Bolsonaro
atribui crítica de Gilmar Mendes a um pedido não atendido
Alvo de críticas públicas do ministro Gilmar Mendes,
Jair Bolsonaro atribui as estocadas a um suposto pedido não atendido. Em
conversas reservadas, o ex-presidente disse que mantinha relação muito boa com
o magistrado do STF até meados do ano passado.
Foi quando o ministro pediu ao então presidente que
indicasse o desembargador Ney Bello para o Superior Tribunal de Justiça (STJ).
Num primeiro momento, Bolsonaro garantiu que indicaria o aliado de Gilmar Mendes.
Depois, contudo, recuou por pressão de outro
ministro do STF: Kassio Nunes Marques. É que Kassio, indicado por Bolsonaro
para o Supremo, nutre um histórico de atritos com Bello.
No fim das contas, Bolsonaro não indicou o aliado de
Gilmar para nenhuma das duas vagas ao STJ. E é a isso que Bolsonaro atribui as
críticas que tem recebido do ministro.
RELEMBRE I:
• “Curitiba
gerou Bolsonaro e tem germe do fascismo”, diz Gilmar Mendes
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar
Mendes subiu o tom contra a operação Lava Jato e o senador Sérgio Moro (União
Brasil) em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite dessa
segunda-feira (8/5).
“Curitiba gerou Bolsonaro. Curitiba tem o germe do
fascismo. A denúncia contra Lula era combinada com o Moro”, disse Gilmar
Mendes.
Gilmar fez essa fala ao ser questionado pelo
jornalista João Almeida Moreira, do Diário de Notícias, sobre a decisão do
ministro em março de 2016, que suspendeu a nomeação de Lula como ministro da
Casa Civil do Governo Dilma Rousseff.
O ministro disse que não tinha arrependimento, pois
naquele momento ele tinha convicção de que houve desvio de finalidade da
nomeação de Lula. Durante a resposta, Gilmar aproveitou para falar sobre a Lava
Jato.
“Isso é de uma gravidade enorme, um procurador
combinar com um juiz, um juiz aconselhar (procuradores): ‘não se esqueça de
tal’. E depois, o que acontece, Moro vaza a delação do Palocci, entre o
primeiro e o segundo turno (das eleições de 2018). Participa, portanto, do
processo, assume posição em favor da extrema-direita, de maneira muito clara”,
afirmou o ministro.
Por fim, ele disse que talvez se arrependa da
decisão sobre a prisão em segunda instância, que abriu o caminho para a prisão
de Lula.
RELEMBRE II:
• Bolsonaro
tem responsabilidade “inequívoca” pelo 8/1
O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro
Gilmar Mendes, voltou a defender que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem
responsabilidade política “inequívoca” nos atos antidemocráticos de 8 de
janeiro. Na ocasião, bolsonaristas extremistas invadiram as sedes dos Três
Poderes, em Brasília, na tentativa de reverter o resultado das eleições.
A declaração do ministro ocorreu durante
participação no programa Roda Viva, nessa segunda-feira (8/5). Questionado
sobre o ex-presidente ser o mentor intelectual da movimentação golpista, em
termos de responsabilização jurídica, Gilmar defendeu que “é preciso julgar
para depois condenar”.
No entanto, argumentou que o ex-mandatário da
República tem “responsabilidade política inequívoca” pela invasão.
“Primeiro é
preciso julgar, e depois condenar. Mas, responsabilidade política inequívoca,
eu posso até adiantar que ele avançou”, defendeu Gilmar.
Segundo o decano, todas as manifestações a favor do
ex-presidente realizadas durante a gestão, foram como testes. “Se queria muito
uma GLO (ato de Garantia da Lei e da Ordem) que ele comandaria. Nos eventos de
8 de janeiro se queria uma GLO […] e Deus sabe o que isso ia virar naquele
contexto em que não se tinha clareza e domínio sobre isso”.
“A mim, me parece que teve uma espécie de aposta no
caos. São problemas que precisamos olhar, agora a responsabilidade jurídica,
isso precisa ser investigado. Vamos aguardar as investigações”, prosseguiu.
Depoimento à PF
Bolsonaro prestou depoimento à Polícia Federal (PF)
em abril, no inquérito que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro. O
ex-mandatário virou um dos alvos do inquérito sob relatoria de Alexandre de
Moraes, no STF, após compartilhar, em 10 de janeiro, publicação em que a
regularidade das eleições era questionada.
Apesar de ter apagado o post no mesmo dia, a PGR
acusou o ex-presidente de incitar a perpetração de crimes contra o Estado de
Direito ao propagar o vídeo. Após mais de duas horas de oitivas, o
ex-presidente alegou que estava “medicado com morfina” quando fez a postagem
questionada.
Esta foi a segunda vez neste mês que Bolsonaro
presta depoimento à PF. Em 5 de abril, o mandatário foi à sede da corporação
para explicar sobre as joias que ganhou de presente da Arábia Saudita.
Condições
da prisão de Mauro Cid preocupam Polícia Federal
As condições da prisão do tenente-coronel Mauro Cid,
ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, têm preocupado investigadores da
Polícia Federal.
Pelo fato de ser militar, Cid está preso no Batalhão
de Polícia do Exército. A unidade não é inspecionada pela Vara de Execuções
Penais (VEP/DF) do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
(TJDFT), como acontece com as demais unidades prisionais.
O Exército informou que ele está em um cômodo “com
um banheiro e uma janela externa com grade, medindo 4,62m x 4,45m, com 01 (uma)
cama de solteiro, 01 (um) armário, 01 (uma) mesa de apoio”, e que faz as
refeições dentro do próprio quarto.
Como mostrou o colunista Paulo Cappelli, os relatos
de visitantes dão conta de que Cid tem uma vida tranquila, fazendo exercícios
todo dia na área verde do batalhão. Uma demanda sobre quais foram os visitantes
de Cid nos últimos dias provocou inquietação entre os militares.
Integrantes da Polícia Federal estão preocupados que
eventuais comunicações com visitantes recebidos por Cid ou até com os próprios
militares do batalhão possam atrapalhar as investigações.
Flávio
Dino compara Moraes a Ulysses Guimarães e Tancredo Neves
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino,
comparou Alexandre de Moraes e outros ministros do Supremo Tribunal Federal a
Ulysses Guimarães e Tancredo Neves. “Democratas”, disse o Dino.
“O Alexandre de Moraes e outros ministros do Supremo
correspondem, estão para o Poder judiciário hoje como Ulysses Guimarães,
Tancredo Neves, Franco Montoro, para citar alguns, estiveram na esfera política
em outro momento. Eles não são de esquerda, mas são democratas. Protegem a
Constituição. Protegem o jogo democrático”, afirmou Dino.
O ministro da Justiça defendeu uma atuação forte do
Judiciário brasileiro contra o que chamou de “nazifascismo do século XXI”.
“É preciso
entender que neste instante difícil, do nazifascismo do século XXI, golpista,
criminoso, hediondo, agressivo, você precisa de um papel mais alto do Poder
Judiciário. Porque é aquela história da lei do mais forte. O livre jogo da
política neste momento, com essa gente nazifascista, extremista, golpista,
violenta, conduziria a que no ano passado? Conduziria a um golpe de estado. E
nós, politicamente, não tínhamos força – é preciso ter humildade – para
sozinhos evitarmos um golpe de estado”, avaliou Dino.
Fonte: Metrópoles
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