quarta-feira, 31 de maio de 2023

Marcia Tiburi: O pastor traficante de maconha

Não posso deixar de comentar a notícia sobre o tio traficante de maconha da Damares Alves, pastor Josué Bengston, da Igreja Quadrangular do Pará.

De fato, uma carga de 290 kg de uma coisa chamada skunk realmente impressiona a desavisados como eu que ainda estava em outra pauta, tentando entender a pedofilia das igrejas e o plano de poder dos religiosos que acançam cada vez mais ocupando o congresso nacional com suas pautas fundamentalistas.

Muitos, como eu, devem ter descoberto agora que skunk é maconha potencializada - realmente isso me escapou, e me dá vergonha ter perdido essa informação, afinal sou autora de um livro sobre as drogas e a banalidade do vício chamado SOCIEDADE FISSURADA publicado pela Civilização Brasileira em 2012). Quem esta desatualizado no assunto das drogas, deve estar se perguntando sobre tudo isso: o circuito de produção e comercialização, o valor de compra e venda, a plantação e os destinatários, a exploração do trabalho, a mais valia e o lucro na empreitada. Talvez esteja também se perguntando não só sobre a produção, mas sobre o uso de drogas por parte dos crentes.

Será que se vende maconha dentro das igrejas também? Estou perguntando, inocentemente, pois nunca se sabe. Se um pastor moralista de igreja trafica 290 kg de skank, quem pode imaginar do que mais é capaz?

De um ponto de vista liberal relativamente aos costumes, não há problema algum em usar maconha, ou qualquer outra droga em nível recreativo e não autodestrutivo (toda autodestruição afeta os outros e isso afeta a esfera ética onde lidamos com a alteridade), contudo, mercados clandestinos geram abusos, violências e outros problemas sociais. A dependência que muitas pessoas desenvolvem em relação a drogas (não importa se álcool, cocaína, cigarro ou redes sociais), sempre precisa ser tratada com atenção e cuidado.

E, de fato, tabus sobre as substâncias e seus usos não ajudam a avançar na pesquisa.

Contudo, o moralismo religioso também é mercadoria nas igrejas de mercado, nas quais pedofilia, tráfico humano, corrupção e estelionato são práticas comuns.

O moralismo gera a moralina que também vicia! O uso de drogas é algo comum na cultura empresarial, e também o é nesse tipo de empresa que são as igrejas de mercado, que, aliás, funcionam como empresas, mas não pagam impostos.

É um mercado do lucro certo explorando a fé e o desespero dos outros. Mas é também um mercado de drogas clandestino! E que rende muito dinheiro!

Eu que sou a favor da liberação da maconha, para plantio, pesquisa científica e uso recreativo, mas que nunca usei maconha (as únicas drogas que uso são café, álcool - eu, por exemplo, gosto de vinho - e Instagram, em doses recreativas, portanto moderadas), sou constantemente xingada de maconheira.

Agora vem à tona a hipocrisia dos pastores das igrejas de mercado.

Se o tio da Damares fosse apenas um maconheiro não seria um problema, talvez fosse até mesmo uma solução, mas tio Josué é um traficante fingindo ser um homem sério, um homem de Deus. Pobre do Deus sendo vendido como mercadoria e transformado em cúmplice de traficantes sem ter como se defender.

 

       Conheça a Igreja Quadrangular, liderada pelo tio de Damares e suspeita de transportar 300 kg de maconha em avião

 

A Igreja do Evangelho Quadrangular, uma conhecida denominação cristã evangélica pentecostal, está sob intensa investigação após a apreensão de um avião registrado em seu nome transportando uma quantidade surpreendente de drogas. No último sábado (27), a Polícia Federal (PF) realizou a prisão de um indivíduo que estava prestes a decolar com 290 kg de maconha a bordo da propriedade pertencente à igreja.

Fundada em 1923 por Aimee Semple McPherson, conhecida como "irmã Aimee", a Igreja do Evangelho Quadrangular é reconhecida por suas quatro doutrinas centrais: salvação, batismo com o Espírito Santo, cura divina e segunda vinda de Cristo. Com uma estrutura organizacional centralizada e um Conselho Nacional de Diretores, a igreja busca disseminar o Evangelho através de programas, obras sociais e missões em diversos países ao redor do mundo.

Esta não é a primeira vez que a Igreja do Evangelho Quadrangular se envolve em discussões. No passado, a instituição já esteve ligada a polêmicas políticas, como o apoio público de um de seus reverendos à campanha do presidente Jair Bolsonaro. Além disso, ex-pastores denunciaram expulsões da igreja por não apoiarem candidatos favoritos pelos líderes principais.

Reportagem do Uol destaca que um elemento-chave desta investigação é a relação entre a igreja e a senadora Damares Alves (Republicanos-DF). Josué Bengtson, tio da senadora e líder espiritual da Igreja do Evangelho Quadrangular, é apontado como uma figura central na instituição religiosa. Embora ele não estivesse presente no voo em questão, o fato de seus parentesco com Damares acrescenta uma dimensão adicional à situação.

Em um comunicado oficial, a igreja assumiu a propriedade do avião e alegou ter sido a própria instituição que denunciou a presença das drogas. Segundo a nota, a igreja recebeu a notícia com surpresa, enfatizando que a denúncia foi feita internamente. A senadora Damares Alves afirmou que soube do caso através da imprensa e entrou em contato com sua família para obter mais informações.

As investigações  continuam para esclarecer o grau de envolvimento da igrejano transporte ilegal de drogas. A PF está analisando todas as provas e depoimentos relacionados ao caso, a fim de determinar se houve conivência por parte da liderança da igreja ou se o incidente foi um caso isolado envolvendo indivíduos conduzidos por conta própria.

•        Tio de Damares já disse que nunca entraria num avião pilotado por cotista e perdeu mandato por desviar verbas

O responsável pelo avião encontrado pela Polícia Federal com 290 quilos de maconha neste sábado, o ex-deputado federal Josué Bengtson, tio de Damares, é uma figura influente no estado do Pará, sendo líder espiritual e secretário-executivo da Igreja Quadrangular no estado.

Além do episódio do avião, outras ações de Josué ganharam destaque na mídia, como o episódio em que ele foi cassado. Em 2018, o chefe da igreja foi condenado pela Justiça Federal à perda do mandato por enriquecimento ilícito em esquema de desvio de recursos da saúde no Pará, conhecido como 'máfia das ambulâncias'. Bengston também teve os direitos políticos suspensos por oito anos e deve pagar cerca de R$150 mil em multas e devolução de recursos

Em outro momento, Josué teve os holofotes voltados para si ao disparar uma fala no mínimo preconceituosa sobre estudantes cotistas.

"Eu não voaria num avião que alguém entrou, como piloto, como cota. Eu não voaria. É por isso que de vez em quando cai um avião. Em 99% a culpa é do piloto. Ele errou alguma coisa”, declarou.

"Você se deixaria operar o seu coração, por um médico que entrou na faculdade na cota? Ele não passou, mas tinha que deixar uma cota para índio, uma cota para negro. Nesse mundo a meritocracia é que tem que funcionar. É o esforço!", acrescentou.

 

       Quem é o tio da Damares, pastor responsável pelo avião com 300 kg de maconha

 

A Polícia Federal (PF) realizou neste sábado (27) uma operação que resultou na prisão em flagrante de um indivíduo por tráfico interestadual de drogas. O suspeito foi detido no aeroporto de Belém, quando tentava transportar 290 quilos de skunk, uma forma concentrada de maconha.

Essa apreensão poderia ser apenas mais uma entre as realizadas diariamente pela PF, porém, o avião em questão pertence à Igreja Quadrangular-PA que, por meio de um comunicado, admitiu ser a proprietária da aeronave apreendida.

Em comunicado, a igreja afirmou ter acionado a Polícia Federal assim que tomou conhecimento do conteúdo ilícito que seria transportado pelo suspeito.

Agentes da PF foram informados sobre um carregamento de entorpecentes com destino à cidade de Petrolina e agiram prontamente. O responsável pela droga foi abordado antes da decolagem e chegou a tentar fugir, mas foi capturado em seguida.

•        Relações íntimas 

De acordo com informações da PF, a aeronave estava sendo utilizada pelo ex-deputado e pastor Josué Bengtson e por seu filho, Paulo Bengtson, que também é ex-deputado federal e atualmente integra o governo do estado do Pará.

Josué Bengtson é líder espiritual na Igreja Quadrangular no Pará e também é tio e padrinho político de Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra da Família no governo Bolsonaro (2019-2022) e atualmente senadora pelo Distrito Federal.

A carreira política de Damares Alves foi impulsionada pelas mãos de seu tio: primeiro nos anos 1980, quando Damares foi ordenada pastora da Quadrangular, e após formar-se em Direito e obter a OAB, começou a atuar em outra esfera política e religiosa.

Nos anos 1990, Damares Alves foi trabalhar no gabinete de Josué Bengtson (PTB-PA) - o nepotismo estava começando a ser extirpado da política -, posteriormente, Damares trabalharia em uma série de gabinetes da esfera religiosa, até se tornar ministra da Família e hoje, senadora.

Josué Bengtson, tio de Damares, é o secretário executivo da Igreja Quadrangular do Pará. Sobre a droga encontrada na aeronave, ele e seu filho declararam não ter conhecimento de que o skunk seria carregado na aeronave.

•        Mas, afinal, quem é Josué Bengtson?

Josué Bengtson, tio de Damares, é natural de São Paulo e teve seu primeiro contato com a religião através da "Tenda de Jesus", uma caravana da Igreja Quadrangular criada para atrair novos seguidores.

Nos anos 1960, ele foi ordenado pastor e responsável por expandir a Igreja Quadrangular no estado de São Paulo e posteriormente na região norte do Brasil, especificamente no estado do Pará, onde controla a filial da Quadrangular.

•        Carreira política

Ele se filiou ao PTB em 1997, quando disputou uma cadeira na Câmara dos Deputados e se elegeu deputado federal. Além disso, exerceu mandatos nas legislaturas de 2002, 2010 e 2014.

•        "Máfia das ambulâncias"

Em 2018, Josué Bengtson foi condenado à perda do mandato e dos direitos políticos por enriquecimento ilícito no esquema conhecido como "máfia das ambulâncias". Além de ter os direitos políticos suspensos, Josué Bengtson foi multado em R$ 150 mil.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o pastor direcionava verbas para municípios, onde as licitações eram fraudadas e o dinheiro era depositado em sua conta e na conta da Igreja do Evangelho Quadrangular.

A "Máfia das Ambulâncias" ou "Caso dos Sanguessugas" foi desbaratada a partir de uma investigação da Polícia Federal que teve início em 2006. O MPF e a PF apontam que a quadrilha teria desviado algo em torno de R$ 110 milhões.

 

       Damares se manifesta após PF achar 290 kg de maconha em avião da igreja da qual tio é pastor

 

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) divulgou nota informando que a própria Igreja do Evangelho Quadrangular fez denúncia à Polícia Federal sobre uma “carga suspeita” que havia sido carregada em um avião pertencente à Igreja. A carga – 290 kg de skunk, um tipo de maconha concentrada – foi apreendida no sábado, 27, pela PF em um hangar de voos particulares no Aeroporto Internacional de Belém. A droga seria levada para Petrolina, em Pernambuco. Um suspeito foi preso em flagrante.

Damares é sobrinha do ex-deputado federal Josué Bengtson, pastor e um dos principais líderes da Igreja Quadrangular no Pará. A parlamentar disse que tomou conhecimento do caso pela imprensa nesta segunda-feira, 29. Depois disso, entrou em contato com a família e foi informada que a carga suspeita havia sido carregada na aeronave sem autorização. “Em seguida, a Polícia Federal assumiu o caso e tomou as medidas cabíveis”, disse, em nota.

Além de parente, Bengtson é considerado padrinho político de Damares, que foi ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Foi por meio do tio que Damares se tornou pastora da Quadrangular na década de 1980. O pai da senadora também foi pastor da IEQ.

Em 1999, Damares mudou-se para Brasília para trabalhar no gabinete de Bengtson, então deputado federal pelo PTB da Bahia. Atualmente, Josué Bengtson é presidente do Conselho Estadual dos Pastores da Quadrangular no Pará e pastor titular na igreja do bairro Pedreira, em Belém.

De acordo com a assessoria da IEQ, o avião monomotor Bonanza é utilizado há três anos para o transporte de pastores pelo Pará e também para remover pessoas doentes, quando necessário. Segundo a igreja, um prestador de serviços terceirizados que faz a limpeza do avião procurou o piloto para fazer um voo em que seriam, supostamente, transportadas peças de tratores. Ainda segundo a igreja, o piloto se negou a levantar voo e a polícia foi acionada.

Já a PF informou que soube “a partir de informações de inteligência” que havia um carregamento de entorpecente com plano de voo para Petrolina. A corporação disse também que, minutos antes da decolagem, o responsável pela droga foi abordado, enquanto caminhava do pátio para a aeronave.

O suspeito correu para fora do aeroporto, mas foi alcançado. O homem, que não teve a identidade divulgada, foi autuado por tráfico interestadual de drogas. Ele teve o celular apreendido. Já o piloto, segundo a PF, não foi preso por não ter sido verificada participação dele no crime.

Nesta terça-feira, 30, a PF informou que o caso continua sob investigação.

<<<< Veja o posicionamento da igreja na íntegra:

A Igreja do Evangelho Quadrangular recebeu com surpresa a notícia do envolvimento do monomotor Bonanza, de sua propriedade, com carga não autorizada. Ao tomar conhecimento, imediatamente, a Igreja do Evangelho Quadrangular do Estado do Pará acionou a Polícia Federal, que efetuou a prisão de uma pessoa e apreendeu a carga. É interesse da Igreja que tudo seja esclarecido e, portanto, reafirma o seu compromisso de colaborar com as investigações.

 

       Virou moda: Igreja e rádio de MG são investigadas por lavagem de dinheiro do tráfico

 

Uma igreja e uma rádio evangélicas de Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, estão na mira de uma operação do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG). Os promotores investigam o crime de lavagem de dinheiro, que chegou a movimentar R$ 80 milhões só em Minas Gerais. Ao todo, o esquema lavou quase R$ 7 bilhões em todo país.

O grupo, que atuava também em outros três estados, funcionava como uma empresa especializada na prestação de serviço de lavagem de dinheiro para outras organizações criminosas, como tráfico, fraudes e estelionatos. Além dos "laranjas", a quadrilha também criava empresas falsas para circulação do dinheiro do crime organizado. Uma delas estava registrada no mesmo endereço da igreja de Vespasiano, alvo da operação do MPMG.

Segundo o delegado de Polícia Civil Marcus Vinícius Lobo Leite, o negócio do ramo de eletrônicos só existia no papel e funcionava como uma rede de lavagem para circulação do capital ilícito. "Essa empresa movimentou milhões de reais e nunca emitiu nenhum documento fiscal, nunca teve nenhum funcionário registrado nos órgãos competentes", aponta. No período de dois anos, a empresa fantasma movimentou mais de R$ 80 milhões.

O esquema foi identificado após quebras dos sigilos bancário e fiscal dos investigados nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Tocantins, Amapá e Alagoas. A rede de nível nacional chegou a lavar R$ 6,7 bilhões. "Esta é a maior constatação de movimentação financeira atípica que já investigamos. É uma grande lavanderia de dinheiro", disse Gabriel Mendonça, promotor de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

A operação apreendeu nesta manhã (30/5) documentos, celulares e tablets, que serão analisados na próxima etapa das investigações. "O próximo passo agora será identificar melhor esse trânsito de dinheiro nas empresas, essa rede de movimentação financeira e quem são os autores", detalhou Marcus Vinícius. O delegado estima a participação de mais de cem pessoas no esquema. Ninguém foi preso.

Além dos materiais apreendidos, foi cumprido o sequestro de veículos e valores em conta bancária, no montante de R$ 170 milhões. A operação é uma investigação desencadeada pelo Ministério Público de Minas Gerais, por meio do Gaeco, e pela Polícia Civil de Minas Gerais.

 

Fonte: EM.com/Dinheiro Rural/Brasil 247/Fórum

 

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