longo da história a Rússia não tinha outras alternativas e agora também não as tem.

A representante oficial do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova disse, por sua vez, que os países ocidentais não entendem a gravidade da ameaça representada pelo fornecimento de armas a Kiev.

Ela descreveu em uma frase as medidas que o Ocidente está tomando contra a Rússia.

"Sabe, existe aquela expressão sobre 'demência e coragem', que se aplica exatamente a eles", afirmou.

A diplomata enfatizou que essas armas são usadas contra usinas nucleares e acusou os políticos ocidentais de não entenderem as possíveis consequências.

Além disso, chamou a atenção para o fato de essas armas "também fluírem para a região do Oriente Médio".

Anteriormente, o presidente russo Vladimir Putin declarou que ataques com mísseis de longo alcance ocidentais aos territórios russos que estão longe da zona do conflito significarão o envolvimento direto da OTAN no conflito na Ucrânia, já que somente os militares da OTAN, não os ucranianos, têm a capacidade de operar essas armas.

Ele acrescentou que o envolvimento direto dos países ocidentais no conflito ucraniano muda a natureza das hostilidades e que a Rússia vai ser forçada a tomar decisões de acordo com essas ameaças.

¨      Ucrânia negocia com Ocidente entregas de caças Gripen e Eurofighter

A Ucrânia espera receber mais dois tipos de caças, o Gripen e o Eurofighter, de seus aliados ocidentais, as negociações estão em andamento, disse o ministro da Defesa ucraniano Rustem Umerov.

"Estão em andamento consultas sobre os Gripen e os Eurofighter", disse Umerov, acrescentando que a Ucrânia em breve poderá relatar os resultados dessas negociações.

O ministro ucraniano lembrou que os parceiros ocidentais da Ucrânia prometeram fornecer às Forças Armadas do país caças F-16 de fabricação norte-americana e Mirage-2000 franceses.

A possibilidade de fornecer caças Gripen suecos para a Ucrânia foi anunciada no verão (no Hemisfério Norte) de 2022 pelo chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, general Charles Brown Jr. No entanto, em 2023, as autoridades suecas declararam que precisavam das aeronaves antes que o país se juntasse à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Neste verão, o então ministro das Relações Exteriores da Suécia, Tobias Billstrom, disse que, enquanto o programa de entrega de caças F-16 estivesse em vigor, Estocolmo não transferiria aeronaves para a Ucrânia, pois, de acordo com o lado ucraniano, usar dois sistemas ao mesmo tempo seria "demais".

O ex-porta-voz da Força Aérea ucraniana Yuri Ignat observou que é difícil manter diferentes tipos de aeronaves ao mesmo tempo e que, portanto, é necessário se focar em uma. De acordo com Ignat, antes de receber os F-16, a Ucrânia tinha quatro tipos de aeronaves em serviço. Ao mesmo tempo, em agosto de 2023, o gabinete de Vladimir Zelensky disse que os pilotos ucranianos haviam começado a testar o Gripen.

Os primeiros F-16 já chegaram ao país, e seu uso foi relatado por Zelensky no final de agosto. No dia 26 de agosto, os ucranianos perderam o primeiro F-16, com o piloto morrendo no acidente.

A Rússia acredita que o fornecimento de armas para a Ucrânia envolve diretamente os países da OTAN no conflito. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, observou que qualquer carga contendo armas para a Ucrânia seria um alvo legítimo para a Rússia. De acordo com Lavrov, os EUA e a OTAN estão diretamente envolvidos no conflito, não apenas fornecendo armas, mas também treinando pessoal.

¨      Ao lado de Zaluzhny, chanceler britânico pede autorização dos EUA para ataques profundos na Rússia

Neste domingo (22), o secretário das Relações Exteriores do Reino Unido, David Lammy, disse que o Ocidente deve mostrar "coragem" em seu apoio à Ucrânia e permitir que o país use mísseis de longo alcance para atingir território russo.

As falas de David Lammy foram feitas em um evento paralelo do Partido Trabalhista britânico. Ao seu lado estava o ex-comandante das Forças Armadas da Ucrânia, Valery Zaluzhny, relegado ao posto de embaixador no Reino Unido após ser demitido por Zelensky.

"Este é um momento crítico para nervos, coragem, paciência e fortitude em nome dos aliados que estão com a Ucrânia. Não vou, como secretário de Relações Exteriores, é claro, comentar detalhes operacionais. Mas há uma discussão ocorrendo entre os aliados sobre como podemos apoiar a Ucrânia à medida que nos aproximamos do inverno."

Apesar dos apelos de Vladimir Zelensky, o Reino Unido e os Estados Unidos não deram permissão à Kiev para que dispare seus mísseis de longo alcance, como o Storm Shadow britânico e o ATACMS norte-americano, em alvos dentro da Rússia.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, têm tido discussões frequentes em relação ao tema. É esperado que uma decisão seja alcançada às margens da 79ª Assembleia Geral da ONU, que acontece em Nova York nesta semana.

Ainda que os ucranianos obtenham esses armamentos, eles não seriam os autores de seus disparos. Somente os países desenvolvedores desses mísseis conseguem inserir os dados de voo e as informações de satélite para que o disparo seja efetuado. Isso significa que, na prática, quem escolhe os alvos são os países fornecedores.

Segundo o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a utilização de armas ocidentais desta maneira implicaria no envolvimento direto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) no conflito. Se isso acontecer, a Rússia será forçada a tomar decisões com base nessas novas ameaças.

 

¨      Zelensky inicia preparativos para negociações com a Rússia

A Ucrânia prepara o que se tornará a base para negociações de paz com a Rússia em qualquer formato, anunciou Vladimir Zelensky. Moscou, que por sua vez sempre esteve aberta ao diálogo, se recusará a negociar até que Kiev retire suas forças de Kursk.

A Ucrânia está trabalhando em um plano que se tornará "o começo e a base" para a realização de negociações com a Rússia em qualquer formato, anunciou Vladimir Zelensky a repórteres. Três pontos do plano já estão prontos, afirmou, sem dar mais detalhes.

Nas palavras de Zelensky, as reuniões de elaboração do plano ocorreram em formato online e "ainda haverá reuniões online e offline". Ele tampouco explicou quando isso ocorreu e quais autoridades participaram das discussões.

Mais tarde, o secretário de imprensa de Zelensky, Sergei Nikiforov, esclareceu que se referia a reuniões com representantes de países que apoiam a chamada fórmula de paz ucraniana, mas não houve negociações com representantes russos.

Segundo a mídia norte-americana Bloomberg, o plano deve ser apresentado para o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ainda neste mês. Dentre os artigos estão a entrada da Ucrânia na União Europeia e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

A Rússia e a Ucrânia realizaram negociações de paz em 2022, logo após o início da operação especial russa para desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia. Sob o mando das potências ocidentais, em especial o Reino Unido e os Estados Unidos, a Ucrânia sabotou as conversas e as partes não conseguiram chegar a um acordo.

Desde então, a Rússia se mostrou disposta a retomar as negociações de paz, mas através de um decreto presidencial, Zelensky proibiu que seu governo discutisse o tema com Moscou.

Agora, tendo em conta o plano elaborado, Kiev está pronta para conversar "em qualquer formato, com qualquer representante" da Rússia porque a Ucrânia "tem algo a mostrar", disse Zelensky.

20 de setembro, 22:34

Além disso, Zelensky afirmou que a Ucrânia, assim como os aliados de Kiev, gostariam de convidar a Rússia para a segunda "Cúpula de Paz". A primeira, que ocorreu neste ano na Suíça, discutiu apenas as exigências de Kiev para o cessar-fogo. A representação russa tanto não foi convidado para o evento, como também considerou desnecessária sua participação uma vez que suas propostas não seriam consideradas.

"A chamada segunda cúpula tem o mesmo objetivo – apresentar a 'fórmula de paz' ​​completamente inviável de Zelensky como a única base para resolver o conflito, buscando apoio da maioria global e usando-a para apresentar à Rússia um ultimato de capitulação. Não participaremos de tais 'cúpulas'", disse a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.

Por seu lado, a Rússia pede o reconhecimento da soberania sobre as repúblicas de Donetsk e Luhansk, bem como sobre as regiões de Zaporozhie e Kherson, a retirada das tropas ucranianas desses territórios, a desistência de adesão a OTAN e a manutenção de seu estatuto neutro, não alinhada e não nuclear.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse que isso permitiria "ao mesmo tempo parar imediatamente as hostilidades e salvar vidas humanas".

A situação, no entanto, escalou com a invasão de Kursk pelas forças ucranianas em 6 de agosto. A partir disso, o presidente russo afirmou que Moscou deve lidar "com estes bandidos que entraram no território" da Rússia antes de entrar em rodadas de negociações.

¨      Zelensky diz que teme a vitória do candidato a vice-presidente dos EUA, J.D. Vance

Vladimir Zelensky, em entrevista ao New Yorker, afirmou que teme a ascensão ao poder do vice-presidente J.D. Vance, candidato na chapa do Partido Republicano ao lado de Donald Trump, por ser incisivo na questão ucraniana.

À mídia norte-americana, Zelensky disse que uma possível vitória de Vance é "um sinal perigoso" para Kiev, pois o estadunidense classificou, em entrevista à CNN, como absurdas as esperanças da Ucrânia retornar às fronteiras de 1991.

"Ele é muito radical [...] ele sugeriu entregar nossos territórios. Sua mensagem parece ser que a Ucrânia deve fazer um sacrifício. Pra nós, esses são os sinais perigosos vindo de um potencial vice-presidente [dos Estados Unidos]."

Zelensky, no entanto, destacou que não teme uma vitória do ex-presidente Donald Trump. "Em relação a Trump, este não é o caso. Falamos com ele por telefone, e sua mensagem, do meu ponto de vista, foi a mais positiva possível. "Eu entendo", "Eu apoio" e tudo nesse espírito", afirmou. Ao mesmo tempo, Zelensky não especificou quando exatamente a conversa telefônica com Trump ocorreu.

Durante um debate com sua rival democrata e vice-presidente Kamala Harris na ABC News, Trump foi questionado pelo moderador se ele quer que a Ucrânia vença. O político e empresário disse que ele simplesmente quer acabar com o conflito.

Anteriormente, J.D. Vance também disse que o plano do ex-presidente para resolver o conflito ucraniano poderia incluir a desmilitarização da linha de demarcação entre os dois países e fornecer a Moscou garantias de que Kiev não será concedida a filiação à OTAN.

O presidente russo, Vladimir Putin, já apresentou sua proposta para uma solução pacífica par o conflito. Moscou cessará fogo imediatamente e declarará sua prontidão para negociações após a retirada das tropas ucranianas do território de novas regiões da Rússia.

Além disso, ele acrescentou, Kiev deve declarar sua renúncia às suas intenções de se juntar à OTAN e conduzir a desmilitarização e desnazificação, bem como aceitar um status neutro, não alinhado e não nuclear.

O líder russo também mencionou o levantamento de sanções contra a Federação da Rússia e o reconhecimento da soberania russa sobre as repúblicas de Donetsk e Luhansk, e as regiões de Zaporozhie e Kherson.

Após o ataque terrorista das Forças Armadas Ucranianas na região de Kursk, Putin classificou como impossíveis as negociações com aqueles que "atacam indiscriminadamente civis, infraestrutura civil ou tentam criar ameaças a instalações de energia nuclear".

O assessor presidencial russo Yuri Ushakov declarou mais tarde que as propostas de paz de Moscou para um acordo ucraniano, expressas anteriormente pelo chefe de Estado russo, não foram canceladas, mas neste momento, "dada esta aventura", a Rússia não conversará com a Ucrânia.

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

Nenhum comentário: