Ku
Klux Klan: grupo terrorista que perseguia, espancava e assassinava negros no
sul dos Estados Unidos
A Ku Klux Klan é uma organização
terrorista que surgiu nos Estados Unidos, no século XIX, e ficou marcada por
ser a maior organização do tipo na história desse país. É conhecida por
utilizar uma roupa macabra e por promover atos de violência contra negros,
judeus, católicos etc. No contexto em que foi criada, essa organização
perseguia negros libertos e pessoas que apoiavam a concessão de maiores
direitos aos negros no sul dos Estados Unidos. Chegou a contar com quatro
milhões de membros em meados da década de 1920.
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Resumo
A Ku Klux Klan é uma organização terrorista que
surgiu nos Estados Unidos ainda no século XIX, logo depois da Guerra
Civil Americana. Criada como uma diversão pelos seus organizadores,
a Klan tornou-se um grupo que promoveu o terror no sul dos Estados
Unidos. Perseguia, espancava e assassinava negros libertos
e pessoas que defendiam os direitos civis para os afro-americanos.
Ficou muito conhecida por enforcar suas vítimas e
promover incêndios criminosos em casas que eram habitadas por negros. Os
membros da Klan utilizavam uma roupa macabra para espantar suas vítimas e
também para esconder suas identidades. A partir da década de 1920, passaram a
incendiar cruzes, o que ampliou o ar macabro da organização.
A atuação histórica da Ku Klux Klan é dividida em
três grandes fases. A fase atual foi iniciada em meados da década de 1950 em
resposta ao fortalecimento do movimento negro que lutava pelos direitos civis
dessa comunidade nos Estados Unidos.
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O que é a Ku Klux Klan?
A Ku Klux Klan surgiu nos Estados Unidos, mais
precisamente no estado do Tennessee, após o fim da Guerra de
Secessão (também conhecida como Guerra Civil Americana). Essa organização
também é conhecida como “KKK” (em referência às letras iniciais de cada
palavra) ou simplesmente de “Klan”.
A Klan surgiu em um período da história americana
conhecido como Reconstrução e iniciado logo após o término da Guerra
Civil Americana. Nesse período, o sul dos Estados Unidos reagiu às medidas
defendidas pelos políticos do Norte de ampliar os direitos civis e políticos
dos negros nos Estados Unidos.
Inicialmente, a KKK surgiu apenas como uma
organização secreta que reunia cidadãos da comunidade local, mas pelo contexto
dos acontecimentos e pelo preconceito contra os negros, a Klan tornou-se um
grupo extremamente violento. Os cientistas políticos e historiadores
caracterizam a Klan como uma organização da extrema-direita. Essa
classificação é realizada com base na análise de sua ideologia, que atualmente
inclui ideais
como supremacismo branco, antissemitismo, xenofobia etc.
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Fases de atuação da Ku Klux Klan
Ao longo do tempo, a Klan teve a sua história
resumida em três fases. A primeira fase de atuação ocorreu no período
entre 1866 e 1869. Alguns estudiosos do tema estendem essa fase até 1871,
quando o governo americano decretou uma lei para combater a Ku Klux Klan. Nessa
fase, a pequena organização surgida no Tennessee ganhou expressividade no sul
dos Estados Unidos e só perdeu força com a repressão governamental.
A segunda fase da Klan iniciou-se a
partir de 1915, quando foi lançado um filme chamado The Birth of
a Nation (O Nascimento de uma Nação, em português). Esse filme
apresentou uma imagem heroica da Klan e, por isso, é considerado o responsável
pelo renascimento da organização. Essa fase da Klan estendeu-se até meados da
década de 1940 e foi o período de maior força da Ku Klux Klan.
Nessa fase, a Klan chegou a contar com
aproximadamente quatro milhões de membros espalhados por todo o território dos
Estados Unidos. Ao longo da década de 1920, os membros da Klan começaram a
fazer aparições públicas, ganharam influência na política em determinados
locais e adicionaram a sua ideologia a xenofobia, o antissemitismo e o
anticatolicismo.
A terceira fase da Klan foi iniciada
em meados da década de 1950 e é considerada uma reação ao movimento surgido na
comunidade afro-americana que lutava pelos direitos civis para essa comunidade
nos Estados Unidos. Essa fase permanece em vigor até hoje, apesar de haver um
visível enfraquecimento da organização.
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Fundadores, símbolos e contexto histórico
A fundação da Ku Klux Klan aconteceu
oficialmente no começo de 1866 (alguns falam que pode ter ocorrido no final de
1865 também). A organização foi criada na cidade de Pulaski, localizada no
estado do Tennessee, por seis ex-oficiais do Exército Confederado,
portanto, foi criada por soldados que lutaram na Guerra Civil Americana.
A princípio, a Klan era apenas uma organização
formada por homens brancos de boa condição financeira da cidade de Pulaski.
Eles se reuniam secretamente nas florestas da região e faziam rituais secretos
durante a madrugada como forma de diversão. Por causa do contexto histórico em
que o sul dos Estados Unidos estava, a organização radicalizou-se.
Os Estados Unidos tinham acabado de passar pela
Guerra de Secessão, conflito interno em que sulistas (chamados de confederados)
lutaram contra os nortistas (chamados de União). A guerra foi causada por um
conflito que dividia a sociedade norte-americana na época: a questão
da expansão do trabalho escravo para os novos territórios
conquistados no oeste.
Esse impasse que dividia nortistas e sulistas
ampliou-se quando Abraham Lincoln foi eleito presidente dos
Estados Unidos. Pouco depois disso, os estados sulistas declararam secessão
(separação) dos Estados Unidos e, em resposta a isso, os estados nortistas (da
União) declararam guerra contra os confederados em 1861.
A guerra foi finalizada em 1865, quando as tropas
confederadas renderam-se à União e foram reintegradas aos Estados Unidos. No
final da guerra, o sul, além de derrotado, estava arrasado economicamente e
enfrentaria profundas transformações por causa da abolição do trabalho escravo,
decretado pelo presidente Abraham Lincoln.
O período logo após o fim da Guerra de Secessão
tinha como desafios promover a integração política dos sulistas com a
União, recuperar a economia do sul dos Estados Unidos e promover a integração
econômica dos negros libertos. Nesse contexto começaram a ser debatidas
questões que concederiam direito de voto aos negros, além de fornecer para essa
população os direitos civis, que juridicamente os tornariam iguais aos
americanos brancos. Era debatida também a possibilidade de negros libertos
terem direito a possuir propriedade privada. Esse debate apavorava a sociedade
sulista, marcada pelo preconceito racial contra os negros.
A resposta dos sulistas conservadores foi um pacote
de leis aprovado em muitos estados sulistas, o chamado Black Codes.
Essas leis restringiam as liberdades dos negros em muitos sentidos e, em
questões trabalhistas, obrigavam-nos a viver em uma espécie de esquema de
servidão. Essa medida gerou uma resposta do Congresso americano, que visava a
realizar uma reconstrução radical para tornar mais rígidas as transformações na
sociedade sulista e aumentar o controle dos políticos nortistas sobre o sul dos
Estados Unidos. Foi nesse contexto de insatisfação dos sulistas com as mudanças
em curso que surgiu a Ku Klux Klan.
Os fundadores da Klan eram todos de famílias com
boas condições financeiras. Seus nomes eram: Frank McCord, John Kennedy, Richard Reed, Calvin Jones,
John Lester e James Crowe. Eles fundaram a maior
organização terrorista dos Estados Unidos, que foi responsável por milhares de
assassinatos.
O nome da organização criada pelos ex-oficiais foi
inspirado em uma palavra do idioma grego, kyklos, que
significa círculo. Essa palavra foi adaptada para Ku Klux e adicionada à expressão
Klan em referência a clan (significa clã, no inglês). A roupa
usada era uma vestimenta longa de cor branca e um capuz cônico e tinha como
função amedrontar e proteger a identidade dos membros da Klan. A cruz em chamas
e a cruz no emblema da Klan só foram oficializadas como símbolos da organização
na segunda fase.
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Ku Klux Klan hoje
A Ku Klux Klan existe até hoje, embora sua expressão
seja bem mais enfraquecida em relação ao que a organização já foi um dia. A
Klan é acompanhada por instituições como o Southern Poverty Law Center,
entidade que monitora a atuação de organizações extremistas em território
americano. De acordo com essa entidade, a Klan possui hoje 72
células espalhadas pelos Estados Unidos – algumas com atuação estritamente
local – e possui de 5 mil a 8 mil membros.
A Klan é uma organização bastante enfraquecida hoje
por causa da atuação do governo americano em combate ao seu crescimento, mas
também pelo surgimento de outras organizações extremistas de supremacistas
brancos, que atraíram membros da Klan. Atualmente, a Klan possui em sua
ideologia ideias supremacistas, anticatólicas, antissemitas, antiliberais e
anticomunistas, promovendo discurso de ódio contra negros, muçulmanos e LGBTs.
O movimento também tem forte relação com movimentos neonazistas.
Fonte: Por Daniel Neves Silva, em História do Mundo
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