OS CONSELHOS
JUDAICOS QUE ENTREGAVAM SEUS SEMELHANTES AO NAZISMO
De
outubro de 1940 até maio de 1943, o Gueto de Varsóvia, na Polônia,
serviu como um grande cativeiro a céu aberto. Lá, os judeus foram mantidos pelo
exército da SS de Adolf Hitler para que
fossem submetidos à fome, ao trabalho forçado, doenças mortais e execução
sistemática.
Estima-se
que cerca de 400 mil judeus foram selados dentro de 2,4% do território da
cidade, sem acesso à saúde ou à higiene adequada. Por conta das condições
sanitárias e ao regime de massacre, mais de 80 mil pessoas morreram até julho
de 1942, quando começaram a ser deportados para encontrarem seu fim nos campos de
concentração.
Ao
longo da Segunda Guerra
Mundial, o
Terceiro Reich estabeleceu pelo menos mil guetos ao território da Polônia
ocupada e anexada pelos alemães. Para administrá-los, os nazistas criaram os Judenrat,
ou Conselhos Judaicos, considerada a polícia do gueto, que eram os
próprios judeus, destinados a punir, torturar e até matar os seus semelhantes.
·
Cooperar ou morrer
Essa
certamente foi a característica mais sadicamente inteligente do nazismo. A SS,
a polícia do Estado, foi uma tropa constituída por homens de elite, todos
selecionados com base na pureza racial e na fidelidade incondicional ao Partido
Nazista. Apesar de serem muitos, eles não eram o suficiente para dar conta de
toda a estrutura do Holocausto. Além disso, eles estavam em uma posição de
muito prestígio para se submeterem a tarefas básicas.
Por
isso, durante a etapa inicial do Holocausto na Alemanha, existiram os Sonderkommandos no campo de
concentração de Sobibor, que eram os trabalhadores escravos judeus
responsáveis pela tarefa de remover cadáveres gaseados dos seus semelhantes das
câmaras, esfregar sangue e excrementos dos torturados, cremas corpos, separar
roupas, bagagens e outros vários tipos de obrigações. No final, eles acabaram
mortos também, mas isso fazia parte do processo de tortura nazista para quebrar
a identidade e humanidade dos judeus.
Nos
guetos espalhados pela Polônia, a começar pelo de Varsóvia, não foi nada
diferente. Os conselhos judaicos montados pelos alemães serviam como fiscais e
um braço da polícia nazista dos guetos, e foi composto por judeus residentes
dessas áreas que foram obrigados a cumprir ordens dos nazistas divulgando
informações sobre seus semelhantes.
Eles
tiveram que entregar seus próprios amigos, familiares e vizinhos para que
fossem exterminados nas imediações ou enviados para os campos de extermínio.
Qualquer um que se recusasse a cumprir as ordens era assassinado por
insubordinação.
Ser
escalado para se tornar um membro desses conselhos judaicos era como colocar
uma corda no próprio pescoço por tempo indeterminado, pois não só os colocava
na mira dos próximos a serem dizimados, como também prolongava a sensação. Por
isso eles tiveram que andar em uma corda bamba quase impossível, onde foram
odiados tanto pelos alemães quanto pelo próprio povo, que os via como traidores
e colaboradores.
·
A eterna controvérsia
Tomasz
(Toivi) Blatt, um dos prisioneiros que escapou durante a fuga de Sobibor e
viveu como mensageiro no subsolo polonês até o fim da guerra, disse que os
militares nazistas chegavam pela manhã nos guetos e informavam ao conselho
judaico para entregar 500 ou 200 homens. Se não fossem capazes de fazer isso,
eles iam de casa em casa, batendo, atirando e matando quem vissem pela frente,
até atingir a meta do dia.
Por
isso, foi comum muitos membros terem tirado a própria vida ao ficar na corda
bamba de entregar um dos seus ou não, como foi o caso de Adam Czerniakow, que
se suicidou em 23 de julho de 1942, um dia após o início das deportações para
os campos.
Esses
conselhos tentaram fornecer serviços comunitários básicos para as populações
judaicas guetizadas, porém nem sempre tiveram sucesso devido às políticas
nazistas que precisavam seguir. Até hoje, os conselhos são um assunto
controverso e espinhento na história do Holocausto para a comunidade judaica,
que não aceita a cooperação dos seus próprios com o nazismo, acreditando que
esses garantiriam a sobrevivência de pele menos uma parte da população.
Fonte:
Mega Curioso
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