segunda-feira, 31 de julho de 2023

Bolsonaro: se um golpe falhou, o outro, para enriquecer, deu certo

Conto do vigário ou estelionato? O que melhor define a iniciativa de Bolsonaro de pedir doações em dinheiro, via Pix, para pagar multas, não pagá-las, investir em fundos de renda fixa e multiplicar por oito sua fortuna declarada à Justiça em 2022?

Arrecadou pouco mais de 17 milhões de reais entre 1º de janeiro e 4º de julho. Em tom de deboche, Bolsonaro disse que o dinheiro é suficiente para pagar as multas, tomar caldo de cana e comer pastéis à vontade na companhia de Michelle, sua mulher.

Conto do vigário é uma expressão usada em Portugal e no Brasil e significa uma história inventada para enganar alguém. O Artigo 171 do Código Penal diz que estelionato é enganar a vítima para obter algum tipo de vantagem, na maioria das vezes em dinheiro.

Lava-se dinheiro apelando por ajuda via Pix nas redes sociais. Os entendidos no assunto respondem que é possível sim. Lavagem de dinheiro é a prática corrente de fazer de conta que é legal o dinheiro obtido por meio de atividades ilegais.

Joaquim Roriz, que governou o Distrito Federal quatro vezes, renunciou ao mandato de senador em 2007 por ter descontado dois cheques, no Banco de Brasília, no valor de 2,2 milhões de reais. Os cheques pertenciam ao fundador da Gol, Nenê Constantino.

Roriz sempre argumentou que o dinheiro fora emprestado para a compra de embrião de uma bezerra de raça. No entanto, renunciou ao mandato logo após a denúncia. O caso ficou conhecido como “O escândalo da Bezerra de Ouro”. Lavagem de dinheiro.

Na manhã de ontem, Nicolás Petro, filho mais velho de Gustavo Petro, presidente da Colômbia, foi preso, acusado dos crimes de lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. A ex-mulher de Nicolás, Day Vásquez, também foi presa pelo mesmo motivo.

No início deste ano, Vásquez acusou Nicolás de receber dinheiro de empresários que acreditavam estar contribuindo para a campanha presidencial do seu pai em 2022. Ela também garantiu que seu ex-marido era ligado a contrabandistas e narcotraficantes.

O crime não respeita fronteiras nem ideologias. Depois de perder a eleição, Donald Trump arrecadou 255 milhões de dólares em dois meses. Dizia que era para contestar o resultado das urnas. Gastou com isso um tico, embolsou cerca de 175 milhões.

É o conto do vigário ou estelionato perfeito, nos Estados Unidos e em toda parte. Aqui, Bolsonaro enganou a malta de patriotas que o segue com a conversa de que não poderia pagar multas no valor de menos de 1 milhão de reais. Os trouxas acreditaram.

•        Michelle reclama de interrupção de Bolsonaro em evento do PL Mulher

A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro demonstrou incômodo com interrupção feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro em evento do PL Mulher realizado em Florianópolis, Santa Catarina, nesse sábado (29/7).

O ex-mandatário chegou de surpresa ao evento, que já estava em curso há mais de uma hora, interrompendo o discurso da vice-governadora de Santa Catarina, Marilisa Boehm (PL). Ele entrou no local ao som do jingle da campanha eleitoral de 2022, “Capitão do Povo”. Michelle reagiu dizendo: “Dá pelo menos um bom dia aqui, já que ele invadiu o evento das mulheres, né? Era para ele aparecer no telão, não era para ele estar presente”.

Em seguida, ela contornou a situação: “Vocês concordam com isso?”. Ao que a plateia disparou gritos de “mito”. Michelle, então, disse que o marido teria “um minuto” para discursar. Bolsonaro falou por cerca de 8 minutos e foi seguido por breve fala do governador do estado, Jorginho Mello, também do PL.

Presidente nacional do PL Mulher, Michelle foi a estrela do evento, que buscava incentivar mulheres a participarem da política. Ela foi ovacionada pelo público presente, que entoou: “Michelle presidente”.

•        O estraga prazer de Michelle, a esposa submissa

Ou foi encenação do casal dado à arte de representar, ou de fato Michelle se aborreceu com a aparição repentina do marido no encontro estadual do PL Mulher em Florianópolis, capital de Santa Catarina. A estrela da festa era Michelle, apagada por Bolsonaro.

As mulheres reunidas para ouvir Michelle passaram a gritar à beira do histerismo: “Mito, mito, mito”. Michelle foi obrigada a interromper o discurso e dar a palavra a Bolsonaro. Que agradeceu aos que o tornaram mais rico e, para variar, queixou-se da Justiça:

“Triste o país em que o Judiciário pune os cidadãos não pelos seus erros, mas pelas suas virtudes. Me tiraram o direito político, mas isso não nos abala, temos milhares de sementes pelo Brasil e essa nova força aparece com vontade de vencer”.

(“Eu vou sair desta maior, mais forte, mais verdadeiro, e inocente, porque eu quero provar que eles é que cometeram um crime, um crime político de perseguir um homem que tem 50 anos de história política”. Lula, no dia em que foi preso.)

Após Bolsonaro discursar ao lado do governador do estado, o bolsonarista Jorginho Mello, Michelle pediu que o marido deixasse a solenidade para não desviar a atenção e chegou a dizer que “não era para ele estar presente”:

“Agora ele vai ficar quietinho com o governador, né, Jorginho? Olhem para cá, meninas. Deixa ele (Bolsonaro) sair que a gente começa”.

 

       Processos contra Bolsonaro afetam dezenas de parlamentares, diz site

 

Ações que envolvem o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em andamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) podem levar dez deputados e três senadores a ficarem inelegíveis ou a perderem seus mandatos caso os processos sejam considerados procedentes.

Segundo a CNN Brasil, as ações em andamento buscam apurar supostas irregularidades cometidas durante as eleições de 2022, e incluem parlamentares como investigados ao lado de Bolsonaro.

Os processos tratam da celebração do bicentenário da Independência, comemorado em Brasília, que teve um gasto 247% maior do que o efetuado em 2019 e envolveu uma série de irregularidades, como transmissão pela TV Brasil, quebra de protocolo e a inclusão de tratores.

Quanto aos casos de desinformação, processo movido pela coligação Brasil da Esperança – do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – aponta uma suposta existência de um “ecossistema da desinformação” a respeito do contexto eleitoral e, assim, influenciar seu andamento.

Uma eventual condenação da Corte não mudaria a situação de Bolsonaro, já considerado inelegível pelo TSE durante oito anos.

Porém, no caso das ações que envolvem os parlamentares, eles não só poderiam perder o atual mandato como ficariam de fora das eleições até 2030. Isso pode acontecer se o TSE entender que houve participação nas irregularidades para benefício de suas campanhas.

Os parlamentares envolvidos são os deputados federais Bia Kicis (PL), Carla Zambelli (PL), Eduardo Bolsonaro (PL), Gustavo Gayer (PL), Nikolas Ferreira (PL), Alexandre Ramagem (PL), Caroline De Toni (PL), Luiz Philippe De Orleans e Braganca (PL), Mario Frias (PL) e Ricardo Salles (PL).

Entre os senadores, os envolvidos são Flávio Bolsonaro (PL), Magno Malta (PL) e Hamilton Mourão (Republicanos).

 

       Itaipu patrocinou reunião da Assembleia de Deus num resort de luxo no Paraná

 

No apagar das luzes do governo Bolsonaro, a Itaipu Binacional repassou R$ 75 mil em patrocínio para uma filial da Igreja Evangélica Assembleia de Deus organizar a realização de cultos e de uma eleição de lideranças religiosas no Paraná. O evento ocorreu entre os dias 5 e 8 de dezembro do ano passado, em um resort de luxo em Foz do Iguaçu (PR), próximo às divisas com Argentina e Paraguai. O espaço alugado conta com piscinas, jacuzzis e salas de jogos para os hóspedes.

Os organizadores do evento são aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e chegaram a declarar, publicamente, apoio à reeleição do então chefe do Executivo federal.

Presidente da Convenção das Igrejas Evangélicas Assembleia de Deus no Estado do Paraná (Cieadep), uma das entidades organizadoras, o pastor Perci Fontoura é filiado ao Republicanos, acumula fotos em suas redes sociais com Bolsonaro e foi recebido mais de uma vez pelo então chefe do Executivo federal no Palácio do Planalto, em Brasília.

Ele foi reeleito presidente da convenção durante a Assembleia Geral Ordinária (AGO) patrocinada pela Itaipu. Havia apenas uma chapa na competição, segundo interlocutores.

O patrocínio da Itaipu Binacional foi autorizado pela gestão passada, cuja diretoria-geral brasileira era exercida pelo vice-almirante da Marinha Anatalicio Risden Junior. As contas, contudo, já foram aprovadas pela atual gestão petista do ex-deputado federal Enio Verri, porque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem procurado reatar laços com o setor evangélico.

O manual de patrocínios da Itaipu estabelece o envio de recursos para ações que “fomentem os valores preconizados em sua missão institucional e que fortaleçam e valorizem a sua imagem corporativa”.

Além disso, o patrocínio deve possuir relação com o plano estratégico da estatal. Dessa maneira, segundo o documento, é preciso que o evento fomente a discussão da geração de energia elétrica e segurança hídrica; ou contribua para o desenvolvimento social, econômico, turístico, tecnológico e sustentável da região.

Durante o início da gestão Bolsonaro, na direção do general Joaquim Silva e Luna, a estatal reviu patrocínios e chegou a suspender, por exemplo, o apoio financeiro dado à Fundação Getúlio Vargas (FGV) para a realização do Fórum Jurídico de Lisboa, evento organizado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo.

Ainda segundo o manual de patrocínios, a Itaipu proíbe o envio de recursos para ações que possuam caráter político, eleitoral ou partidário.

A assembleia contou com a participação do governador do Paraná, o bolsonarista Ratinho Júnior (PSD). O político discursou no evento, de acordo com registros públicos. Ao mesmo tempo, o governador emprega a filha do pastor Perci Fontoura na Casa Civil do Estado com um salário de R$ 12,6 mil, conforme folha de pagamento.

O evento contou com cerca de 2 mil pastores, que levaram ainda suas esposas – convidadas para participarem de programações paralelas junto à União da Mocidade das Assembleias de Deus no Estado do Paraná (Uemadepar) – e filhos. A organização do congresso cobrou uma taxa de R$ 240 por ministro, além de R$ 120 por esposa.

 

Fonte: Metrópoles/Jornal GGN/Agencia Estado

 

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