Reduzir comércio com China é um negócio arriscado e pode causar 'enormes danos', diz mídia americana
Nos últimos anos, é notável a tentativa ocidental de
conter a China. Entretanto, neste ano, uma série de medidas para coibir a
produção e expansão chinesa foram observadas, principalmente nas últimas
semanas.
As restrições às exportações de semicondutores para
o gigante asiático anunciadas pelos EUA — e, na semana passada, pelo Japão — se
enquadram nesta categoria. Além disso, o texto conjunto assinado por países do
G7 há duas semanas atrás com políticas visando a coerção econômica chinesa
deixou claro a intenção americana e de países europeus pertencentes à União
Europeia.
No entanto, limitar o avanço chinês trará larga dificuldades
que podem gerar grande transtorno para as nações que adotam essas políticas, de
acordo com a coluna de Gideon Rachman no The Financial Times. Em seu artigo,
Rachman enumerou quais seriam as principais delas.
Em sua visão, primeiro, seria o embate entre os
interesses das empresas e dos países. Em segundo lugar, a dificuldade e o custo
de diminuir as dependências da China, e em terceiro, uma ambiguidade
persistente sobre a natureza do risco: há uma preocupação com a coerção
política da China ou estamos realmente preocupados com uma guerra?
A abordagem ocidental emergente para redução de
riscos baseia-se em três grandes pilares: reduzir as dependências da China,
restringir as exportações de tecnologia, mas também continuar a encorajar as
empresas ocidentais a negociar com o vasto mercado chinês.
É uma política mais ou menos coerente, desde que o
risco que se está protegendo seja o da coerção política. Mas começa a
desmoronar se o risco for uma guerra real entre os EUA e a China, talvez por
causa de Taiwan. Enervantemente, algumas autoridades dos EUA agora colocam a
chance de um conflito militar em 50% ou mais.
Na semana passada, o CEO da Nvidia – grupo de
semicondutores com sede na Califórnia – Jensen Huang, alertou sobre
"enormes danos" às empresas americanas se elas forem impedidas de
vender chips avançados para a China. Segundo Rachman, "as autoridades
americanas não se arrependem".
Ao mesmo tempo, a ministra do Comércio holandesa,
Liesje Schreinemacher, alertou esta semana que a transição verde da Europa será
impossível sem a China, que é de longe o maior produtor global de painéis
solares, baterias e os minerais essenciais que entram neles.
"Levou 30 anos para construir nossa dependência
da China para minerais críticos e terras raras, e levará a mesma quantidade de
tempo para reduzi-la", comentou um oficial de inteligência ocidental
citado pelo autor.
Caso a chance de guerra aconteça, continua o autor,
as empresas ocidentais ficarão sob pressão imediata para sair da China. Para
uma empresa como a Apple, cujos produtos são produzidos principalmente no sul
chinês, ou a Volkswagen , que obtém pelo menos metade de seus lucros na China,
isso pode significar a morte corporativa.
Por outro lado, como disse um oficial de segurança
ocidental: "Se houver uma guerra com a China, o impacto no mercado
automobilístico mundial será o menor dos nossos problemas", indicando alto
nível destruidor de uma potencial guerra entre as duas potencias.
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Guerra comercial EUA-China prejudicaria mais Reino
Unido, diz análise vazada
A intensificação do confronto econômico entre os EUA
e a China prejudicará seriamente a economia britânica, de acordo com um artigo
publicado pelo jornal Times na segunda-feira (29), citando documentos do
governo que foram acessados pela publicação.
"A análise conclui que a economia do Reino
Unido sofrerá mais do que as dos EUA, União Europeia e China no caso de uma
guerra de subsídios de grande escala", observa o artigo.
De acordo com o Times, a maior ameaça para o Reino
Unido são as tentativas dos EUA e da China de se superarem na alocação de
fundos para o desenvolvimento de suas áreas industriais e econômicas avançadas,
especialmente no contexto dos US$ 369 bilhões (R$ 1,84 trilhão) anunciados pelo
presidente dos EUA, Joe Biden, em "subsídios verdes" no ano passado.
O documento pede ao governo britânico que intervenha
mais na economia do país. Isto é especialmente verdadeiro da necessidade de
alocar financiamento adicional para áreas-chave para a segurança do país:
semicondutores, desenvolvimento de inteligência artificial e supercomputadores
quânticos, informa a publicação.
Atualmente, o Reino Unido é 40% dependente das
remessas chinesas de chips. Se os EUA continuarem a influenciar as exportações
chinesas, o país pode perdê-las, e "dezenas de bilhões de libras de
financiamento do governo" seriam necessárias para construir sua própria
indústria de semicondutores.
Reino Unido é apenas uma "economia de médio
porte fora dos grandes blocos comerciais", atrás das grandes potências do
mundo, e os Estados Unidos estão determinados em continuar a competir
economicamente com a China, "mesmo que o protecionismo venha às custas do
Reino Unido", relata o jornal citando materiais vazados.
Em março, o governo britânico apresentou uma nova
estratégia para transformar o Reino Unido em uma "superpotência
tecnológica" até 2030, após uma declaração conjunta do MRE e do Ministério
da Ciência, Inovação e Tecnologia do país.
Sob o novo plano, será dada prioridade ao
desenvolvimento de seis áreas: inteligência artificial, tecnologia quântica,
bioengenharia, fabricação de semicondutores, tecnologia de telecomunicações e
gerenciamento de dados.
Ø Kremlin: há 'grande vácuo' na estabilidade estratégica, que deve ser
preenchido com novos tratados
Atualmente, existe um grande vácuo na esfera da
estabilidade estratégica, que precisa ser preenchido urgentemente com novos
atos de segurança internacional, disse o porta-voz do presidente russo, Dmitry
Peskov.
Anteriormente, o presidente russo Vladimir Putin
assinou a lei de denúncia do Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na
Europa.
"Nessa área, na área de controle de armas e
estabilidade estratégica, há agora, é claro, um grande vácuo que precisa
urgentemente, em teoria, ser preenchido com novos atos de direito internacional
que regulariam essa situação. Isso é do interesse de praticamente todo o
mundo", disse Peskov aos repórteres.
O Tratado sobre Forças Armadas Convencionais na
Europa (FCE) foi assinado em 1990 pelos chefes de governo dos Estados-membros
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) e dos países do antigo
Pacto de Varsóvia.
Uma versão atualizada foi assinada na cúpula da
Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) em 1999. Apenas
quatro países – Rússia, Belarus, Cazaquistão e Ucrânia – ratificaram o tratado
adaptado.
Em 2007, a Rússia suspendeu a aplicação do Tratado
em sinal de protesto contra o escudo de proteção antimísseis projetado pelos
EUA e "até que os países da OTAN ratifiquem o tratado adaptado e comecem a
implementar o documento de boa fé".
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Moscou chama de cínica tentativa de justificar
declarações 'canibais' do senador dos EUA
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia
descreveu como cínica a tentativa de justificar as declarações
"canibais" do senador norte-americano Lindsey Graham.
Anteriormente, os recursos on-line do presidente
ucraniano Vladimir Zelensky fizeram circular um vídeo no qual o senador Graham
diz durante um encontro com Zelensky que os Estados Unidos "nunca antes
haviam gastado dinheiro de maneira tão bem-sucedida", já que os russos
"estão morrendo".
As palavras de Graham foram posteriormente
divulgadas pela mídia ocidental. Em particular, o jornal britânico Independent
publicou uma notícia com o título "Lindsey Graham chama os russos que
estão morrendo de 'dinheiro americano mais bem gasto' em reunião com
Zelensky".
Depois, a agência Reuters publicou uma notícia em
que se afirma que o vídeo foi montado e que as duas frases não estão ligadas,
citando o vídeo completo divulgado pela Ucrânia depois do escândalo.
"Sobre a tentativa cínica de justificar o
senador norte-americano Lindsey Graham e seus comentários canibais [...] O
clamor público generalizado forçou a máquina de propaganda que serve aos
políticos ocidentais, cujas engrenagens são a Reuters e BBC que lideraram as campanhas
para justificar o parlamentar, a se engajar no gerenciamento da crise e tentar
corrigir a situação", disse o Ministério das Relações Exteriores da
Rússia.
O ministério compara a situação com as desculpas
"ridículas e vergonhosas" pelas "invenções canibais
semelhantes" feitas pelo ex-presidente dos EUA George W. Bush.
De acordo com a chancelaria russa, as tentativas de
defender Graham são "mais um golpe na reputação já manchada da Reuters e
da BBC".
"Isso não é jornalismo, mas o cumprimento por
agências de relações públicas de uma encomenda do 'Ocidente coletivo'",
resumiu o ministério.
Ø Zelensky quer sancionar Irã 'por 50 anos' por supostamente suprimir a
Rússia com drones
O mandatário ucraniano propôs um projeto de lei que
faria com que Kiev impusesse sanções a Teerã por supostamente apoiar Moscou
militarmente.
Vladimir Zelensky, presidente da Ucrânia, apresentou
no domingo (28) um projeto de lei que prevê que a Ucrânia imponha sanções ao
Irã por 50 anos, disse Andrei Yermak, chefe de gabinete do mandatário
ucraniano, citado pela agência britânica Reuters.
Kiev e seus aliados ocidentais afirmam que o Irã tem
fornecido armas à Rússia, incluindo centenas de drones, desde que Moscou
iniciou sua operação especial na Ucrânia. Teerã e Moscou rejeitam as alegações.
Se for aprovado pelo parlamento da Ucrânia, o
projeto de lei impediria o trânsito de mercadorias iranianas pela Ucrânia e o
uso de seu espaço aéreo, além de impor sanções comerciais, financeiras e
tecnológicas contra o Irã e seus cidadãos.
No entanto, a Ucrânia tem relações comerciais com os
EUA, cujas sanções impedem que tal aconteça com qualquer país que tenha
comércio com Teerã, o que deixa pouco claro como tais sanções alterariam a
situação.
Kiev disse no domingo que Moscou realizou o maior
ataque de drones até o momento na Ucrânia durante a noite, e que usou 54 drones
fabricados no Irã. Ele declarou que 52 deles foram abatidos.
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Secretário-geral da OTAN: Kosovo 'deve desescalar e
não tomar medidas unilaterais'
O líder da Aliança Atlântica destacou Pristina como
a principal culpada na mais recente crise política com Belgrado, que envolveu o
resultado de eleições boicotadas por sérvios.
Jens Stoltenberg, secretário-geral da OTAN, advertiu
no domingo (28) Kosovo contra a adoção de medidas unilaterais e
desestabilizadoras.
A polícia do território usou a força na quinta-feira
(25) para instalar prefeitos de etnia albanesa no norte de Kosovo após uma
eleição em abril que foi boicotada pela grande maioria dos eleitores. As
pesquisas foram declaradas válidas, apesar de o volume de votos ter sido
inferior a 3,5%.
"Pristina e Belgrado devem se engajar no
diálogo liderado pela UE agora, como o único caminho para a paz e a
normalização. Pristina deve desescalar e não tomar medidas unilaterais e
desestabilizadoras", escreveu ele no Twitter após falar com Josep Borrell,
chefe das Relações Exteriores da União Europeia (UE).
O Conselho de Segurança Nacional da Sérvia acusou a
Força do Kosovo (KFOR, na sigla em inglês), a missão de manutenção da paz
liderada pela OTAN, de inação. A Sérvia colocou suas Forças Armadas em alerta
de combate máximo e as colocou perto da fronteira após a polícia de Kosovo
reprimir manifestantes pacíficos contra o governo.
Também na sexta-feira (27) o Reino Unido, a França,
a Itália, a Alemanha e os EUA condenaram a liderança do Kosovo por suas ações
contra a Sérvia, apesar de também deixarem críticas à última pela reação.
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Irã: não temos restrições nos nossos laços militares
com a Venezuela
Teerã falou a favor de continuar reforçando a cooperação
militar com Caracas. Segundo o ministro da Defesa iraniano, o governo do país
planeja fornecer ao país sul-americano capacidades na área da defesa e
segurança.
Mohammad Ashtiani, ministro da Defesa do Irã, disse
em uma entrevista à agência iraniana Tasnim que Teerã não impõe restrições ao
fornecimento de armas a países comprometidos com a paz e a segurança mundiais.
Ashtiani destacou assim no artigo publicado no
domingo (28) a estreita cooperação em defesa e segurança do Irã com a
Venezuela, descrevendo o país sul-americano como um país que está localizada em
uma região sensível, e com a qual o Irã tem mantido relações estreitas no nível
de presidentes há anos.
O general disse que o Ministério da Defesa do Irã,
que coordena as atividades da comissão econômica conjunta Irã-Venezuela, está
organizando planos para fornecer a Caracas várias capacidades, incluindo nas
áreas de segurança e defesa.
O ministro também foi perguntado sobre a exportação
de armas iranianas para a Venezuela.
"Não enfrentamos restrições quanto ao
fornecimento de equipamentos [militares] para outros países. Estamos em contato
com todos os países e mantemos essas relações de forma vigorosa. Certamente
ajudaremos qualquer país que esteja comprometido em proteger os interesses
internacionais, a segurança e a paz e que se preocupe com a segurança mundial
comum", disse o alto responsável iraniano.
Em junho de 2022, os presidentes do Irã e da
Venezuela assinaram um acordo de parceria de 20 anos em Teerã para promover a
cooperação em vários campos.
Em fevereiro de 2023 Nicolás Maduro, presidente da
Venezuela, e Hossein Amir-Abdollahian, ministro das Relações Exteriores do Irã,
sublinharam em uma reunião realizada em Caracas a necessidade de os dois países
protegerem seus interesses nacionais de forma vigilante diante de pressões e
ameaças externas.
Fonte: Sputnik Brasil
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