segunda-feira, 31 de julho de 2023

Guerra na Ucrânia: Putin diz que Rússia não rejeita negociações de paz

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse que não rejeita a ideia de negociações de paz em relação à Ucrânia.

Em fala após encontro com líderes africanos em São Petersburgo, na Rússia, Putin disse que as iniciativas africanas e chinesas podem servir como base para encontrar a paz.

No entanto, Putin também disse que não pode haver cessar-fogo enquanto o exército ucraniano estiver na ofensiva.

Horas após a declaração de Putin, a Rússia disse que um ataque de drone ucraniano em Moscou danificou dois prédios de escritórios.

Os voos foram brevemente suspensos no aeroporto de Vnukovo, a sudoeste do centro da cidade, e uma pessoa ficou ferida, segundo a agência de notícias estatal russa Tass.

A Ucrânia não comentou o incidente do drone até a publicação desta reportagem.

Uma testemunha ocular, que apenas deu seu primeiro nome como Liya, disse à Reuters que viu fogo e fumaça. "Ouvimos uma explosão e foi como uma onda, todos pularam", disse ela. "Aí havia muita fumaça e não dava para ver nada. De cima, dava para ver fogo."

Nas conversas sobre paz, tanto a Ucrânia quanto a Rússia disseram anteriormente que não irão à mesa de negociações sem certas pré-condições.

Kiev diz que não concederá nenhum território, mas Moscou diz que Kiev deve aceitar a "nova realidade territorial" de seu país. A Rússia invadiu o vizinho no ano passado e está ocupando territórios no sul e no leste do país.

Putin disse na coletiva de imprensa no sábado (29/7) que não havia planos para intensificar a ação na Ucrânia por enquanto.

Ele também defendeu a prisão de vozes críticas, alegando que algumas pessoas de dentro do país estavam prejudicando a Rússia.

As críticas à invasão da Ucrânia por Moscou são proibidas e os membros mais proeminentes da oposição estão atrás das grades ou no exílio.

Em sua abrangente fala à imprensa, o presidente russo também disse que Moscou realizou alguns "ataques preventivos" após uma explosão em uma ponte da Crimeia no início deste mês.

Após o incidente na ponte, que deixou duas pessoas mortas, Putin prometeu responder ao que alegou ser um ato "terrorista" da Ucrânia. Kiev não disse oficialmente que foi responsável pela explosão na ponte, que liga a península ocupada à Rússia.

A Cúpula Rússia-África ocorre depois que um grupo africano, incluindo líderes e representantes de sete países, se reuniu com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e Putin no mês passado.

Na quarta-feira (26/7), a ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, atual chefe do New Development Bank (NDB), o "Banco do Brics", se reuniu com Putin.

Segundo a equipe dela, o objetivo do encontro foi discutir a próxima Cúpula do Brics, marcada para 22 a 24 de agosto em Joanesburgo, e temas como a expansão de membros do NDB.

Em abril, declarações do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, sobre a guerra na Ucrânia ganharam repercussão e provocaram fortes reações negativas por parte de Estados Unidos e União Europeia.

Em viagem à China em abril, Lula disse ser “preciso que os Estados Unidos parem de incentivar a guerra e comecem a falar em paz”.

Em seguida, foi acusado por John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, de “papagaiar” o discurso sino-russo.

Ainda em abril, após as críticas, Lula disse condenar a "violação da integridade territorial" da Ucrânia e afirmou que defende uma solução "política e negociada" para a guerra.

Recentemente, já em julho, Lula evitou comentários sobre o conflito e disse que precisava se concentrar em questões internas do Brasil. "Não quero me meter na questão da guerra da Ucrânia e da Rússia", disse. "A minha guerra é aqui, é contra a fome, contra a pobreza, contra o desemprego."

·         Últimos acontecimentos na Ucrânia

O presidente Zelensky visitou nos últimos dias as forças especiais ucranianas perto de Bakhmut, a cidade onde alguns dos combates mais violentos da guerra estão ocorrendo.

As autoridades ucranianas disseram que as tropas de Kiev estão avançando gradualmente perto de Bakhmut, no leste, que as forças russas tomaram em maio.

Durante a noite, a cidade de Sumy, no nordeste da Ucrânia, foi atingida por foguetes, matando uma pessoa e ferindo outras cinco, informou o Ministério do Interior do país.

O ministério disse no Telegram que um míssil russo atingiu uma instituição educacional na noite de sábado. A BBC não verificou esta informação.

Em outro lugar, duas pessoas morreram e outra ficou ferida depois que um míssil atingiu "uma área aberta" na cidade de Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, no sábado, disse uma autoridade.

Anatoliy Kurtiev, secretário do conselho da cidade, disse que a onda de choque causada pelo "míssil inimigo" quebrou janelas de apartamentos e danificou uma instituição educacional e um supermercado.

 

Ø  Papa pede a "irmãos" russos que restaurem acordo de grãos no Mar Negro

 

Neste domingo, o papa Francisco pediu à Rússia que volte atrás em sua decisão de abandonar o acordo de grãos do Mar Negro, sob o qual permitia à Ucrânia exportar grãos de seus portos marítimos, apesar da guerra em andamento.

A Rússia saiu do acordo do Mar Negro em 17 de julho depois de dizer que suas exigências para aliviar as sanções sobre suas próprias exportações de grãos e fertilizantes não foram atendidas. Moscou também reclamou que não chegavam grãos suficientes aos países pobres.

"Eu apelo aos meus irmãos, às autoridades da Federação Russa, para que a iniciativa do Mar Negro seja retomada e os grãos transportados com segurança", disse Francisco durante sua mensagem semanal do Angelus.

Os preços globais do trigo dispararam desde que a Rússia abandonou o pacto –negociado pela Organização das Nações Unidas e pela Turquia em julho de 2022– e começou a visar os portos ucranianos e a infraestrutura de grãos no Mar Negro e no rio Danúbio.

Dirigindo-se à multidão na Praça de São Pedro, o papa pediu aos fiéis que continuem rezando "pela martirizada Ucrânia, onde a guerra está destruindo tudo, até os grãos", chamando isso de "um grave insulto a Deus".

 

Ø  Zelensky diz que guerra retorna à Rússia após ataque de drones em Moscou

 

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, alertou neste domingo (30) que a guerra estava chegando à Rússia depois que um ataque de drones danificou dois prédios de escritórios em um bairro de Moscou. 

"A guerra está voltando gradualmente ao território da Rússia, aos seus centros simbólicos e bases militares, e este é um processo inevitável, natural e absolutamente justo", declarou o dirigente ucraniano, à margem de uma visita a Ivano-Frankivsk, no oeste do país.

"A Ucrânia está ficando mais forte", destacou, antes de admitir que o país deve se preparar para novos ataques às infraestruturas energéticas no próximo inverno. 

A Rússia anunciou pela manhã que frustrou dois ataques de drones ucranianos.

O primeiro visava a península da Crimeia, anexada por Moscou em 2014. O segundo visava um complexo de escritórios em Moscou, onde o vidro de várias janelas se estilhaçou, segundo um fotógrafo da AFP. 

O aeroporto internacional da capital russa foi brevemente fechado devido ao ataque. 

Segundo o Ministério da Defesa da Rússia, três drones foram os responsáveis pelo ataque em Moscou. Um deles foi derrubado e os outros dois foram "neutralizados por guerra eletrônica".

<><> Rússia frustrou ataques ucranianos em Moscou e na Crimeia

A Rússia afirmou, neste domingo (30), que frustrou dois ataques realizados na madrugada por drones ucranianos contra um distrito comercial de Moscou e contra a península da Crimeia, sem deixar vítimas.

A “defesa antiaérea destruiu dezesseis drones ucranianos” na Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, disse o Ministério da Defesa russo em comunicado.

 “Nove outros drones ucranianos foram neutralizados por ferramentas de guerra eletrônica e caíram no mar Negro”, acrescentou, observando que o ataque não causou vítimas.

Um pouco antes, o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, alertou que “drones ucranianos” atacaram a cidade durante a noite.

“As fachadas de duas torres comerciais da cidade foram levemente danificadas. Não há vítimas ou feridos”, escreveu no Telegram.

O ataque ocorreu no distrito comercial conhecido como “Moscow City”, no oeste da capital russa.

A polícia isolou a área e um fotógrafo da AFP viu várias janelas quebradas e documentos espalhados pelo chão.

O Ministério da Defesa também se parabenizou por ter frustrado o ataque. Um dos drones foi derrubado nos arredores da cidade e os outros dois foram “neutralizados por guerra eletrônica”, detalhou.

O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, alertou, sem mencionar diretamente o ataque, que a “guerra” estava chegando “ao território da Rússia, a seus centros simbólicos e bases militares”.

 “É um processo inevitável, natural e absolutamente justo”, acrescentou, à margem de uma visita a Ivano-Frankivsk, no oeste do país.

– Antecedentes –

Durante seu discurso, ele alertou que o país deve se preparar para novos ataques contra a infraestrutura de energia no próximo inverno, como os que atingiram o país no inverno de 2023.

Moscou, localizada a cerca de 500 quilômetros da fronteira ucraniana, não estava acostumada a sofrer ataques no início da ofensiva russa na Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022.

Mas vários ataques de drones atingiram a capital este ano, assim como em outras áreas de fronteira.

O Ministério das Relações Exteriores da Rússia disse que esses ataques “não seriam possíveis sem a assistência prestada ao regime de Kiev pelos Estados Unidos e seus aliados da Otan”.

– Três mortos na Ucrânia –

Esses ataques ocorreram depois que o Exército de Kiev lançou uma contraofensiva no início de junho para recuperar os territórios controlados pela Rússia no leste e no sul do país.

Na sexta-feira, o Kremlin afirmou ter interceptado dois mísseis ucranianos sobre a região de Rostov, no sul e na fronteira com a Ucrânia, com um saldo de pelo menos 16 pessoas feridas pelos destroços que caíram na cidade de Taganrog.

O ministério disse que o primeiro míssil S-200 visava a “infraestrutura residencial” desta cidade de cerca de 250.000 pessoas. Pouco depois, ele disse ter derrubado um segundo míssil S-200 perto da cidade de Azov, cujos restos caíram em uma área desabitada.

Do outro lado da fronteira, duas pessoas morreram e 20 ficaram feridas em um bombardeio contra um estabelecimento de ensino superior no sábado, em Sumy, no norte do país.

De acordo com o veículo público Suspilne, um dos edifícios do complexo foi destruído por uma explosão ocorrida às 20h00 locais (14h00 no horário de Brasília).

Algumas horas antes, um homem e uma mulher morreram em um ataque em Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, segundo autoridades locais.

 

Ø  Presença de mercenários do Grupo Wagner na fronteira deixa Polônia em alerta

 

O primeiro-ministro da Polônia, Mateusz Morawiecki, afirmou neste sábado (29) que mais de 100 soldados do Grupo Wagner se aproximaram da cidade de Grodno, em Belarus, próximo às fronteiras com a Polônia e a Lituânia

Grupo Wagner é uma empresa militar privada russa formada por combatentes mercenários que travaram, sob ordem do governo russo, várias batalhas na invasão à Ucrânia.

Morawiecki acusou Belarus, país aliado da Rússia, de enviar migrantes para a fronteira na tentativa de sobrecarregar os oficiais poloneses e disse que os combatentes poderão estar disfarçados.

"A situação está ficando cada vez mais perigosa. Provavelmente eles (os soldados do Wagner) estarão disfarçados de guardas de fronteira de Belarus e ajudarão imigrantes ilegais a entrarem no território polonês (e) desestabilizar a Polônia", disse Morawiecki, em entrevista coletiva em Gliwice, no oeste do país.

Conhecido como corredor de Suwalki, o trecho da fronteira entre a Polônia e a Lituânia tem cerca de 100 km de extensão e conecta Belarus à região russa de Kaliningrado.

A presença do Grupo Wagner nesta região pode aumentar a tensão com países da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), grupo que, além de Polônia e Lituânia, inclui Estados Unidos, Reino Unidos e França.

·         Grupo Wagner em Belarus

Combatentes do Grupo Wagner chegaram a Belarus há duas semanas após organizarem um motim contra o presidente russo, Vladimir Putin.

Eles foram convidados pelo presidente de Belarus, Alexander Lukashenko, que buscava encerrar o levante contra Putin. Lukashenko também pediu para o Grupo Wagner ajudar a treinar militares de Belarus próximo à fronteira com a Polônia.

Polônia, antiga integrante do Pacto de Varsóvia e que se tornou membro completo da aliança militar da Otan em 1999, está preocupada com a possibilidade de que a guerra entre Rússia e Ucrânia respingue em seu território. 

No começo deste mês, a Polônia começou a mobilizar mais de mil tropas para a região leste do país com a preocupação de que a presença de soldados do Grupo Wagner em Belarus possa levar a tensões maiores na fronteira. 

 

Fonte: BBC News Mundo/AFP/IstoÉ/Reuters

 

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