Gulags: os campos de trabalho forçado da URSS existentes entre 1930 e 1960
Os gulags eram campos de trabalho forçado
que existiram entre os anos 1930 e 1960. Foram reavivados por Josef
Stalin, o ditador que tomou as rédeas da Revolução Russa
após a morte de Lenin.
Existiam gulags rurais, urbanos e alguns para onde
iam os intelectuais. Todos deveriam trabalhar “pelo bem da Revolução”, cada
qual em sua especialidade, seja na agricultura e pastoreio, nas fábricas ou nas
ideias que seriam aplicadas como parte do sistema econômico soviético.
Alexander Soljenítsin, um escritor russo que passou
dez anos dentro de um desses, escreveu um dos livros mais importantes sobre o
tema, denunciando os horrores sofridos e recolhendo relatos de outros
sobreviventes. O livro Arquipélago Gulag escancarou para
o mundo inteiro essa ferida. Soljenítsin, no entanto, apesar de aclamado com um
Prêmio Nobel da Paz por essas denúncias, foi perseguido, mesmo depois de Stalin
já morto, e passou a vida exilado.
Leia também: Campos de
concentração nazistas — locais em que milhões de pessoas foram mortas
<<<< Resumo sobre gulag
- Gulags eram campos de trabalho forçado na URSS.
- Sua origem vem dos czares, porém foram reavivados, a partir de 1930,
pelo ditador Josef Stalin.
- Suas características principais eram a divisão entre as pessoas do
campo, as urbanas e as intelectuais. Cada qual trabalhava em sua área
específica.
- Funcionavam da seguinte maneira: todos tinham que trabalhar 12 horas
por dia. Caso contrário, não recebiam a quantidade de comida necessária e
acabavam por morrer de inanição. Eram torturados física e
psicologicamente. Alguns morriam de frio no inverno rigorosíssimo da
Sibéria.
- Arquipélago Gulag, de
Alexander Soljenítsin, foi a obra de um sobrevivente dos gulags. Ele até
mesmo recebeu o Prêmio Nobel da Paz por denunciar os horrores desses
campos.
<<<< O que é gulag?
G.U.L.A.G., ao pé da letra, quer dizer
“administração central dos campos”. Isso porque a palavra é um acrônimo, ou
seja, formada pela letra inicial de cada uma de várias palavras.
Na prática, os gulags eram campos de concentração
para trabalho forçado durante o regime
stalinista na União Soviética. Eram enviados para lá
criminosos comuns, mas principalmente presos políticos. A desproporcionalidade
era enorme, pois enquanto os primeiros representavam cerca de 600 pessoas, os
segundos eram mais de 5 mil — em outras palavras, todos aqueles e aquelas que
faziam oposição ao autoritarismo de Josef Stalin e aos rumos que a república
socialista ia tomando.
·
Origem do gulag
Os gulags existiam desde a época dos
czares e serviam exatamente para o mesmo objetivo de antes, que era o de
abrigar presos, especialmente os políticos. Esses espaços tinham outro nome:
kengir.
Com a morte de Lenin e a perseguição e posterior
exílio de Trotsky (outro grande líder da Revolução Russa), a mando de
Stalin tais campos voltaram a funcionar com toda força em abril de
1930, durando até 1960. No começo, foi dito que seriam apenas para burgueses,
monarquistas e nobreza, mas depois passaram a ser também para anarquistas,
trotskistas e qualquer cidadão comum que discordasse do stalinismo.
Nos gulags não existiam só russos, mas pessoas
capturadas em outros países e que na visão do governo soviético pós-Lenin e
Trotsky mereciam ser “reeducadas”. Muitos desses indivíduos eram, por exemplo,
poloneses, acusados de serem traidores.
Os gulags se concentravam, principalmente, na
Sibéria e nos subúrbios da capital, Moscou. Para se protegerem da
violência sistemática, muitos presos inventaram entre si códigos e leis
próprios, originando, dessa maneira, a máfia russa.
·
Como funcionava o gulag?
Como o gulag era um campo de trabalho, a
jornada de trabalho dentro dele era de 12 horas diárias. Não havia nenhum tipo
de conforto. Pelo contrário: todos eram torturados psicológica e fisicamente,
de forma constante. Muitos morriam por não conseguirem cumprir as exacerbadas
horas de trabalho, porque assim não recebiam comida suficiente e acabavam por
falecer de fome e esforço acumulados.
Vale lembrar que muitos dos campos eram em
lugares intensamente frios, como a Sibéria (para onde Stalin mandou levar
Trotsky), que marcava 30° negativos, ocasionando outro tipo de morte: por
hipotermia.
Assim, embora não tendo locais como as câmaras de
gás dos campos de concentração nazistas, os gulags mataram milhões de
pessoas ao longo de décadas. No entanto, é difícil apontar um número que chegue
perto da exatidão, porque muitos prisioneiros eram libertados poucos dias antes
de morrer.
Dentro de um gulag eram também realizadas execuções,
e a segurança deste era feita por soldados altamente armados e cães bem
treinados. Esses campos perderam força com a morte de Stalin, mas só foram
extintos de vez no governo Gorbachev, na década de 1980, no processo de
reabertura da URSS que conduziu.
·
Livro Arquipélago Gulag, de Alexander
Soljenítsin
Alexander Soljenítsin foi um sobrevivente dos
gulags. Foi também um escritor, romancista, historiador e dramaturgo russo que
ganhou, em 1970, o Prêmio Nobel da Paz por denunciar justamente os desmandos do
stalinismo e o horror desses campos de trabalho forçado.
Ele, que serviu como capitão ao Exército Vermelho
na Segunda Guerra
Mundial, escreveu que não concordava e nem acreditava nas
aptidões para a tática militar do ditador. Sua correspondência foi
interceptada, e, por conta disso, ele teve que passar dez anos em um gulag.
Foi lá dentro que começou a escrever
livros. Seu primeiro livro foi Um dia na vida de Ivan
Denisovich, que só foi publicado porque Stalin já havia morrido, e
Nikita Kruschev o admitiu confiando que essa seria uma maneira de demonstrar
aos russos e a outros países que o stalinismo havia terminado e que a URSS
passava por mudanças.
O autor, no entanto, teve muitas críticas, ao mesmo
tempo que obteve adesão dos que estiveram na mesma situação, que passaram a lhe
escrever cartas a respeito. Com esse material, Alexander escreveu sua
segunda obra, Arquipélago Gulag, relatando o que passaram mais de
200 pessoas nesses campos. Esse livro ganhou o mundo e fez com que muitos
percebessem o que se passava lá dentro. Mesmo com a fama e o suposto apoio de
Nikita, o autor foi perseguido e viveu exilado até sua morte. Sua obra, porém,
é tida como uma das principais para entender o período.
Fonte: Por Mariana de Oliveira Lopes Barbosa, em
História do Mundo
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