quarta-feira, 5 de julho de 2023

O estranho movimento de advogados para interferir em depoimentos de bolsonaristas na CPI

Dois bolsonaristas condenados por tentativa de ataque à bomba em Brasília depuseram na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos, na última quinta-feira (29/6). Mas o que mais chamou a atenção dos deputados veio dos bastidores da oitiva. Alan Diego dos Santos e George Washington de Oliveira Sousa não tinham apresentado advogados até a véspera do depoimento, mas um grupo de defensores apareceu em cima da hora e alegou que atuaria “de graça” para os dois.

Os deputados distritais que compõem a CPI dos atos golpistas na Câmara Legislativa estranharam o movimento. Os parlamentares prometeram investigar quem financiou essa defesa, além de tentar entender o motivo dos temores em torno do que ambos poderiam revelar. As suspeitas sobre esse movimento dos advogados ficaram ainda maiores após ficar claro uma série de interferências durante a sessão.

>>>> Veja alguns momentos:

•        Cutucadas

Conforme Alan Diego falava, por exemplo, ele era cutucado pelo advogado, de forma discreta, para que controlasse as declarações. O depoente está preso e foi condenado a 5 anos e 4 meses por ter colocado uma bomba em um caminhão-tanque próximo ao Aeroporto de Brasília, em 24 de dezembro de 2022. Aos deputados ele afirmou estar sendo ameaçado por pessoas da “extrema direita”, mas que poderia provar que é inocente.

Questionado sobre quem estaria ameaçando sua integridade física e sua família, Alan não respondeu, mas disse que falaria se dessem a ele algumas garantias. Nesse momento, Roan Jonathan Barbosa Araújo, que se apresentou como advogado do depoente minutos antes do início da sessão, deu um toque no braço do cliente e tentou interromper a fala.

Até Alan precisou pedir para ele não interferir: “Deixa só eu explicar uma parte aqui. Só um minutinho. Só um minutinho”, repetiu. O fato irritou o presidente da CPI, Chico Vigilante (PT).

 “Doutor, deixa o homem falar! Outros advogados já estiveram aqui, inclusive acompanhando generais, advogados renomados, e não tiveram o comportamento que o senhor está tendo. Portanto, se comporte e deixe o homem falar! O senhor chegou aqui, eu diria até, como um impostor nessa CPI”, esbravejou.

Alan e Ruan também tiveram uma conversa fora dos microfones que acabou vazando na transmissão. No diálogo, o depoente diz: “Eu sei, por isso eu não quero falar”. O que ele não quis dizer, para preservar outras pessoas ou a si mesmo, pode ser dito em uma sessão secreta da CPI, que Chico Vigilante vai convocar para questionar novamente, sem as câmeras, quem estaria ameaçando o bolsonarista preso.

•        “Foi doado”

O condenado ouvido pelos deputados sequer sabia o sobrenome do advogado antes da sessão. Ao longo da Comissão, outra advogada surgiu: Thaísa França de Melo. Quando perguntado sobre quem estaria pagando pelo serviço, Alan deu duas respostas distintas em sequência: “Não sei. Foi doado por eles mesmo”. Ele ainda debochou quando o presidente lembrou que o depoente não tinha advogado e, de repente, surgiram dois. “São quatro”, rebateu o bolsonarista, sorrindo.

Além de Roan e Thaísa, Osmar Borges de Melo, Jéssica Rocha Carlos e Larissa Claudia Lopes de Araújo integraram a defesa dos depoentes condenados pela tentativa de atentado à bomba. O grupo fez visitas aos presos pelo 8 de Janeiro e esteve conversando com vários apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), assumindo a defesa de alguns deles.

A defensora de George Washington de Oliveira Sousa também chamou a atenção aparecendo após 1h40 de depoimento. O deputado Max Maciel (PSol), que teve de interromper as perguntas que fazia, comentou: “Hoje apareceram coisas engraçadas nesta CPI. Quem não tinha advogado teve quatro, cinco”.

George Washington recorreu ao direito de ficar calado durante quase toda a sessão. Com o silêncio, os deputados distritais tiveram que ler a íntegra do depoimento dele à Polícia Civil do DF para trazer a versão sobre os ataques. Na ocasião, ele tinha admitido que os manifestantes acampados em frente ao Quartel-General do Exército acreditavam que a explosão da bomba atrairia a atenção de Bolsonaro “para invocar o art. 142 e fazer a intervenção”.

O Metrópoles procurou Thaísa França, advogada que Alan apontou como representante. Na noite de domingo (2/7), ela atendeu a ligação, mas, quando questionada sobre quem teria pago o serviço de defesa dos clientes, pediu para ligar novamente duas horas depois. Desde então, Thaísa não retornou as tentativas de contato da reportagem. O espaço segue aberto para manifestações.

 

       Ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal mentiu à CPI do Golpe

 

Silvinei Vasques, ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), mentiu em depoimento prestado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que apura os atos golpistas de 8 de janeiro. Interrogado, ali, no último dia 20, ele disse:

“O Nordeste e o Norte foram os locais em que a Polícia Rodoviária Federal menos realizou fiscalização [no segundo turno das eleições de 2022]. Onde mais se fiscalizou foi no Sudeste, Sul e Centro-Oeste [regiões bolsonaristas].”

Dados obtidos pelo jornal Globo via a Lei de Acesso à Informação mostram que a fiscalização foi maior no Nordeste, onde Lula, no primeiro turno, construiu sua maior vantagem sobre Bolsonaro (66,76% dos votos válidos contra 26,97%).

31,6% do total de abordagens feitas pela PRF no dia 30 de outubro do ano passado ocorreu no Nordeste, que concentra 17,6% da frota de veículos do país. No Sudeste, que concentra 47,8% da frota, apenas 27,8% dos veículos foram parados.

Entram nessa conta todos os tipos de veículos – carros, motos, ônibus e táxis. A Polícia Federal apura se os bloqueios montados no Nordeste tiveram como objetivo dificultar o comparecimento às urnas de eleitores de Lula. Certamente que não…

 

       Tony Garcia é intimado por Toffoli e deve implodir Moro em depoimento no STF. Por Joaquim de Carvalho

 

O empresário Antônio Celso Garcia, o Tony Garcia, será ouvido por um juiz auxiliar designado pelo ministro Dias Toffoli para apurar as denúncias que ele relatou à juíza Gabriela Hardt em 2021 e que incriminam Sergio Moro e integrantes do Ministério Público Federal, principalmente Carlos Fernando dos Santos Lima e Januário Paludo.

Tony Garcia postou a notícia em sua rede social e confirmou ao Brasil 247 que seus advogados foram contatados pelo gabinete do ministro Dias Toffoli. A data do depoimento ainda não foi definida.

No depoimento que Gabriela Hardt escondeu, Tony Garcia conta que foi agente infiltrado de Moro, a partir de 2005, e que combinava ações ilegais diretamente com ele e com dois procuradores da república ligados ao então juiz.

Uma das tarefas era gravar conversas com pessoas com foro por prerrogativa de função, como desembargadores do Tribunal de Justiça do Paraná e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado. 

Ele também ajudava um agente da PF ou Abin – ele não sabe ao certo – a interceptar telefonemas ilegalmente, a partir de orientação de Moro.

Tony Garcia contou ao 247 que, pressionado e orientado por Moro, deu entrevistas mentirosas e cometeu o crime de falso testemunha, para que Moro pudesse processar adversários. O empresários diz ter provas de suas declarações, mas espera o foro certo para apresentá-los.

"Esse foro será o juiz auxiliar de Toffoli", afirmou.

Gabriela Hardt tomou o depoimento no processo em que tentava anular a colaboração premiada de Tony Garcia, 15 anos depois. O acordo envolvia o caso do consórcio Garibaldi, que foi intervenção do Banco Central em 1994.

Ameaçado de voltar à prisão, Tony decidiu, então, partir para o ataque, internamente, no depoimento tomado sob sigilo por Gabriela Hardt.

Dois anos depois, quando assumiu a 13a. Vara Criminal da Justiça Federal em Curitiba, no início do ano, Eduardo Appio encontrou o depoimento e remeteu ao STF, por envolver o senador Sergio Moro, que tem foro por prerrogativa de função.

Um mês e meio depois, Appio foi afastado, e Gabriela Hardt, que era substituta, revogou o envio do depoimento ao STF, atendendo a um pedido do Ministério Público Federal, numa decisão, ao que tudo indica, ilegal.

No dia 5 de junho, às vésperas de prestar novo depoimento a Gabriela Hardt, em que talvez fosse preso ilegalmente, Tony Garcia quebrou o silêncio, na entrevista exclusiva que deu ao 247.

Depois disso, Toffoli revogou a decisão de Gabriela Hardt, que agora é investigada pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e poderá ser aposentada e responder por crimes. Toffoli decidiu também atrair para sua jurisdição os processos que envolvem Tony Garcia.

Tony Garcia é o homem-bomba de Moro e suas revelações poderão colocar o ex-juiz na prisão.

O ex-agente infiltrado de Moro já gravou mais de dez horas de entrevistas para o 247, no documentário que realizo, "Um juiz fora da lei - os crimes de Moro e a Máfia de Curitiba". As declarações de Tony não deixam margem à dúvida: Moro agia como chefe mafioso.

 

Fonte: Metrópoles/Brasil 247

 

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