domingo, 30 de julho de 2023

Venezuela e suas reservas podem ajudar BRICS a se tornar bloco mais relevante do mundo, diz deputado

Em entrevista à Sputnik, parlamentar venezuelano diz que eventual adesão da Venezuela ao bloco permitiria crescimento sustentado do seu país e do BRICS, uma vez que Caracas possui muitas reservas que podem ajudar o grupo a se tornar o bloco econômico mais importante do mundo.

Em maio, o presidente Nicolás Maduro manifestou a disposição de seu país de ingressar no BRICS, considerando que se trata de um mecanismo de cooperação e desenvolvimento econômico com enfoque mundial multicêntrico. Após sua declaração, os governos de China e Rússia expressaram seu apoio à iniciativa para que a Venezuela pudesse se juntar a esse grupo.

O deputado venezuelano Julio Chávez disse que a eventual incorporação da Venezuela ao bloco permitirá à nação sul-americana ter melhores condições de investimento em negócios estratégicos para fortalecer sua economia, afetada pelas sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia.

"Significará para a Venezuela poder optar por recursos em melhores condições para investir na indústria petrolífera venezuelana, que como consequência do bloqueio e da perseguição financeira foi severamente afetada, e isso se materializará no fato de que os recursos poderão ser investidos em negócios estratégicos e os investidores virão", afirmou à Sputnik o deputado governista do Partido Socialista Unido da Venezuela.

Ao mesmo tempo, o deputado considerou que seu país está avançando nos esforços para conseguir seu ingresso, apesar das pressões de Washington e dos europeus.

"Acredito que vamos conseguir um crescimento sustentado nos próximos anos e vamos resolver boa parte dos problemas dos serviços públicos causados ​​pela deterioração devido ao bloqueio criminal, aumentar os salários dos trabalhadores, empregos e crescimento dos setores da indústria venezuelana", declarou.

Da mesma forma, o parlamentar também acredita que as reservas venezuelanas podem colaborar para tornar o bloco o mais importante no cenário geopolítico global.

"Para que a Venezuela tenha garantida a sua incorporação como membro pleno, será um processo e tanto, mas estamos no caminho certo [...] todos os esforços diplomáticos e políticos de todo tipo estão sendo feitos, apesar pressões dos grandes centros de poder, chamem de EUA e União Europeia, para que o BRICS não possa se conformar e que essa tentativa liderada por China, Rússia, Índia, Brasil e África do Sul fracasse", afirmou.

Chávez também destacou que Caracas espera que a próxima cúpula do grupo BRICS na África do Sul possa avaliar a entrada dos países que se candidataram à adesão.

"Que se dê sinal verde para que a Venezuela e outras nações que sofrem as consequências desses bloqueios criminosos, que impuseram a seus povos, possam fazer parte desse poderoso bloco emergente, já que isso permitirá aliviar apenas o fardo que as consequências deste bloqueio estão causando, mas sim que vai abrir um caminho para o crescimento e prosperidade das nações que reivindicaram sua natureza anti-imperialista", disse ele.

A 15ª cúpula do BRICS está marcada para os dias 22 e 24 de agosto em um centro de convenções em Joanesburgo. No evento, deve-se tratar com prioridade a criação da moeda própria do grupo.

<><> Putin ao líder da África do Sul: tenho certeza que cúpula do BRICS será realizada no mais alto nível

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou hoje (29) na reunião com o líder da África do Sul, Cyril Ramaphosa, em São Petersburgo que as relações entre os dois países são estratégicas, e expressou confiança de que a cúpula do BRICS será realizada no mais alto nível.

Vladimir Putin destacou a colaboração estreita e construtiva dentro do grupo BRICS para aprofundar a parceira estratégica de todos os cinco países-membros.

"Estou certo de que o encontro que estão preparando terá lugar ao mais alto nível. Não tenho nenhumas dúvidas disso. Faremos tudo para ajudá-lo e apoiá-lo", acrescentou Putin.

Além disso, as relações entre a Rússia e África do Sul são estratégicas e estão se tornando mais intensas, o volume de negócios cresceu 16,4% no ano passado, sublinhou o presidente russo durante a reunião.

Putin também observou que há um diálogo político multinível entre os países, as relações comerciais e econômicas estão se desenvolvendo.

"Em 2022 as trocas comerciais demonstraram um bom crescimento – 16,4%. Mas também acho que os números absolutos poderiam ser maiores, mas já US$ 1,3 bilhão [R$ 6,15 bilhões] já é, em princípio, um valor apreciável", disse Putin.

Entre as áreas promissoras para cooperação, o líder russo nomeou a energia, indústria, agricultura, ciência e inovação.

Ao mesmo tempo, o líder russo informou que a discussão da situação na Ucrânia terminou cerca das duas horas da manhã e que o trabalho com os países africanos foi produtivo.

"Terminamos bem tarde ontem à noite, era 01h30 da manhã em Moscou [19h30 de sexta-feira em Brasília]. Mas trabalhamos de maneira muito ativa e, na minha opinião, produtiva. Parece-me que tanto as nossas relações bilaterais como as nossas relações com o continente africano no seu conjunto se beneficiaram, em grande medida por sua causa, senhor presidente, porque esteve muito ativamente envolvido na preparação deste encontro", disse Putin em uma reunião com o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa.

Por sua vez, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, agradeceu à Rússia durante o encontro com Vladimir Putin por ajudar a organizar a próxima cúpula do BRICS, e destacou que os representantes russos estão participando de sua preparação.

"Estamos aguardando com impaciência a realização bem-sucedida da cúpula", ressaltou o presidente Ramaphosa.

O presidente da África do Sul também declarou que está satisfeito por trabalhar com uma pessoa tão trabalhadora como o presidente russo Vladimir Putin.

Falando sobre a cooperação entre a África e a Rússia, o líder sul-africano observou que essa colaboração é baseada no respeito mútuo e na consideração dos interesses uns dos outros.

"Em tempos, a URSS e a África tiveram excelentes relações, estou feliz por continuarem assim também agora entre o nosso continente e a Rússia", enfatizou ele.

 

Ø  'Brasil e Guiana impulsionam explosão da produção de petróleo na América Latina', diz analista

 

O efeito das sanções dos Estados Unidos sobre a indústria petrolífera venezuelana, juntamente com a crise das reservas de petróleo do México, provocou o declínio deste setor crucial para a economia sul-americana. Graças às novas descobertas de petróleo no Brasil e na Guiana, a região pode se tornar novamente uma potência mundial de hidrocarbonetos.

A Petrobras fez a primeira descoberta de petróleo no pré-sal em águas profundas na Bacia de Santos em 2006, e o petróleo bruto foi extraído apenas dois anos depois.

Importantes descobertas de classe mundial continuam sendo feitas nesses imensos campos, dando ao Brasil 14,9 bilhões de barris de reservas provadas, segundo o órgão regulador, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.

Com isto, o Brasil é o segundo país da América Latina com maiores reservas deste hidrocarboneto depois da Venezuela, ocupa o 16º lugar a nível mundial, e há claros sinais de que as reservas e produção de hidrocarbonetos no Brasil vão continuar a crescer, afirma colunista do Oilprice.com Matthew Smith.

A gigante sul-americana planeja desenvolver as bacias existentes e aumentar a produção para 5,4 milhões de barris por dia até 2029. Se essa meta ambiciosa for alcançada, o Brasil vai se tornar o quarto maior produtor mundial de petróleo. Em maio de 2023, o país bombeou uma média de 3,2 milhões de barris por dia, 11% a mais que no mesmo período do ano anterior.

O autor destaca que são necessários investimentos consideráveis no desenvolvimento de bacias de hidrocarbonetos marinhos e a Petrobras, dentro de seu plano estratégico 2023-2027, destinou US$ 64 bilhões (cerca de R$ 302,8 bilhões) para o desenvolvimento de ativos de exploração e produção, dos quais 67% serão investidos em operações no pré-sal.

Até 2027, a Petrobras espera extrair 2,5 milhões de barris de óleo por dia e outros 600 mil barris de gás natural, com os quais a empresa deve extrair 3,1 milhões de barris de óleo equivalente por dia, dos quais 78% virão dessas jazidas.

No que diz respeito à vizinha Guiana, o país avança depois que a empresa norte-americana ExxonMobil descobriu petróleo nas águas territoriais da ex-colônia britânica em 2015.

Mais de 35 descobertas dotaram o país sul-americano de cerca de 800.000 habitantes com mais de 11 bilhões de barris de petróleo. O desenvolvimento acelerado do bloco Stabroek, um campo de petróleo offshore de 27 milhões de hectares, pela ExxonMobil, permite à Guiana extrair cerca de 400 mil barris por dia.

Georgetown planeja leiloar 14 blocos durante 2023, embora pela terceira vez tenha sido adiado até meados de agosto de 2023 para que o governo possa finalizar as mudanças no marco regulatório.

Essas reformas incluem a introdução de um novo Acordo de Partilha de Produção (PSA, na sigla em inglês), que aumenta os royalties de 2% para 10%, reduz o limite de recuperação de custos de 75% para 65% e introduz um imposto corporativo de 10%. Embora essas condições sejam menos vantajosas do que as obtidas pela ExxonMobil para o bloco Stabroek, elas ainda são competitivas em comparação com outros países da região.

Assim, na opinião do analista, há indícios de que o setor latino-americano de hidrocarbonetos cresça significativamente na próxima década, apesar do aumento do risco geopolítico, da transição para energias renováveis e do pico iminente da demanda por petróleo.

"Tanto o Brasil quanto a Guiana estão impulsionando a grande explosão na produção de petróleo que se espera na região", acrescenta o colunista. Esses dois Estados sozinhos vão aumentar a produção de petróleo na América Latina e no Caribe em até três milhões de barris por dia. Desta forma, para os produtores de petróleo da região começa uma corrida contra o tempo para explorar suas riquezas em hidrocarbonetos, conclui Smith.

<><> Novo contrato para programa de submarino nuclear brasileiro é negociado pela Marinha, diz mídia

A Marinha já gastou R$ 40 bilhões com embarcações convencionais e com a base naval da nova frota, em Itaguaí, na zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Agora, a força quer construir navios-patrulha, embarcações não tripuladas e canhão de laser.

De acordo com o Estadão, a Marinha brasileira está negociando os valores de um novo contrato para a terceira fase do Programa de Desenvolvimento de Submarinos, o Prosub, que deve definir quanto será pago até 2033 para o término do projeto da construção do primeiro submarino de propulsão nuclear do país. Um passo importante para que o Brasil possa vender submarinos convencionais do programa para seus vizinhos da América do Sul.

As duas primeiras fases do Prosub já consumiram R$ 40 bilhões, em valores atualizados, dos quais R$ 4 bilhões devem ser pagos pelo governo até a entrega, em 2025, do último dos quatro submarinos convencionais da classe Scorpène, produzidos em parceria com a França, à base de Itaguaí.

A Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha (DGDNTM), no entanto, acaba de se mudar para São Paulo para ampliar as pesquisas em parceria com universidades instaladas no estado — além da Universidade de São Paulo (USP), a Universidade de Campinas (Unicamp) e a Federal de São Carlos, e para aproveitar a proximidade da Base Industrial da Defesa (BID), principalmente na região do centro tecnológico do Vale do Paraíba.

O submarino vai ser equipado com o primeiro reator atômico projetado e construído no Brasil com previsão de funcionamento para 2027. O equipamento está sendo montado no Bloco 40 do Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), em Iperó, no interior paulista. Enquanto a embarcação vai ser construída em Itaguaí, após a entrega do submarino convencional Angustura, em 2025, o último dos quatro de propulsão diesel-elétrica previstos no Prosub.

De acordo com a afirmação do almirante de esquadra Petrônio Augusto Siqueira de Aguiar da DGDNTM ao Estadão, de 75% a 80% das obras em Itaguaí foram concluídas.

"Até o final do ano, o prédio do comando da força submarina e o prédio do comando da base de submarino estarão prontos. São dois prédios fundamentais. E, agora, como estamos chegando ao fim da fase do submarino convencional — o Humaitá está previsto para 2023, o Tonelero em 2024 e o Angustura em 2025 —, em dois anos passa a ser fundamental a negociação e o modelo de contrato para o submarino nuclear", contou o almirante.

As negociações devem envolver as empresas do Prosub: a Naval Group (França), a Novonor e a Indústria de Construções Navais, que estiveram presentes na construção dos submarinos convencionais e da base naval. Ainda segundo o almirante, o projeto vai além da construção do submarino e envolve o desenvolvimento do primeiro reator nuclear brasileiro com desenvolvimento de complexo de manutenção, diques apropriados e todo o aparato energético necessário para sua operação, tudo devidamente licenciado pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).

 

Fonte: Sputnik Brasil

 

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