Novo
ensino médio: ‘Penso que chegaremos em um consenso’, diz secretária do MEC
A secretária executiva do Ministério da Educação
(MEC), Izolda Cela, disse estar otimista sobre os resultados da consulta
pública relacionada ao novo ensino médio. “Penso que chegaremos em um
consenso”, afirmou ela nesta segunda-feira, 29, na abertura do Fórum
Reconstrução da Educação, realizado pelo Estadão.
A implementação da reforma do ensino médio, que
flexibilizou o currículo da etapa, foi alvo de críticas sobre baixa qualidade
na oferta dos itinerários optativos e falta de formação dos professores para
dar essas novas aulas.
Entidades estudantis, de professores e parte dos
especialistas chegaram a defender a revogação do modelo, que já vem sendo
adotado nas salas de aula. Diante da pressão, o MEC não apoiou a revogação, mas
abriu uma consulta pública para ouvir docentes, alunos e especialistas.
“Precisamos ouvir. E não é fácil ouvir aquelas
mensagens que vêm da força de quem está empenhado e sente no dia a dia os
efeitos (do novo ensino médio)”, afirmou Izolda. A consulta, de 90 dias, vai
até 6 de junho, mas há possibilidade de prorrogação.
Izolda, porém, disse acreditar que será possível
concluir esse processo de escuta no prazo inicialmente previsto. Segundo ela, o
diálogo com os estudantes tem mostrado mais convergências do que divergências,
como o incentivo ao ensino integral, à educação técnica e a flexibilização do
currículo.
• Desafios
Além das preocupações com o novo ensino médio, o MEC
está dedicado no enfrentamento de três desafios até o final de 2023: adotar a
escola de tempo integral, melhorar os níveis de alfabetização e incentivar a
conectividade.
Para Izolda, ensino integral não se restringe a mais
tempo de ensino, é preciso garantir a qualidade da oferta. “Não é apenas mais
tempo”, afirma. “É mais tempo com substância, qualidade no curricolo, condições
suficiente para conforto das crianças e adolescentes.”
Há duas semanas, o MEC apresentou um projeto para
ensino em tempo integral, que ainda precisa ser aprovado pelo Congresso para se
tornar lei. Especialistas, no entanto, sugerem que mecanismo pode dificultar
sua implementação.
“Nossa expectativa era que pudesse ser por meio de
um recurso mais rápido, como uma medida provisória. Mas precisamos nos adequar
a essa mudança”, avalia Izolda. “Havendo a necessidade ou se isso sinalizar
algum risco, o governo federal também estuda seguir por outros meios.”
Sobre a alfabetização, Izolda disse que esse é um
grande desafio nacional, que foi agravado pela pandemia. “O Brasil precisa
garantir o sucesso da alfabetização de suas crianças. Temos grandes
desigualdades, resultados ruins que foram aprofundados pela pandemia,
desigualdades socioeconômicas, de raça, do local onde vivem e dos grupos a que
pertencem”, afirma. “Tudo isso representa um grande desafio.”
Conectividade também é algo que está entre as ações
prioritárias do MEC. Izolda garante que, para enfrentamento desses desafios, é
necessário investimentos. “Com o que se tem dá para fazer melhor, mas com as
perspectivas e desafios que temos, defendemos mais recurso para educação”,
afirma.
A
educação online será a regra mundial?
Os anos de pandemia acabaram trazendo grandes
alterações na área da educação. Não que elas já não estivessem ocorrendo, mas
devido à situação mundial novas tecnologias precisaram ser aplicadas
antecipadamente.
A partir disso, a educação presencial, tão
tradicional, deixou de ser a única opção para os estudantes. Agora qualquer
aluno conectado à internet pode usufruir de uma educação de qualidade em
qualquer canto do planeta.
A oferta é grande: dá para encontrar cursos de
graduação e pós-graduação e muitas outras especialidades.
Essa facilidade não é encontrada apenas no Brasil;
em todo mundo existem cursos à distância inclusive em uma das universidades
mais reconhecidas, como a americana Harvard. Através da plataforma HarvardX
(edX) é possível participar dos cursos online gratuitos.
Quem quiser aprender e ter contato com todo tipo de
conhecimento usando seu computador ou até celular pode fazer isso ao acessar
diversas ferramentas. Por exemplo, com o My Paper Writer –
https://mypaperwriter.com/custom-term-papers.htm – é possível ter excelentes
textos e referências sobre assuntos que você escolher escritos por redatores
especializados
• A
educação online é para todos?
A mudança do sistema tradicional para o online exige
determinadas mudanças e nem todos os estudantes se adaptam ao sistema. Poder
assistir às aulas em casa é com certeza uma comodidade, mas exige muita
disciplina e organização.
Muitas mudanças ainda estão por vir na área da
educação a distância, afinal ela não é perfeita, existem prós e contras. Talvez
o ensino híbrido cresça ainda mais, onde o aluno aprende a distância, mas
também tem aulas ou palestras presenciais, usando novas estruturas e também as
já criadas.
Essa é uma das maiores queixas dos alunos do EaD: a
falta de convívio com seus colegas e da experiência universitária. Afinal, o
contato social é muito importante, especialmente nos anos formativos de uma
pessoa.
Através da educação online o aluno pode estudar sem
que seja preciso se deslocar a Faculdade depois de um dia cansativo de
trabalho. As instituições por outro lado podem oferecer cursos a preços muito
acessíveis a alunos de classes sociais menos favorecidas já que seus custos
nesse modelo são extremamente baixos.
Um dos nós que ainda precisam ser desatados é com
relação a falta ou até mesmo o custo de uma ligação com a internet no Brasil,
muitos alunos não dispõem desse serviço ou nem mesmo tem condições de arcar com
essa despesa no país. Medidas públicas e iniciativas privadas podem diminuir
esse problema, porém exige atenção e atuação por anos.
No futuro o ensino presencial continuará forte,
entretanto o modelo Ead vem crescendo a cada dia mais. E no futuro teremos
milhões de estudantes seguindo esse modelo não só pela facilidade, mas principalmente
pelo valor despendido com seus estudos.
Conclusão
A caminhada rumo à educação online é irreversível,
com cada vez mais pessoas se conectando para acessar aulas, completar suas
graduações e adquirir conhecimento. Isso não quer dizer que lugares físicos de
estudos irão sumir e a tendência de um complementar o outro também seguirá em
alta.
O
problema não está na porta das escolas, mas dentro delas
Enquanto alguns discutem se devem ou não instalar
detectores de metais nas portas das escolas para conter a violência, mais de um
milhão de alunos não têm água potável em suas escolas. Entenda como a falta de
infraestrutura sustenta a violência
Entrou em vigor, no começo de maio, a vistoria de
alunos da rede estadual de Goiás com o uso de detectores de metais. A partir da
data, todo e qualquer aluno que chega à porta da escola é inspecionado por um
funcionário antes de entrar. Se nada apitar, o aluno está liberado.
O governador, que direcionou R$1,8 milhões de reais
aos Conselhos Regionais para que fossem designados às escolas, acredita que a
medida é capaz de aumentar a segurança dentro das escolas e conter possíveis
episódios de violência.
As instituições têm relatado que a medida, parte de
um pacote de iniciativas, foi acolhida por alunos e famílias. "A aceitação
foi muito tranquila e a comunidade está gostando dessa ação. Estamos fazendo a
verificação esporadicamente, escolhendo alguns dias da semana", relata
Arley Ferreira Alves, gestor do Cepi, Centro de Ensino em Período Integral,
Juscelino Kubitschek.
Cada estado adotou uma série de medidas para chamar
de sua. Entre algumas delas, foi possível notar uma semelhança: a mobilização
de forças de segurança para proteger o território das escolas. No estado de São
Paulo, por exemplo, o governo anunciou a contratação de mil seguranças privados
para atuar na proteção de escolas estaduais. No Nordeste, o estado do Ceará
intensificou ações de vigilância.
Mas me diga você, como se sente ao passar pelo
detector de metais de uma agência bancária ou da Polícia Federal, no aeroporto?
Você fica apreensivo? Sente medo? Sente-se irritado? Ou acha legal? Divertido.
Sente-se mais seguro?
As perguntas todas são intencionais e a proposta é
levar o leitor a reflexão. Agora coloque-se no lugar de uma criança ou um de
adolescente que, constantemente, tem que lidar com as sensações que um detector
de metal provoca no próprio corpo e no psicológico.
Claro que quando essa ação entra no cotidiano ela
acaba se normalizando e existe um deslocamento das sensações iniciais para uma
tendência a neutralizá-las. Ou seja, o aluno que inicialmente sentia-se
desconfortável, com medo ou incômodo, tende a se acostumar e não ver mais
problema. Agora eu te pergunto mais uma coisa: deveríamos normatizar o incômodo
que um detector de metal nos provoca?
As violências que podem vir a acontecer dentro de
uma escola estão longe de serem barradas por um detector de metal na porta das
instituições. É uma medida protetiva? É, mas será que existem outras que possam
ser menos violentas do que a convivência com um objeto que tem por simbologia a
própria violência?
Existem problemas seríssimos que atravessam a porta
das escolas todo santo dia e ninguém detecta, ninguém vê, ninguém investe ou
repassa recursos. Apesar do choque de dois atentados recentes, não é de hoje
que as instituições brasileiras abrigam uma série de violências. E, diferente
do que muitos pensam, elas moram - vivem - dentro dos espaços escolares. Salas
de aula, pátio, banheiros, corredores, sala dos professores.
Alunos, educadores e funcionários não escapam de
situações violentas, que podem ir de agressões verbais até físicas, passando por
deterioração do espaço escolar, entre outras formas. São esses casos que vêm
sendo registrados com frequência em diversas partes do país.
Um estudo de 2019 da Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou as escolas brasileiras como ambientes
mais propícios ao bullying e à intimidação do que a média internacional.
Bullying e intimidação não são disciplinas curriculares, mas aparecem no
cotidiano de crianças e adolescentes.
Há um bom tempo, especialistas buscam uma explicação
para o surgimento de tamanha violência. A origem não vem de um só lugar e passa
pela realidade socioeconômica do jovem e pelas suas influências familiares, que
podem estimular ou não atos violentos. É como se os problemas sociais de fora
da sala de aula e dos corredores acompanhassem o jovem no seu dia a dia,
podendo transformá-lo em violento. No entanto, a explicação passa também pelo
que acontece dentro desses espaços.
Um levantamento feito pela Associação dos Membros
dos Tribunais de Contas Brasileiros (Atricon) com base em dados do Censo
Escolar de 2021 indicou que pelo menos 14,7 milhões de estudantes brasileiros
enfrentam ausência de infraestrutura adequada nas escolas, como acesso à água
potável e a banheiros em condições de uso, problemas que estão mais presentes
nas escolas públicas, o que agrava ainda mais as desigualdades.
Agora pense comigo: como você se sentiria ao chegar
todo dia na sua escola e se deparar com um ambiente degradado, mal cuidado, com
instalações quebradas há anos e que ninguém conserta, ninguém arruma? Você
gostaria de trabalhar num lugar que não tivesse um banheiro limpinho com papel
higiênico para usar?
Você gostaria de trabalhar num lugar que cheira
mofo? Com a probabilidade de um teto poder desabar sobre vocês a qualquer
momento? Você gostaria de trabalhar num lugar em que a cadeira que você se
senta te machuca? Em que a mesa é pequena demais e você mal tem espaço para
abrir o computador ou um caderno? O que você pensaria desta empresa? Será que
ela cuida dos seus colaboradores?
Tudo isso que você foi respondendo mentalmente se
aplica as escolas brasileiras e ao sentimento que ela provoca em seus alunos,
principalmente nos adolescentes que têm consciência da degradação do espaço
escolar e da negligência de políticas publicas para melhorias de
infraestrutura.
Como você acha que esses alunos se sentem? Cuidados?
Em abril deste ano, pela primeira vez no país, Tribunais Regionais de Contas
realizaram fiscalização simultâneas em mais de mil escolas.
De acordo com o presidente da Atricon, Associação
dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil, Cezar Miola, dados do Censo
Escolar 2022 que subsidiaram a seleção das escolas a serem visitadas apontam
que pelo menos 12,9 milhões de estudantes da educação básica da rede pública
frequentam unidades que apresentam algum problema de infraestrutura.
Quase um milhão deles estão matriculados em
estabelecimentos de ensino sem acesso à água potável e 390 mil estudam em
escolas sem banheiros. "O poder público precisa garantir meios para que as
escolas ofereçam condições básicas, num ambiente de acolhimento, segurança e
aprendizagem; é um direito das famílias e da sociedade", disse.
Ele disse "acolhimento" e eu vou sublinhar
essa palavra aqui e te fazer uma nova pergunta. Como você gostaria de ser recebido
num lugar: com o boas-vindas de um detector de metal ou se deparando com um
ambiente que, nitidamente, foi cuidado e arrumado para te receber?
Na contramão do trabalho que deveria ser feito
dentro das escolas, estamos nos preocupando com as portas das instituições. Só
que existe uma violência muito maior que vive dentro delas, está instalada e
impregnada no cotidiano de cada aluno.
Temos nos convencido de que arma, segurança,
policiais, detectores e o que mais for sinônimo de proteção são meios eficazes
de combater a violência. Mas a gente se esquece que a violência está instituída
em cada um desses objetos, desses supostos guardiões. Porque é uma violência
indescritível receber uma criança ou um adolescente na porta de uma escola com
um objeto passando pela sua mochila e pelo seu corpo. É sutil, mas isso é
violência.
E enquanto a gente normaliza esse tipo de violência,
mantemos no limbo a violência que é a precariedade da infraestrutura das
escolas. Mantemos no limbo os salários baixos dos professores e as poucas
formações que eles recebem ou têm acesso.
Mantemos no limbo o adolescente que chega na escola
e não recebe acolhimento algum. Que precisa lidar com professores cansados, que
não tem paciência para escutá-los, com gestores preocupados em punições e não
ações formativas, com um ambiente que violenta seus direitos como cidadão.
Os problemas dentro das escolas são imensos, antigos
e precisam de investimentos públicos. O governo de São Paulo contratou 550
psicólogos para atuar nas escolas estaduais, mas elas passam de 5mil, ou seja,
temos um profissional para cada 10 escolas. Como? Como um psicólogo pode dar
conta de fazer um bom atendimento, um bom trabalho, dentro de uma escola se ele
tem dez para atender? Com qual frequência ele vai conseguir fazer visitas?
A intenção é boa, mas ela falha quando o
investimento é pequeno. É como "tapar o sol com a peneira", conhece o
ditado? São R$240 milhões investidos pelo governo do estado de SP no pacote
contra a violência nas escolas. Um quinto do valor destinado a contratação de
psicólogos contra o dobro destinado à seguranças e polícia militar, cujos
valores não foram divulgados (apenas o número de profissionais).
Parte do programa também incluiu a ampliação do
Conviva SP que conta com a contratação de 5 mil professores com jornada de 10
horas semanais exclusivas para disseminar ações do programa em suas escolas.
Este período de trabalho representa R$ 120 milhões e estamos falando, de novo,
de uma média de 1 professor para cada 10 escolas. Como? Você consegue atender a
dez empresas ao mesmo tempo?
"Os 5 mil professores de convivência farão a
primeira abordagem aos alunos, com um olhar para o acolhimento e a saúde
mental. Além disso, os psicólogos darão uma assistência especializada,
auxiliando os professores e alunos com todo o suporte necessário, explicou o
secretário de Estado da Educação, Renato Feder.
Uma outra iniciativa é a criação do programa
Segurança Escolar, que vai colocar de forma permanente um policial em cada
escola. A ideia é recontratar os agentes de segurança já aposentados para
assumir a função de gestores do programa. A Secretaria de Segurança Pública do
Estado já elaborou o plano. Agora, um projeto de lei será apresentado para a
Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo pelo executivo, para que esse
tipo de contratação seja permitido.
Mas eu volto ao início deste texto: enquanto se
discute a instalação de detectores de metais nas portas das escolas, perdemos
todos a chance de direcionar recursos para a melhoria da infraestrutura das
escolas, para o treinamento e formação de professores e para os cuidados com a
saúde mental dos alunos que anda dando sinais vitais de esgotamento.
É preciso que haja, de fato, um esforço sistêmico em
criar melhores condições de ensino e convivência às crianças e adolescentes no
Brasil. O investimento deveria ser este.
Fonte: Agencia Estado/Hora Brasil
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