segunda-feira, 6 de janeiro de 2025

'Em 2050, não vai haver nenhuma economia europeia entre as 10 mais importantes do mundo'

Com a economia estagnada e uma crescente fragilidade política na França e na Alemanha, a Europa enfrenta momentos difíceis.

Somam-se a isso a guerra na Ucrânia e o regresso de Donald Trump à Casa Branca, que já ameaçou impor tarifas às indústrias europeias, o que poderia desencadear uma guerra comercial extremamente prejudicial para os exportadores da região.

"Temos o melhor sistema de saúde, a melhor educação, as melhores estradas, mas isso custa muito caro. Até quando podemos sustentar isso?", questiona Jorge Dezcallar de Mazarredo, embaixador e ex-diretor dos serviços de inteligência da Espanha.

"A Europa está em decadência, e com a perda de sua influência também desaparecerá o altíssimo padrão de vida", afirma o diplomata espanhol em entrevista à BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC.

Em sua avaliação, o mundo está testemunhando o fim de uma era geopolítica, visão que ele explora em seu último livro, O fim de uma era. Ucrânia: a guerra que acelera tudo, no qual aborda como o conflito está precipitando o declínio do domínio ocidental.

"A guerra vai muito além de uma disputa territorial para assegurar áreas estratégicas. Ela reflete forças profundas de mudança na geopolítica que rege o mundo desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Hoje, o Ocidente perde força, enquanto o Sul global ganha peso", destaca.

A fragilidade política da Europa ocorre em um momento de estagnação econômica: a previsão para 2024 é de um crescimento tímido de 0,9%, deixando uma região que representa um quinto do PIB global atrás de outras partes do globo.

Analistas apontam diversas razões para explicar esse cenário, como a perda de competitividade, o aumento da concorrência internacional e as políticas de austeridade.

A Europa precisa de inúmeras reformas: ampliar sua capacidade militar, reconfigurar seu sistema de energia, reinventar sua indústria tecnológica e repensar sua postura em relação à Rússia e à China. Tudo isso enquanto o descontentamento de seus cidadãos fortalece partidos populistas e de extrema direita em diversos países do continente.

Nesta entrevista com Jorge Dezcallar de Mazarredo, analisamos os fatores que levaram o Velho Continente à sua atual crise geopolítica.

LEIA A ENTREVISTA

·        Por que a Europa atravessa momentos tão turbulentos?

Em pleno século 21, testemunhamos um conflito bélico no coração do continente que mais parece uma guerra absurda de expansão territorial em estilo napoleônico.

A invasão da Ucrânia reflete o descontentamento da Rússia com a arquitetura de segurança europeia herdada da Segunda Guerra Mundial.

No entanto, este é um fenômeno muito mais amplo, de alcance global: grande parte dos países do mundo está questionando a distribuição de poder e as regras estabelecidas pelas potências vencedoras após 1945.

Isso significa que estamos diante do fim de uma era geopolítica.

Naquele ano, algumas potências ocidentais criaram as Nações Unidas, o Conselho de Segurança, o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, ou seja, repartiram o poder entre si.

Agora, quase 80 anos depois, vemos que França e Reino Unido ainda têm assento permanente no Conselho de Segurança, enquanto países como a Índia, com 1,4 bilhão de habitantes e status de potência nuclear, ficam de fora.

A África não tem nenhum representante, e o mesmo ocorre com a América Latina.

Os Estados Unidos não abrem mão do controle sobre o Fundo Monetário Internacional, e a Itália possui tantos votos quanto a China no Banco Mundial.

·        E onde a China se encaixa nesse sistema?

A China afirma: "Somos um Estado civilizacional, estamos acima do bem e do mal". Os Estados Unidos não dizem isso abertamente, mas sempre agiram dessa forma — basta olhar para o que aconteceu no Iraque e em outros lugares.

A Europa hoje reflete o que está ocorrendo no mundo, mas nos surpreende mais porque temos uma visão um tanto pretensiosa sobre ela.

Quando há conflitos mortais na África, isso nos parece quase natural. Mas quando acontecem na Europa, encaramos como um escândalo. Essa perspectiva não deixa de carregar um certo racismo.

·        Você acredita que a Europa ainda olha para o resto do mundo de forma pretensiosa?

Não tenho dúvida disso. A Europa dominou o mundo por muitos anos, graças à máquina a vapor inventada na Inglaterra, ao domínio dos mares e, em grande parte, à escravidão.

Essa visão de superioridade ainda persiste, mas a Europa está equivocada e perderá relevância.

Atualmente, 62% do PIB mundial e 65% da população estão na região do Indo-Pacífico.

Os mapas costumam colocar a Europa no centro, mas o continente olha para um oceano onde cada vez menos coisas acontecem, enquanto o centro de gravidade econômica do mundo se deslocou do Atlântico para o Indo-Pacífico.

A Europa está claramente em decadência.

·        Já ouvi você dizer que a Europa tem 6% da população mundial, mas representa 50% do gasto social global. Esse modelo é insustentável? Foi longe demais com o 'Estado de Bem-Estar'?

Sim, fomos longe demais. Em 1900, a Europa tinha 25% da população mundial, e hoje mal chega a 6%. Mesmo assim, ainda retém 17% do PIB global.

Temos o melhor sistema de saúde, a melhor educação, as melhores estradas, mas isso custa caro. Por quanto tempo conseguiremos sustentar isso?

Causamos inveja no mundo. Mantivemos esse sistema por tanto tempo porque dominávamos o cenário internacional. Mas a realidade é que, em 2050, nenhuma economia europeia estará entre as 10 maiores do mundo.

A Índia acaba de ultrapassar o Reino Unido em Produto Interno Bruto.

Outro fator que aponta para a decadência da Europa é sua população envelhecida e, além disso, cada vez mais reduzida, pois morrem mais pessoas do que nascem.

·        Em que se traduz essa decadência?

Em uma perda de influência. A Europa não tem uma política externa comum, nem uma capacidade de projeção militar compartilhada, e também não possui uma política energética ou migratória comum.

A Europa precisa se integrar mais se quisermos continuar a ter relevância no mundo.

·        Em seu livro, o senhor afirma que a guerra na Ucrânia uniu mais a Europa, mas com o Reino Unido fora da União Europeia devido ao Brexit e a provável relutância da Alemanha em continuar a contribuir com tantos recursos devido à sua fraqueza econômica, parece que o que espera a Europa é mais desunião. Qual a sua opinião sobre isso?

É verdade que o Brexit enfraqueceu a Europa, e a fragilidade da Alemanha e da França neste momento também não ajuda. Não acredito que o presidente francês, Emmanuel Macron, complete seu mandato, francamente. Mas o apoio à Ucrânia é inabalável.

Putin quer recuperar para a Rússia a influência global que a União Soviética teve em seu auge. Esse é o seu objetivo. E ele não percebe que não pode. Não pode fazer parte da elite internacional quando não tem o PIB necessário, quando sua população é envelhecida e quando só produz matérias-primas.

E então, com força de vontade e sua potência nuclear, ele tenta se impor. E isso é muito perigoso. Quando a Europa defende a Ucrânia, está, na verdade, se defendendo.

O grande fracasso de todos os europeus foi não ter sido capaz de incorporar a Rússia pós-soviética a uma estrutura de segurança que nos unisse a todos.

Mas é verdade que a Rússia não facilitou isso, pois, em vez de abraçar a democracia, se afastou cada vez mais para formas autoritárias.

Talvez a expansão da OTAN devesse ter sido feita de forma mais gradual, com mais cautela ou com outro tipo de compensações.

·        Em 8 de dezembro, Donald Trump reiterou que estava disposto a permanecer na OTAN apenas enquanto os europeus "pagarem suas contas". O que aconteceria se, como ameaçou Trump, os Estados Unidos se retirassem da OTAN?

Os Estados Unidos não podem sair da OTAN, pois, embora Trump tenha ameaçado fazer isso, seria necessário o apoio de dois terços do Senado, o que ele não tem.

O que ele pode fazer, no entanto, é esvaziar a aliança de conteúdo, ou seja, reduzir os fundos, diminuir o número de tropas ou até renunciar à aplicação automática do artigo 5º de defesa coletiva.

Se isso acontecer, a Europa ficará sem dinheiro, sem armas e sem proteção nuclear, estando sozinha diante da Rússia e sem capacidade militar, pois não tem uma defesa comum.

As balas feitas pelos belgas não se encaixam nos fuzis produzidos pelos checos. Os tanques fabricados pelos franceses não são compatíveis com os feitos pelos alemães. Não temos uma indústria unificada.

Porém, de acordo com o Instituto Internacional de Estocolmo para Pesquisa da Paz, o gasto militar da Europa superou o da China.

Os Estados Unidos gastam mais de US$ 900 bilhões em defesa, a China, US$ 296 bilhões, e a Rússia, US$ 109 bilhões.

Já os 27 países da União Europeia gastam juntos US$ 321 bilhões, efetivamente mais do que a China. Mas não de forma unificada. Cada um por conta própria.

A Europa precisa se unir e, se não o fizer, perderá sua influência no mundo. E, com essa perda de influência, também se perderá seu elevado nível de vida.

·        E no plano econômico, o que pode acontecer na Europa com a chegada de Trump?

Alguns aumentos de tarifas, entre 10% e 20%, prejudicarão a economia europeia, mas há mais.

Trump não acredita no aquecimento global. Consequentemente, é provável que ele diminua a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Se isso ocorrer, os europeus estaremos em desvantagem para competir economicamente com as empresas americanas, porque teremos que pagar muito mais pela nossa contribuição na carbonização da atmosfera do que os americanos.

Isso nos colocará em desvantagem na hora de competir nos mercados internacionais.

·        E isso interessa a Trump?

Sim. Trump também não acredita na Europa. Ele acredita em países europeus como Alemanha, França, Itália ou Espanha, mas não enxerga a União Europeia como um todo.

Sempre se disse que os Estados Unidos não queriam uma Europa forte, e isso é verdade. No entanto, também não é do interesse deles uma Europa excessivamente fraca, como está agora.

·        Eu o ouvi dizer que a Europa cometeu três erros ao colocar sua segurança nas mãos dos EUA, a energia nas mãos da Rússia e o comércio nas mãos da China. Há alguma forma de reverter essas realidades?

O relatório de Draghi foi muito claro sobre isso. A Europa precisa investir 800 bilhões de euros por ano e criar uma estrutura industrial para salvar sua economia.

Além disso, pela primeira vez, há um comissário responsável por assuntos de defesa, que tentará harmonizar e promover economias de escala na indústria militar europeia.

Estão sendo feitas algumas ações, mas é necessário acelerar o processo. Acredito que este é o momento de dar um grande passo, e talvez a chegada de Donald Trump seja o estímulo de que a Europa precisa para, finalmente, tomar as decisões que sabe que tem que tomar.

Mais união, mais integração, mais Europa. Quanto menos Europa houver, menos influência mundial teremos e mais rapidamente nossa decadência se acelerará. A única forma de evitá-la é nos integrarmos.

¨      Rússia se torna o segundo maior exportador de gás para a UE em 2024, mostra dados

Rússia aumentou as exportações de gás para a União Europeia para 54,45 bilhões de metros cúbicos em 2024, o que permitiu ao país ultrapassar os Estados Unidos e se tornar o segundo maior fornecedor de gás para o bloco.

É o que expôs a análise feita a partir dos dados do Bruegel.

A União Europeia (UE) importou 297,9 bilhões de metros cúbicos de gás em 2024, dos quais 54,45 bilhões foram comprados da Rússia, um aumento de 21% em comparação a 2023. Como resultado, a participação da Rússia no mercado da UE aumentou de 14,2% para 18,3%.

Apenas a Noruega forneceu mais gás para a UE no ano passado – 93,3 bilhões de metros cúbicos contra 90,3 bilhões no ano anterior.

Os EUA, que foram o segundo maior exportador de gás para a UE em 2023, reduziram os suprimentos em quase 18% em 2024 para 51,3 bilhões de metros cúbicos e se tornaram o terceiro. Como resultado, sua participação caiu de 19,7% para 17,2% ao longo do ano.

¨      'Guerra comercial' entre EUA e China deve ser intensificada em 2025, notam analistas

O ano de 2025 já tem caminhos predeterminados no cenário geopolítico — como a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA —, mas os desdobramentos ainda são uma incógnita. Em entrevista ao Mundioka, podcast da Sputnik Brasil, especialistas trazem um norte do que pode vir a ser este ano para a política internacional.

Donald Trump tomará posse como presidente dos EUA no dia 20 de janeiro. A troca no Poder Executivo da maior potência mundial mexe com o xadrez da geopolítica internacional.

Com o republicano, por exemplo, é esperado um governo voltado para a política doméstica, com um viés protecionista, conforme os analistas.

"Uma das coisas que a gente pode esperar é um aprofundamento de uma política nacionalista e mais protecionista em termos de economia no governo americano, principalmente com aquele foco que o Trump dá, que é o do America First", diz Fernanda Nanci Gonçalves, professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Segundo Gonçalves, outras medidas prometidas por Trump ainda durante a campanha presidencial — como a intensificação do controle migratório — podem se tornar uma realidade agora. Além disso, o presidente eleito deve encontrar um cenário mais brando para governar que em seu primeiro mandato, uma vez que terá maioria no Congresso.

"Talvez ele tenha mais facilidade para governar agora, porque ele está com maioria no Congresso, então acho que ele vai ter uma administração mais alinhada a ele, e isso também pode fazer com que ele passe algumas das suas medidas com mais facilidade, algumas das suas propostas", comenta.

Para Guilherme Frizzera, doutor em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB) e coordenador do curso de relações internacionais do Centro Universitário Internacional Uninter, Trump pode trazer ainda questões pessoais para o seu governo, motivado por vingança.

"Ele já disse que no primeiro dia do mandato dele ele vai atuar até como um líder autoritário, e se espera que no primeiro dia ou nos primeiros dias ele conceda perdão a si mesmo, aos seus filhos e a todos os envolvidos naquela tentativa de invasão ao Capitólio. […] Isso que se espera no campo pessoal, um Donald Trump focado em vingança, nas palavras do próprio."

Já no âmbito das relações internacionais, os especialistas destacam a possível intensificação da "guerra comercial" entre os EUA e a China.

"Esse é o verdadeiro grande conflito pelo qual o mundo passa há muitos anos", diz Frizzera, ressaltando que medidas como o aumento de restrições a produtos de alta tecnologia da China — carros elétricos chineses, por exemplo, não são permitidos nos Estados Unidos —, mostram que "os interesses dos grandes empresários americanos que apoiam Donald Trump estarão interligados ao seu comportamento de política externa".

Por outro lado, Gonçalves relembra que os chineses já deixaram claro que são capazes de responder a essa guerra comercial.

"Foi falado agora, há pouco tempo, por parte do governo chinês, que, se necessário, eles vão também controlar exportações de alguns produtos que são utilizados pelos Estados Unidos para produzir tecnologia que tem alto valor agregado", pontua.

<><> Acordo entre Mercosul e UE: quando entrará em vigor?

Sobre a parceria comercial entre os blocos firmada no ano passado, mas ainda não sendo unanimidade entre os líderes dos países da União Europeia (UE), ainda pode demorar a ser implementada, de acordo com os analistas.

"Sinceramente, eu acredito que ainda vai demorar. […] Ainda vai passar pela tradução do acordo, ainda vai passar por um processo de internalização do acordo que demanda, obviamente, a ratificação pelos Estados-membros, e aí que eu acho que a gente tem os grandes problemas. E o maior problema que a gente vai enfrentar certamente é a oposição dos países como, por exemplo, França, Áustria, Países Baixos, Bélgica, que têm um setor agrícola fortalecido", explica Gonçalves.

Apesar da demora prevista, a analista vê o acordo com bons olhos, que demonstra que ainda há espaço para o multilateralismo, após, nos últimos anos, o cenário global apontar "para a intensificação de políticas protecionistas."

<><> Troca de poder à vista na Alemanha

Uma pesquisa realizada pelo grupo INSA, divulgada na quarta-feira (1º), revelou que apenas 16% dos entrevistados afirmaram acreditar que Olaf Scholz será reeleito chanceler nas eleições do país, que foram antecipadas para o dia 25 de fevereiro.

A pesquisa mostrou também que 49% disseram acreditar na vitória da coligação de oposição ao Partido Social Democrata (SPD, na sigla em alemão), que une os partidos União Democrata Cristã (CDU, na sigla em alemão) e União Social Cristã (CSU, na sigla em alemão), e 53% afirmaram acreditar que o líder da coligação, Friedrich Merz, será eleito o novo chanceler. Outros 15% creem na vitória do partido nacionalista Alternativa para a Alemanha (AfD, na sigla em alemão).

"Embora os partidos tradicionais ainda tenham uma liderança dentro do âmbito nacional, essas eleições podem trazer essa extrema-direita como uma força política relevante. E acho que isso mostraria uma mudança significativa no cenário político alemão", comenta Gonçalves sobre o cenário na Alemanha.

Uma vitória do nacionalista AfD, por exemplo, ocasionaria uma "mudança no cenário político alemão, que é a principal economia da União Europeia, trazendo impactos diretos para toda a União Europeia, em especial nos temas de política, de integração econômica e, principalmente, em temas de imigração", acrescenta.

<><> COP30: o que esperar?

Em novembro o Brasil vai receber, na cidade de Belém, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025 (COP30).

Para Gonçalves, trata-se de um momento significativo, sim, de discussões internacionais sobre transição energética, sobre financiamento climático.

"Pela primeira vez a gente vai ter uma Conferência das Partes que vai discutir mudança climática sediada na Amazônia, que é uma das regiões mais emblemáticas para a gente discutir qualquer questão de meio ambiente a nível global", ressalta.

A professora destaca, ainda, o protagonismo que o Brasil vai recuperando na agenda climática, "completamente enfraquecido durante o governo do [Jair] Bolsonaro".

Frizzera, por sua vez, afirma que a COP30 terá um peso muito maior que a COP29, realizada no ano passado, no Azerbaijão. Segundo ele, a política ambiental faz parte da identidade da diplomacia brasileira.

"É um contorno que quase que nasce conjuntamente com a redemocratização do Brasil. Começando lá pela ECO-92, que no século XX possivelmente foi o maior encontro internacional que o Brasil recebeu na sua história no século XX", completa o pesquisador.

 

Fonte: BBC News Mundo/Sputnik Brasil

 

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